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Um dos grandes desafios da UFRJ para os próximos anos, a recuperação da infraestrutura, acaba de alcançar uma cifra impactante. Levantamento do Escritório Técnico da Universidade (ETU) estima em R$ 1.059.184.000 o custo da reabilitação total dos espaços avaliados até agora. O valor é mais de três vezes superior ao orçamento de R$ 324 milhões previsto para despesas de funcionamento básico da instituição em 2025 e que ainda aguarda aprovação no Congresso. O estudo de 2023 apontava um custo de R$ 795,7 milhões para recupear 52% de toda área construída.
Chamado de REAB, o levantamento de 2024 analisou 95 prédios, o que equivale a 76% (ou 754.337 m²) da área construída da universidade. Sobre os 24% não analisados, a expectativa do ETU para a próxima edição é a inclusão dos dados do prédio do Centro de Ciências da Saúde e da Escola de Educação Física e Desportos.
“Sabemos que a infraestrutura física da UFRJ é muito precária e conhecer a dimensão real desta situação e ter projetos para cada uma das edificações avaliadas são pontos cruciais que levarão à sua recuperação”, analisou a professora Cassia Turci, reitora em exercício — o professor Roberto Medronho está de férias.
O cenário é caótico. Do custo total de reabilitação, 74% (ou R$ 778.639.000) são para intervenções consideradas emergenciais, anomalias graves que podem colocar em risco a integridade física de quem frequenta os campi da universidade.
Já considerando os recursos escassos que inviabilizam obras maiores, uma novidade da mais recente edição do estudo foi a inclusão de uma estimativa de investimento em manutenção dos imóveis, de forma a frear a degradação e aumentar sua vida útil. O valor estimado para cobrir esses custos de manutenção é de R$ 29.637.400 por ano.
“Quanto pior está o prédio, mais cara é a manutenção. Queremos incluir na próxima edição uma previsão de quanto seria esse valor se as edificações estivessem nas condições ideais para saber quanto dinheiro é jogado fora”, explicou o arquiteto Christiano Ottoni, do ETU.
A professora Cássia disse que a reitoria está empenhada em garantir a conservação dos prédios. “Estamos trabalhando em um contrato de manutenção para todos os setores de forma a atender serviços básicos nas redes elétrica, hidráulica e conservação mínima das edificações. Um grupo de trabalho foi formado para este fim, envolvendo servidores de todos os centros e da reitoria”, disse.
CT
A inclusão dos dados referentes aos 215.221 m² de área construída do Centro de Tecnologia aumentou a abrangência do levantamento. O CT agora corresponde a 28,5% de toda a área avaliada pelo REAB.
A imensidão no tamanho é refletida nos custos para reabilitação do prédio. Apesar do estado de conservação ser considerado “regular”, o imóvel saltou para o primeiro lugar no quesito custo para reabilitação total, com R$ 202,3 milhões. O edifício Jorge Machado Moreira, no estado de conservação “muito ruim”, mas com uma área três vezes e meia menor, aparece em segundo lugar com custo estimado de R$ 198,1 milhões. Já o custo de manutenção de todo o prédio foi avaliado em R$ 8,1 milhões anuais.Entre as intervenções prioritárias no prédio estão as instalações de esgoto e elétricas, revestimentos externos, cobertura e fundação.
E poderia ser pior, não fosse o esforço dos servidores do setor. O arquiteto Ivan Carmo, diretor do Escritório de Planejamento do CT, exaltou o trabalho da equipe responsável pela manutenção. Entre 2023 e 2024, 1.600 ordens de serviço foram abertas e 90% concluídas. “Durante os últimos dois anos de regime de manutenção organizado, conseguimos recuperar devagarinho alguns problemas no CT”, explicou.
Ivan elogiou o levantamento feito pelo ETU. “O REAB é uma ferramenta de planejamento fantástica. Por meio do levantamento, já identificamos onde priorizar os esforços para ter um prédio razoavelmente controlado quanto à manutenção”, disse Carmo.
OUTRAS UNIDADES
Alguns prédios registraram piora no índice de reabilitação na comparação entre os levantamentos de 2023 e 2024. Foram os casos do IPPMG, do Palácio Universitário, do Restaurante Universitário Central e do prédio do Instituto de Matemática. Mas a maior discrepância aconteceu com a Escola de Serviço Social, que despencou da classificação “Regular” para “Ruim”. A causa principal foi a identificação de problemas graves na estrutura da caixa d’água que não foram observados no levantamento anterior.
Para Ottoni, avaliações melhores e mais detalhadas são resultado da boa aceitação do trabalho. “Com a repercussão dos resultados de 2023, muitos servidores entenderam a funcionalidade e a importância desse trabalho e dedicaram mais tempo e atenção nas vistorias de 2024”, avaliou o arquiteto. “A cada ano, com a consolidação do sistema de gestão REAB UFRJ e a repetição do trabalho, a tendência é que as vistorias abranjam cada vez mais detalhes da real situação”, completou.
Já o CAp UFRJ foi uma das unidades que registraram uma melhora na classificação. Antes considerado “Regular”, o prédio localizado na Lagoa evoluiu para “Bom”. O prédio passa por reformas para solucionar problemas de infiltrações e na rede elétrica.
Apesar da melhoria na classificação do levantamento, a professora Cassandra Pontes, diretora da escola, listou algumas demandas estruturais que preocupam a comunidade do colégio. Entre os pontos destacados estão reformas na quadra esportiva, no muro ao redor da escola, a pintura interna e externa do prédio, além da construção de uma cozinha industrial.
“A direção geral da escola, em suas diferentes gestões, sempre teve o forte compromisso com a promoção de ações de conservação predial. No entanto, as limitações orçamentárias constituem o maior desafio”, afirmou a docente.
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Ex-presidente da seção sindical entre 2017 e 2019, Marilu — como era conhecida pelos mais próximos — colecionou afetos. Filhos, netos, amigos, orientandos e admiradores se revezaram ao microfone para apresentar manifestações de carinho e gratidão sobre a importância dela em suas vidas e o legado de suas reflexões sobre o Brasil.
A mesa da cerimônia foi dirigida pelo professor Carlos Frederico Leão Rocha, diretor do Instituto de Economia, e contou com as presenças da presidente da AdUFRJ, Mayra Goulart, e da reitora em exercício da UFRJ, Cássia Turci.
Mayra, que herdou a construção política iniciada na AdUFRJ em 2015 e consolidada por Maria Lucia a partir de 2017, enalteceu a contribuição política de Marilu. “Construiu um movimento sindical diferente, atento às questões nacionais, comprometido em combater a extrema direita, que pensa um desenvolvimento voltado para as classes populares e que também está preocupado com o cotidiano da universidade”.
Reitora em exercício, a professora Cássia Turci destacou a preocupação de Marilu com a docência e seu compromisso com a sala de aula e com a universidade. “Precisamos de mais pessoas que vejam a universidade como ela, de forma holística. Os valores que Maria Lucia deixou vão continuar. Ela queria uma universidade mais humana, antirracista, não misógina. Deixou muitas sementes”.
O professor Carlos Frederico lembrou da força de Maria Lucia na campanha para a AdUFRJ. A gestão dela sucederia a dele (Fred foi vice-presidente do sindicato de 2015 a 2017). “Quando fui convidá-la, ela já estava com problemas respiratórios sérios, mas assumiu a campanha e passou dois anos na presidência. Inteira! Isso me marcou profundamente”, disse. “Ela era extraordinária”.
VIDA ACADÊMICA
Coube à professora Lígia Bahia, amiga pessoal e companheira de gestão de Marilu na AdUFRJ, destacar a atuação intelectual da amiga. “Maria Lucia é uma das principais pensadoras sociais do nosso país e, a meu ver, a maior pensadora das políticas sociais brasileiras”, afirmou, sem esconder a admiração. “Os cadernos de anotação dela são verdadeiros livros. Cada caderno pode ser editado como um livro e talvez nós tenhamos que fazer isso mesmo”, sugeriu, ao elogiar a eloquência da amiga, a solidez de seus textos e o português impecável. “Suas aulas tinham uma profundidade impressionante. Ela não apresentava um só autor. Era o oposto do pensamento único”.
Outras características marcantes na universidade, e destacadas por Ligia, eram sua generosidade e o compromisso com os orientandos. Mesmo com aqueles que não eram seus alunos. “Todo mundo chamava a Maria Lucia para consertar suas teses. Ela dava um jeito em tudo. Era a fada das teses. Uma espécie de Avatar que dobra fogo, que dobra vento”, brincou. “Ela era o nosso avatar”.
“Sinto muita falta de conversar com ela”, confessou Ligia Bahia. “Certamente eu não seria a pessoa que sou sem a Maria Lucia”. Ligia aproveitou o momento para agradecer aos familiares que a permitiram ir até o quarto do hospital onde estava Marilu para a despedida. “Muito obrigada. Eu precisava muito disso”.
TRAJETÓRIA PESSOAL
Quem contou sobre os momentos da vida pessoal de Maria Lucia foi sua prima, a professora Beatriz Resende, titular da Faculdade de Letras da UFRJ. Maria Lucia vinha de uma família de outros dois irmãos: Aloisio (ex-reitor da universidade por oito anos) e Raul. “Com eles aprendi a necessidade da participação política na luta contra a desigualdade e injustiça em nosso país e na busca por um mundo melhor”, resumiu Beá, no início de seu discurso.
Ela contou que a militância de Maria Lucia começou ainda na UNE. Com o golpe de 1964, a alegre casa dos Teixeira foi invadida. “Os militares chegaram para prender o tio Francisco (pai de Maria Lucia), comandante da Zona Aérea do Galeão no governo Jango. Minha avó enfrentou os oficiais que vieram para levá-lo”, recordou. “Quando os golpistas voltaram para buscar outros envolvidos, nossa avó Carmen Teixeira passou mal e morreu. Ao ódio e ao nojo que tenho da ditadura, acrescento a culpa por esse homicídio”.
Um fato curioso destacado pela professora Beatriz foi que, durante a prisão, em 1971, Maria Lucia fez uma bonequinha de pano com fiapos de lençol para a então filha caçula Marina (na época, ela tinha três filhos: João Pedro, Juliano e Marina. O quarto filho, Salvador, nasceu anos depois) . “Depois de solta ela ria, contando que os milicos queriam saber como aquilo havia entrado no cárcere. Ela nunca, nunca mesmo, se queixou da vida”.
MÃE ZELOSA E AVÓ AMOROSA
Dois dos filhos contaram um pouco mais sobre quem era Maria Lucia na intimidade. O caçula, Salvador, fez parte da mesa da cerimônia. “Piscamos o olho e quatro luas se passaram. Temos sentido uma falta imensa. Um pedaço de nós se foi”. Economista de formação e pesquisador do Ipea, ele destacou como foi conviver com a mãe no Instituto de Economia. “O Lattes da minha mãe não faz jus à sua carreira. Eu convivi muito intensamente com mamãe quando eu era aluno aqui desta casa. Eram cinco, seis orientandos por ano de graduação, mestrado e doutorado. Multipliquem isso por 30 anos”, disse. “Tinha um compromisso prioritário com os estudantes”, elogiou.
Marina destacou o perfil de luta de sua mãe e contou episódios engraçados envolvendo as duas. Um deles, enquanto moravam no Bairro Peixoto. “Nos anos 1980, havia um ônibus da Fundação Leão XIII que passava recolhendo a população em situação de rua. Uma vez, ouvimos uma gritaria. Ela foi para a janela. As pessoas gritavam pedindo socorro”, lembrou. “Minha mãe desceu e fomos as duas parar o ônibus. Minha mãe adentrou o veículo, começou a tirar as pessoas desse ônibus. Foi uma loucura. Uma revolução! Ela adorava uma briga boa”.
O neto caçula Antônio, de seis anos, abriu a homenagem dos netos e emocionou a plateia com a pureza de seu relato e o choro sentido, abraçado às irmãs. “Ela era minha avó. Uma avó bem querida minha”.
“Falar sobre a vovó Lucia é muito difícil, justamente pela quase impossibilidade de descrever em palavras todo afeto que ela depositava em nós”, afirmou o neto Miguel. “Todos os netos eram amados igualmente, mas ela sempre teve uma relação especial com cada um de nós”, contou. “Nossa avó era nossa maior confidente e conselheira. Sempre disposta a nos ouvir, corrigir, ensinar e mimar”, lembrou.
Tomás, que herdou da avó a paixão pela música, também deu seu depoimento. “Meus pais contam que foi ela quem escolheu o meu nome. Ela foi a pessoa que eu mais amei, em quem eu confiava para falar tudo”, confidenciou. O músico não conseguiu comparecer à despedida da avó e revelou que a última vez que esteve com Maria Lucia foi após o Botafogo, seu time do coração, ter conquistado os títulos no fim do ano passado. “Ela, uma flamenguista, estava com a camisa e a faixa do meu time, sorrindo para mim e dizendo que me amava. Obrigado, vó, por tudo”.
“A casa da minha avó era o lugar onde a gente podia fazer tudo”, emendou a neta Aurora, aluna de Biomedicina da UFRJ. “A gente podia usar o quarto da sucata para construir coisas. Ela guardava rolo de papel higiênico para a gente pintar e construir robô”, lembrou. “Minha avó era a minha pessoa favorita no mundo. A pessoa que me introduziu no ambiente da universidade federal. Enquanto eu tiver uma casa, ela será aberta a todos, como era a casa da minha avó. Esse legado eu vou levar para sempre”.
Muito emocionada, a neta Estela, estudante de Engenharia Química da UFRJ, ratificou a cumplicidade que Maria Lucia cultivava com cada um dos netos. “A gente ria juntas, a gente chorava juntas. Eu falava que ela era minha alma gêmea e ela ficava rindo de mim. Achei engraçado quando a Ligia disse que ela não falava mal de ninguém, porque comigo ela falava e eu falava junto”, brincou. “Sinto muita falta”.
UM POUCO ÓRFÃOS
Foram muitas as manifestações públicas de admiração, carinho e agradecimento. Uma delas, da professora Eleonora Ziller, ex-presidente da AdUFRJ, para quem Maria Lucia passou a gestão, no final de 2017. “Quando fui convidada para a AdUFRJ, eu não queria ser presidente. Queria ser do Conselho de Representantes, porque entendia que era urgente combater aquele governo (Temer) e o mundo que estava se formando. Mas negava com todas as forças e argumentos estar na disputa sindical”, lembrou. “Até que, conversando com a Beá (Beatriz Resende), eu disse que estava cansada e ela me respondeu: ‘A atual presidente é a Maria Lucia’. Foi o suficiente para me convencer. Era o exemplo”, disse. “E agradeço muito. Aquele foi um período que salvou a minha vida. Não sei o que seria de mim na pandemia se não tivesse um lugar para lutar”.
Maria Malta, professora do Instituto de Economia, conviveu com Marilu como estudante e enquanto docente. “Maria Lucia foi quem me estendeu a mão e me orientou. Professora instigadora, mostrava essa profunda conexão entre a economia, a política e o caráter sociológico da pesquisa”, disse. “Ela assumiu a tarefa de ser decana do CCJE momentos antes de se aposentar e depois ainda encarou uma eleição da AdUFRJ”, elogiou. “Esse sentido da Maria Lucia, do diálogo, a gente precisa recuperar. Andar mais junto, de mãos dadas, nessa universidade que ela ajudou a construir e para a qual dedicou a vida”.
Muito emocionada, a professora Denise Gentil, importante pesquisadora sobre Previdência no Brasil e colega de Maria Lucia no IE, também fez questão de se pronunciar. “Ela foi muito importante na minha carreira. Entrei na UFRJ nos anos 1990 e fui dar aulas na FACC. Um dia, Maria Lucia me chamou para o Instituto de Economia e então eu consegui adentrar o universo da pesquisa”, revelou. “Desculpem a emoção, mas eu me sinto um pouco órfã. Ela era uma mãe intelectual para mim. Tudo que eu estudei e publiquei, se algum valor tem, eu devo a ela”.
“Conseguimos aprovar um projeto de recuperação dos sistemas do JMM na Lei Rouanet, sobretudo para prevenção e combate a incêndios. E ultrapassamos a meta em 2024 só com doações de pessoas físicas. Vamos este ano avançar na captação também de pessoas jurídicas”, se entusiasma o arquiteto Carlos Fernando Andrade, ex-aluno da FAU e presidente da AMEAFAU-UFRJ (Associação dos Ex-alunos e Amigos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ), associação de direito civil fundada em 13 de junho de 2022 que reúne egressos do corpo discente, docentes e técnicos da faculdade. A associação foi reconhecida e oficializada pela Congregação da FAU em 3 de agosto de 2022.
AFETO E AFLIÇÃO
Em seu segundo mandato à frente da AMEAFAU — 2022-2024 e 2024-2026 —, Carlos Fernando conta que a associação nasceu para preservar a memória da FAU e mobilizar recursos para restaurar o JMM. As doações para o projeto de recuperação dos sistemas do edifício fecharam 2024 em R$ 50 mil — superando com folga os R$ 27 mil previstos como meta para o ano. “Com o projeto, nós temos condição de propor a obra que é necessária. Sem projeto, a gente não consegue fazer nada”, diz Carlos Fernando. O objetivo final é arrecadar R$ 300 mil.
O projeto é crucial para a execução de obras emergenciais para redução de riscos, como a dos sistemas de prevenção a incêndio, pânico e descargas atmosféricas. “O prédio da FAU sofreu pelo menos dois incêndios recentes e a gente via isso com muita aflição. Então criamos a associação e começamos a batalhar usando a internet. Já conseguimos fazer algumas coisas pequenas na FAU, coisas que para uma entidade pública é difícil fazer, como pintar uma parede, trocar um vidro, comprar uma tomada. Temos uma ótima parceria com o Centro Acadêmico (CAFAU) e a direção”, relata Carlos Fernando.
No dia 3 de outubro de 2016, um incêndio atingiu o oitavo andar do JMM. O fogo, a fuligem e a água colocaram em risco o mais completo arquivo relacionado à Arquitetura e ao Urbanismo brasileiros, com 300 mil itens, incluindo 50 mil documentos e cinco mil fotografias. Em 20 de abril de 2021, outro incêndio destruiu dependências administrativas e parte das instalações do Núcleo de Pesquisa e Documentação da FAU, levando à destruição de documentos.
“MUITO RUIM”
O mais recente levantamento sobre as condições estruturais do JMM confirma a aflição descrita por Carlos Fernando Andrade. Segundo o relatório da vistoria REAB-2024 do Escritório Técnico da Universidade (ETU), divulgado em dezembro passado, o edifício foi classificado como “muito ruim” em termos de estado de conservação (veja matéria sobre o relatório completo nas páginas 4 e 5). O documento indica a necessidade de uma reabilitação estrutural do tipo “profunda” nas três partes que compõem o imóvel: estrutura e cobertura; fechamentos e acabamentos externos e internos; e instalações.
“Pode-se analisar também que as anomalias de conservação e desempenho do tipo grave estão distribuídas entre os três grupos que compõe a edificação, indicando que há anomalias que representam situações de risco imediato para os usuários em todos os grupos do imóvel”, alerta o relatório. Entre as 92 avaliações realizadas pelo ETU em toda a UFRJ no período 2023/2024, o JMM é o segundo imóvel com estado de conservação mais deteriorado, atrás apenas do Museu Nacional, totalmente destruído pelo incêndio de 2018. O investimento estimado para a reabilitação total do edifício é de R$ 198 milhões.
PARCERIA
Para o professor Guilherme Lassance, diretor da FAU, as falhas de estrutura do JMM são motivo de apreensão constante. “Quando voltamos da pandemia de covid-19 identificamos muitas carências de investimentos na UFRJ e, mais especificamente, no edifício JMM”, afirma. “Veio nesse contexto a criação da associação de ex-alunos, que era um antigo desejo nosso. A campanha de doações para o projeto de recuperação dos sistemas é muito importante para nós. Esse projeto pode garantir melhores condições de segurança às pessoas”, avalia Lassance.
O diretor lembrou que o edifício é tombado pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, da Prefeitura do Rio, desde 2016. E que os dois incêndios recentes ligaram um sinal de alerta em relação à segurança de alunos, professores e técnicos. “A campanha de doações é uma possibilidade que se abriu para nós. A associação é de amigos e de ex-alunos da FAU, mas conversei com a diretora da EBA, a professora Madalena Grimaldi, que está empenhada em nos ajudar a captar as verbas. É de interesse de todos que ocupam o prédio. Em outra frente, estamos em processo de negociação com o Corpo de Bombeiros para a instalação de escadas de escape de incêndio externas”.
A diretora da EBA também enxerga na campanha uma possibilidade de melhorar a infraestrutura do JMM. “A iniciativa é excelente. A gente vive num momento muito difícil de custeio para fazer qualquer obra, então arrecadar verbas externamente é positivo. Isso pode ajudar a resolver parte dos problemas do JMM, que são muitos. Há hoje uma parceria muito forte entre a EBA e FAU. Temos projetos coletivos, como o da biblioteca integrada do segundo andar. Eu ainda tenho pouco mais de um ano de direção, fico até fevereiro de 2026, e pretendo fortalecer essa parceria com a FAU”, diz a professora Madalena Grimaldi.
A mudança da sala da direção da EBA do sétimo para o segundo andar do JMM — onde fica a direção da FAU — é outro movimento concreto dessa parceria. “Há um impacto político importante nessa mudança, sinaliza essa parceria. Durante muito tempo, a EBA se sentiu como uma inquilina indesejável no JMM, mas hoje há uma sensação de pertencimento”, acredita a diretora.
Para mais informações sobre a campanha de doações da AMEAFAU acesse https://ameafau.org.br/ ou https://www.instagram.com/ameafau/
O Instituto de Economia, a AdUFRJ, em conjunto com a família, convidam para a homenagem póstuma à querida Maria Lucia Teixeira Werneck Vianna.
Local: Salão Pedro Calmon, Palácio Universitário, Campus da Praia Vermelha
Data: Segunda-feira, 13 de janeiro de 2025
Horário: 17h
Venha celebrar e recordar a trajetória de Maria Lucia, cuja presença marcante e contribuições inestimáveis permanecem vivas em nossos corações e memórias.