Notice: Undefined property: Joomla\CMS\Categories\CategoryNode::$link in /var/www/html/adufrj/plugins/content/facebooklikeandshare/facebooklikeandshare.php on line 256
Em reunião com as entidades representativas da UFRJ na tarde desta terça-feira, a reitoria apresentou o dramático cenário previsto para a instituição em 2025. A proposta de lei orçamentária (PLOA) do governo aumenta em apenas 5% as receitas de funcionamento básico da universidade. Apenas R$ 324 milhões poderão ser utilizados livremente pela administração central para pagamento de contas e serviços, se nada mudar durante a tramitação da PLOA. Porém, as despesas de custeio de exercícios anteriores somadas com as de 2025 podem alcançar R$ 471,5 milhões. "Estamos com o problema de como fazer caber um elefante numa caixinha de fósforos. Teremos de fazer adequações, que serão objeto de deliberação do Conselho Universitário", afirmou o reitor Roberto Medronho.
A presidente da AdUFRJ, professora Mayra Goulart, destacou a necessidade de esforços conjuntos da comunidade não só pelo aumento do orçamento de 2025, mas por modelos de financiamento mais estáveis para as universidades. "Como o das estaduais paulistas, por exemplo ", disse.
Sem essa articulação, as perdas bilionárias vão se aprofundar. A professora citou um estudo do Observatório do Conhecimento — rede de associações docentes coordenada pela AdUFRJ — que mostra as crescentes perdas da educação superior e do sistema de ciência e tecnologia do país nos últimos dez anos. "São R$ 117 bilhões que foram ceifados dos cofres dos orçamentos públicos", disse.
Uma boa notícia da reunião é que o débito de R$ 35 milhões com a Light deverá ser transformado em precatório da União. Já existe acordo com a empresa, que precisa ser homologado pela Justiça. "Isso significa que nós entraremos o ano sem dívida com a Light. Quem vai pagar é o governo federal". É possível que o mesmo procedimento seja adotado com a dívida de água.
Foto: Kelvin Melo
Com muita tristeza, informamos a morte da querida professora Maria Lucia Werneck. Internada desde o início do mês com forte doença respiratória, Marilu tinha 81 anos e uma vida dedicada à Educação e à UFRJ.
Ex-presidente da AdUFRJ entre 2017 e 2019, Marilu foi decana do CCJE, professora de Ciência Política no Instituto de Economia e importante estudiosa do sistema de previdência e saúde no Brasil.
Defensora ferrenha da democracia, lutou contra a ditadura, foi presa, mas jamais perdeu a esperança de dias melhores.
Marilu deixa saudades, quatro filhos e netos que vibravam pela avó.
A despedida da professora acontece nesta quarta-feira, 18 de dezembro, no Crematório da Penitência, no Caju. O velório começa às 8h45, na sala 7.
 

WhatsApp Image 2024 12 11 at 18.35.44 5Mesa do seminário que discutiu Ciência para o desenvolvimento de Macaé - Fotos: Kelvin Melo‘Queria agradecer muito à AdUFRJ. Que venham mais eventos lindos e excelentes como este para cá”. A fala de gratidão da diretora do Nupem, professora Cíntia Monteiro de Barros, resume o sucesso e a calorosa recepção das atividades realizadas pelo sindicato em Macaé, entre os dias 2 e 6 de dezembro.
A docente fez um destaque especial para a exposição fotográfica “Servidores da Sociedade” que ocupou um salão da unidade durante toda a semana passada. “Essa exposição me deixou muito deslumbrada. Eu adoro foto. Tenho prima fotógrafa e a gente revelava fotos juntas”, disse.
Além da mostra, a AdUFRJ mobilizou para a cidade do Norte Fluminense os setores administrativo e de comunicação, sua assessoria jurídica e de planos de saúde. E, para fechar a programação com “chave de ouro”, um seminário debateu o papel da ciência no desenvolvimento de Macaé. O evento final reuniu professores de diversas instituições de educação superior da região e agentes do poder público local.
Diretor do sindicato e também professor do Nupem, Rodrigo Nunes da Fonseca comemorou a iniciativa. “Esta foi a primeira vez que a AdUFRJ fez uma semana inteira de eventos aqui. A repercussão foi superpositiva, mostrando um sindicato ativo não só na capital. E nossa expectativa é fazer isso também em Caxias”, adiantou, sobre o campus da universidade na Baixada Fluminense.
O seminário sobre financiamento foi muito bem recebido por todos, de acordo com Rodrigo. “Várias pessoas que não eram filiadas foram ao evento e ressaltaram o papel diferenciado do sindicato de fazer essa discussão de interesse dos docentes”, disse.
Confira, a seguir, como foi esta semana tão especial em Macaé.

EXPOSIÇÃO ENCANTA NO NUPEM

A exposição “Servidores da Sociedade”, já elogiada em suas passagens no campus da Praia Vermelha e no Centro de Ciências da Saúde (CCS),WhatsApp Image 2024 12 11 at 18.48.41 também encantou os docentes de Macaé com 220 imagens retratando personagens e o cotidiano de todos os cantos da UFRJ.
“Penso ser muito importante nós termos consciência da grandiosidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com ensino, pesquisa e extensão de referência nacional e internacional”, disse a professora Gláucia Valente Valadares (foto à direita), do Instituto de Enfermagem do Centro Multidisciplinar. “Olhar as fotos da UFRJ, ainda mais numa sexta-feira, é um bálsamo para nossa alma”.
“Gostei muito de ver o CCS, especialmente a Escola de Enfermagem Anna Nery, o Centro Multidisciplinar de Macaé e o Nupem. Ainda assim, penso que a beleza da universidade está no que ela tem de complexo, nessa mistura e nessa potência. Ficou muito bonito o trabalho”, completou Gláucia, que sugeriu uma “esticadinha” da exposição no Centro Multidisciplinar, no início do próximo ano letivo.
O pesquisador pós-doc Lupis Ribeiro Gomes Neto destacou um lado da exposição também como registro histórico da atuação da universidade. Como as imagens que mostram as pessoas de máscaras durante a pandemia do coronavírus. “Foi um evento triste, mas um marco. Fizemos um esforço muito grande para salvar vidas aqui no município”, disse.
A mostra também trouxe momentos de alegria. Uma das imagens era de uma visita da turma de seu filho Pedro ao Nupem por conta do Dia dos Oceanos. “Ele pôde ver o trabalho dos meus colegas e gostou muito”, afirmou Lupis, que se reconheceu na foto.
WhatsApp Image 2024 12 11 at 18.37.10 2Com uma família inteira ligada à UFRJ, a técnica-administrativa Paula Marinho Pontes (foto à esquerda) também se emocionou com as imagens e se encontrou em uma delas. “Minha mãe, minha tia e meu tio são servidores do Fundão. Minha irmã é professora no CCMN. Desde pequenininha, tenho essa vivência de UFRJ. Vi muita gente aqui que me emocionou mesmo”, contou.
A técnica de laboratório fez estágio na Farmácia Universitária, um dos registros da exposição. “Assim que olhei aquela foto, lembrei da ótima experiência de servir à comunidade. Desde aluno, a gente já serve. Como servidor, servimos mais ainda”, disse. “A UFRJ é muito grande, muito diversa. Isso é o que mais me encanta”, concluiu Paula.

PLANTÕES ESPECIAIS TIRARAM DÚVIDAS JURÍDICAS E DE SAÚDE

O professor Vinícius Albano, do Nupem, foi o primeiro sindicalizado atendido no plantão jurídico especial organizado pela AdUFRJ em Macaé, no dia 5. O docente buscou orientação para resolver um problema com sua progressão na carreira.
Vinícius elogiou a iniciativa da AdUFRJ de levar atendimentos jurídico e de saúde, exposição fotográfica e um seminário para a cidade. “Se o sindicato chega até mim, eu me sinto mais acolhido. Acho fundamental essa presença. Claro que hoje em dia o remoto nos ajuda, mas, ocasionalmente, ter essa possibilidade é muito importante”, disse.WhatsApp Image 2024 12 11 at 18.37.10 1
Questões relacionadas à progressão também motivaram os professores Rejane Valvano e Luiz Couceiro (ambos do Nupem) a procurar o serviço. “A AdUFRJ, com este atendimento, conseguiu reverter o quadro de insegurança jurídica que a gente tinha e nos deu a esperança de que teremos nossos direitos reconhecidos”, afirmou Luiz.
A professora Rejane torce por mais plantões presenciais, no futuro. “Se pudesse ter todo semestre seria ótimo. Facilita bastante”. Embora os atendimentos também possam acontecer por videoconferência desde o Rio, a docente avalia que não é a mesma coisa. “Tem a ver também com saúde mental. Já está muito estressante fazer tudo no celular, tudo no computador. É diferente um acolhimento presencial, olhar a pessoa”.
Já a professora Beatriz Gonçalves Pinheiro, do Instituto de Alimentação e Nutrição, buscou a assessoria jurídica para falar do processo dos 3,17%. “Achei excelente. Para mim, veio no momento certo. Estava precisando dessas informações. Às vezes, a gente pensa em ligar, mandar email e isso acaba se perdendo nas atribulações do dia a dia. A presença aqui é mais incentivadora”, disse, também ressaltando o presencial. “O contato pessoal, a gente aprendeu durante o ensino remoto na pandemia, faz grande diferença”.

SAÚDE EM PAUTA
A professora Laura Weber, do Nupem, procurou o plantão de saúde no dia 6. Sem plano no momento, a docente tirou dúvidas com o consultor Luiz Alberto sobre as melhores opções para ela e seu esposo e elogiou a iniciativa do sindicato. “Achei fantástica. A gente é muito ocupado. Ter essa oportunidade é muito bom”, afirmou.

SEMINÁRIO DISCUTIU CIÊNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO DA CIDADE

No ponto alto da programação organizada pela AdUFRJ em Macaé, professores e representantes do poder público local se reuniram no Nupem, dia 6, para discutir como a Ciência pode ajudar a desenvolver a cidade. A iniciativa, ao mesmo tempo, tenta prevenir um colapso econômico: hoje, o município de 260 mil habitantes do Norte Fluminense tem forte dependência das receitas da indústria do petróleo, um recurso natural não renovável.
“Estamos aqui pensando como esse polo universitário pode contribuir para criar formas alternativas de desenvolvimento, menos dependentes de um combustível fóssil e menos nocivas ao meio ambiente”, afirmou a presidenta da AdUFRJ, professora Mayra Goulart.
O ecossistema científico para esta missão já existe e deve ser fortalecido. Estão sediados em Macaé, além da UFRJ, a UFF, o IFRJ e uma faculdade municipal (Femass). “Temos aqui um município com a vocação de produção de ciência, de tecnologia, de capacitação de mão de obra”, disse Mayra, que também é coordenadora do Observatório do Conhecimento — rede de associações docentes que defendem a universidade pública.
Mayra apresentou um estudo do Observatório que mostra o compromisso de recentes gestões da prefeitura com as universidades. Entre 2018 e 2024, houve um aumento dos recursos aplicados no ensino superior: de R$ 8,72 milhões para R$ 35,36 milhões. Mas é preciso mais.
“Nós temos o desafio da interiorização da ciência. Aqui é simbólico. Não é do litoral para o interior. Mas precisamos diversificar os espaços de produção de conhecimento. Para que não haja concentração nas mesmas cidades que conhecemos, como Rio, São Paulo e Belo Horizonte”, concluiu Mayra.

MACAÉ, UMA CIDADE
UNIVERSITÁRIA

Diretor da AdUFRJ e professor do Nupem, Rodrigo Nunes da Fonseca reforçou que a cidade reúne os recursos humanos necessários para fazer esta transformação. “Na década de 1980, o município iniciou uma sólida e bem-sucedida política para a instalação de universidades públicas em seu território. Como resultado, passou de uma cidade exportadora de universitários para uma cidade universitária onde vivem milhares de estudantes e cientistas de diferentes instituições e áreas do conhecimento”, disse.
“Somente a UFRJ possui mais de 400 docentes e técnicos-administrativos, muitos deles com doutorado, capazes de apoiar iniciativas do poder público local e contribuir com a sociedade de Macaé. Este modelo já é praticado há décadas por vários municípios brasileiros, como São Carlos, Campinas, Piracicaba, Petrolina e Campina Grande”, afirmou Rodrigo. “Esta é uma oportunidade ímpar de contribuir para que o crescimento de Macaé ocorra com equidade econômica, social e com preservação ambiental”.
Crescimento que deve acontecer com industrialização e igualdade de distribuição da renda, na opinião da professora Ligia Bahia, que representou a SBPC no encontro. “Somos uma sociedade que vem da escravidão e do extrativismo. Isso gera um modelo com imensa desigualdade. Como a gente sai disso? Com desenvolvimento, com modernidade”, avaliou. “E, para nós, desenvolvimento sempre foi indústria. Uma indústria que não polua, que gere modernidade. Porque, senão, a indústria pode concentrar riqueza, como aconteceu nos anos 50”, completou.
Industrializar, claro, significa investir em pesquisa. “A Ciência desenvolve. Quem produz é a indústria”, afirmou. “Precisamos ser capazes de desenvolver projetos de moradia que não existem, medicamentos que não existem ainda. A gente não chega a gastar 2% do PIB com ciência. Precisamos ampliar os investimentos para sair da escravidão e do extrativismo para uma modernidade igualitária”.

CIDADE DO CONHECIMENTO
É o que tem buscado fazer a atual gestão da prefeitura. Líder do governo na Câmara Municipal, o vereador Luciano Diniz (Cidadania) listou alguns investimentos — em fase de estudo de licitação — para a consolidação da UFRJ na cidade, como a construção de um novo prédio para os cursos de engenharia no Centro Multidisciplinar e um restaurante-escola do curso de Nutrição.
O parlamentar considera o atual prefeito, Welberth Rezende (também do Cidadania) — que se reelegeu —, um aliado da educação superior. “Foi um prefeito que nunca se negou a receber a universidade”.
Só que, para a Ciência avançar, é precisa juntar obras de infraestrutura com o financiamento de projetos e bolsas. “Ciência se faz muito com infraestrutura física, sim. É muito importante a construção de prédios, laboratórios. Mas não somente. Ciência se faz com pessoas, com cientistas, com estudantes de iniciação científica e de pós-graduação. Precisamos de financiamento para essas pessoas”, disse a diretora do Nupem, professora Cíntia Barros.
Já o vice-decano do Centro Multidisciplinar da UFRJ, professor Carlos Eduardo Lopes, cobrou mais empenho de todos para se alcançar a “Macaé do futuro”. Para ele, o município poderia se espelhar em experiências internacionais bem-sucedidas como a da Noruega: também forte no petróleo, mas que investe muito em ciência, tecnologia e inovação.
“Se você passeia por Macaé, você vê bandeirinha da Noruega para cima para baixo. São empresas norueguesas criadas com o know-how da tecnologia do petróleo e que hoje exportam tecnologias para o mundo inteiro. Já o inverso não acontece. Quando vamos em outras capitais do petróleo, onde estão as empresas macaenses?”, questionou. “E precisamos levar esse assunto não só para os dois vereadores que estão sempre com a gente, mas para todos os vereadores, para todo o governo”.
Vice-prefeito eleito, Fabiano Paschoal (MDB) aposta na cooperação com as universidades, mas expôs as limitações do governo. “Mal comparando, Juscelino Kubitschek dizia que ia desenvolver o Brasil 50 anos em 5 anos. A gente tenta recuperar Macaé 200 anos em 4 anos. Isso não é fácil”, disse.
Fabiano observou que a cidade possui 17 mil servidores. “Macaé tem mais servidor que qualquer município do estado e, proporcionalmente, mais que a capital. É difícil, ás vezes, fazer pesquisa e inovação, com uma folha de R$ 126 milhões mensais na rubrica de pessoal. Mas é preciso fazer”, disse. “Nosso prefeito está pensando Macaé 20 anos à frente. O petróleo vai acabar. Isso é verdade. Mas isso também não é uma coisa para amanhã”, ponderou.
O reitor Roberto Medronho fez um anúncio que animou a plateia, ansiosa pelo desenvolvimento científico da cidade. “Estamos estudando implantar uma subsidiária do Parque Tecnológico aqui em Macaé. Acreditamos que essa relação entre prefeitura, UFRJ e setor produtivo vai fazer grandes transformações”, disse.
O dirigente encerrou dizendo que a UFRJ deve ajudar a mudar a forma como a cidade do Norte Fluminense é mais conhecida: seja “capital do petróleo” ou, mais recentemente, “capital da energia”. “Temos o dever de também contribuir para que esta cidade seja também a Cidade do Conhecimento”.

TÍTULOS

Ao fim das apresentações do seminário, a vereadora Iza Vicente (Rede) entregou o título de Cidadania Macaense à professora Cíntia e o de Honra ao Mérito ao professor Rodrigo Nunes.

WhatsApp Image 2024 12 16 at 16.30.42Foto: Divulgação

Na mesma semana em que os vigilantes da UFRJ ocuparam o Conselho Universitário por temerem passar o Natal sem salários, o Observatório do Conhecimento organizou um debate em Brasília para denunciar a crise de financiamento das universidades. A rede – formada por associações docentes de várias regiões do país –busca sensibilizar os parlamentares e a sociedade civil sobre a grave crise enfrentada pelas instituições federais de ensino superior.
Um dos debatedores do encontro, que aconteceu no dia 10, foi o professor Carlos Frederico Leão Rocha, diretor do Instituto de Economia e ex-reitor da UFRJ. O docente fez um histórico da crise orçamentária e afirmou que o atual governo não tem projeto para as universidades federais. Além do orçamento de custeio insuficiente, falta investimento.
“As universidades estão à deriva e o governo não tem indicado que este cenário será alterado”, lamentou. “Não há orçamento para o projeto de expansão”.
Ele explicou: “Ao longo do tempo, o orçamento passou por novas regras fiscais que dificultaram a expansão dos gastos”, disse. “Isso gerou uma série de consequências que se refletem também nas universidades”, analisou. “Ao mesmo tempo, há um problema de projeto de universidade. A gente passou de uma universidade de elite para uma universidade que assume um papel de ator social, a partir de 2003”, lembrou.

E AGORA, JOSÉ?
Nas universidades, além do orçamento já insuficiente, há uma grande transferência de recursos do orçamento discricionário para o pagamento de salários. “Ao longo do tempo, postos de trabalho foram sendo extintos e as universidades precisaram usar o seu orçamento de custeio para pagar esses postos”, explicou. É o caso, por exemplo, dos serviços terceirizados de limpeza e vigilância.
O docente também explicitou que internamente as universidades têm problemas. “Há muitos dissensos sobre formas alternativas de financiamento, o grau de relacionamento das universidades com o setor produtivo. Ou seja, as instituições também não têm projeto”, garantiu.
A proposta de autonomia universitária do professor passa por vincular a receita e desvincular a finalidade das universidades. “Por outro lado, flexibilizar o manuseio dos mecanismos de arrecadação de recursos próprios”. Hoje, a UFRJ, por exemplo, tem grande capacidade de obtenção de recursos próprios, mas não pode expandir essa captação por conta do teto de gastos. “Isso é um ponto muito importante. As universidades que têm grande capacidade de captação de recursos não vão aumentar sua receita enquanto isso não for equacionado”.

SOCIEDADE CIVIL
Ao longo do seminário foram ouvidos outros representantes da sociedade civil. Ado Jório Vasconcelos, representando a Academia Brasileira de Ciências (ABC), apresentou o documento “Um olhar sobre o ensino superior no Brasil”, produzido pela ABC. A obra (veja AQUI), que virou livro de mesmo nome, aborda os desafios e apresenta sugestões para a modernização do sistema de educação superior. “De 100 jovens brasileiros que a gente deveria formar, a gente está formando 22. Desses 22, só 4 são formados por universidade pública”, apontou. “Isso enfraquece inclusive a percepção da sociedade sobre o papel da universidade pública”, alertou o pesquisador. O documento está disponível no site da ABC.
Rodrigo Nunes da Fonseca, diretor da AdUFRJ, citou os desafios da expansão realizada durante o Reuni. “Há campi com grande sucesso institucional e outros que precisam muito fortemente de apoio para manter suas atividades”, disse. “Falta realmente a gente ter um projeto sobre que tipo de universidade a gente quer no nosso país”.
A professora Soraya Smaili, do Centro de Estudos sobre Sociedade, Universidade e Ciência (SoU_Cência), citou a impossibilidade de plajenamento financeiro das IFES. “Nós não temos uma previsão orçamentária, como é o caso das estaduais de São Paulo”.
Ela foi reitora da Unifesp por dois mandatos consecutivos e viveu na pele a diária ‘escolha de Sofia’ das federais. “Mas mesmo com toda essa redução, conseguimos dar conta de enormes desafios, sobretudo durante a pandemia. Isso precisa ser reafirmado”.
Vinicius Soares, da ANPG, citou o impacto concreto do desfinanciamento das universidades no futuro do país. “Hoje, a evasão na graduação já chega a 50%. Também já existe uma evavasão crescente na pós-graduação. O financiamento precisa ser colocado como projeto político”.
Representando o Proifes, o economista Wellington Duarte lembrou que os grandes problemas no debate do orçamento são a disputa pelo acúmulo de recursos para a dívida e o tripé macroeconômico brasileiro. “Essa estrutura não muda com governos desde os anos 2000”.
A mediação do debate foi do professor Daniel Perez, representando o Observatório. Também participaram Diego Lopes (UNE) e a pesquisadora Maria Virgínia (UnB). O Andes foi convidado, mas não compareceu ao evento.

DEPUTADOS CRITICAM PESO EXCESSIVO DAS EMENDAS PARLAMENTARES NO ORÇAMENTO

Apesar dos avanços nos últimos dois anos, ainda é grande a insatisfação com o financiamento das universidades mesmo entre parlamentares do próprio partido do presidente Lula. No primeiro painel do seminário do Observatório, quatro deputados federais do PT cobraram mais recursos para a educação pública superior federal e criticaram o excessivo valor das emendas parlamentares nos dias atuais.
Coordenador da Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Públicas, Tadeu Veneri (PT-PR) apresentou números orçamentários desanimadores. Em 2015, as universidades receberam R$ 9,154 bilhões para o custeio de suas atividades; em 2021, 5,826 bilhões. Para investimentos, as federais receberam R$ 997 milhões em 2015; em 2021, R$ 132 milhões. “Como é que se mantém hospital? Como paga luz? Como abre novos cursos com uma redução desse tamanho? Não há margem”, criticou Tadeu.
Também na coordenação da Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Públicas, a deputada Ana Pimentel (PT-MG) criticou o enorme destaque que as emendas parlamentares ganharam nos últimos anos. “O Estado Brasileiro mudou com essa história das emendas. A dinâmica da relação dos Poderes mudou”, afirmou. “O papel dos reitores é pensar estrategicamente a instituição que dirigem, mas eles, de pires na mão, ficam pedindo emenda, paparicando deputado. Isso é um absurdo”.
A parlamentar cobrou mais engajamento de toda a esquerda nas disputas políticas do país. “O que a sociedade espera de nós é mais direitos, mais universidade, mais saúde pública. Não adianta ficar fazendo gesto ao mercado”, completou.
Alexandre Lindenmeyer (PT-RS) reforçou o coro contra o atual peso das emendas parlamentares. “O governo anterior pactuou com a Casa Legislativa um aumento extraordinário dos recursos para emendas parlamentares”, disse. E fez uma comparação: “O Programa de Aceleração do Crescimento — que tem investimentos nos Restaurantes Universitários, nas casas de estudantes, na ampliação de campi, na construção de hospitais —, representa R$ 54 bilhões para quatro anos. Aqui no Congresso, temos o valor de um PAC anual. Estamos falando de mais de R$ 200 bilhões ao longo de quatro anos”.
Para o parlamentar, isso tira a força do governo. “Esse dinheiro teria que estar dentro do Executivo para fazer planejamento de política pública. Isso é uma grave distorção para a democracia”, afirmou.
FINANCIAR O FUTURO
Já a deputada Carol Dartora (PT-PR) alertou que o debate de ampliação do financiamento das universidades tem como desdobramento o desenvolvimento do país. “Temos desafios enormes com relação às emergências climáticas. As soluções saem de onde? Da universidade. Como a gente pensa o nosso futuro?”, questionou. “Sem financiamento, sem estrutura, não tem Brasil do futuro”. (Kelvin Melo)

Convocamos Assembleia Geral da AdUFRJ-SSind para o dia 16 de dezembro de 2024, segunda-feira, às 9h, a ser realizada no Auditório André Rebouças, Sala D-220, 2o andar do Bloco D do Centro de Tecnologia da UFRJ.

Pauta única: Escolha de 12 delegados e 10 observadores para compor a delegação ao 43o Congresso do Andes-SN , a ser realizado em Vitória, ES, de 27 a 31 de janeiro de 2025. A delegação será composta pela presidente da AdUFRJ, mais 12 delegados e 10 observadores indicados na Assembleia. Somente professores presentes poderão indicar nomes para compor a delegação.

9h - Primeira convocação com quórum mínimo de docentes
9h30 - Início da Assembleia Geral com qualquer número de docentes
9h30 às 10h - Informes
10h/11h - Discussão da pauta única com coleta de inscrições de docentes
11h/12h - Intervalo para organizar a lista de inscritos
12h/18h - Votação em urna para escolha da delegação
18h - Apuração

 

WhatsApp Image 2024 12 11 at 18.48.12

Topo