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WhatsApp Image 2021 08 14 at 08.55.43Diretoria da AdUFRJ

A semana que passou foi plena de sinais, símbolos e alertas. O impasse político que estamos vivemos não é simples, e embora tenhamos plena consciência do risco que o país corre com o desgoverno do Planalto, a sua superação não é tarefa fácil. O dia da votação sobre o voto impresso é a demonstração do que estamos vivendo. O placar de 229 votos favoráveis contra 218, apesar de arquivar a PEC, deixa claro que o governo ainda tem muito fôlego e o impeachment parece uma possibilidade ainda distante. Ao mesmo tempo, o tal desfile intimidatório dos tanques da Marinha renderam mais piadas do que temores, o que faz do discurso golpista do presidente da República apenas um rugir acuado e pouco efetivo. Nem tão fraco que possamos derrubá-lo, nem tão forte que consiga nos destruir. No meio do caminho, com fumaça para todo lado, a boiada vai passando. No caso das universidades, embora o “Future-se” esteja dormindo na gaveta, nos debatemos cotidianamente com toda sorte de investidas contra a autonomia, estrangulamento orçamentário, cortes arbitrários de conquistas históricas na folha de pagamento, portarias e instruções normativas que pouco a pouco vão esgarçando o tecido institucional. Mas o modo desrespeitoso como nos tratam não é só devido à incompetência ou desconhecimento do funcionamento de uma grande universidade pública. Em recente e pouco comum fala pública, o insípido ministro da Educação explicita seu projeto para a universidade pública: ideologicamente controlada e destinada a poucos. Domesticado, o ensino superior deveria se limitar ao papel instrumental de reprodução da vida social em suas iniquidades. Como não tem força para aprovar o desmonte de modo explícito, vai comendo pelas beiradas, inviabilizando a manutenção dos estudantes mais pobres, implodindo o sistema nacional de fomento à pesquisa, nos deixando à mingua.
O ataque mais frontal ao Estado vem na PEC 32, com a reforma administrativa. Não apenas a universidade, mas toda a máquina pública estará comprometida, caso ela seja aprovada. Embora os planos do governo de que isso acontecesse o mais rápido possível já tenham naufragado, não convém apostarmos que a batalha esteja ganha. Além do mais, também em relação à PEC, o governo vai comendo pelas beiradas, aparelhando as instituições, corroendo os princípios da publicidade e da impessoalidade na gestão pública, corrompendo e cooptando setores militares. Temos repetido diversas vezes: nenhum de nós estará a salvo enquanto Bolsonaro estiver no poder. Em sentido amplo, grande parte da sociedade já se deu conta disso. O movimento #ForaBolsonaro tem mobilizado centenas de sindicatos, coletivos, associações, partidos políticos dos mais diversos espectros políticos. Ele cresceu, mas ainda é insuficiente. E no último dia nacional de manifestações, 24 de julho, ficou patente que será necessário renovar as estratégias e encontrar caminhos para ampliar a participação da população. Uma resposta importante é a organização de uma grande frente para unir os servidores municipais, estaduais e federais em defesa do serviço público. Infelizmente, essa articulação sofre de problemas crônicos, que já há alguns anos temos identificado. Um discurso fechado, ultracorporativo, com pouco diálogo com a população e que vê na greve o único caminho de radicalização para a luta contra o governo federal nos levou a um crescente isolamento. Motivos para uma gigantesca greve geral temos de sobra. Mas isso não depende exclusivamente da nossa capacidade de promover belos discursos radicais. A construção e organização de um movimento dessa natureza requer uma articulação bastante complexa, e, principalmente, um alto grau de consciência coletiva acerca de sua necessidade e viabilidade. Ela não pode ser descartada, nem pode ser um fim em si mesma. E, menos ainda, motivo de desagregação e disputa fratricida. É com esse espírito que convocamos uma assembleia-ato no dia 18 de agosto. Vamos participar de modo unificado no ato às 16h, garantir o fortalecimento da luta contra a PEC e em defesa do serviço público.

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