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WhatsApp Image 2021 06 24 at 19.57.06 1O filósofo paulista Renato Janine Ribeiro (foto) será o novo presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Ex-ministro da Educação e professor titular de Ética e Filosofia Política da Universidade de São Paulo (USP), Janine foi eleito na terça-feira (22) com 1.205 votos contra 617 de seu opositor, o neurocientista gaúcho Carlos Alexandre Netto, ex-reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde atua como professor titular do Departamento de Bioquímica. Foram 1.914 votantes — houve ainda 63 votos brancos e 29 nulos —, totalizando 60% de participação, maior índice dos últimos dez anos.
Em vídeo veiculado em seu perfil no Instagram, o novo presidente da SBPC elogiou Carlos Alexandre Netto e fez um convite à unidade. “Vamos trabalhar juntos. Nós não temos mais um combate entre civilização e barbárie.É uma disputa entre a vida e a morte. E a Ciência claramente está do lado da vida, do Brasil, da Educação, da Saúde, do Meio Ambiente, da inclusão social. Agora é hora de unir todo mundo”, disse Janine, que tomará posse em 23 de julho, durante a 73ª Reunião Anual da SBPC, para liderar a entidade no biênio 2021-2023, em substituição a Ildeu de Castro Moreira.
Além de Janine, foram eleitos para a diretoria como vice-presidentes a socióloga Fernanda Sobral (atual vice de Moreira), professora aposentada da Universidade de Brasília (UnB), e o físico paulista Paulo Artaxo, professor titular do Instituto de Física da USP. Compõem ainda a diretoria sete mulheres, fato inédito na história da entidade: Claudia Linhares Sales, atual secretária, eleita secretária-geral; as três secretárias Miriam Pillar Grossi, Laila Salmen Espíndola e Francilene Procópio Garcia; e as duas tesoureiras Marimélia Porcionatto e Ana Tereza de Vasconcelos.
Como secretários regionais da SBPC, para o biênio 2021-2023, foram eleitos: Tatiane Loureiro da Silva (Acre), Vandick da Silva Batista (Alagoas), Sanderson Castro Soares de Oliveira (Amazonas), Tania Maria Hetkowski (Bahia), Armênio Aguiar dos Santos (Ceará), Sônia Nair Báo (Distrito Federal), Rosália Santos Amorim Jesuíno (Goiás), Antonio José Oliveira (Maranhão), Cicero Rafael Cena (Mato Grosso do Sul), Cristiana Ferreira Alves de Brito (Minas Gerais), Rosa Carmina de Sena Couto (Pará), Carolina Arruda de Oliveira Freire (Paraná), Diogo Lopes de Oliveira (Paraíba), Maria do Rosário de Fátima Andrade Leitão (Pernambuco), Ligia Bahia (Rio de Janeiro), Selma Maria Bezerra Jerônimo (Rio Grande do Norte), Angela Wyse (Rio Grande do Sul), Luiz Claudio Miletti (Santa Catarina), Elisangela Lizardo de Oliveira (São Paulo, subárea I), Sávio M. Cavalcante (São Paulo, subárea II), Adriano Defini Andricopulo (São Paulo, subárea III).
Foram também eleitos integrantes para o Conselho da SBPC, para o quadriênio 2021-2025, divididos por áreas. Para a área A (Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), saíram vitoriosos Marilene Corrêa da Silva Freitas (AM), Ima Célia Guimarães Vieira (PA) e Clovis Bôsco Mendonça Oliveira (MA). Na área B (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe), foram eleitos Sidarta Tollendal Gomes Ribeiro (RN) e Lúcia Carvalho Pinto de Melo (PE). Andrea Mara Macedo (MG) foi eleita para a área C (Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso) Para a área E (São Paulo), o eleito foi Marcelo Knobel. E para a área F (Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), os eleitos foram Zelinda Maria Braga Hirano (SC) e Samuel Goldenberg (PR).

debate AdurManifestações de rua cada vez maiores em defesa da aceleração da vacinação, do auxílio emergencial, da educação e pelo "Fora, Bolsonaro". Esta é a expectativa do cientista político e diretor da AdUFRJ, professor Josué Medeiros. “O medo de uma explosão de casos de covid-19, depois dos atos do dia 29 de maio, não se concretizou. Já podemos afirmar isso”, destacou o docente, durante o debate virtual "Desmonte das Políticas Públicas e as Lutas de Resistência". O evento foi transmitido, na terça-feira (15), em parceria com a Associação dos Docentes da UFRRJ (Adur). A mediação ficou sob responsabilidade da professora Rubia Wegner (UFRRJ).

O dirigente da AdUFRJ deu ênfase à dimensão social na oposição ao governo Bolsonaro: “O neoliberalismo ataca as políticas sociais para além do econômico”, disse Josué. “Mas também desfazendo os laços que nos tornam fortes e inviabilizando a democracia”. Na avaliação do docente, o respeito às recomendações de segurança contribuíram para aumentar a legitimidade dos atos de rua.  “Em todo o Brasil, não tem uma foto sem máscara, isso foi muito importante para reafirmar o sentido da mobilização”, acrescentou.

Para o professor de História da Unemat, Domingos Sávio, o foco na agenda econômica amplia o diálogo com a população. “É o que temos de mais importante: a saúde e a vida”, ele resumiu. Além da vacinação e do auxílio emergencial, Domingos listou a recuperação do salário mínimo, do programa Bolsa Família, da soberania do Pré-sal e a reversão das contrarreformas Trabalhistas, Previdenciária e do Teto de Gastos. Em relação à agenda democrática, Domingos afirmou que uma eventual reeleição de Bolsonaro "não é só segundo um mandato, mas o risco de um governo autoritário”.

Já Lamounier Erthal, da UFRRJ, apontou para o esvaziamento da ética a partir “do descolamento da economia em relação à vida e a sociedade”, mais acentuado durante a pandemia. Como exemplo, citou o aquecimento do setor financeiro frente às estatísticas crescentes de desemprego e mortes por covid-19 no país. “Você tem um aumento da taxa de câmbio, a nossa alimentação hoje está muito baseada no preço de commodities, e um processo inflacionário há muito não visto. E as pessoas aceitam essas questões de uma maneira totalmente pacata”.

Em relação às universidades e agências de fomento, Lamounier chamou atenção para o fato de que os cortes orçamentários e a extinção de projetos de extensão dificultam a comunicação entre a academia e um público maior da sociedade.   

WhatsApp Image 2021 06 12 at 09.06.13Um projeto de lei estadual reacendeu a discussão sobre a Casa da Ciência da UFRJ. No começo do mês, a deputada Dani Monteiro (PSOL) protocolou uma proposição para que a Casa seja tombada como patrimônio histórico e cultural do Rio de Janeiro. A proposta tem como justificativa a importância da instituição — o segundo centro cultural do país voltado para Ciências —, fundada em 1995. A importância histórica do prédio é que ele integra o complexo do antigo Hospital Nacional de Alienados, no campus da Praia Vermelha. O projeto da parlamentar vincula o prédio histórico com sua vocação científica e cultural.
“Aquela é uma área de interesse para especulação imobiliária”, disse a deputada Dani Monteiro. “A Casa da Ciência é um espaço de difusão do conhecimento há mais de 20 anos. Entendemos que é importante tombar a Casa, para afastar qualquer especulação imobiliária”.
A parlamentar justificou que o tombamento por meio de Lei Estadual pretende preservar a Casa no seu local, mesmo que haja mudanças na gestão da universidade. “É importante a Casa ser mantida ali. A ideia é que o tombamento a resguarde, inclusive, de qualquer mudança na gestão que possa haver dentro da UFRJ também. O tombamento pretende a manutenção daquele espaço”.

REITORA DISCORDA
Para a reitora Denise Pires de Carvalho, o projeto de lei é uma intervenção na autonomia da UFRJ. “É um ato que fere a autonomia frontalmente. É uma atitude que se assemelha à daqueles monarquistas que querem fazer do nosso Museu Nacional um museu imperial, sem passar pelos colegiados da UFRJ”, diz a reitora. Para Denise, trata-se da defesa da autonomia universitária como princípio. “É um precedente perigosíssimo. Porque hoje é por uma boa causa, mas amanhã um deputado estadual pode propor transformar nosso Museu Nacional em um museu imperial. Ou pior, como a recente proposta daquele deputado que quis fechar a Uerj”, explicou.
“Fico preocupada que parlamentares estejam ferindo frontalmente a autonomia universitária. A reitora e o vice-reitor não foram procurados pela parlamentar. Ninguém da administração da UFRJ foi procurado”, disse. Denise defendeu que as decisões sobre a Casa da Ciência sejam tomadas pela universidade em seus colegiados deliberativos. “A UFRJ nunca discutiu o fechamento da Casa da Ciência. E a interferência externa no ambiente da UFRJ é temerária. Não podemos admitir que parlamentares, de nenhum partido político, interfiram na nossa autonomia, na democracia interna e na institucionalidade”.
Denise ressaltou também que a UFRJ tem interesse em expandir as ações da Casa da Ciência para a Cidade Universitária, próxima aos complexos do Alemao e da Maré, locais de comunidades vulneráveis e que precisam muito do contato com a Ciência e a produção de conhecimento. “Conseguir fomento para expandir as atividades nesta área do Rio seria uma ótima proposta da deputada”.
A polêmica em torno da Casa da Ciência é alimentada pelo projeto Viva UFRJ, criado ainda na gestão do professor Roberto Leher à frente da reitoria e que prevê a parceria com BNDES para o aproveitamento econômico dos ativos imobiliários da instituição. “Nos comprometemos em dar continuidade à discussão do Viva UFRJ porque interrompê-la geraria um custo para a universidade”, explicou a reitora. Segundo ela, caso a universidade rescinda o contrato com o BNDES terá que arcar com uma multa de cerca de R$ 2,5 milhões. Uma consultoria foi contratada para fazer um estudo do potencial imobiliário da área da universidade. A pandemia atrasou a entrega, e só em fevereiro deste ano a UFRJ recebeu o relatório final. De acordo com a reitora, o documento está sendo resumido pela equipe responsável pelo projeto, e será apresentado aos colegiados da universidade.
“O projeto é muito grande, então está no contrato que ele pode ser subdividido. Se conseguirmos pagar o que devemos ao BNDES em um ou dois projetos, não precisamos seguir com outros. Essa decisão não é minha, é da universidade”, disse Denise, que fez questão de reforçar sua mensagem para o corpo social da instituição. “A comunidade acadêmica tem que ter tranquilidade. Minha gestão não venderá nada nem fará nenhum negócio com os terrenos da UFRJ sem que a comunidade conheça os detalhes, discuta e decida. Muito menos na Praia Vermelha, um lugar que tem uma atividade acadêmica intensa e que o vice-reitor e eu respeitamos muito”, declarou.
Entre os estudos apresentados preliminarmente pela comissão do Viva UFRJ, há a possibilidade de transferência da Casa da Ciência e sua reconstrução em local próximo, e outras modificações bastante significativas no campus da Praia Vermelha. Segundo a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller, é isso que vem motivando a mobilização em torno do tema: “Apesar de serem estudos preliminares, precisam ser compreendidos e debatidos por toda a universidade. A pandemia acabou por deixar o assunto em banho-maria, mas já é hora de conhecermos a totalidade da proposta, e como será encaminhada, para que a comunidade se posicione, pois só assim poderemos dirimir dúvidas e acabar com sobressaltos”, defende Eleonora.
DISCUSSÃO TÉCNICA
O projeto de lei apresentado pela deputada Dani Monteiro se apoia em uma pesquisa feita pela historiadora Monica Cristina de Moraes, técnica da Casa da Ciência. Em sua tese de doutorado, ela resgatou a história do prédio. “Ele foi construído entre 1925 e 1926, e era parte do Hospital Nacional de Alienados. Ali ficavam as internas acometidas de tuberculoso, em isolamento”, explicou Monica. Quando ela começou a estudar a historiografia do edifício, havia poucos registros sobre o Pavilhão Alaor Prata. “À medida que fui investigando, levantando material e fontes, fui entendendo que a história era mais profunda”, contou. Segundo a sua pesquisa, o pavilhão foi uma melhoria construída no hospital, para que os pacientes ficassem em isolamento, prática que começou a ser adotada no final do século XIX para tratamento da tuberculose.
Mas para a professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ Andréa Borde, o projeto de lei não é suficiente para o tombamento da Casa da Ciência. “Tombamento é uma atribuição do poder Executivo”, explicou. Andréa ainda esclareceu que, caso o projeto seja aprovado na Alerj e sancionado pelo governador, ele não terá validade. Para ter validade, o tombamento precisa ser aprovado por um dos órgãos de tutela da área. No caso de uma proposta estadual, o pedido de tombamento deveria ter sido feito ao Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). “Uma pessoa pode propor a um órgão de tutela uma pesquisa, o órgão vai encaminhar e vai propor o tombamento ou não”.
A Casa da Ciência segue funcionando, enfrentando ainda os desafios de ser um centro cultural no meio de uma pandemia. “Seguimos planejando nossas exposições e ações educativas. Assim que tivermos mais segurança, do ponto de vista da pandemia, esperamos reabrir nossas exposições”, contou Ismar Carvalho, diretor da Casa. “Estamos discutindo de que maneira vamos voltar, e de que maneira poderemos retornar, com segurança, o quanto antes. As exposições estão montadas e continuamos trabalhando”.

WhatsApp Image 2021 06 12 at 08.59.01A poluição da Baía de Guanabara pode ser vista a olhos nus, mas é na análise microscópica que se pode enxergar o tamanho da devastação ao ambiente aquático. Entre 225 peixes analisados pelo Laboratório de Ecologia Trófica, do Instituto de Biologia da UFRJ, 42% apresentaram microplásticos no estômago, conforme relatou a coordenadora, Gisela de Figueiredo. “Desde 2006, quando entrei na universidade, venho pesquisando a teia alimentar da baía, analisando o conteúdo dos peixes”, conta ela.
O laboratório pretende quantificar o microplástico nos animais da Baía de Guanabara, como as corvinas, os bagres e os mexilhões, e também na água. “É um problema sério, a baía está muito contaminada”, revela a professora. O projeto que investiga a questão do plástico faz parte de uma pesquisa maior, de longa duração, chamada Projeto Baías, financiado pelo CNPq e que procura desenvolver um retrato da situação na Baía de Guanabara. “Na minha linha de pesquisa quero entender a poluição, o dano aos organismos. A gente pode fazer algumas previsões, o quanto os organismos estão prejudicados e como pode deteriorar a saúde de quem come pescado e mexilhões”, explica Gisela. “Tem gente que vive pescando e comendo da baía”, completa.

REDUÇÃO DO CONSUMO
Apesar de já existirem tecnologias que permitem a retirada de plástico do oceano, com os microplásticos a situação é diferente. “A retirada de plástico do mar é possível, mas quando falamos de microplástico não tem como tirar, não tem como filtrar o mar inteiro”, afirma a professora. “É sobre entender o uso do plástico, compreender os malefícios, as pessoas precisam se sensibilizar com a questão do plástico e de outros poluentes”, reflete.
Gisela acredita ser urgente a redução do consumo. “A gente sabe que consumimos plástico, respiramos também, já estamos contaminados. Mas até quando isso vai afetar a saúde das pessoas?”, questiona. A professora também coordena o grupo de extensão Acessibilidade e Ciências do Mar, que reflete sobre o consumo e o impacto do plástico nos oceanos.
A estudante Izabela Maria Ramirez, graduanda em Biologia da PUC-Rio e orientanda de iniciação científica da professora Gisela de Figueiredo, investiga se ostras e mexilhões da Baía de Guanabara estão contaminados por microplásticos. “Fizemos todos os experimentos de digestão do tecido deles. De fato, encontramos microplásticos em todos. Isso mostra o nível da poluição no espelho d’água, mas também aponta para a insegurança alimentar de seres humanos”, considera a aluna. As consequências para os animais já são conhecidas. “Lesão nos órgãos, diminuição no crescimento, falsa sensação de saciedade, baixo nível de nutrientes. É bem grave”, diz a estudante, que recebeu o prêmio de melhor trabalho na seção de organização da JIC.

RISCO AO SER HUMANO
Para Vivianne Alves, doutoranda do Laboratório e coautora do trabalho apresentado por Izabela, ganhar o prêmio é muito bom para a propagação do estudo. “Eu acredito que ganhou pela relevância do tema microplástico nos últimos anos, e a importância de relacionar isso a animais que costumamos comer, que têm relevância comercial, como ostras e mexilhões”, acredita.
Na pesquisa desenvolvida por Vivianne, ela observa a adsorção (quando as moléculas ou íons de uma substância ficam fixados na superfície de sólidos por interações químicas e físicas) em organismos como a tainha e o bagre. “Estou identificando o tipo, cor e tamanho dos microplásticos. Além disso, queremos fazer experimentos de alimentação para saber se mexilhões e ostras selecionam o plástico durante sua alimentação”, explica. “No caso dos peixes identificamos o tipo de plástico, não basta ver o plástico na lupa. Fizemos uma análise de polímeros e identificamos o poliéster, que são fibras da indústria têxtil e das redes de pesca que poderia ser um indicativo da entrada de microplásticos na baía”, completa.
Segundo Vivianne, o problema não é o plástico em si, mas os componentes que estão adsorvidos na superfície do plástico e que podem aderir ao corpo humano. Ela acredita existir algo ainda mais complicado que o microplástico: o nanoplástico, que pode ser absorvido pelo tecido do organismo. “Se você ingere um peixe que tem aderido nanoplásticos ou metais pesados, pode trazer um grande malefício ao ser humano”, afirma.

bandeira adufrjDiretoria da AdUFRJ

Nos últimos meses, o ocupante do Palácio do Planalto tem ultrapassado todos os limites, dando sinais de que não recuará nem cederá qualquer espaço para o bom senso em seu governo. O quadro que se apresenta, de alta inflacionária e aumento de desemprego, aponta para um governo de alta concentração de renda e potencial explosivo do ponto de vista social. Em relação às universidades, permanece o estrangulamento orçamentário e, no Congresso, ensaiam-se tentativas de retomada da discussão da reforma administrativa, assim como tentam dar continuidade a excrescências como o homeschooling. Também permanecem as intimidações e tentativas de processos contra docentes e técnicos-administrativos, mas que até agora não prosperaram.
Como se já não bastassem os documentos que estão paulatinamente confirmando a ação antivacina da Presidência da República, ao fecharmos esta edição nos deparamos com o disparate da recomendação para a não obrigatoriedade do uso de máscara para quem já teve covid-19 ou já está vacinado. A ação, que parece estapafúrdia, não só ajuda a criar tumulto no debate nacional e atende aos seus nichos mais fiéis, mas busca atrair aquela faixa da população exausta de tanta discussão, cansada de restrições e cuja vida já é uma permanente roleta russa. Assim, o pior presidente de nossa história se confirma como o porta-voz da insensatez e da ignorância. Por isso, reafirmamos nossa disposição para irmos às ruas no dia 19 de junho. Com todos os cuidados, e para aqueles que estão em risco, se poupem! Ainda teremos muito chão pela frente, muitas caminhadas e outros encontros nas ruas. Estaremos lá, os que puderem, pedagogicamente como no dia 29 de maio: 100% dos manifestantes de máscaras, buscando manter o distanciamento recomendado.
No dia 16 de junho entraremos numa nova etapa da pandemia: todos os trabalhadores da UFRJ — docentes, técnicos, terceirizados — terão tomado a primeira dose da vacina. É um passo importante, um reconhecimento de nosso papel social, mas que não significa um salvo-conduto para o retorno das atividades presenciais sem os procedimentos de biossegurança estabelecidos pela própria universidade. Entendemos que a vacina, um direito que deveria ser universal, se constituiu numa conquista diante de um governo negacionista e irresponsável. Queremos celebrar esse dia, mas também insistir que precisamos rever nossas resoluções de 2020, quando a vacina ainda não era sequer cogitada. Quais são os protocolos de segurança a serem mantidos e quais procedimentos devem ser acrescentados? O que muda em relação às atividades presenciais consideradas essenciais? Quais devem ser autorizadas após a segunda dose? Como nos proteger de um retorno desorganizado? Para tudo isso, esperamos que a universidade trilhe a mesma estrada que nos trouxe até aqui: diálogo com a comunidade e amplo debate institucional.
Vamos começar um recesso que há muito aguardávamos, mas ainda assim estamos longe de uma “normalização” de nossas atividades, com os calendários da graduação e da pós ainda desencontrados. Também temos arrastado mais lentamente do que gostaríamos a resolução da questão da insalubridade, com anos de acúmulos burocráticos e negativas. Num quadro de incertezas e desmontes, de pressão externa e cortes arbitrários, com um governo que tenta a todo custo nos vigiar e punir, é preciso redobrar a atenção e valorizar os espaços que conquistamos. Tanto no que diz respeito ao reforço à democracia interna da nossa instituição, quanto à sua defesa na vida política do país. É disto que trata essa edição do nosso jornal, é essa a nossa luta cotidiana.

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