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Um processo eleitoral bem-sucedido, apesar dos problemas da votação em papel. Esta foi a avaliação do presidente da comissão eleitoral e decano do Centro de Ciências da Saúde, professor Luiz Eurico Nasciutti. “Mesmo com as dificuldades do voto em papel, tivemos mais de mil docentes que compareceram às urnas, um número bastante significativo”, disse.
Com a mudança do modelo de voto online dos dois últimos pleitos para o voto presencial imposto pelo Andes, a comissão já previa uma diminuição na participação dos docentes. “Era esperado que teríamos dificuldade, principalmente em função dos professores aposentados”, disse Nasciutti.
O decano fez um apelo pela modernização do processo. “Espero que as próximas eleições não sejam com voto em papel, porque isso está ultrapassado. Temos que voltar a uma alternativa mais moderna que faz com que as pessoas participem mais”.
Durante a apuração, a comissão esclareceu sobre problemas em três seções eleitorais. Na Praia Vermelha 1, a urna foi guardada sem o lacre entre os dias de votação. Mas todas as cédulas tinham as assinaturas dos mesários e não houve divergência com a lista de votantes. Em Macaé, um professor votou sem assinar a lista. Já na urna da antiga reitoria, uma cédula foi depositada sem assinatura dos mesários. Em todos os casos, a comissão — que tem representantes das duas chapas —considerou que não havia razões para impugnação.
“São muitas pessoas envolvidas no processo. Por mais que tenhamos feito uma orientação detalhada com todos, mesmo assim tivemos problemas”, disse Nasciutti. “Não sendo mais voto em papel, vai facilitar para todo mundo”, completou.
Nasciutti deixou uma mensagem final de agradecimento aos mesários e funcionários da secretaria da AdUFRJ. “Tudo funcionou bem graças ao trabalho de todos eles”, celebrou. “Só aceitei essa função porque sabia que teria uma ajuda maravilhosa da equipe da AdUFRJ”, concluiu.
Mais de mil e cem professores participaram das eleições da AdUFRJ. Desse total, 738 escolheram o grupo da situação, liderado pela professora Ligia Bahia, para dar continuidade ao projeto político inaugurado em 2015.
A análise dos números da votação deste ano trouxe algumas novidades: ampliou percentualmente o alcance da Chapa 1 em comparação com o total de votantes e consolidou alguns nichos eleitorais dos dois grupos que disputaram a diretoria da AdUFRJ. Houve vitórias expressivas da situação no CCS 1 (Farmácia e Biologia) (74 a 1), no CCS 2 (IBCCF, IBqM, IMPG, INJC, IPPN, Nubea e Nutes) (88 a 12), nas duas urnas do CT (83 a 7 e 80 a 14) e no CCMN 1 (Física e Instituto de Química) (63 a 5). Já a oposição ganhou por larga margem apenas na Praia Vermelha 2 (ESS, IP, IPUB, INDC e NEPP-DH) (58 a 4) e no CAp (50 a 6).
“Apesar do voto presencial e em papel, o comparecimento foi expressivo”, avalia a presidente eleita, professora Ligia Bahia. “Contudo, é inadmissível a imposição de um procedimento que impede professores aposentados ou que estão viajando — para congressos ou bancas de tese — de participar da escolha da diretoria da AdUFRJ”, afirma Ligia Bahia.
O quórum, embora significativo, foi reduzido pela votação presencial determinada pelo Andes e atingiu os dois grupos políticos. O Colégio de Aplicação (CAp) um dos principais redutos da oposição e unidade da professora Renata Flores, candidata a presidente pela chapa 2, viu o total de votos cair de 89 para 57. Já a unidade da professora Lígia, o IESC, igualou a participação de dois anos atrás.
A urna de Caxias foi uma das poucas – a outra, o Nupem, em Macaé – a registrar aumento da votação. Foram 15 eleitores contra 9, de 2023. “Em 2025, foi a primeira eleição com uma candidata do Campus de Caxias na composição da chapa. Isso foi importante também na inscrição para o conselho de representantes. Estas candidaturas podem ter contribuído no aumento do número de votantes”, avalia a professora Luisa Ketzer, 2ª tesoureira eleita e ex-vice-diretora do campus Caxias.
No Nupem, houve 21 votos contra 19 da eleição anterior. Para Rodrigo Nunes da Fonseca, 2º tesoureiro da AdUFRJ e docente do Nupem, o olhar cuidadoso com a interiorização influenciou no resultado. “A diretoria atual realizou eventos e participou ativamente da vida dos associados de Macaé”, afirma.
OSCILAÇÕES
Algumas mudanças podem ser observadas nos números de 2025, quando comparados aos do último pleito. Mas, antes, é importante registrar que, nas eleições virtuais, as “urnas” eram atribuídas às unidades. Para este comparativo, foram somados os números daquelas que correspondiam às seções eleitorais físicas de agora.
A situação conseguiu “virar” o voto em três seções: Praia Vermelha 3 (Educação e ECO), Enfermagem e CCMN 2 (Computação, Geociências e NCE). A oposição “virou” na Letras e na antiga reitoria (EBA, FAU, IPPUR, Coppead).
Considerando a diferença de votos entre as chapas, a situação cresceu no CCS 1 (Farmácia e Biologia), no CT 1 (EQ, Coppe, IMA, Nides), no Nupem, em Caxias e no IESC, onde foi registrada a única vitória com 100% de aproveitamento: 16 a 0. Também pelo mesmo critério de diferença de votos, a chapa 2 cresceu apenas na urna que reuniu Direito e Observatório do Valongo.
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Imposta pelo Andes, a votação em cédula de papel restringiu a participação dos professores nas eleições da AdUFRJ. Todos que estavam afastados dos campi nos dias 10 e 11 por questões de saúde ou em missões acadêmicas ficaram automaticamente sem direito ao voto. Aposentados também foram prejudicados.
Destaque no noticiário brasileiro nas últimas semanas, a professora Tatiana Sampaio (do Instituto de Ciências Biomédicas e ex-diretora da AdUFRJ) fez o possível, mas não conseguiu votar. A docente estava em São Paulo para participar de reuniões e coletivas de imprensa sobre o desenvolvimento de um medicamento experimental: a polilaminina, que promete recuperar a mobilidade de pacientes que perderam movimentos por lesões na coluna.
Sampaio adiantou seu retorno ao Rio, mas perdeu a última urna aberta do Centro de Ciências da Saúde por apenas quinze minutos. “Foi uma decepção quando percebi que não daria tempo”, lamentou. Tatiana classificou como retrocesso o retorno ao voto em papel. “Acho lamentável que não se possa votar online. Isso me parece um enorme retrocesso e totalmente injustificável”, completou.
Já a professora Juliana Camacho, do Instituto de Bioquímica Médica, afastada para uma missão científica nos Estados Unidos, não pôde votar em si mesma para o Conselho de Representantes. “Uma votação online seria suficiente para aumentar a adesão de quem não pode estar presencialmente”.
Aposentado do IFCS e morador de Cabo Frio, o professor Paulo Baía chegou a preparar a ida a Macaé para depositar seu voto, mas teve que cancelar a viagem. “Eu queria ter votado. O sistema de votação pela internet era ótimo para mim e para vários colegas que são idosos e moram distante das urnas”, destacou o docente que chamou de involução o retorno ao voto presencial.
Confira a seguir os depoimentos de vários professores que não puderam exercer o direito de participar da escolha dos rumos do sindicato pelos próximos dois anos.
Fui a São Paulo para uma coletiva de imprensa e reuniões com o Laboratório Cristália, no âmbito da cooperação existente entre a UFRJ e a empresa. Depois, fui para Campinas planejar experimentos no acelerador de partículas do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais). Como tinha diferentes destinos em São Paulo, optei por ir de carro.
Até adiantei a volta para chegar a tempo de votar. Teria sido melhor passar a noite em Campinas para poder estender as discussões no CNPEM e estar mais descansada na estrada, mas, quando eram 14h, interrompi a reunião para poder chegar a tempo. Ainda tive que parar na estrada para resolver por telefone um problema no laboratório e atrasei meia hora. Foi o que bastou! Cheguei ao CCS às 20h45 e já não pude votar.
Foi uma decepção quando percebi que não daria tempo. Ainda fui até o hall do Bloco A para ver se a banca de votação ainda estaria lá, mas ela já tinha sido desmontada. Foi triste. Acho lamentável que não se possa votar online. Não há necessidade de retornarmos a um sistema antigo de votação. Isso me parece um enorme retrocesso e totalmente injustificável.
Tatiana Sampaio
Instituto de Ciências Biomédicas
Não pude votar nas eleições da AdUFRJ em 2025 devido à decisão pouco democrática pelo voto impresso, em plena era digital. Não pude tampouco votar por procuração. Tive meu direito cerceado e me sinto excluída deste processo importante e que deveria ser cada vez mais democrático. Considero um retrocesso, pois diversos professores se afastam da sede para participar de congressos, bancas, dentre outras atividades acadêmicas rotineiras. Espero que, em 2027, possamos voltar a ter nosso direito ao voto garantido novamente. Afinal, a AdUFRJ deveria ser cada vez mais representativa da categoria e atender melhor as demandas dos seus filiados.
Denise Pires de Carvalho
Presidente da Capes, ex-reitora da UFRJ e professora do IBCCF
Chega a ser inacreditável que cheguemos em 2025, em pleno século XXI, com uma exigência do Andes de que o voto seja dado em papel. Isso lembra muito a exigência do Bolsonaro de que o voto deveria ser em papel, por ser assim “auditável”. Aliás, não é só neste assunto que tanto a extrema direita quanto a extrema esquerda coincidem em suas posições. Por exemplo, foi assim também com o REUNI e com as cotas; ambos os extremistas eram contra, mudando apenas os motivos que justificavam suas posições!
Mas por que eu sou a favor do voto eletrônico para decisões importantes como, por exemplo, eleições para a Diretoria da AdUFRJ? Em primeiro lugar, para permitir que os aposentados, que são cerca de metade dos filiados à AdUFRJ, votem. Muitos destes aposentados têm problemas de mobilidade e, assim, obrigar que eles se desloquem até uma urna para exercer o seu direito ao voto é uma exigência descabida. Em segundo lugar, porque, como todos sabem, os meses de setembro e outubro concentram muitos congressos fora do Rio de Janeiro. Logo, o voto em papel impede que professores que participam destes congressos votem. Eu, por exemplo, por estar no momento na Europa, fui impedido de votar.
Por tudo isso, apoio a ADUFRJ em sua defesa por votações eletrônicas, única forma de efetivamente democratizar as decisões por se ouvir a maioria dos filiados.
Ricardo Medronho
Emérito da Escola de Química
Fiquei superchateada. Queria muito votar na chapa 1, porque gostei das propostas e conheço as pessoas. Sei que são idôneas, éticas. Tinha evento marcado em Cruzeiro do Sul, no Acre, entre os dias 8 e 12 de setembro. O XVI Encontro Nacional da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica. Mas poderia ter votado online. Estava praticamente certa de que haveria essa possibilidade, porque já votamos outras vezes assim. Da mesma fora, em relação à eleição para o Conselho de Representantes, me senti desrespeitada e excluída, já que a votação remota é comum e esperada.
Valéria Vinha
Instituto de Economia
(aposentada)
Eu gostaria de ter participado, obviamente, e ter exercido meu direito de voto nos colegas com quem tenho trabalhado junto e apoiado nas iniciativas da AdUFRJ e do Conselho de Representantes.
Em função de uma viagem para participar de um congresso internacional da minha área de atuação na Engenharia Química, em Trondheim, Noruega, não estava presente à UFRJ durante os dias de votação e foi frustrante não comparecer às urnas para, inclusive, apoiar a chapa da qual eu participava.
Por essa razão e por entender que muitos colegas também podem estar ausentes em períodos de votação, eu defendo o voto online, pela sua praticidade, segurança e viabilidade de estimular maior participação da comunidade. Particularmente, apoio a ideia de se implementar um sistema de votação remota e assim garantir maior participação dos docentes nas eleições futuras.
Fábio Toniolo
Coppe
Eu fui a um Congresso em Foz do Iguaçu na semana passada, que estava marcado anteriormente, e fiquei impossibilitada de votar.
Mas, particularmente, achei muito complicado essa impossibilidade de votar online. Poderia ser presencial e online simultaneamente. Isso atrapalha muito a votação, a democracia. Limita nossas possibilidades de ampliar os votos e de ter uma ampla participação, como a AdUFRJ vem fazendo nos últimos anos!
Sem contar o fato de pessoas que se encontram acamadas ou que tiveram outros imprevistos e que, infelizmente, não puderam comparecer à votação. Vivemos no mundo em que fazemos tudo ou quase tudo online e exigir votos presenciais parece um contrassenso. Só o Andes mesmo para exigir que façamos isso!
Veronica Damasceno
Professora da Escola de Belas Artes
Sou representante e não pude votar em mim mesma. Bem antes da divulgação da data da eleição, solicitei afastamento por 20 dias para missão científica na Mayo Clinic, na Flórida. O afastamento de curto prazo para missão científica é um trabalho referente ao nosso ofício, como palestras, congressos e bancas de defesa. Uma votação online seria suficiente para aumentar a adesão de quem não pode estar presencialmente.
Sinceramente, não vejo o porquê de ainda haver discussão sobre votação híbrida, se isso contempla todos esses ofícios fora do local de trabalho que possuem permissão aprovada.
Juliana Camacho
Instituto de Bioquímica Médica
Estou em missão científica como professor visitante do departamento de Biologia de Sistemas da Harvard Medical School. É difícil acreditar que com a tecnologia atual e dentro de uma universidade do porte da UFRJ que tem dois núcleos de computação, TIC e NCE, não se possa realizar votação online. Há várias votações online de quadros importantes que ocorrem na UFRJ, não entendo por que a AdUFRJ não pode usar este mecanismo de grande inclusão. A ausência de 20% dos eleitores, que não puderam votar presencialmente, é bastante significativa e frustrante. Espero que na próxima eleição seja possível colher votos auditáveis online.
José Garcia Abreu
Instituto de Ciências Biomédicas
Estou gestante e precisei tomar ferro venoso no hospital na quinta-feira, dia 12. O procedimento demorou mais que o esperado e por isso não consegui votar. Também saí um pouco cansada e necessitando ir diretamente para casa lanchar porque tenho diabetes gestacional e preciso controlar bem os horários das refeições. O voto online teria me ajudado muito nesse caso.
Cintia Pinheiro
Nupem
Tenho 74 anos e participo ativamente das assembleias da AdUFRJ e sempre votei na AdUFRJ. Atualmente, moro em Cabo Frio e, infelizmente, não pude votar. Eu queria ter votado. O sistema de votação pela internet era ótimo para mim e para vários colegas que são idosos e moram distante das urnas. Cheguei a me preparar para ir a Macaé, mas não consegui, dadas as dificuldades do dia a dia.
Portanto, critico muito essa involução. Essa reversão do voto digital via internet para o voto presencial, que impede e dificulta a mobilidade de quem é idoso, aposentado, mesmo quem mora nas cidades do Rio de Janeiro, Macaé ou Duque de Caxias.
Paulo Baía
IFCS (aposentado)
Os professores sindicalizados à AdUFRJ elegeram 92 conselheiros representantes de 33 unidades acadêmicas do Rio, Caxias e Macaé. Dos 95 candidatos, apenas três não lograram a vaga no CR.
A instância é um órgão consultivo da AdUFRJ. O grupo de docentes terá mandato até outubro de 2027.
O resultado será homologado em reunião do Conselho de Representantes do mandato 2023-2025 na próxima sexta-feira, dia 19. O cálculo entre representantes titulares e suplentes leva em
consideração a proporção de votos recebidos em cada lista e o número de sindicalizados
de cada unidade. Veja abaixo os eleitos.
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