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WhatsApp Image 2021 02 05 at 05.50.09 2Divulgação

Em 2016, um grupo de alunos de diversos cursos de Engenharia da UFRJ olhou para o céu e decidiu alçar novos voos. Literalmente. Nascia a Minerva Rockets, equipe criada para participar de disputas de desenvolvimento de foguetes. O grupo foi contemplado em um edital da Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais (Funcate), da Agência Espacial Brasileira, e recebeu R$ 20 mil para a construção de um foguete que chegue a três quilômetros de altitude e tenha um motor de propulsão híbrido, que funcione com combustível sólido e oxidante líquido. Parece um grande desafio, mas é só mais uma etapa de uma empreitada bem-sucedida e feita de muito trabalho.
O foguete não vai ser o primeiro projetado pelo grupo, que já fez mais de uma dezena de lançamentos. O projeto que está sendo aperfeiçoado é o Aurora, que teve um protótipo lançado em 2019, quando a Minerva Rockets participou da Latin American Space Challenge, uma competição de desenvolvimento de foguetes voltada para estudantes. O Aurora terá, quando pronto, 3,5 metros de altura e aproximadamente 40 quilos.
“A Minerva Rockets foi criada para ser um projeto aeroespacial na UFRJ, que não tem um núcleo de pesquisas nesse campo”, contou Jonas Degrase, aluno do curso de Engenharia Eletrônica e um dos fundadores da Rockets. Desde que foi criada, já passaram pela Rockets mais de 170 alunos de 36 cursos diferentes da UFRJ. Grande parte vem das engenharias, mas alunos de Biotecnologia, Química, Jornalismo e Ciências Contábeis, entre outros, já passaram pela equipe. “Nosso projeto é multidisciplinar. Através da união de conhecimentos, temos diferentes perspectivas e o projeto se torna mais sólido e abrangente”, contou Jonas. O grupo hoje é formado por 54 alunos. Segundo Jonas, a ideia inicial era desenvolver apenas foguetes, mas o grupo de desdobrou e deu origem à Minerva Sat, equipe que desenvolve nano satélites, com peso de um a dez quilos, e formados por módulos cúbicos com arestas de dez centímetros.
Há dois anos a equipe de competição decidiu se tornar um grupo de pesquisa, processo que está em andamento. A ideia teve o apoio do professor Otto Corrêa Rotunno Filho, do Programa de Engenharia Civil da Coppe e um dos coordenadores da Minerva Rockets. Otto foi procurado pelos alunos por indicação da decania do Centro de Tecnologia e interessou-se pelo grupo imediatamente, enfatizando a autonomia dos alunos da Rockets. “O grupo é diferenciado porque ele se autogere. Eles têm um comprometimento diferente. Eu percebi essa excepcionalidade nesse grupo”, elogia o professor.
Agora, em conjunto, alunos e professores trabalham para que o grupo deixe um grande legado para a UFRJ. Para o professor Otto, a Minerva Rockets pode ser o primeiro passo para a abertura de um novo campo de estudos na UFRJ. “Eu não tenho dúvidas de que está se formando o embrião de uma área aeroespacial na UFRJ”, avaliou o professor, que faz um paralelo com a formação da área de Petróleo e Gás da universidade, que se formou a partir da articulação com a Petrobras e foi criado dentro do Programa de Engenharia Civil. “Acho que devíamos ter um hub no Parque Tecnológico voltado para a área aeroespacial, como já existe um voltado para petróleo e gás”, defendeu o professor. “Todo processo que é pioneiro precisa ser organizado”, avaliou.
E organização é uma das qualidades da equipe, reconhecida pelos seus professores coordenadores. Formada essencialmente por alunos, um dos obstáculos da Minerva Rockets é manter a sua curva de aprendizado, considerando que as mudanças na equipe serão constantes e que o tempo de permanência dos estudantes na universidade é finito. “É realmente um desafio. Para reter o conhecimento, tentamos trabalhar com uma documentação bem sólida de todos os nossos projetos em todas as suas fases. Também tentamos manter os membros por um tempo maior, de dois anos”, contou Kaio Siqueira de Brito, atual presidente da Minerva Rockets.
O professor Claudio Miceli de Farias, da Engenharia de Sistemas e Computação, também elogia a organização e o comprometimento da Rockets. “É uma equipe extremamente organizada, disciplinada e com processos muito bem definidos”. Como foi criada como uma equipe de competições e não um projeto de pesquisa, ela tem bastante autonomia para atuar. Para Claudio Miceli essa autonomia é mais um aspecto positivo do grupo. “O trabalho é 100% deles. Nós, professores, somos consultados quando eles têm uma dúvida ou alguma dificuldade”, contou, destacando a independência dos estudantes. “Somos mais conselheiros do que propriamente orientadores”.

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