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WhatsApp Image 2025 09 17 at 18.59.48Foto: Fernando SouzaDepois de quarenta dias de intensa campanha eleitoral, debates e explicitação de profundas divergências sobre a vida universitária e a atuação sindical, os professores da UFRJ fizeram sua escolha. A Chapa 1, liderada pela professora Ligia Bahia (IESC), obteve 63% dos votos válidos e venceu em 15 das 22 urnas distribuídas em todos os campi. No IESC, unidade acadêmica de Ligia, o grupo obteve 100% dos votos e, mesmo com o modelo presencial, manteve o quórum da última eleição realizada de forma virtual.
“A democracia é isso, é a dignidade, é a expressão da maioria e o respeito à minoria”, celebrou a presidenta eleita. “Viva a luta dos cientistas, da gente que está comprometida com um projeto de Brasil mais igualitário e mais democrático”, festejou Ligia, durante seu discurso da vitória, em que a docente celebrou a derrota de Bolsonaro, ocorrida na véspera. “Finalmente um dia 11 de setembro que a gente tem notícia boa. 11 de setembro foi a data da morte do Allende, foi também num 11 de setembro a derrubada das Torres Gêmeas. Mas ontem, 11 de setembro, foi um dia maravilhoso para o Brasil”.
A vitória da chapa 1 expressa a consolidação de uma visão de sindicalismo hegemônica na AdUFRJ desde 2015 e que venceu as eleições pela sexta vez consecutiva. O grupo critica severamente os métodos políticos do Andes, as greves longas e esvaziadas do passado na UFRJ, e defende uma AdUFRJ conectada com os grandes debates nacionais e parcerias com sociedades científicas.
A Chapa 1 obteve 738 votos contra 430 (37%) destinados à Chapa 2, cuja candidata à presidência era a professora Renata Flores (CAp). Ao todo, compareceram às urnas 1.177 professores. Houve, ainda, 6 votos brancos e 3 nulos.
Apesar da redução do quórum – provocada pela obrigatoriedade do voto presencial – a proporção de votos entre os dois grupos se manteve dentro da histórica faixa 60%x40%, com ampliação para a situação.

VOTO EM PAPEL NUNCA MAIS
O anúncio da vitória da Chapa 1 ficou a cargo do presidente da Comissão Eleitoral, professor Luiz Eurico Nasciutti, decano do CCS. “Chegamos ao final da apuração e a Chapa 1 foi eleita pela maioria dos professores da UFRJ, que se comprometeram e compareceram aos locais de votação”, disse.
O professor agradeceu o engajamento dos docentes e ao enorme número de mesários necessários à realização do processo eleitoral. “A participação de todos foi fundamental para que tivéssemos sucesso na condução dessa eleição presencial”.
Para a professora Ligia Bahia, o voto em papel é um retrocesso que não deverá se repetir. “Esse processo de voto em urna, em dois dias, é uma coisa para que nunca mais aconteça. Porque ele impede a participação dos aposentados, impede a participação do professor que está viajando, que está na tese, que está de licença”, elencou.
O voto presencial foi uma imposição do Andes, que vetou eleições remotas para as diretorias nacional e das seções sindicais desde o congresso de janeiro deste ano. A última eleição presencial na AdUFRJ havia sido realizada em 2019. Naquele ano, 1.239 docentes foram às urnas e elegeram a chapa da professora Eleonora Ziller com 60,6% dos votos válidos.

MOMENTO HISTÓRICO
A apuração foi acompanhada por ex-presidentes da AdUFRJ, como o professor João Torres (2021-2023) e a professora Cristina Miranda (2007-2009), além do reitor Roberto Medronho e da coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura e ex-diretora da AdUFRJ, professora Christine Ruta.
Após o anúncio da chapa vitoriosa, a presidenta da AdUFRJ, professora Mayra Goulart, aproveitou a ocasião para reafirmar o momento histórico vivido pelo Brasil, com a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de militares de alta patente pela tentativa de golpe. “O Brasil ontem encontrou a sua história e disse: ‘Nunca mais. Nunca mais intervenções externas vão vigorar contra a vontade da maior parte da população’”, destacou.
A eleição na AdUFRJ, segundo a cientista política, teve sentido similar à resposta que o país deu ao extremismo. “O Brasil mostrou ao mundo como enfrentar o radicalismo”, analisou Mayra. “O radicalismo se combate com o funcionamento das instituições, com o jogo democrático, com a mobilização popular”, afirmou. “Eu acho que o que vimos aqui na UFRJ nesses dois dias foi exatamente isso: pessoas com vontade de votar, de participar, expressando suas preferências e fazendo valer a posição da maioria”, avaliou a docente.

MANDATO DE DOIS ANOS
A nova diretoria assume no dia 15 de outubro, em cerimônia no Fórum de Ciência e Cultura. O mandato vai até 2027. Compõem a diretoria eleita:

WhatsApp Image 2025 09 17 at 18.59.49 1Foto: Fernando Souza

 

 

 

 

 

 



Ligia Bahia (IESC)
presidenta

Maria Tereza Leopardi (IE)
1ª vice-presidenta

Michel Gherman (IFCS)
2º vice-presidente

Pedro Lagerblad (IBqM)
1º secretário

Andrea Parente
2ª secretária

Daniel Conceição
1º tesoureiro

Luisa Ketzer
2ª tesoureira

WhatsApp Image 2025 09 17 at 18.59.49 2Finalmente um dia 11 de setembro que a gente tem notícia boa. 11 de setembro foi a data da morte do Allende, foi também num 11 de setembro a derrubada das Torres Gêmeas. Mas ontem, 11 de setembro, foi um dia maravilhoso para o Brasil, extremamente maravilhoso, um fato histórico, inédito, e que nós precisamos comemorar (A condenação do ex-presidente Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal). Então, meu primeiro convite é que a gente saia daqui, todo mundo junto, e vá para a Cinelândia levando a bandeira da AdUFRJ. Se a gente puder fazer isso acho que é um passo de gigante. Vamos comemorar juntos.
Em segundo lugar, gostaria de demarcar que democracia é isso, democracia tem maioria e tem minoria. Entretanto, maiorias e minorias não querem dizer que um tem que eliminar o outro. Tivemos nessa campanha duas mulheres candidatas, e foi uma campanha muito legal, muito digna, acho que avançou o debate.
As nossas diferenças ficaram claras. Nós queremos que todos os professores e professoras dessa universidade participem. Esse processo de voto em urna, em dois dias, ele é uma coisa para que nunca mais aconteça. Porque ele impede a participação dos aposentados, impede a participação do professor que está viajando, ou que está na tese, que está de licença, ou que está doente, ou que teve burnout. Essa foi uma diferença importante na nossa campanha. A democracia é isso, é a dignidade, é a expressão da maioria e o respeito à minoria.
Eu queria agradecer à Renata (Flores), acho que ela fez uma campanha bonita, muito sincera, muito digna. É muito legal a Renata estar aqui nesse momento junto com a gente. Vamos seguir juntos, todos nós somos professores e professoras dessa universidade. É esse mundo que nós estamos construindo juntos, não é outro. Se esse mundo causa mal-estar, se esse mundo gera aflição, se gera desconforto, esse mundo nós estamos construindo. E nós então podemos construir um outro mundo. Um outro mundo que seja muito mais legal do que esse, inclusive hoje nessa universidade que, de fato, tem vários problemas.
Acho que vamos ter um sindicato muito bom, a nossa chapa é uma chapa de garra, aguerrida, de luta. Uma chapa que tem gente nova, que tem gente velha, é uma mistura que eu considero muito feliz. E, sobretudo, a gente teve bom humor, estava todo mundo aqui sorrindo e apurando os votos. É o humor que derruba o fascismo. Não tem outra possibilidade. Ou a gente vai ser bem-humorada, a gente vai se abraçar, a gente vai se lamber, a gente vai ficar muito perto, ou não tem outra possibilidade. Os afetos tristes nos levam a caminhos sombrios dos quais nós estamos querendo nos afastar.
Queria saudar a presença de ex-presidentes da AdUFRJ que estão aqui. O João (Torres), a Cris (Cristina Miranda), e sobretudo a Mayra (Goulart), professora jovem que vai encerrar o seu mandato em breve. Queria saudar a presença do reitor da UFRJ, isso é muito importante pra gente. Uma coisa é o sindicato, outra coisa é a reitoria. Entretanto, nós somos da mesma universidade, nós estamos construindo essa universidade, nós não estamos do outro lado. Nós somos outra instituição, uma instituição com autonomia, com seu programa, mas nós somos da mesma universidade.
Quero fazer uma saudação especial ao professor Michel Gherman, que não está aqui neste momento, mas que está batalhando por recursos para sua pesquisa, o que para ele é essencial. Vocês sabem que o Michel é o epígono de uma luta pela causa Palestina, isso é muito importante.
Por fim, queria fazer uma saudação ao professor Luiz Davidovich, um professor da Física que foi perseguido pela ditadura militar. Ele teve que sair do Brasil, teve sua carreira extremamente prejudicada. E ele acaba de receber um prêmio muito importante, de reconhecimento internacional – TWAS APEX 2025, uma das premiações internacionais mais prestigiadas na área científica. O prêmio é concedido pela Academia Mundial de Ciências (TWAS), instituição vinculada à Unesco. Então, viva Luiz Davidovich, viva a luta dos cientistas, viva a luta da Ciência, viva a luta de gente que está batalhando o tempo todo, gente que está comprometida com um projeto de Brasil mais igualitário e mais democrático!

A Chapa 1 venceu a eleição para a diretoria da AdUFRJ. O grupo, de continuidade da atual gestão, liderado pela professora Ligia Bahia, conquistou 738 votos. A Chapa 2, de oposição, obteve 430 votos.

 

Foram 1.177 votantes. O quórum, embora expressivo, reduziu cerca de 20% em relação à eleição remota, realizada em 2023.

 

Presidente da Comissão Eleitoral, o professor Luiz Eurico Nasciutti parabenizou as chapas concorrentes e destacou a lisura do processo. "Foi um processo muito tranquilo, com poucas intercorrências. O quórum demonstra que temos muitos professores engajados, interessados em participar do sindicato".

A próxima edição do Jornal da AdUFRJ trará a cobertura completa do processo eleitoral.

 

Foto: Fernando Souza

WhatsApp Image 2025 09 17 at 18.59.49 3Que bom que me foi passada a palavra, às vezes a democracia funciona, é bom a gente ver que às vezes isso acontece. Eu só posso dizer, em nome de todos os professores e professoras que estiveram junto conosco ao longo de toda essa campanha, da alegria que a gente sentiu em todos esses poucos dias. A gente precisa também marcar isso, foi um período muitíssimo curto para começar a instaurar algum debate de novo nessa universidade. Mas a gente fez isso com muita alegria, e agradecemos não só os 430 votos que a gente recebeu, mas os 1.177 votos dos que foram às urnas, porque, sem dúvida nenhuma, cada um desses votos está, ao fim e ao cabo, celebrando e fazendo acontecer a democracia nessa universidade. E me parece, ao menos nos discursos, que é o que todos nós buscamos para a nossa universidade. Que a gente tenha aí dois anos de mandato com muito debate democrático, de compromisso de que as instâncias de atuação do sindicato, não só, mas principalmente dentro da universidade, de fato sejam exercitadas nesses dois anos. E que a gente tenha espaço para seguir, como ao longo dessa campanha, colocando e expondo as nossas diferenças. A gente aprendeu nesses 30 dias corridos de campanha que a gente tem uma universidade com muito pouca mobilização, pouco acúmulo de debate sobre as questões que nos assolam, e não são poucas. A gente está numa conjuntura que logrou a justiça mínima com a condenação de Bolsonaro no dia 11 de setembro, mas que mostra uma universidade descrente nos movimentos políticos internos, e a gente precisa muito resgatar isso. A maior do Brasil precisa resgatar esse movimento de debate político interno, e a gente vai seguir soprando os nossos dentes-de-leão porque a nossa universidade precisa florescer.

Nesta sexta, dia 12, acontece a apuração dos votos depositados nas 22 urnas físicas que foram instaladas no Rio, Caxias e Macaé.

Apuração do Jornal da AdUFRJ indica que mais de 1,1 mil professores compareceram às urnas.

A contagem, conduzida pela Comissão Eleitoral, começou às 10h, na Sala E-212 da Escola de Química (CT).

Há transmissão ao vivo pela TV AdUFRJ, no YouTube: https://www.youtube.com/live/t-68WVudtso?reload=9&feature=share

 

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