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Alguns problemas marcaram a primeira eleição virtual para a direção do Andes-SN. Diante das dificuldades apresentadas pelo inédito modelo de votação telepresencial, o quórum nacional caiu (leia mais AQUI). Na UFRJ, por outro lado, uma notícia positiva: a participação dos docentes no pleito cresceu 40%. De 542 votantes, em 2018, para os 762 de agora.    
“Nacionalmente, o processo é preocupante. O quórum e o universo de sindicalizados caíram”, afirmou a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller. “Mas, do ponto de vista da UFRJ, estamos muito felizes. A vitória de uma ou outra chapa é o menos importante. O mais importante é que fomos eleitos com uma proposta de fortalecer o Andes na UFRJ. E nós conseguimos aumentar muito o quórum em relação à eleição anterior”, completou.
Presidente da Comissão Eleitoral Central, a professora Raquel Dias Araújo minimizou a redução do número de votantes. “O total diminuiu, mas superou nossas expectativas. Esses 13 mil são o segundo maior resultado de eleição do Andes, nos últimos 20 anos. Só fica abaixo exatamente das últimas eleições, de 17 mil”, disse. Raquel considerou que o período curto entre a decisão pelo retorno do processo eleitoral (durante o 9º Conad Extraordinário, em 30 de agosto) e a votação pode ter contribuído para a queda. Além da organização de infraestrutura para uma eleição “absolutamente nova para todo mundo”.
Nova e problemática. A demora para acessar o sistema de votação, dificuldades de comunicação entre a comissão local e a comissão central, sindicalizados precisando votar em separado e o atraso na apuração tiraram a tranquilidade dos professores. “A gente especula que a experiência de votação no primeiro dia de uma parcela considerável dos docentes foi muito ruim. No período da manhã, fiquei 50 minutos esperando para votar e não consegui”, relatou o professor Jackson Menezes, diretor da AdUFRJ e presidente da Comissão Eleitoral Local.
Confira abaixo as entrevistas com os professores Jackson e Raquel.

ENTREVISTA I JACKSON MENEZES
Diretor da Adufrj e Presidente da Comissão Eleitoral Local

WhatsApp Image 2020 11 10 at 21.07.13Como foi o trabalho da Comissão Eleitoral Local?
Aos membros da comissão eleitoral não era permitido acesso às seções de votação. Como presidente da comissão, em nenhum dia consegui entrar nas salas para prestar esclarecimentos.  Quando eu entrava no sistema, já aparecia uma mensagem que eu tinha votado e não me direcionava mais (para as salas). Houve fiscais também que não conseguiram acessar as salas. Fomos uma Comissão Eleitoral Local quase sem função. No final de cada dia, a gente se reunia para discutir relatos de pessoas. Não havia dados para trabalhar.

Como foram formadas as mesas virtuais de votação da AdUFRJ?
Foi solicitado para a comissão local enviar uma lista de mesários, indicando os presidentes e secretários. Na comissão local, definimos que para cada mesa de votação sempre teria um indicado pela chapa 1 e um pela chapa 2. E haveria revezamento: por exemplo, no turno da manhã, a presidência seria da chapa 1; no turno da tarde, da chapa 2; à noite, retornaria para a chapa 1; no dia seguinte, começaria ao contrário e assim sucessivamente. A informação que chegou no dia 2 de novembro foi que a gente deveria reformular aquela planilha, pois não teríamos a possibilidade de colocar uma pessoa que exerceu a função de presidente no turno da manhã como secretário à tarde. A eleição começou na terça com uma lista que sinceramente não sei qual foi. No primeiro dia de votação, a Comissão Eleitoral Local solicitou esclarecimentos sobre o processo de escolha e até agora não obtivemos nenhuma resposta.

E quanto aos votos em separado?
As pessoas chegavam para votar e o nome não estava na lista de votantes. Nós tivemos 21 votos em separado, nos dias 3 e 4. E 30 votos, nos dias 5 e 6. No total, 51 votos (ao fim, 13 não estavam aptos). A comissão local recebia uma listagem para validar. Para o segundo bloco, publicaram uma circular dizendo que iriam nos enviar a lista até 22h e até meia-noite, teríamos de responder. Até meia-noite, a gente não tinha recebido a lista dos dias 5 e 6 e não nos avisaram nada. Recebemos a lista às 00h55 do dia 7, trabalhamos até 1h51 e enviamos para eles. Só fomos informados depois que o prazo havia sido estendido.

O professor Roberto Leher, que foi presidente do Andes, a reitora Denise Pires de Carvalho, por exemplo, votaram em separado...
Ficamos preocupados. Será que não colocamos esses nomes na lista de votantes? Eu fiz esse trabalho de pegar a lista que enviamos para o Andes e os nomes constavam. Mas tivemos três ou quatro casos de sindicalizados que não estavam na nossa listagem inicial de votantes.

Alguma mensagem para quem participou da eleição?
Primeiro, é um agradecimento aos membros da Comissão Eleitoral Local. Mesmo sem muita informação do que a gente poderia fazer, todo mundo se empenhou o máximo possível. Agradecer a todos que compareceram a votar. Parabenizar a diretoria que nos deu todo o suporte. E agradecer aos mesários e aos fiscais que trabalharam e nos ajudaram nesse processo.

ENTREVISTA I Raquel Dias Araújo
Presidente da Comissão Eleitoral Central

Por que houve tanto problema no início da eleição?
Tivemos dificuldade muito grande do envio, por parte das seções sindicais, dos dados dos sindicalizados. O segundo problema, maior que o primeiro, foi exatamente a lista dos mesários. Houve erro que impossibilitava o acesso ao sistema. Nós passamos o primeiro dia inteiro só resolvendo problema de dado de mesário que estava errado, como CPF, ou mesário que esqueceu a senha. Só a partir da metade do segundo dia que o sistema foi se estabilizando.
 
Qual foi o critério para composição das mesas?
Não poderia haver dupla função, pois cada pessoa era registrada apenas uma vez no sistema. Só podia acessar se a função fosse informada. Quando a função não havia sido definida (pela comissão local), fomos preenchendo no primeiro dia, quando a pessoa entrava em contato.

Às vezes, os fiscais não conseguiam retornar para a mesma sala, quando caía a conexão. Por quê?
Essa foi uma definição na montagem do sistema. O acesso era por ordem de entrada. O primeiro presidente que logasse no sistema ia, digamos assim, para uma sala virtual número 1. O primeiro secretário que logasse não ia cair na sala 2, caía exatamente na sala 1. E o primeiro fiscal, caía na mesma sala. Se um fiscal da chapa 1 saiu porque caiu a internet e há outro fiscal da chapa 1 na fila, o que saiu vai cair em outra sala quando tiver espaço.

Por que professores sindicalizados há muito tempo votaram em separado?
Houve dois grupos de votos em separado: o tradicional, quando a pessoa não está lista; e o das pessoas que estavam na lista, mas foram desviadas para essas mesas nacionais de voto em separado. Se as mesas da seção sindical estivessem ocupadas, para agilizar a votação, a pessoa poderia ser direcionada para essas mesas.  

Por que a apuração atrasou tanto?
Foi o problema do envio e, depois, da resposta (da validação dos votos em separado). Havia um volume muito grande de voto em separado. No último dia de votação, às 21h, havia 80 mesas com fila em todo o país. Até encerrar e gerar a lista de votos em separado, isso demorou mais tempo que o previsto. A gente mandou um comunicado às 4h30 (estendendo o prazo de validação).

NÚMEROS DA UFRJ

2014
(chapa única)

3.290 aptos a votar
307 votantes

Chapa 1: 296 votos
Brancos e nulos: 11 votos

2016
(chapa única)

3.659 aptos a votar
456 votantes

Chapa 1: 416 votos
Brancos e nulos: 40 votos

2018
(duas chapas)

3.481 aptos a votar
542 votantes

Chapa 1: 295 votos
Chapa 2: 232 votos
Brancos e nulos: 15 votos

2020
(duas chapas)

3.847 aptos a votar
762 votantes

Chapa 1: 364 votos
Chapa 2:  396 votos
Brancos e nulos: 2 votos

 

O primeiro processo eleitoral a distância do Andes levou à vitória a Chapa 1 – Unidade para lutar. A chapa, cuja presidência é da professora Rivânia Moura, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, obteve 7.086 votos (55% do total). O grupo lidera o sindicato desde a eleição do professor Roberto Leher, em 2000. A Chapa 2 – Renova Andes, de oposição à diretoria nacional, foi a escolhida por 5.658 docentes (44% dos votantes). A chapa trazia como candidata a presidente a professora Celi Taffarel, da Universidade Federal da Bahia. Brancos e nulos somaram 112 votos. O 10º Conad extraordinário, previsto para acontecer ainda de maneira remota no próximo mês, dará posse à nova diretoria.
A vitória da Chapa 1 acontece num cenário de queda tanto do colégio eleitoral geral, quanto de participantes. Apenas 12.856 professores votaram, o que representa 19,1% do universo de 67.268 docentes aptos. Para se ter uma ideia, em 2018, também com duas chapas na corrida, o Andes tinha 69.152 eleitores e 24,4% deles compareceram às urnas, ou seja, foram 16.887 votantes. Esta foi a segunda vez, em 16 anos, que a diretoria foi disputada por duas chapas.
No quadro nacional, o número de eleitores sofre queda desde 2016. De lá para cá, são menos 3.185 docentes filiados ao Andes. Embora tenha caído a participação geral, esta eleição demonstra uma tendência iniciada nas eleições de 2018. A oposição à diretoria nacional ganha espaço. No cenário nacional houve virada favorável à Chapa 2 em algumas seções sindicais, inclusive na UFRJ. Por isso, a distância entre as chapas diminuiu. Em 2018, 1.517 votos separavam os dois grupos. Neste ano, a diferença caiu para 1.428 votos.
O Jornal da AdUFRJ ouviu as duas chapas. “Acredito que a eleição exerceu a função de colocar o Andes em evidência. Sem dúvidas, o sindicato sai vitorioso de todo esse processo”, avalia a professora Rivânia Moura. “ Foi um processo eleitoral complexo que, de alguma maneira, criou obstáculos para que determinados setores vinculados ao Andes pudessem votar”, acredita sua opositora, a professora Celi Taffarel.
Tanto a presidente eleita quanto a candidata derrotada no pleito apontam para a necessária unidade do movimento docente e entre o conjunto de trabalhadores. Elas avaliam o resultado das eleições, a baixa presença nas urnas e apontam as tarefas mais urgentes do Sindicato Nacional para os próximos dois anos.

ENTREVISTA I Rivânia Moura Presidente eleita do Andes

WhatsApp Image 2020 11 10 at 20.54.01Jornal da AdUFRJ – Como avalia as eleições e a vitória nacional?
Rivânia Moura – O processo eleitoral, mesmo nesse período completamente excepcional, foi muito positivo. Os debates entre as chapas, as campanhas, tudo isso mexeu com a categoria, movimentou os professores. Acredito que a eleição exerceu a função de colocar o Andes em evidência. Sem dúvidas, o sindicato sai vitorioso. Também avaliamos o resultado de maneira muito positiva. Temos debatido muito sobre como o sindicato deva seguir com suas lutas e a categoria escolheu manter o Andes com suas características e concepções.

Quais são os desafios mais imediatos para a sua gestão?
Estamos vivendo uma conjuntura muito difícil, de muitas perdas. O nosso principal desafio é construir a unidade. Há um conjunto de ataques que abrangem todo o conjunto da classe trabalhadora. E construir a unidade é pensar em unidade na luta, que construa a resistência a essa conjuntura. A tarefa mais urgente é barrar a reforma administrativa. Para isso, precisamos atuar em dois âmbitos: a articulação dos servidores públicos, mas ir além e congregar os trabalhadores que não são servidores. Porque, ao destruir os serviços, a reforma atinge a população de maneira geral. Precisamos levar esse debate para a população usuária desses serviços. A reforma já está em tramitação e precisamos agir com urgência. Se ficarmos restritos aos servidores, será muito mais difícil. Conectada a esta pauta estão outras, como o corte no orçamento das universidades e das agências de fomento à pesquisa, que inviabiliza o funcionamento dessas instituições. Outra pauta que temos urgência em tratar é a do ensino remoto, que já está trazendo adoecimento e acumulando prejuízos para a categoria. Precisamos pensar numa regulação para este modelo tão precarizante de trabalho. Devemos pautar as condições de trabalho nas seções sindicais e fazer uma luta mais articulada e unificada pela regulamentação.

A senhora falou em unidade, mas, internamente, há várias correntes no Andes e muitas vezes uma dificuldade de entendimentos. Ter duas chapas é um reflexo, inclusive.
Sem dúvidas, a unidade precisa ser construída dentro do movimento docente também. Temos várias correntes e eu considero isso muito importante. Faz com que haja a crítica, o questionamento, com que o sindicato cresça. Temos muita convicção de que nossos inimigos não estão no movimento docente. Nossas diferenças não nos tornam inimigos, mas nos impulsionam. O sindicato tem esse desafio de construir as lutas, apesar das diferenças. Passada a eleição, precisamos de todos juntos.

Apesar das duas chapas, houve uma queda da participação geral de professores, se compararmos com 2018. A que a senhora atribui essa baixa presença nas urnas?
Atribuo a vários fatores: isolamento social, individualização do nosso trabalho. Essa foi a primeira vez que o Andes fez uma eleição na modalidade remota, telepresencial, algo que ninguém estava habituado. Além disso, está todo mundo cansado de trabalhar o tempo todo, há oito meses, de forma remota. Há um enorme desgaste. O modelo trouxe dificuldades de acesso e isso também precisa ser considerado. Mas, mesmo nesse contexto, houve participação de muitos professores e precisamos também valorizar este esforço.

Apesar da queda nacional, esse número aumentou em 40% na UFRJ. Além disso, houve uma virada, com vitória da Chapa 2, se compararmos com 2018. Como a senhora vê esse cenário?
Esse aumento demonstra que a AdUFRJ chamou a categoria ao debate e é isso que esperamos das outras seções sindicais: que se aproximem de sua base. A UFRJ teve uma boa campanha das duas chapas e isso precisa ser atribuído também à militância das duas chapas. Essa foi uma vitória para o sindicato e precisa ser reconhecida, porque fortalece o Andes. A Chapa 2 teve mais votos, mas foi uma votação próxima. O grande ganho é que houve um aumento do engajamento dos professores da UFRJ. É preciso destacar que o afastamento da categoria, baixa de sindicalizações, aumento de desfiliações é um revés enfrentado pelos sindicatos em geral. E por isso também esse aumento na UFRJ precisa ser valorizado.

ENTREVISTA I CELI TAFFAREL
Candidata da Chapa 2

WhatsApp Image 2020 11 10 at 20.54.03Jornal da AdUFRJ – Com o resultado, desfavorável para a sua chapa, qual a mensagem que a senhora deixa para os docentes?
Celi Taffarel – Quero agradecer todos que compõem o movimento docente e, em especial, aos 82 professores que comigo apresentaram uma proposta para dirigir o Andes. Quero me dirigir também a todos os que foram para as urnas, independentemente se votaram na Chapa 1 ou na Chapa 2, porque quem sai ganhando é o nosso sindicato. O Andes vai ter que enfrentar batalhas dificílimas. Temos que derrubar o governo Bolsonaro, temos que barrar a reforma administrativa, lutar por nossos direitos. Essa é uma tarefa de todos e todas.

É a segunda eleição que o Renova Andes perde, apesar de ganhar mais espaço desde as eleições passadas. Como avalia esse momento?
Foi um processo eleitoral complexo que, de alguma maneira, criou obstáculos para que determinados setores vinculados ao Andes pudessem votar. Mas a eleição se procedeu, o resultado foi anunciado e daqui para frente nos cabe, enquanto cientistas, professores, pesquisadores, compreender a complexidade desse momento e nos unificar na luta para fazer face ao que está posto. E o que está posto é a destruição do sistema de fomento à ciência e tecnologia. Para fazer face ao negacionismo, ao obscurantismo, nós precisamos defender o que conquistamos até agora em termos de sistema nacional. Isso exige unidade e o fortalecimento dos instrumentos de luta, que são nossos sindicatos.

Quais os planos daqui para frente?
O Renova Andes vai continuar na sua tarefa de fazer críticas, apresentar proposições programáticas, compor, dirigir, acompanhar todos que quiserem tomar para suas mãos a tarefa de fortalecer os instrumentos de luta da classe trabalhadora. Quero parabenizar a comunidade da UFRJ, porque sei que tem bravos lutadores e lutadoras que vão contribuir para construir a unidade na luta.

NÚMEROS BRASIL

2014
(chapa única)

66.532 aptos a votar
9.157 votantes

Chapa 1: 8.390 votos
Brancos e nulos: 767 votos

2016
(chapa única)

70.473 aptos a votar
9.807 votantes

Chapa 1: 8.891 votos
Brancos e nulos: 916 votos

2018
(duas chapas)

69.152 aptos a votar
16.887 votantes

Chapa 1: 8.732 votos
Chapa 2: 7.215 votos
Brancos e nulos: 940 votos

2020
(duas chapas)

67.268 aptos a votar
12.856 votantes

Chapa 1: 7.086 votos
Chapa 2:  5.658 votos
Brancos e nulos: 112 votos

holiday 2880261 640Imagem de นิธิ วีระสันติ por PixabayComo marcar as férias para 2021? O procedimento, trivial para os professores em anos anteriores, gerou incertezas diante de um ano letivo que preenche os meses de janeiro e fevereiro e apresenta recessos de apenas duas semanas entre os períodos de aulas remotas. Para minimizar os danos de um calendário tão sufocante, a AdUFRJ apresentou recurso ao Conselho Universitário para ampliar em uma semana o primeiro período de recesso, entre 2020.1 e 2020.2, no mês de março. Mas o pedido foi rejeitado.
Mesmo com recessos reduzidos, o direito ao descanso deve ser preservado. Presidente da seção sindical, a professora Eleonora Ziller esclarece que o tempo de férias pode coincidir com os semestres letivos. “Não existe nenhuma lei que proíba marcar férias durante o período letivo. Mas ela necessita da autorização da chefia imediata, no caso o chefe de departamento. Por isso, a questão é principalmente uma negociação dentro do próprio departamento, que envolve o conjunto de professores”, explica.
“Alternativas como deixar aulas gravadas por uma ou duas semanas, juntar turmas com um ou dois colegas e assim revezar a condução do trabalho são arranjos possíveis”, diz Eleonora.
A presidente também chama atenção para o rito administrativo, tradicional nas unidades, de conceder um prazo para todos os docentes realizarem as marcações de férias, ainda este ano. A providência facilita o trabalho das seções de pessoal e de gestão acadêmica.

TIRA-DÚVIDAS
As férias de 45 dias dos professores podem ser parceladas em até três vezes. A superintendente administrativa da pró-reitoria de Pessoal, Maria Tereza Ramos, informa que só existe restrição de período mínimo para os servidores sujeitos à exposição à radiação ionizante. “De 20 dias em duas parcelas. No caso dos docentes, um período de 20 e um de 25. Para os demais, não há restrição”.
Se o professor quiser garantir uma verba maior em janeiro para cobrir despesas como IPVA ou matrículas escolares dos filhos, é necessário marcar uma das parcelas das férias para o mês. “Precisa, sim. O adiantamento do 13º salário vem junto com o terço de férias”, observa a dirigente da PR-4.
Para quem já marcou as férias, mas quer alterar o período, ainda dá tempo. “É possível, com justificativa e autorização do diretor da unidade, até a folha do mês anterior ao início do período das férias que se deseja alterar, de modo que a chefia de pessoal possa homologar a solicitação”, completa a superintendente. As chefias têm até o fechamento da folha anterior ao mês de gozo do período das férias para homologar a solicitação de férias dos docentes.
Até o momento, a universidade parece estar se ajustando sem grandes problemas à nova realidade. Nem a assessoria jurídica da AdUFRJ nem a Ouvidoria da UFRJ registraram reclamações de docentes quanto à marcação de férias. Entre alguns professores do Conselho de Representantes da AdUFRJ ouvidos pela reportagem, a grande preocupação é que as férias não sejam um efetivo período de descanso: o tempo poderá ser utilizado para aulas da pós, orientações ou gravações de aulas para o período seguinte.

WhatsApp Image 2020 11 10 at 20.31.32A ENTREVISTA ao Jornal da AdUFRJ foi concedida com auxílio de intérpretesNa última década, a UFRJ deu alguns passos importantes para a inclusão na vida acadêmica de alunos e professores com deficiência. E um dos exemplos mais vigorosos desse processo de transformação está na Faculdade de Letras: criado em 2015, o curso de Letras-Libras (Língua Brasileira de Sinais) tem hoje sete professores surdos (seis deles efetivos) no quadro, e 59 alunos surdos. Esse grupo vem abrindo portas para conquistar seus direitos na universidade e, ao mesmo tempo, mudar a cultura da Faculdade de Letras, pavimentando o caminho para outros alunos e professores surdos que venham depois.
“Eu entendo que a nossa missão é ajudar os alunos surdos”, disse a professora Clarissa Guerreta, coordenadora do curso de Letras-Libras. Ao lado do professor Bruno Abrahão, chefe do Departamento de Letras-Libras, Clarissa deu uma entrevista para o Jornal da AdUFRJ, que contou com o trabalho de dois intérpretes de Libras. Clarissa e Bruno são surdos, e ocupam posição de chefia no curso, o que explica a maneira como chamam para si a responsabilidade pela integração de alunos e outros professores.
Em condições normais, a integração entre surdos e ouvintes já exige um grande esforço. A pandemia acentuou esse quadro. “Percebi que eu precisaria de uma estratégia para suprir as necessidades dos alunos, porque a faculdade não pode parar”, contou Clarissa. Sua estratégia foi desdobrar-se para conscientizar o corpo social da Faculdade de Letras, e da UFRJ, das necessidades específicas que estes alunos (e mesmo os professores surdos) têm para comunicar-se a distância.
“Não gosto de estar separado dos demais departamentos, sempre prezei pela união, mas às vezes as pessoas não entendiam a necessidade que eu tinha do vídeo, e fechavam a câmera”, contou a professora Clarissa, que já recusou ofertas da direção da Faculdade de Letras, e até da Pró-Reitoria de Graduação (PR-1), para que as reuniões com o Departamento de Letras-Libras fossem feitas em separado. “Nós somos iguais, queremos trabalhar como todos, e para isso precisamos de condições de trabalho”, desabafou.
É muito comum entre os surdos que o Português seja a sua segunda língua. A primeira é Libras, que é uma língua expressa na escrita de maneira diferente do Português. Isso demanda que os textos tenham alguma adaptação para os surdos. Eles podem ser reescritos para facilitar a leitura para os surdos, mas o ideal é que seja feita a tradução para Libras. “A Libras tem a sua própria estrutura e gramática, assim como o Português. Quando você faz uma tradução é diferente de apenas pesquisar o significado de uma palavra no dicionário”, explicou o professor Bruno Abrahão. “Para o surdo é importante que haja a tradução para a Libras”.
A falta de intérpretes é um problema pelo qual passam professores e alunos surdos no curso de Letras-Libras. São apenas dez para acompanhar todas as aulas do curso. “A maior dificuldade do curso hoje é a falta de tradutores e intérpretes”, relata a diretora da Faculdade de Letras, Sonia Reis. “A demanda aumenta se considerarmos as aulas remotas, que exigem, além dos dois intérpretes, um escriba, para anotar o conteúdo da aula para os alunos, e um mediador, todos com formação específica para isso”, explicou a diretora. “A dificuldade é enorme. Temos que contratar mais pessoas”.
Fernando Pereira, aluno do 8º período do curso, concorda com a opinião dos professores. “São muitas disciplinas para poucos intérpretes”, relata o estudante. Para Alesson Lemos, aluno do 7º período, o quadro preocupa, porque a tendência é que mais alunos surdos cheguem à universidade. “Nunca se viu tantos surdos fazendo vestibular, então a faculdade precisa pensar nessa parte estrutural. Vai ter uma hora que não vai dar mais”, disse o estudante.
A UFRJ conta com uma Diretoria de Acessibilidade (Dirac), ligada ao gabinete da reitora. Uma das áreas em que a Dirac atua é na coordenação de intérpretes de Libras para a universidade. A reportagem do Jornal da AdUFRJ tentou contato com a Dirac para saber de quantos intérpretes a diretoria dispõe e quais são as suas principais dificuldades para atender às demandas da universidade, mas, infelizmente, não obteve resposta até o fechamento desta edição.
Bruno e Clarissa têm trajetórias diferentes, e até uma relação diferente com a Libras na sua história: ele fala desde pequeno a língua, ela relutou em aprender a falar. Mas para os dois comunicar-se foi fundamental para um processo de transformação pessoal e profissional. E as semelhanças não param por aí. Ambos se formaram na mesma universidade, a Federal de Santa Catarina (UFSC), onde foi criado o primeiro curso de Libras do país, em 2006. Também foram contemporâneos e entraram juntos na UFRJ como docentes. Mas o maior elo entre os dois é a luta por um mundo que abra espaço para eles.
“Eu sou brasileiro como outro qualquer, e as pessoas acabam me vendo como um estrangeiro, um estrangeiro linguístico. Sei que Libras é uma língua minoritária e tem as suas barreiras, mas o brasileiro precisa vencer isso”, disse Bruno. E sua luta acabou ajudando a começar a construir um espaço dentro da Faculdade de Letras que seja mais acolhedor para os surdos. “Na divisão de ensino, quanto mais os alunos vão aumentando a demanda, mais os funcionários vão aprendendo a se comunicar mais e melhor”, relatou.
Para ser um bacharel ou professor de Libras é preciso fazer o curso superior oferecido pela UFRJ, mas para aprender a comunicar-se na língua não faltam ofertas mais acessíveis. O CLAC (Cursos de Línguas Abertos à Comunidade) da Faculdade de Letras oferece cursos de Libras, e há atividades de extensão que ensinam a falar a língua. “A direção estimula que técnicos e professores de outros cursos aprendam Libras”, contou a diretora da Faculdade de Letras. “Muitos dos nossos técnicos aprendem Libras para se comunicar”.

uma luz no fim do tunel

 

Diretoria

 

Estamos submetidos a meses de pandemia e a sequências infindáveis de péssimas notícias vindas principalmente do governo federal. No entanto, o fechamento desta edição vem cercada de algum otimismo. Dos Andes nos chegam boas novas, com a eleição da Bolívia e o plebiscito no Chile. As peças do tabuleiro se mexeram? Com certeza, sim. A jogada mais importante, capaz de deslocar a rainha e pôr o rei em xeque, poderá vir nos próximos dias com a eleição presidencial nos EUA. O levante democrático naquele país tem promovido mudanças históricas, trazendo para a cena política atores centenários na vida cultural e científica do país que jamais haviam se posicionado numa eleição. É a nossa chance, o planeta precisa respirar.

No cenário nacional, o episódio do decreto-relâmpago de privatização do SUS nos deixa numa situação bastante ambivalente: a ampla, imediata e irrestrita rejeição nacional ao decreto fez com que ele fosse retirado pelo governo em tempo recorde, e isso é motivo para comemorarmos. Entretanto, apenas o fato de ele ter sido cogitado e transformado em decreto nos indica de forma inequívoca o alcance do plano privatista-destrutivo que circula no Palácio do Planalto: eles decerto voltarão com outra maldade. A ideia é mesmo acabar com toda e qualquer rede de proteção às pessoas, deixá-las ao sabor dos interesses mais mesquinhos e impor a lógica do lucro a todas as esferas da vida pública.

No âmbito da vida universitária, dois destaques importantes na semana do dia 28 de outubro: a mobilização contra a reforma administrativa começa a ganhar corpo e forma entre as entidades representativas dos servidores públicos e o Observatório do Conhecimento lança a campanha “EDUCAÇÃO TEM VALOR: contra os cortes no orçamento das universidades”. Em relação à reforma administrativa, teremos um caminho mais longo e uma batalha para o ano que vem, pois não há como ela ser decidida em pleno período eleitoral e às vésperas do recesso. É uma corrida de resistência, não adianta queimar na largada. Já a PLOA, proposta orçamentária para 2021, é da maior urgência, e se não for substancialmente alterada, também terá efeito devastador na educação, e em especial nas universidades. Em ambos os casos a briga não está definida. É urgente que nos lancemos em grandes campanhas, mas é urgente também que nos mobilizemos em todas as esferas, seja nos debates institucionais, seja no zap da família. Precisamos explicar incansavelmente que o que está em jogo é algo muito maior e mais profundo do que a proteção de nossos empregos.

E nesse cenário, a eleição do Andes, nosso sindicato nacional, ganha uma importância ainda maior. Vamos eleger uma nova direção nacional para o próximo biênio, período decisivo para que possamos retomar as rédeas de nosso destino nacional. Podemos ser muito mais fortes do que temos sido. Pela segunda vez, após muitos anos de chapa única, a eleição está sacudida pela disputa entre duas chapas. Como anunciamos durante toda a nossa campanha eleitoral, estamos nos mobilizando para fazer com que o Andes volte ao centro dos grandes debates nacionais. Na última década, a entidade teve um comportamento de avestruz, não conseguiu entender nem enxergar a dimensão das mudanças que estavam em curso nas universidades brasileiras, e acabou por se refugiar num gueto sustentado por uma militância aguerrida, mas sem ampla representação entre os docentes. Um emaranhado de processos burocratizados engessou e restringiu sua atuação, afastou a entidade da vida real de todos nós, cujo maior exemplo é a sua recusa sistemática em discutir e apresentar uma pauta consistente que proteja os professores diante da implantação de um ensino remoto emergencial. Ao contrário, optaram por propagar uma recusa total a qualquer experiência em EaD, o que nos levará a derrotas ainda mais fragorosas. São vergonhosas e abomináveis as formas de superexploração de instituições de ensino privadas, que vendem uma pseudoformação à custa do trabalho mal remunerado e desprotegido dos professores, mas há ensino a distância realizado com qualidade pelas universidades públicas brasileiras, assim como diversas experiências internacionais. Esse é um grande desafio para o nosso tempo. Como proteger a nossa profissão desses ataques? Como regulamentar e garantir que a realização do período remoto emergencial, que existe apenas e simplesmente para responder à urgência da pandemia, não seja um caminho para precarizar nosso trabalho? A solução não vai cair do céu, e entrar nesse debate apenas com declarações de princípios de nada adiantará.

Por tudo isso, e muito mais que não coube neste pequeno espaço, é que convocamos a todos os docentes a participarem dessas eleições. Leiam os programas,
vejam as inúmeras lives com debates entre as chapas e, entre os dias 3 e 6 de novembro, aventurem-se a descobrir o que é uma eleição telepresencial!
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