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bandeira adufrjDiretoria da AdUFRJ

Chegamos aos últimos lances de 2020. Até semana que vem, vamos correr contra o tempo, buscando garantir o máximo de soluções para o gigantesco problema em que se transformou este ano atípico. Todos nós, de algum modo, esperávamos que seria possível chegar às festas natalinas com um pouco mais de tranquilidade, menos perdas e mais esperança. Nada mais representativo de nosso estado de desgraça do que estarmos em nossos sofás comemorando a vacina contra a covid-19 sendo dada finalmente numa senhorinha... inglesa de 90 anos. Nas frases tantas vezes repetidas nas redes sociais, o Brasil tem estoque de cloroquina, mas não tem agulha nem seringa, menos ainda um plano de segurança sanitária e cobertura vacinal para apresentar para a sociedade. O ponto de chegada de um governo negacionista e irresponsável nos deixa à deriva, onde todo enfrentamento à pandemia se dá apenas em termos locais, regionais ou parciais. Ou meramente publicitários.
O melhor exemplo desse desconcerto foram as últimas movimentações do MEC na fracassada tentativa de fazer valer um retorno presencial ainda em janeiro para todas as universidades do país. Para fugir ao completo fracasso e ampla desobediência da “tropa”, o ministro pastor, para não perder o seu rebanho imaginário, refaz a portaria, avança a data de um possível retorno para março e o condiciona às condições sanitárias a serem definidas pelas autoridades locais. E, logo depois, homologa decisão do CNE que autoriza o ensino remoto em todo o território nacional para o ano de 2021.
Em resumo, sem condições de dar as respostas mais urgentes para a sociedade, o governo vai se equilibrando, mas mantém sua pauta de corte de direitos e de economia sobre os salários dos servidores públicos, além do estrangulamento orçamentário das instituições públicas. Embora estejamos no limiar dos recessos do Legislativo e do Judiciário, em âmbito nacional, assim como os conselhos superiores da universidade, não podemos relaxar. Ainda teremos algumas reuniões, respostas que esperamos sobre a insalubridade, decisões a serem tomadas antes que se fechem as cortinas. Estaremos a postos, arrancando um pouco de esperança do que ainda for possível nos próximos dias.

 

 

WhatsApp Image 2020 12 12 at 14.49.03 1Além das atividades acadêmicas, a atuação sindical também foi desafiada durante a pandemia. E a direção da AdUFRJ agiu com rapidez e criatividade para levar adiante a defesa dos interesses dos professores e da universidade no trabalho remoto.
No fim de março, o sindicato adquiriu duas contas no aplicativo Zoom, de videoconferência, e criou um serviço de agendamento que atende aos filiados durante o necessário período de isolamento social. A ferramenta apoia os docentes que precisam realizar reuniões com mais de 40 minutos — o limite da versão gratuita. Para utilizar o Zoom da associação docente, é preciso preencher um formulário, acessível em bit.ly/agendamentozoom, e conferir a disponibilidade no calendário.
A procura pela Assessoria Jurídica da AdUFRJ também cresceu no período. Para fazer frente a essas demandas, houve ampliação do Plantão Jurídico. Assim, os sindicalizados têm agora plantões jurídicos todas as terças, entre 8h e 11h30, e às quintas, a partir de 12h30. Para agendar um horário, basta enviar e-mail para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou mensagem de whatsapp para (21) 99808-0672.
Com o objetivo de amenizar as dificuldades das aulas remotas, os filiados também podem contar com a consultora educacional Cristina Ávila Mendesno projeto SOS Remoto. Para dar assistência técnica ao longo do período, Cristina abriu uma sala do Google Classroom (http://gg.gg/apoiople).

CONVÊNIOS

Os professores filiados à AdUFRJ também contam com um novo setor, o de Convênios, que firma parcerias com empresas prestadoras de serviços em diferentes áreas.
A proposta é oferecer descontos em estabelecimentos como escolas, cursos, clínicas de reabilitação, academias, clínicas estéticas e de saúde, entre outros. “O convênio está sendo acompanhado e estabelecido sob a supervisão do nosso setor Jurídico”, observa a professora Christine Ruta, 2ª vice-presidente da AdUFRJ.

Confira aqui a lista de empresas parceiras. Qualquer dúvida, basta ligar para a Meriane, no telefone (21) 99358-2477 ou pelo e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

blogging 336376 640Imagem de Free-Photos por Pixabay

O semestre letivo online 2020.1 teve seu início, no último dia 30, marcado por problemas nas inscrições do Sistema Integrado de Gestão Acadêmica (Siga), o que atrasou o começo das aulas em muitas unidades da universidade. A Pró-Reitoria de Graduação (PR-1) tentou justificar. Afirmou que há dificuldades em todos os inícios de semestres, e que “a possibilidade de trancamento de disciplinas até o último dia do PLE e a priorização dos pedidos de inscrições em 2020.1 Remoto daqueles estudantes que tinham inscrições efetivadas em 2020.1 Presencial implicaram no atraso do processo”.
De acordo com a PR-1, a priorização desses pedidos de inscrições, inédita na interseção de dois semestres letivos, introduziu, também, a necessidade de concordância dos pedidos de inscrição em 2020.1 Remoto (por parte das coordenações) e a efetivação (por parte da Equipe Siga). “Isso fez com que as pautas não estivessem disponíveis até o início da noite do primeiro dia letivo de 2020.1”, explicou a PR-1. “Apesar da orientação sobre a dinâmica das inscrições, amplamente divulgada pela Equipe Siga nas vésperas do início das inscrições em disciplinas, algumas unidades acadêmicas não tiveram pleno entendimento da estratégia do uso de inscrições diretas”, completou.
No fechamento desta edição, todas as turmas de disciplinas já haviam sido normalizadas, mas ainda estavam sendo feitos ajustes de Requisito Curricular Suplementar (RCS), e algumas unidades solicitaram autonomia em relação à Equipe Siga, pois possuem especificidade de oferta, como os RCS ligados às licenciaturas.
Antônia Velloso, estudante do Instituto de História e diretora de Assistência Estudantil do DCE Mário Prata, apontou dois problemas neste início de semestre. “O principal foi em relação ao recesso de duas semanas. Não há tempo hábil para a realização dos atos acadêmicos. Estamos vivendo esse problema, já que as pautas não estavam prontas, as confirmações de inscrições não estavam feitas. O outro é o tamanho do período, de 12 semanas. Na média dos últimos anos, tivemos 14 semanas, e um período de 12 semanas significa uma perda qualitativa para nossa formação”. Ela citou as turmas de Cálculo, nas quais os assuntos que eram dados em um mês agora são abordados em duas semanas. “São disciplinas que já têm o índice de reprovação altíssimo e isso faz com que aumente ainda mais”, afirmou.
Para a estudante, toda a comunidade acadêmica está sofrendo. “Os técnicos têm sofrido com o excesso de trabalho, os alunos com a própria forma como está organizado o calendário, que faz com que todas as nossas disciplinas se acumulem. Os professores estão tendo uma maior dificuldade para o planejamento das aulas. São duas semanas para lançar nota, corrigir prova e planejar o próximo período. Fora que eles não conseguem descansar”, disse Antônia. Ela lembrou que o problema do curto tempo hábil para realizar os atos acadêmicos foi alertado pelas bancadas dos técnicos e dos estudantes. “Dissemos que não era viável. Infelizmente isso foi ignorado, tanto pela reitoria, quanto pelos representantes docentes nos conselhos”.
Na linha de frente das inscrições, Maria José, secretária acadêmica do Departamento de Engenharia Industrial da Escola Politécnica, afirmou que nenhum aluno ficará sem resposta. “Procuro responder todos os dias, todas as horas e todas as reivindicações. Até o momento estou trabalhando sem instabilidade”, explicou. “Nesse novo cenário complicado, em que fazemos tudo pelo computador, estamos tentando errar menos para não deixar os meninos desassistidos”, completou. Em contrapartida, Zezé, como é conhecida, acusa instabilidade na própria economia. “Estou trabalhando em casa, a parte instável está na minha economia, gastando luz e internet o dia inteiro”.
Adriana Rocha, coordenadora dos cursos de Engenharia Metalúrgica e de Engenharia de Materiais, reconheceu que os professores do seu departamento tiveram o início das aulas afetados pelo Siga. “A disciplina de Princípio da Ciência dos Materiais, por exemplo, em que o professor dá aula para duas turmas, uma delas começaria na segunda-feira. Nós estávamos esperando que o Siga fosse rodar as suas pautas, para que estivessem disponíveis no domingo mesmo. Isso não aconteceu”, afirmou. “Segunda de manhã, comecei a ficar de plantão no Siga, mas nada de pautas. Por volta das 10h, percebemos que o sistema não ia conseguir gerar as pautas para que a gente tivesse os nomes dos alunos e pudesse fornecer as informações de link e de sala de aula no Moodle, Google Classroom ou AVA”, explicou.
Diante desse quadro, a coordenadora resolveu mandar um e-mail geral para a Metalurgia explicando que muito provavelmente os alunos não teriam as aulas do departamento naquele dia. “A atualização tardia do Siga afetou bastante o início das aulas. Na verdade, a gente só conseguiu regularizar na quarta-feira, porque até a terça-feira algumas disciplinas não estavam com a pauta gerada”, disse.
Na segunda-feira (30), a Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) divulgou um ofício confirmando o adiamento do início de 2020.1 Remoto para o dia 7 de dezembro. A diretora da unidade, Katya Gualter, afirmou que foi uma decisão coletiva. “As coordenações de cursos passaram os problemas sobre as inscrições. Apesar de a Comissão de Volta às Aulas da EEFD ter pensado em disponibilizar os links das disciplinas no site da escola, não daria certo porque os canais de comunicação não seriam tão ágeis, já que as aulas começariam na segunda-feira pela manha”, contou. “A maioria dos gestores entendeu que seria melhor para os alunos que adiássemos o semestre em uma semana”.
A EEFD pediu uma revisão do calendário acadêmico à PR-1 e solicitou ao CEG a revisão das datas que já haviam sido aprovadas. Para Katya, não pode haver medo em rever o que já foi aprovado. “Não tínhamos qualquer termômetro ou referência para lidar. Agora, em contato real e executando o planejamento, percebemos que ele não é tão eficiente assim”, opinou. Com o adiamento, os professores da EEFD irão se organizar para repor as aulas da primeira semana ao longo das outras 11 semanas do semestre.

JICTAC TEM PRAZO CURTO E RECORDE DE INSCRIÇÕES

Fechamento do PLE, correção de provas, lançamento de notas, recesso de duas semanas, problemas no Siga, preparação do semestre 2020.1 e, no meio de tudo isso, o curto prazo de inscrições para a Jornada de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural (JICTAC) 2020. Com tantas frentes simultâneas para cumprir, o prazo para a inscrição de trabalhos na jornada, de 13 a 30 de novembro, acabou sendo mais um fardo para quem já estava sobrecarregado nesta reta final do ano.
De acordo com o superintendente da PR-2, José Luis Lopes da Silveira, o prazo de inscrições foi pressionado pelo CNPq, que este ano concedeu uma quantidade histórica de bolsas para a UFRJ. “Esse processo da JICTAC 2020 tem sido bastante difícil. Temos uma obrigação institucional com o CNPq, o órgão concedeu uma grande quantidade de bolsas do Pibic (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica) para a UFRJ”, disse. “A gente teve um ganho que nunca houve na história. Perdíamos cerca de 20 bolsas por ano. Agora, saímos de 758 para 999 bolsas, um aumento de 32%. Não tenho notícia de isso ter acontecido num passado recente”, explicou.
Devido à pandemia, a PR-2 solicitou ao CNPq o adiamento da jornada para 2021. “Nossa intenção era fazer a jornada de 2020 junto com a de 2021, faríamos um relatório conjunto. Mas o CNPq nos deu até março de 2021 para fazer a JICTAC”, contou o superintendente. O edital da JICTAC 2020 foi apresentado e discutido pela PR-2 numa sessão conjunta de CEG e CEPG. “Temos a obrigação de cumprir essa missão e fazer a jornada, porque é quando o CNPq vem à UFRJ e faz a avaliação do processo. É algo necessário, que faz parte de todo o pacote relacionado à aquisição de bolsas do Pibic”, afirmou. Com relação ao prazo de inscrições coincidir com o recesso entre o PLE e 2020.1, o dirigente afirmou que foi necessário usar as datas pelo prazo curto para organização da jornada. “Realmente não havia como não utilizar esse período. Isso atrasaria o processo e impactaria nas outras etapas. É uma situação que não agrada nem à organização da jornada, nem à PR-1. Foi inevitável”, reconheceu.
Coordenador da JICTAC 2020, Leonardo Travassos revelou surpresa com o grande número de inscritos. “Tivemos mais do que o dobro das inscrições esperadas. Desse ponto de vista, o evento é um sucesso. Temos hoje 8.340 inscritos, mas esse não é o número final. Em submissões, temos 4.375. Isso é um pouco mais do que a gente esperava, em termos de média histórica”, comemorou. Na Semana de Integração Acadêmica (SIAc) de 2019, em que a Extensão estava incluída, foram submetidos 6.500 trabalhos.
“Essa jornada é obrigatória para um grupo de alunos, que tem que prestar contas das atividades realizadas ao longo do edital Pibic de 2018 a 2020. O número de inscrições seria equivalente, na nossa ideia, ao número de bolsistas, que são cerca de 2.000. Tivemos o dobro”, explicou Leonardo. Nessa fase da jornada, as submissões de trabalho já se encerraram e começou a avaliação dos projetos. No primeiro dia de avaliações, 593 trabalhos já haviam sido julgados. Conforme vão sendo avaliados, os projetos ficam disponíveis para a revisão dos autores. O evento está previsto para o período entre 22 e 26 de março, de forma virtual.
“Do ponto de vista científico, eu acho que todo mundo preferia um evento presencial”, opinou Leonardo. “A troca é muito maior. O objetivo desse evento, no final, é a troca de informação, de experiências, de conhecer o que é feito dentro da UFRJ”, completou. Para o coordenador, no contexto pandêmico, a JICTAC é uma oportunidade de se mostrar o quão importante é investir na pesquisa. “Eu digo Pesquisa Básica, não só a pesquisa relacionada à pandemia diretamente. Obviamente que assuntos relacionados à pandemia vão estar pesadamente contemplados nos trabalhos que serão apresentados”, explicou. “É o momento de a universidade mostrar o seu papel, sua importância e relevância dentro desse cenário”, concluiu.
O prazo apertado sobrecarregou a professora Danielle Perpetua, coordenadora da JICTAC no Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN). “Acredito que ficou um pouco sobrecarregado. É um evento de extrema importância para a iniciação científica da universidade, estamos fazendo um esforço grande para dar conta de todas as tarefas”, contou.

WhatsApp Image 2020 12 05 at 14.20.26A diretoria da AdUFRJ e a reitoria iniciaram esta semana uma negociação para acabar com a angústia de centenas de professores que trabalham expostos a agentes nocivos à saúde. Por lei, estes docentes têm direito a receber os adicionais de insalubridade, periculosidade ou radiação, mas não conseguem o benefício. Na primeira reunião, a reitoria se mostrou sensível ao tema e prometeu agilizar a solução do problema.
“Muitos docentes tiveram seus pedidos negados porque a CPST (Coordenação de Políticas de Saúde do Trabalhador) disse que não tinha como fazer o laudo. E ponto. Ficou por isso mesmo”, afirmou a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller, no encontro virtual realizado com a reitora Denise Pires de Carvalho, no último dia 2. “Se a universidade não der uma resposta, teremos que judicializar a questão. Mas é sempre melhor encontrar um caminho administrativo”, completou.
A AdUFRJ está fazendo uma campanha para mapear os professores que estão nesta situação, por meio de um formulário eletrônico disponível no Google Forms. Levantamentos prévios feitos no Instituto de Química e no campus de Macaé indicam que 20% dos que têm direito não recebem os adicionais. “Esse número mais ou menos se confirma na Bioquímica Médica e na Biologia. E a tensão está se agravando”, ponderou Eleonora.
A presidente do sindicato mencionou que uma decisão do Supremo Tribunal Federal, em setembro, mobilizou ainda mais os docentes: os servidores podem converter o tempo especial trabalhado sob condições de risco à saúde em tempo comum, ampliando o prazo de contribuição e possibilitando a antecipação da aposentadoria.
Também diretor da AdUFRJ e professor do Instituto de Bioquímica Médica, Pedro Lagerblad reforçou a reivindicação do sindicato. O docente sugeriu mudanças na forma de atestar, por exemplo, a utilização de produtos perigosos à saúde pelos docentes. “A lógica da perícia me parece inadequada para um laboratório de pesquisa”, disse. “Se você produziu um artigo, que é um documento de fé, na parte de métodos, você diz quais reagentes utilizou. O descarte (de produtos) também é feito pela universidade e documentado. São comprovações que têm mais valor substantivo”, argumentou.

RESPOSTA DA REITORIA
A reitora Denise Pires de Carvalho, que é docente do Instituto de Biofísica, demonstrou bastante interesse na resolução do caso e deu como exemplo sua experiência pessoal. “Quando eu assumi a direção da unidade, em 2010, minha insalubridade foi cortada pela primeira vez. Isso é algo que vem desse período. Antes, eu fui coordenadora de pós-graduação e nunca foi questionada minha insalubridade”, relatou.
A dirigente considera absurdo cortar adicional de quem assume alguma coordenação ou chefia. “Como reitora, eu perdi a insalubridade de novo e não vou nem questionar, pois eu passo longe do laboratório. Mas até diretora de unidade, eu assinava os documentos dentro do meu laboratório!”, afirmou. “É muito difícil o professor em dedicação exclusiva não fazer pesquisa porque está coordenando. E, quando eu me tornei titular, em 2011, eu perdi de novo. Olha como está o sistema!”, completou.
A reitora admitiu que a UFRJ sequer sabe quantos professores e técnicos estão na lista do laudo. Há cerca de dois meses, a dirigente trocou a chefia da CPST para aperfeiçoar o setor. “A UFRJ não pode ser a universidade que tira primeiro e pergunta depois. É o oposto. Mantemos e depois vamos checar”, concluiu.

NOVA CAMPANHA:
CADASTRE-SE
Como fruto imediato do diálogo com a reitoria, a AdUFRJ seguirá com a campanha para encontrar os docentes prejudicados pela não concessão dos adicionais. Agora, com a solicitação de novos dados, como nome, matrícula Siape e, se o docente quiser, o número do processo em tramitação na UFRJ. O formulário eletrônico pode ser preenchido em bit.ly/cadastropeloadicional. O objetivo é levar propostas de solução e cadastrar casos bem definidos para debate na próxima reunião, já agendada para quinta-feira, dia 10. O encontro, desta vez, vai contar com a nova coordenação da CPST.
Assessora jurídica do sindicato, Ana Luísa Palmisciano acompanhou a reunião e prepara um documento para oferecer recomendações à administração central. O texto será apreciado no próximo Conselho de Representantes da AdUFRJ, na segunda-feira (7). E, depois, encaminhado à CPST, no encontro do dia 10.
“Um primeiro pedido é que a universidade não retire o adicional dos professores que mudam de lotação ou que assumam cargo de chefia ou direção. A segunda recomendação é que a universidade conceda, inicialmente, o adicional mínimo nos casos em que a perícia detecta a exposição do professor aos agentes insalubres, mas o laudo é inconclusivo por não poder quantificar isso”, exemplificou Ana Luísa. O procedimento tem sido adotado na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

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A reitoria propõe que a UFRJ gaste R$ 383,7 milhões em 2021. Um valor que supera em R$ 73,2 milhões o previsto no Projeto de Lei Orçamentária (PLOA), ainda em tramitação no Congresso Nacional. A proposta deficitária, apresentada ao Conselho Universitário do dia 3, tem justificativa simples e, ao mesmo tempo, dramática: os R$ 310,5 milhões seriam insuficientes para o funcionamento mínimo da instituição no próximo ano. O Consuni delibera sobre o tema em uma próxima sessão.
“Trabalhar dentro da PLOA significaria parar em agosto. Ou, no máximo, até setembro, dependendo do sucesso na renegociação de contratos”, afirmou o pró-reitor de Planejamento e Finanças, professor Eduardo Raupp. “A proposta que estamos defendendo não seria a dos nossos sonhos. Seria o mínimo necessário. Mas não estamos nos enquadrando no que está na PLOA”. Raupp destacou que o montante reservado à UFRJ, em valores reais, representaria um retrocesso de dez anos. E a instituição cresceu bastante, no período.
O dirigente entende que a iniciativa de não submeter a UFRJ aos números do governo também pode servir como uma ferramenta de diálogo com os parlamentares para aumentar a verba da instituição. “Se não houver mudança na proposta que está no Congresso, a situação ficará muito complexa”, alertou. Não há previsão de quando a Lei Orçamentária (LOA) será votada. Sequer foi definida a comissão para analisar a proposta do governo. “Somos cobrados quanto à eficiência, mas é muito difícil planejar sem ter a sinalização do que será o orçamento”, criticou Raupp.
Caso a LOA aprovada não melhore os números da UFRJ, a ideia é retornar esta discussão ao Consuni em 2021 para que sejam feitas “opções muito duras”. A apresentação da reitoria também simulou o que poderia significar a adequação à PLOA do governo Bolsonaro: redução dos gastos com bolsas acadêmicas (de R$ 10,1 milhões para R$ 7,8 milhões), com os funcionários extraquadros dos hospitais (de R$ 27,4 milhões para R$ 21,2 milhões, o equivalente a três meses), com custeio de obras (de R$ 5,3 milhões para R$ 4,1 milhões) e com vigilância (de R$ 46,9 milhões para R$ 36,3 milhões), entre outros exemplos.
O dirigente alertou que os exemplos citados podem se tornar uma referência do “que podemos ter que praticar”. Há contratos negociáveis ou que podem sofrer atrasos e, mesmo assim, funcionarão. “Há outros em que o não pagamento implica paralisação imediata dos serviços. Nós queremos que o Consuni tenha esta perspectiva e queremos deixar isto claro desde já”, completou.
Dentro da proposta da reitoria, está previsto impacto no chamado orçamento participativo, uma verba anualmente direcionada aos Centros e Unidades acadêmicas para despesas correntes. “O orçamento participativo vem sendo estimado, ao longo dos últimos anos, na casa dos R$ 24 milhões, R$ 25 milhões. Na prática, são repassados em torno de R$ 14 milhões a R$ 15 milhões, em duas parcelas. Para o ano que vem, estamos considerando liberar só uma, de R$ 8 milhões”, disse Raupp. “Contamos com a compreensão das unidades para assegurar os gastos comuns”.
Raupp explica a razão para a escolha dos eventuais cortes: “Existem ações que, embora estejam no nosso discricionário, possuem destinação específica. Não posso remanejar os recursos destas linhas para outras”, afirmou. “Com este orçamento apertadíssimo, sobra muito pouco para mexermos. Por isso, tivemos que fazer uma redução importante do orçamento participativo e da verba para novas obras. Embora itens muito importantes, são dos poucos que a gente ainda pode decidir se autoriza ou não ser realizado”.

ESFORÇO AMEAÇADO
O dirigente lamentou que o esforço de redução do déficit da UFRJ nos últimos exercícios seja perdido em apenas um ano, caso se confirme o orçamento reduzido no Congresso Nacional. “Ao que tudo indica, vamos passar para o ano que vem cerca de R$ 20 milhões de dívida. Em anos anteriores, isso estava passando na casa dos R$ 60 milhões, R$ 70 milhões”, afirmou. “No ritmo que estávamos, se o orçamento fosse ao menos corrigido pela inflação, provavelmente zeraríamos este déficit operacional (anual) em 2022. Mas, com o corte, andamos várias casas para trás”, criticou.
Fora o passivo de cada ano, a reitoria também enfrenta o problema do déficit acumulado de exercícios anteriores. O “buraco”, que já foi de R$ 182 milhões, no início de 2019, deve chegar a R$ 118 milhões, no início do próximo ano.
Não bastasse a PLOA reservar um orçamento discricionário reduzido à UFRJ, ele está “fracionado”, como já informado em edições anteriores do Jornal da AdUFRJ. Uma parte dos R$ 310 milhões estaria garantida (51%); a outra (49%) ainda dependeria da aprovação de créditos suplementares pelo Congresso ao longo do próximo ano. Em 2020, a liberação só ocorreu em maio. Na melhor das hipóteses, por força da legislação, explicou o pró-reitor, os parlamentares só poderão liberar os chamados recursos “condicionados” em abril de 2021.
No Consuni do dia 4, vários conselheiros elogiaram a apresentação, mas manifestaram preocupação com a asfixia financeira da UFRJ. Decano do Centro de Tecnologia, o professor Walter Suemitsu lamentou o “beco sem saída”: “Não temos muito o que discutir. Não temos opções. Talvez tenhamos, no ano que vem, a difícil tarefa de fazer escolhas”. Representante dos Professores do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico no colegiado, Cristina Miranda reforçou: “Entendo, como o professor Walter, que não há muito como aprofundar o que foi apresentado. Até conseguimos reduzir o déficit operacional. Mas a gente não entra no ano devendo menos porque recebemos mais dinheiro. E sim porque fazemos um trabalho de gestão que possibilita essa redução”.

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