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Felipe Rosa

“Tragédia atrai tragédia. Tivemos tempo e poderíamos tê-lo aproveitado para planejar”, lamenta a professora Ligia Bahia, uma das mais respeitadas especialistas em saúde coletiva do país. Ela analisa o novo aumento da covid-19 e compara as estratégias brasileiras com diretrizes utilizadas por outras nações para enfrentar a pandemia. “A gente tem respostas piores. Bastaria seguir a receita de bolo: lockdown, testagem e uma reabertura planejada das atividades econômicas”. Mas nem tudo são más notícias. “A gente vai ter cem milhões de doses muito rapidamente”.
A entrevista foi gravada para o Café com Ciência e Arte, quadro do programa AdUFRJ no Rádio. O programa vai ao ar pela Rádio UFRJ todas as sextas, às 10h, com reprise às 15h.

JORNAL DA AdUFRJ - Há o recrudescimento da covid-19 no mundo inteiro, majoritariamente na Europa e Estados Unidos, mas também aqui no Brasil. Você pode nos explicar se o Brasil está na segunda onda ?
Ligia Bahia - Eu penso que o fenômeno biológico da covid-19 é muito complexo e a ciência demora a entender fenômenos biológicos complexos que se justapõem a fenômenos sociais também muito complexos. Vivemos numa humanidade conglomerada, com muita desigualdade social. Em alguns países, a gente pode caracterizar uma segunda onda porque houve redução da taxa de transmissão a quase zero. Em outras nações, essa caracterização talvez não seja adequada porque a taxa de transmissão nunca foi pequena. Houve a manutenção de um platô sempre muito elevado.
No Brasil, a gente teme essa caracterização da segunda onda porque sempre mantivemos níveis elevados de taxa de transmissão, embora o pico tenha sido em maio. O atual aumento não está acontecendo da mesma maneira.
Não há um conceito muito claro sobre o que está acontecendo. E isso é ruim porque se exige da ciência respostas e nem sempre a ciência tem respostas tão precisas. É semelhante ao que aconteceu com a Aids. Demorou bastante tempo para a gente compreender como era a forma de transmissão e o que se podia fazer.

Aproveitando sua comparação, você acha que hoje estamos mais preparados para lidar com uma pandemia do que lá na época da Aids?
A Aids tinha altíssima letalidade, mais do que temos com a covid-19, e atingia fortemente a parcela jovem da população. Era uma tragédia do ponto de vista social e geracional bastante intensa. Hoje temos mais capacidade de compreensão, até porque a humanidade lidou com outras epidemias e pandemias de síndromes respiratórias de lá para cá. Basta ver a experiência dos países orientais. A resposta é espetacular. A gente tem respostas piores, como infelizmente as do nosso país e dos Estados Unidos, respostas intermediárias, como as dos países da Europa, e respostas excelentes dos países orientais. O que demonstra que bastaria seguir a receita de bolo: lockdown, testagem e uma reabertura planejada das atividades econômicas. É claro que isso é mais fácil em países com economias mais fechadas, mas temos respostas interessantes em países europeus, como a Alemanha, que respondeu muito rapidamente também à segunda onda.

Como as diferentes regiões do Brasil estão lidando com a pandemia e como o SUS está agindo nesse combate, tanto do ponto de vista da potência do surto, como da capacidade de resposta à doença?
Tragédia atrai tragédia. O Brasil teve um tempo para fazer o planejamento, porque o primeiro caso ocorreu em dezembro e aqui no Brasil chegou no final de fevereiro. Tivemos tempo e poderíamos tê-lo aproveitado para planejar. É claro que qualquer processo de transmissão de doença infecciosa anda geograficamente e nós sabíamos que ia andar aqui no Brasil. Sabíamos que as cidades mais afetadas num primeiro momento seriam Manaus, Fortaleza, Rio... São cidades que recebem habitantes do país e também do exterior. Sabíamos também que depois a doença ia descer para a região Sul do Brasil e temos hoje um gaúcho famoso, o Osmar Terra, com covid-19. Um parlamentar que sempre negou a doença, disse que era gripezinha, que ia se curar com cloroquina, está internado com covid-19. Então, tudo que aconteceu nós previmos. E sabíamos também que essa reabertura caótica que aconteceu no Rio, São Paulo e outros lugares iria provocar esse fenômeno que estamos vendo hoje. Muito ruim, porque são mortes evitáveis. Não é natural. É claro que todos morreremos em algum momento, mas não necessariamente de covid-19.

Nessa última semana, fomos sacudidos pelas boas novas da eficiência das vacinas da Pfizer, da Moderna, da AstraZeneca. Aparentemente são vacinas muito bem-sucedidas. Qual tempo será necessário para termos parte considerável da população brasileira vacinada?
Esta é uma pergunta muito importante e inclusive há uma notícia um pouco preocupante no jornal Valor Econômico. O plano de vacinação que foi exigido pelos órgãos que tomam conta das contas públicas não foi entregue. Houve um prazo para que este plano fosse apresentado, mas não foi entregue. Os primeiros a serem vacinados serão os profissionais de saúde. A gente teve um número enorme de profissionais de saúde que morreram vítimas da covid-19, inclusive da UFRJ. Depois, certamente virão os idosos e pessoas com comorbidades. Acredito que estes grupos correspondam ao número de vacinas que o Brasil consegue produzir, tanto se for a Sinovac, do Butantan, quanto a do consórcio de Oxford, do qual a Fiocruz participa. A gente vai ter cem milhões de doses muito rapidamente, que devem ser aplicadas ao longo do primeiro semestre. Com isso alcançamos metade da população. E a outra metade deverá ser imunizada no segundo semestre de 2021. Com certeza a notícia da eficácia de 95% é muito promissora, porque nós esperávamos uma eficácia bem menor, de 50%, 60%, 70%. Tendo essa eficiência tão alta já reduzirá muito a transmissão. Mas é preciso atuarmos contra o movimento antivacina. Eu acho que a UFRJ e a AdUFRJ têm um papel muito importante nesse aspecto.

O professor do IFCS André Botelho foi eleito para a presidência da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) com um enorme desafio: enfrentar um projeto de governo que asfixia a pesquisa, sobretudo nas áreas de Ciências Humanas, alvo preferido dos ataques do bolsonarismo. Sociólogo com especialização em pensamento social brasileiro, André conversou com o Jornal da AdUFRJ sobre as tarefas das Ciências Sociais no Brasil de hoje, e traçou um retrato do conservadorismo autoritário instalado no Palácio do Planalto.


O bolsonarismo tem paralelo com alguma tendência conservadora na história brasileira?
O bolsonarismo não surgiu do nada. Há processos sociais em curso, que foram intensificados sobretudo nos últimos governos do PT, que interferiram muito diretamente em uma dinâmica tradicional da sociedade brasileira, aumentando a mobilidade social. O Estado que desenvolve uma política de cotas reconhece uma situação de injustiça histórica contra um grupo. Esse tipo de reconhecimento, que é fundamental, vai gerar também reação. A classe média passou a ter que competir com grupos e indivíduos que estavam chegando de baixo a postos que antes eram quase que exclusivos dela.
As pessoas se manifestavam nos últimos anos com faixas como “Quero meu Brasil de volta”. De que Brasil você está falando? De uma sociedade hierárquica, em que o conflito tinha pouca visibilidade? É difícil dizer que o bolsonarismo seja algo que não tenha lastro na sociedade. Percebemos que a democracia na sociedade brasileira não é um valor universal, não é um ponto pacífico.

E no que o bolsonarismo se destaca no pensamento conservador do Brasil?
Há uma diferença que precisamos estabelecer entre conservadorismo e autoritarismo. O conservador vê no passado uma espécie de chave para o futuro da sociedade. Ele quer conservar determinadas estruturas do passado, pois entende que essas estruturas são as melhores, ou garantem a ordem social. Já o autoritário não está satisfeito com a situação da sociedade, mas o modo como ele quer operar a mudança parte de cima para baixo. Muitas vezes ele quer fazer as mudanças para evitar a democracia.
Isso foi muito forte na tradição intelectual brasileira. O que me parece acontecer, no que chamamos de bolsonarismo, é uma composição dessas e outras linhagens. Não dá para esquecer dessa espécie de casamento entre autoritarismo do Estado, conservadorismo de algumas estruturas sociais, como a defesa de uma família tradicional como elemento de coesão da sociedade, mas também o componente neoliberal, que joga sobre o indivíduo a responsabilidade total sobre a sua situação.
Percebemos que determinadas posições do que é e do que deve ser o Brasil não se realizam no vazio. Elas retomam, muitas vezes, posições que já estavam em curso na sociedade. No caso do bolsonarismo não é diferente, embora a nossa tendência seja a de acentuar o seu caráter inovador.

Então o bolsonarismo é uma composição de estruturas que já existiam?
Exato. E isso é muito importante de ser compreendido porque um dos elementos mais difíceis no enfrentamento político é a sensação de que você não entende o seu adversário político, e você diz que ele é inédito. Todos somos inéditos, de certa forma, mas nenhum de nós se constrói em um vazio de relações sociais. Há uma coisa que liga o presente ao passado que é exatamente o processo social.
E não temos explorado, de fato, essa dimensão tão claramente na comunicação científica com a sociedade. Muitas vezes reforçamos essa ideia de que tudo que acontece no presente é presente, mas o presente está cheio de passado.

Tivemos eleições domingo, e o primeiro retrato do resultado é o aumento no número de eleitos representantes de minorias, como indígenas, negros e LGBTQI. O movimento dessas minorias é parte desse processo social ao qual você se refere?
Acho que sim, identifico dessa forma. As estratégias dos movimentos sociais terão que ser outras. E a democracia é importante porque ela permite que esses movimentos da sociedade sejam ouvidos, tenham reconhecimento nas estruturas de poder.
Então você consegue promover políticas de igualdade racial ou de gênero, por exemplo. Claro que faz toda a diferença você ter um estado democrático ou um estado autocrático, que é o que parece ser o que estamos vivendo. Mas isso não significa que os movimentos vão desaparecer. Nesse sentido, há indícios que apontam para a continuidade de determinados avanços, do ponto de vista social, envolvendo a representatividade de negros, mulheres, LGBTI.

A área de Ciências Sociais é vítima de primeira hora do bolsonarismo. Qual é o papel da Anpocs nesse cenário?
Precisamos lidar com uma situação de retraimento de financiamento da pós-graduação e da pesquisa, e também com esses ataques. O que pretendemos fazer é um trabalho de fortalecimento do próprio associativismo que reúne os programas de pós-graduação da Anpocs.
A primeira tarefa é mobilizar os associados, criar uma agenda mais participativa, e fortalecer nossas ações. Uma segunda frente importante é tentar desenvolver uma comunicação mais exitosa com a sociedade civil. Como uma associação acadêmica, muitas vezes nós incorremos na tendência de falar para nós mesmos. Essas duas frentes vão nos ajudar a ter condições de enfrentar mais diretamente as políticas restritivas que vêm sendo implementadas em nível federal.

E como enfrentar o discurso anticiência do governo?
Pretendemos promover um diálogo mais consistente das Ciências Sociais com outras ciências. Porque esse insulamento não favorece uma ação coletiva.
Nossa agenda propositiva tem que ser voltada mais para aquilo que é comum a outras áreas, do que sobre aquilo que nos diferencia. Parte da estratégia deles é jogar uns contra os outros. Então precisamos buscar uma resposta que passe pelo fortalecimento da cooperação. Não apenas do diálogo, mas da cooperação com outras áreas.

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WhatsApp Image 2020 11 20 at 22.56.26Pesquisadores da UFRJ desenvolveram novos materiais nanoestruturados para tratamento de câncer. A tecnologia usa nanocubos de paládio e nanopartículas da liga paládio-óxido de cério, desenvolvidas em laboratórios da Coppe/UFRJ. Os materiais formam um pó que é diluído em substância aquosa e aplicado sobre o tumor a ser tratado. Em seguida, um laser de baixa potência incide na direção do tumor. As nanopartículas são aquecidas liberando calor e hidrogênio de forma a desestruturar as células doentes sem danos ao tecido saudável que se encontra no entorno das células comprometidas.
A pesquisa Synthesis, characterization and photothermal analysis of nanostructured hydrides of Pd and PdCeO2 (Síntese, caracterização e análise fototérmica de hidretos nanoestruturados de Pd e PdCeO2) foi publicada na Nature Scientific Reports de outubro, uma das mais respeitadas revistas científicas do mundo. “O procedimento é simples e poderia ser feito numa clínica, sem necessidade de internação. É o que esperamos”, acredita o professor Dilson dos Santos, do Laboratório de Propriedades Mecânicas da Metalurgia e coordenador do Programa de Engenharia de Nanotecnologia da Coppe. “Pode ser uma alternativa menos invasiva de liquidar um tumor no corpo humano”.
As nanopartículas foram desenvolvidas na pesquisa de doutorado da aluna Cláudia Caldas Cruz, orientanda de Dilson e do professor Hélcio Orlande, também da Coppe, coautor do trabalho. “Nós já sabíamos que o paládio é um material biocompatível, que tem uma boa capacidade de armazenamento de hidrogênio e é muito estável. Portanto, sabíamos que poderia ser utilizado no ambiente biológico”, conta a jovem cientista.
“Quando colocamos o hidrogênio e formamos o hidreto de paládio, o hidrogênio consegue proteger as células saudáveis e o laser vai realmente agir nas células tumorais. Isso é muito bom porque nos dá seletividade”, destaca Cláudia. “O grande problema dos tratamentos convencionais é que eles atingem todas as células. Usar os nanocubos de paládio com o hidrogênio nos permite o aumento de temperatura focalizada nas células tumorais”.
O tamanho dos nanocubos torna a aplicação mais funcional e ampla. “Outros pesquisadores do mundo conseguem criar nanocubos de 50, 60, 70 nanômetros. Nós conseguimos ainda menores, de 20 nanômetros, com método de síntese em uma etapa só, muito mais rápido e simples”, orgulha-se a doutoranda. “O fato de ser menor vai acarretar que tenha mais capacidade de aplicação e melhor resposta para o meio celular. É um diferencial do trabalho”.
Para se ter uma ideia, a espessura de um fio de cabelo varia de 60 a 140 microns. “O nanocubo é cerca de cinco mil vezes menor que a espessura de um fio de cabelo humano. Diluímos milhares de partículas dessas. Em laboratório usamos água destilada, mas para aplicação no corpo humano pode ser utilizado soro fisiológico ou solução medicamentosa apropriada”, destaca o professor Dilson, coordenador do trabalho.
O aquecimento dessas partículas é feito por laser. O docente explica a razão de não haver danos aos tecidos saudáveis. “Nosso corpo tem temperatura média de 360C e pode aguentar temperaturas de até 430C sem perder propriedades. Essas partículas alcançam essa temperatura, o que é suficiente para que o tumor perca propriedades e comece a morrer”.
Esse procedimento já existe nos Estados Unidos e em alguns países europeus, mas os cientistas brasileiros conseguiram resultados muito promissores. “O cério, por ter ação desoxidante, inibe também o desenvolvimento do tumor. E pode ainda ser aliado no tratamento de outras doenças, como o Mal de Parkinson e Doença de Alzheimer”, afirma o pesquisador.
O trabalho teve a cooperação do professor Claudio Lenz, especialista em laser, do Instituto de Física. Foi ele quem fez a montagem e a caracterização do laser utilizado na pesquisa. “Potência, distribuição e tamanho do feixe de luz, tudo isso é necessário saber para compreender como o calor será difundido”, explica o cientista. “É algo importante não só para alcançar os resultados desejados, como para permitir que sejam reproduzidos”.
A pesquisa, ele conta, é bastante promissora. “Quando o nanocubo é aquecido, ele libera o hidrogênio, que potencializa o calor. É uma das reações mais potentes da natureza. É como se mandássemos pequenas bombinhas para o entorno do câncer e, a partir do laser, essas “bombas” fossem ativadas para desestruturar o tumor”, compara.
O professor Dilson destaca a importante participação do professor Orlande, dos programas de Engenharia Mecânica e Engenharia da Nanotecnologia, responsável pelo Laboratório de Tecnologia de Transmissão de Calor da Coppe. Neste laboratório foram realizadas as medidas de análise fototérmica, com a colaboração de seu aluno de doutorado Nilton da Silva, do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe e professor da Universidade Federal do Amazonas. Houve, ainda, a participação da doutoranda Amanda Castilho, do Programa de Engenharia da Nanotecnologia da Coppe e de Viviane Favre-Nicolan, doutora pelo Programa de Engenharia Metalúrgica e Materiais da Coppe.
O próximo passo da pesquisa é realizar testes in vivo, em parceria com o Centro de Ciências da Saúde. Esta fase deve ter início no próximo ano. “Vamos passar aos testes in vivo para aprimorar a técnica de uso em tecido humano”, diz o professor Dilson. “É uma pesquisa 100% brasileira, 100% UFRJ”, finaliza.

WhatsApp Image 2020 11 20 at 23.03.04O Período Letivo Excepcional acabou no dia 16 só para as aulas. Na prática, professores ainda correm contra o tempo para corrigir provas, lançar notas e organizar o próximo semestre letivo, que já começa em 30 de novembro. Mesmo exaustos, os docentes também também avaliaram a inédita experiência do ensino remoto para o Jornal da AdUFRJ, na segunda matéria da série sobre o PLE.
“A impressão é de um trabalho sem fim”, disse a professora Marta Castilho, do Instituto de Economia, que corrigia provas, um dia após o fim do PLE. “Saio deste semestre cansada, mas feliz. Os alunos, desde o início, ficaram muito contentes em voltar às aulas”. A docente, porém, se ressentiu de mais infraestrutura para o ensino remoto. “Por exemplo, de melhores programas, mais orientação. Mas o saldo foi positivo”.
Marta entende que a experiência do PLE preparou alunos e colegas para o que ainda está por vir. E serviu para dar uma “chacoalhada” na forma de lecionar. “Vamos levar algumas inovações quando voltarmos ao presencial. Isso pode nos ajudar a incluir outras ferramentas e formas de organizar os cursos”, afirmou.
O Instituto de Psicologia adotou a estratégia de direcionar o PLE para os concluintes — quem estivesse com até 32 créditos para acabar o curso — e semiconcluintes (até 48 créditos). Entre os 1.011 alunos da unidade, 290 se inscreveram no período. Diretora de graduação do instituto, a professora Ana Cunha explica que a decisão tomou como base a resolução do CEG que dava prioridade no PLE ao grupo de potenciais formandos. Mas isso não quis dizer que houve poucas aulas. “Todas as disciplinas foram oferecidas. Muitas vezes, o aluno que está se formando precisa de disciplina do primeiro período, do segundo período”, disse. “E houve uma adesão maciça dos professores, que foram muito colaborativos”. O balanço da iniciativa ainda está em andamento.
O instituto também criou um grupo de trabalho para pensar estratégias pedagógicas para o ensino remoto, que começou a se reunir em julho. De olho no próximo período, o GT já prepara um documento com recomendações aos professores. Mas Ana não esconde sua preocupação com 2020.1. “Grande parte dos alunos entrará agora de forma remota. Se já tivemos problemas de acesso no PLE, com um grupo menor, imagina agora. A política de benefícios da UFRJ não conseguiu dar conta de todos os alunos”, disse.

ECO: DISCIPLINAS
COMPLEMENTARES
A Escola de Comunicação enfatizou, no PLE, a oferta de disciplinas complementares. E vai inverter a tática nos períodos regulares de 2020.1 e 2020.2, com ênfase nas obrigatórias. “As complementares são muito atrativas. Raríssimas turmas tiveram vagas ociosas”, disse o diretor de graduação da ECO, professor Sandro Tôrres. E 95% do corpo docente aderiu às aulas remotas.
“No meu balanço, foi excelente a ideia do PLE. Houve problemas de calendário, mas serviu de balão de ensaio para alunos e professores”, afirmou. Entre os docentes, vários devem manter as práticas descobertas no ensino remoto, quando for possível a volta ao ensino presencial. Entre os alunos, o aprendizado é quanto à dosagem do tempo: os que se matricularam em muitas disciplinas, sentiram a carga pesada demais e fizeram trancamentos. “Quem pegou oito disciplinas, no 2020.1 vai pegar quatro ou cinco.”
O curtíssimo período entre o PLE e 2020.1 recebeu duras críticas do dirigente da ECO. “Esse calendário, para a área administrativa, é péssimo. Quinze dias é muito pouco para colocar o curso na rua”, afirmou. Sandro apontou outra incoerência da legislação aprovada na UFRJ: o prazo final de inscrições nas disciplinas do próximo semestre coincide com o último dia que o professor tem para lançar as notas do PLE: 27 de novembro. “E a nota é decisiva para o aluno definir o horário dele. Isso foi muito mal planejado”, criticou.
A unidade, que realizou uma pesquisa junto aos alunos antes do PLE, pretende fazer mais uma, agora de avaliação do período. “Como estamos sobrecarregados, provavelmente deve ser feita depois que 2020.1 começar”, concluiu.

EDUCAÇÃO E LETRAS:
AVALIAÇÃO RIGOROSA
Já na Faculdade de Educação, a tarefa do momento é levantar os números e recolher relatos de docentes e alunos para fazer uma avaliação rigorosa do PLE. “Temos de fazer a apreciação com base em dados. Faz parte da prudência. Somos os cientistas da Educação”, afirmou a coordenadora de graduação da Pedagogia, professora Silvina Fernández.
A unidade, desde o início da pandemia, formou um grupo de trabalho de planejamento e organização das ações. “No GT, organizamos formulários com várias questões, um para discentes, um para docentes”. O objetivo é saber como cada segmento atravessou o semestre letivo. “Não é definitivo, mas pode dar pistas do que deu mais certo, do que deu menos certo, do que seria necessário reforçar”.
A Faculdade de Letras saiu na frente: os docentes divulgaram uma carta de avaliação com várias críticas ao período excepcional, no dia 10. A professora Luciana Salles, que integra o Conselho de Representantes da AdUFRJ, informa que um dos pontos mais urgentes da carta são as férias “que nos foram ‘roubadas’”. “Não só pela questão do descanso (e estamos todos exaustos), mas também pela questão de preparação dos cursos”, argumentou. “É humanamente impossível preparar um novo período em duas semanas, sobretudo numa faculdade que atende mais de quatro mil alunos de graduação”, completou.
Outra demanda urgente tem relação com os professores substitutos que, segundo a carta, além dos gastos altos, salários defasados e carga horária elevada, vivem sob a ameaça de cancelamento dos contratos.

AdUFRJ, DCE e Sintufrj analisam semestre remoto

Necessário, mas com muitos problemas. As entidades representativas de professores, estudantes e técnicos-administrativos são unânimes na caracterização do Período Letivo Excepcional.
“Com todas as dificuldades, foi melhor fazer do que não fazer”, afirma a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller. “É sempre bom lembrar que a universidade não parou, mas a graduação é o nosso vínculo primeiro com a população. Foi melhor ter vivido a experiência e de alguma forma retomar o contato com os alunos”.
A AdUFRJ procurou ampliar um dos recessos do calendário remoto para minimizar o desgaste da comunidade acadêmica, mas o Consuni rejeitou a solicitação. “Temos absoluta convicção de que os professores precisariam de pelo menos mais uma semana. Apesar de ser um tempo pequeno e insuficiente, já seria um período mínimo para os procedimentos administrativos e para os docentes respirarem um pouco”, completou Eleonora.
Antônia Velloso, do DCE, também considera que o PLE deveria ser realizado, mas poderia ser conduzido de outra forma. “Eu acho que foi uma medida necessária. Não existe oficialmente uma previsão para a gente voltar (ao ensino presencial). Mas, na nossa opinião, foi pouco dialogada e poderia ser melhor aplicada”, disse.
Como exemplo, a representante estudantil critica a conturbada oferta de vagas no início do PLE. Aluna do sexto período da História, Antônia perdeu as duas primeiras semanas de aula até conseguir a inscrição em algumas disciplinas. Ela também criticou o fato de os alunos precisarem se deslocar até a universidade para receber os chips de auxílio ao ensino remoto. E que alguns enviados pelos Correios até hoje não chegaram ao destino.
Antônia já recebeu relatos de estudantes reclamando de muitas avaliações realizadas no curto Período Letivo Excepcional, além de professores que não gravam as aulas. “Das minhas quatro disciplinas, só um dos professores gravava”, observou. Para o próximo período, a preocupação dos estudantes é que nem todas as disciplinas sejam ofertadas. “O PLE, de uma hora para outra, foi aprovado como parte integrante de 2020.1”, observou.
Damires França, coordenadora de Educação do Sintufrj, tratou dos impactos do período remoto no cotidiano dos servidores. Deslocados para casa pelas regras do isolamento social, os funcionários das secretarias acadêmicas sofrem para dar conta das demandas administrativas sem a devida infraestrutura. “Creio que a maioria dos trabalhadores não tem os equipamentos e internet boa. Eu mesma tive que pegar um laptop emprestado”, disse.
Também representante suplente dos técnicos-administrativos no Conselho de Ensino de Graduação (CEG), Damires acompanhou de perto a discussão do calendário acadêmico remoto. A coordenadora do Sintufrj lamentou os curtos recessos entre os períodos. “Vamos ter que trabalhar nos fins de semana. Calendário apertado sobrecarrega as secretarias acadêmicas”, disse.

O recente pedido para que a reitoria retome as discussões sobre uma possível adesão à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), feito pelos gestores dos hospitais universitários da UFRJ, acendeu a polêmica na comunidade acadêmica. Favoráveis e contrários à medida já iniciaram uma série de debates e conversas para defender seus pontos de vista. O Formas – fórum constituído pelas entidades representativas da universidade, dentre elas a AdUFRJ – apontou a necessidade de discutir a realidade concreta do Complexo Hospitalar e pensar em soluções na universidade antes de avaliar a adesão à Ebserh.
A edição passada do Jornal da AdUFRJ abriu espaço para a polêmica e relembrou todo o processo de discussão que agitou a universidade entre os anos de 2012 e 2013. O imbróglio foi tamanho que houve briga física numa das sessões do Conselho Universitário. Pressionado, o então reitor, professor Carlos Levi, retirou o tema da pauta no dia 26 de setembro de 2013 e não tocou mais no assunto até o final de seu mandato.
Para dar seguimento ao tema e estimular o debate saudável de ideias, trazemos nesta edição duas entrevistas com visões diferenciadas sobre o Complexo Hospitalar, sobre a Ebserh e sobre possíveis caminhos para solucionar os problemas enfrentados pela área assistencial da universidade. O professor emérito Nelson Souza e Silva, ex-diretor do Instituto do Coração Edson Saad, é um conhecido crítico à adesão da UFRJ à empresa. Ele explica as razões de não concordar com a contratualização e aponta quais devem ser as prioridades para a melhoria da gestão dos hospitais. Favorável à reabertura do debate, mas não necessariamente à Ebserh, está o coordenador do Complexo Hospitalar, o médico Leôncio Feitosa. Seu desejo é que a universidade busque conjuntamente soluções para os problemas enfrentados pela rede de hospitais.

ENTREVISTA I LEÔNCIO FEITOSA Coordenador do Complexo Hospitalar da UFRJ

WhatsApp Image 2020 11 20 at 23.14.19Jornal da AdUFRJ – Qual a função do Complexo Hospitalar?
Leôncio Feitosa – O Complexo Hospitalar e da Saúde é um órgão da estrutura média que equivale hierarquicamente às decanias. Foi criado para coordenar seus componentes da área de atenção à saúde, unindo asssistência, pesquisa e ensino. Atuamos na gestão direta, como, por exemplo, compartilhamento de compras, serviços de limpeza e alimentação. Isso melhora o padrão da qualidade de serviço e também reduz custos. Estamos implantando, em convênio com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, um sistema de gestão de informática chamado AGHUSE. Já implantamos o módulo de ambulatório do Instituto Deolindo Couto e no Instituto de Psiquiatria. Quando estiver completo, o sistema permitirá, por exemplo, que nossos pacientes tenham prontuário único digital, que possibilita agilizar o atendimento em qualquer unidade de saúde. Outra linha de atuação é montar um sistema de avaliação das novas tecnologias em insumos de saúde, que avalie também a qualidade geral nos hospitais. As iniciativas contam com apoio integral da reitoria e de todos os órgãos. Fazemos um trabalho muito próximo do Centro de Ciências da Saúde, porque o CCS tem o olhar da área acadêmica. São perto de 400 pesquisas em andamento nos hospitais. O que nos diferencia dos hospitais comuns é o nosso objetivo, que é o ensino de graduação e de pós-graduação. Nós existimos na universidade para ensinar.

Quais são os principais problemas enfrentados pelos hospitais?
Temos uma crise de financiamento, que se agudiza a partir do ano que vem com o corte de 16% no orçamento do MEC. E uma crise de pessoal. O HU, que é nosso maior hospital, já teve 500 leitos abertos. Na pandemia, o diretor Marcos Freire chegou a 320 leitos, por meio de contratos temporários. Mas com essas contratações acabando em dezembro, o hospital cai para 200 leitos. A redução no orçamento nos faz pensar em provavelmente reduzir mais leitos, porque vai faltar dinheiro. Ainda há a questão de alimentação, de limpeza, de segurança. Há um déficit em torno de 1.200 profissionais em toda a área de saúde e estão proibidos concursos. Quando se reduz leito, se reduz a qualidade do ensino, o número de cirurgias, o que reduz também o número de residentes.

Se nada for feito para melhorar o quadro, o que pode acontecer?
Alguns programas de residência correm o risco de fechar a médio prazo. O Programa de Residência Médica da UFRJ sempre foi um evento nacional, com gente participando do Brasil inteiro. Com a situação assistencial ruim, também cai o número e a qualidade daqueles que nos procuram. Isso tudo reduz a qualidade de ensino, de pesquisa e de extensão. Quando olhamos para 2021 e 2022, bate uma tristeza. Nossas unidades de saúde vão definhar. A ideia parece ser a de estrangular as universidades públicas federais, daí elas passam a não valer nada e o setor privado nos invade. Um trabalho hercúleo construído ao longo de décadas que em poucos meses pode ser completamente destruído.

O senhor considera a Ebserh uma solução para a universidade?
O cálculo que fizemos é que a UFRJ vai deixar de gastar mais de R$ 80 milhões com os hospitais, o que faz com que a universidade consiga reduzir seu déficit orçamentário. Aderir à Ebserh é uma forma de resistir. Funciona como um golpe de judô: utilizamos um pouco a força deles e mantemos a nossa estrutura funcionando, até que tenhamos uma situação mais favorável. Não é o ideal. Mas é a única solução possível nesse cenário atual político. Mas queremos, enquanto Complexo Hospitalar, abrir a discussão.

O senhor, então, é a favor do debate.
Que não pode ser muito longo. Todo dia que a gente acorda está um pouco pior. Só no mês de outubro foram cerca de 70 aposentadorias. Precisamos de uma definição porque o quadro é dramático. Queremos que pessoas ou grupos apresentem projetos concretos para retomarmos contratação de pessoal, abrir novos leitos, que preveja recursos para aquisição de insumos e equipamentos. Mas não pode ser algo só do campo das ideias. De 2013 até hoje a área de saúde vem decaindo e a tendência é de cair mais rápido com o atual governo reduzindo recursos e proibindo concursos. Se o “paciente” for para o CTI, a recuperação fica muito mais difícil.

Os críticos enxergam risco de privatização da empresa e, por consequência, a perda da gestão dos hospitais universitários. Este é um cenário possível?
Privatização, interferência administrativa nos hospitais e que fere a autonomia universitária. Estes eram os três principais argumentos de quem era contrário à empresa em 2013. Então fomos ler o regimento da Ebserh. Vimos que, primeiro, um dos artigos diz que a Ebserh só se relaciona com hospitais universitários que atendam unicamente ao SUS. A Ebserh não pode se relacionar sequer com Santas Casas, que são filantrópicas. Então, em relação à privatização, este argumento não se sustenta. Em relação à interferência administrativa, eles foram flexibilizando e as reitorias hoje escolhem os gestores dos hospitais. Se as duas primeiras questões levantadas à época não têm validade hoje, então a empresa não fere a autonomia universitária. Na época, essa discussão tinha muita razão de existir. Hoje, passados sete anos, desconheço queixa dos gestores dos hospitais ou da Andifes em relação à Ebserh.

Em caso de contratação da empresa, haverá fragmentação ou é possível continuar existindo o Complexo Hospitalar?
Essa estrutura do Complexo Hospitalar pode ser mantida com a Ebserh, não é necessário que haja um desmembramento desses hospitais. O complexo se torna um interveniente. A relação em rede é muito vantajosa, tanto do ponto de vista financeiro, quanto de protocolos médicos, da enfermagem, de medicamentos, em relação à distribuição e controle de qualidade. Quando se trabalha em rede, a reunião de ideias sempre produz coisas melhores que a fragmentação.

O que o senhor defenderia como proposta para os hospitais da universidade?
Defendo uma proposta de um novo estudo de orçamento para as unidades de saúde, defendo a abertura de concurso para todos os níveis, para acabar com o problema dos extraquadros. Mas são propostas inviáveis neste governo. Se eu chegar em Brasília com essa proposta, serei apedrejado.

ENTREVISTA I NELSON SOUZA E SILVA Professor emérito da Faculdade de Medicina da UFRJ

WhatsApp Image 2020 11 20 at 23.14.19 2Jornal da Adufrj – Qual seu balanço sobre o Complexo Hospitalar desde que foi instituído?
Nelson Souza e Silva – A unidade orçamentária Complexo Hospitalar foi criada para gerir os recursos das unidades de saúde da UFRJ. A vantagem de sua existência é que permite reuniões regulares entre os diretores para discutir em conjunto as questões dos hospitais. O que, para mim, ainda está pendente é o seu Conselho Deliberativo, que é formado por todas as unidades acadêmicas que atuam nos hospitais e permite decisões coletivas envolvendo ensino, pesquisa, extensão e assistência.

Há vantagens financeiras, ou somente acadêmicas?
Foi feita uma planilha contendo tudo o que os hospitais universitários produziam e ofereciam para o SUS. Esses serviços levavam a pontuações específicas que indicavam qual era a complexidade de cada uma dessas unidades e o percentual do orçamento que cada uma receberia do Ministério da Saúde. Na UFRJ, os hospitais, individualmente, somavam poucos pontos. A Maternidade Escola não tem cirurgia de alta complexidade. O HU não tem maternidade. Mas quando a gente avalia o Complexo como um todo, além de atingir a pontuação máxima, a gente alcança 70% a mais de recursos. Esta é mais uma grande vantagem da estrutura.

O senhor considera que a Ebserh é uma boa saída para os hospitais universitários?
Não. No fundo, a Ebserh nem deveria existir. Uma empresa prestadora de serviços, do ponto de vista administrativo, não deveria ter sido criada. Há o SUS e toda uma rede de universidades que já fazem a administração dessas unidades de saúde. No âmbito da UFRJ, criamos o Complexo Hospitalar para nos autogerenciar.
Os diretores alegam problemas administrativos e financeiros e alguns sugerem que a empresa possa solucioná-los. Esta não é uma possibilidade?
Não vai trazer dinheiro, porque o orçamento da empresa é o mesmo do MEC e restrito pelo mesmo teto de gastos a que somos submetidos. Então, é uma ilusão achar que a Ebserh vai nos dar recursos adicionais. Os argumentos são os mesmos de sete anos atrás. Acabou se caracterizando como uma chantagem aquela história de que não teríamos orçamento. Estamos há sete anos com orçamento, com as unidades em funcionamento. Na versão anterior do contrato, os bens da UFRJ seriam alienados para a empresa. O hospital universitário, com a questão da pandemia, recebeu recursos e equipamentos como ecocardiógrafo, ressonância, renovou seus leitos de CTI. Isso veio para a UFRJ. Se fôssemos contratualizados, seria tudo patrimônio da empresa.

O que achou de a UFRJ ter tirado o tema de pauta em 2013? Foi a melhor saída?
O Conselho Universitário decidiu sobre este assunto e a decisão foi a de não continuar a discussão. A Procuradoria-Geral da República moveu uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a Ebserh em 2013 que ainda não foi julgada pelo Supremo Tribunal Federal. Ela dissocia ensino, pesquisa e extensão. É apenas uma empresa de assistência hospitalar e não pode contratar professor. O hospital não é uma empresa, pertence à universidade, funciona a partir de seu tripé estruturante. Nossa lógica não é a do lucro, mas da prestação de serviços adequados.

Mas nem sempre o HU, que concentra a maior parte dos problemas, consegue oferecer serviços adequados. Há problemas históricos, como leitos insuficientes.
O fator limitante voltou a ser pessoal. Precisamos buscar o orçamento necessário e lutar pela abertura de mais vagas. A universidade tem que enfatizar seu papel constitucional.

A que o senhor atribui a retomada da discussão sobre Ebserh neste momento?
Novamente aos extraquadros, grande volume de aposentadorias com dificuldade de reposição. A juíza (Maria do Carmo Freitas Ribeiro, da 19ª Vara Federal do Rio de Janeiro) deu uma definição jurídica para resolver este problema de pessoal (em 2016). Determinou a substituição dos extraquadros por aprovados em concursos anteriores, solicitou dimensionamento de pessoal. Nós fizemos isto no Instituto do Coração e hoje não temos extraquadros. Também é possível prorrogar as contratações temporárias enquanto a pandemia continuar. A Ebserh não é solução. Ela nos divide. Deveríamos estar unidos e focados no orçamento para 2021.

Aderir à Ebserh no governo Bolsonaro pode representar um risco adicional?
Neste momento, neste governo, isto é um desastre. A política deste governo é de privatizar tudo o que é público, todas as empresas. No Ministério do Planejamento há a lista das empresas a serem privatizadas. A Ebserh consta como “passível de privatização”. Isso está efetivamente na pauta.

Na sua visão, qual a solução para a gestão de pessoal e financeira dos hospitais da UFRJ?
É preciso exigir recursos, ir a Brasília, lutar para que o orçamento dos hospitais universitários venha de três fontes: Ministério da Educação, Ministério da Saúde e Ministério de Ciência e Tecnologia, para caracterizar a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. É preciso lutar para quebrar o teto de gastos. Hoje, por conta da pandemia, existe clima político para que a Emenda Constitucional 95 seja derrubada. É preciso assumir esta luta política. A universidade toda precisa estar junta.

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