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WhatsApp Image 2024 03 21 at 20.27.08 1EQUIPAMENTO é capaz de sequenciar genomas completos - Fotos: NupemA recente aquisição de um sequenciador genético de alta performance inseriu o Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (Nupem) da UFRJ, uma Unidade do Centro de Ciências da Saúde localizada no Campus Macaé, no Norte Fluminense, na vanguarda da pesquisa científica do país. O equipamento é capaz de fazer o sequenciamento de genomas completos, contribuindo para o avanço de pesquisas em diversas áreas, como estudos sobre doenças infecciosas, biodiversidade e meio ambiente.
Adquirido por meio de convênios com a Vale S.A. em projetos dos professores Rodrigo Nunes da Fonseca — que é diretor da AdUFRJ — e Mirella Pupo, o sequenciador P2 Solo, produzido pela empresa Oxford Nanopore, amplia o leque de pesquisas do Nupem. “O equipamento abre novas possibilidades para a Ciência, com impactos positivos na geração de conhecimento em benefício da sociedade e na formação acadêmica de alunos”, destaca o professor Rodrigo, doutor em Genética e Genômica Funcional pela Universidade de Colônia, na Alemanha, e pesquisador do Nupem desde 2009.

APLICAÇÕES
O Nupem já acumula experiência nas técnicas de sequenciamento. Durante a pandemia de covid-19, por exemplo, os pesquisadores do instituto identificaram novas variantes do SARS-CoV-2 na região de Macaé, contribuindo para o combate à doença. A tecnologia também vem sendo aplicada para estudar a biodiversidade de Macaé, identificando espécies ameaçadas de extinção e dando suporte a estratégias de conservação. A questão do abastecimento de água é um bom exemplo.
“O sequenciador é importante em um contexto em que temos cada vez menos água disponível para consumo na região de Macaé. Com as atividades agropecuárias que exigem água ao longo do trajeto do Rio Macaé, bem como a instalação de usinas termelétricas, que também utilizam água, cada vez temos menos água para a população. Métodos eficazes e rápidos para identificação de bactérias contaminantes como Shigella, Salmonella, Campylobacter, Escherichia coli, Vibrio e Yersinia permitem emitir alertas às autoridades e determinar locais de contaminação”, exemplifica o professor Rodrigo.
Outro aspecto importante é que a um custo relativamente baixo, de 25 a 50 dólares por amostra, os pesquisadores conseguem investigar a água que vem pelo Rio Macaé desde Serra de Macaé até a Lagoa de Imboassica, uma das mais importantes da região. “Podemos acompanhar e ver onde estão os contaminantes em todo esse curso, quais são seus tipos, de onde são lançados. É possível ver se há coliformes fecais, por exemplo, e recomendar se aquela água está ou não própria para consumo ou banho. Ao fazer o sequenciamento em amostras que colhemos no ambiente não apenas identificamos as bactérias presentes na água, mas também os vírus que podem causar problemas de saúde aos seres humanos”, diz o professor.
O pesquisador explica que o novo equipamento é bem mais potente que os tradicionais. “Tradicionalmente, os sequenciadores de DNA conseguem obter a sequência de 700 a 1.000 letras. Como esse novo sequenciador, nós conseguimos ter até 200 mil letras em sequência. Isso permite com a gente consiga a sequência completa do DNA dos organismos”.

REFERÊNCIA
Para o tecnólogo Bruno Rodrigues, que coordena a Unidade Integrada de Genômica Funcional do Nupem, ao lado do professor Rodrigo Fonseca, o novo equipamento trouxe mais qualidade para o desenvolvimento de pesquisas. “O principal avanço é a escala de informações geradas. Com o novo sequenciador, somos capazes de gerar acima de 100 vezes mais informações do que antes. Isto possibilita a diminuição do custo financeiro por bases geradas, e a ampliação das possibilidades experimentais, que conseguem atender a qualquer demanda de geração de dados”, diz ele.
Bruno destaca também que o novo equipamento ampliou a participação de pesquisadores no Nupem. “A unidade está cada vez mais se consolidando como referência nacional. Nela, são desenvolvidas pesquisas de ponta, além de atrair pesquisadores de diferentes localidades em busca de colaborações e aquisição de conhecimento em técnicas modernas”.
Pura verdade. O biólogo Thiago Motta Venancio é um bom exemplo. Doutor em Bioinformática pela USP e professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, ele vem desenvolvendo uma pesquisa sobre o sequenciamento genômico de bactérias promotoras do crescimento vegetal. “O novo instrumento instalado nas dependências do Nupem aumenta consideravelmente a qualidade dos genomas sequenciados ao permitir a montagem de fragmentos de DNA maiores, chegando a genomas completos em alguns casos. E isto é essencial em diversos projetos, permitindo a investigação de problemas biológicos complexos. Sem sombra de dúvidas, é um grande avanço para o Norte Fluminense”, comemora o professor.
Para a bióloga Joana Figueiredo Morais, doutoranda em Biologia Comparada na USP-Ribeirão Preto, o equipamento tem sido fundamental na pesquisa que desenvolve sob orientação da professora Tiana Kohlsdorf. “A pesquisa trata da evolução e desenvolvimento dos autopódios em lagartos microteídeos, que é a parte final dos pés e mãos, observando principalmente a perda de ossos nos pés desses animais. Tento entender por que durante o desenvolvimento dessas espécies houve a não formação ou a má formação dos membros. E para isso a base é a genética. Eu tenho que tentar identificar os genes que estão modificados e que têm relação com a formação dos membros quando os lagartos são ainda embriões. O equipamento do Nupem permite a identificação de fragmentos ultralongos, o que facilita a montagem do genoma. É uma mudança de paradigma que a gente tem na Biologia Molecular”, observa a pesquisadora.

Inspirada na diversidade e na pluralidade dos campi da UFRJ, a ADUFRJ lançou campanha de sindicalização. O material inclui pasta e caderno. A identidade visual é assinada pelo designer André Hippertt. Os novos sindicalizados em início de carreira não pagam a taxa mensal durante dois anos.WhatsApp Image 2024 03 19 at 07.51.22

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Reunião de desdobramento da III Conferência Regional de Educação Superior da América Latina e Caribe (CRES), ocorrida há cinco anos em Córdoba, na Argentina, a CRES+5 debateu os avanços e os principais entraves ao desenvolvimento do ensino superior na região, em encontro de 13 a 15 de março, em Brasília. Temas como autonomia, integração, diversidade e condições de trabalho foram abordados por mais de dois mil especialistas em 12 eixos de discussão. O evento foi organizado pela Capes e pela Secretaria de Educação Superior (Sesu) do MEC, em parceria com o Instituto Internacional para a Educação Superior na América Latina e no Caribe (IESALC), a Unesco e o Espaço Latino-Americano e Caribenho de Educação Superior (Enlaces).

Ao abrir o encontro, o ministro da Educação, Camilo Santana, destacou os avanços iniciados há duas décadas, desde que o “governo começou esforços para interiorizar as universidades” e que hoje podem ser verificados no acesso de mais estudantes ao ensino superior. Já a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, lembrou o papel predominante que o conhecimento científico tem no combate a problemas como mudanças climáticas, guerras e insegurança alimentar, “que não reconhecem fronteiras e só serão solucionados com ciência, tecnologia e inovação”.

A mesa de abertura contou com a participação da diretora da Unesco no Brasil, Marlova Noleto, que qualificou a educação como “o mais importante dos direitos, algo transversal, pelo qual podemos garantir acesso a todos os outros direitos”. Também participaram da mesa de abertura a professora Denise Pires de Carvalho, presidente da Capes, e o professor Alexandre Brasil, titular da Secretaria de Educação Superior do MEC, assim como Márcia Abrahão, presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Manuela Mirela, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e Vinicius Soares, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG). A próxima CRES está prevista para 2028.

No encontro, o ministro Camilo Santana anunciou a criação de dois programas por meio da Capes. O primeiro, com o Grupo Montevideu, com mais de R$ 100 milhões para projetos de pesquisa com mobilidade acadêmica entre os países participantes. O segundo, chamado Mova La America, oferecerá 500 bolsas de mestrado e doutorado para estágios de pós-graduação em instituições brasileiras, com recursos de R$ 20 milhões.

Um dos pontos altos do encontro foi a conferência da professora Nilma Lino Gomes, da Faculdade de Educação da UFMG e ex-ministra das Mulheres. Com o tema “Diversidade étnico racial e a educação superior no contexto de integração dos países da AL e Caribe”, a professora brindou a plateia com uma análise de conjuntura em que defendeu “uma integração emancipatória” de povos tradicionais da região (veja abaixo trechos da fala da professora).

Participante do encontro, a presidenta da AdUFRJ, professora Mayra Goulart, disse que a conferência da professora Nilma “ressaltou a importância do papel civilizatório desempenhado pelo atual governo, em termos de conter o avanço da extrema direita e permitir a continuidade desse processo de inclusão”. Mayra aproveitou o evento para debater as condições de trabalho e salário docentes com representantes da UNE, da ANPG e com professores de diversas universidades.

Depoimento I Nilma Lino Gomes, professora da Faculdade de Educação da UFMG

"Precisamos retomar e apoiar com força governos progressistas”

“Nossos currículos se inspiram muito mais no formato e em realidades europeias, estadunidenses em alguns casos, do que em nossas próprias histórias e realidades locais, com foco nas nossas populações indígenas, afro-americanas, afro-latino-americanas. Mas não só os currículos. Também nas nossas categorias de análise como pesquisadores, nas nossas metodologias de pesquisa. Nos conceitos com os quais nós interpretamos a realidade latino-americana, caribenha e do mundo”.

“Qual integração nós queremos? Eu entendo que essa integração tem que ser emancipatória. E para isso ela deverá não só privilegiar a inclusão dos grupos, dos países, das culturas e dos coletivos nas estruturas econômicas, políticas, educacionais e de poder, historicamente hegemônicas. Mas também indagar essas próprias estruturas, percebendo nelas ausências, lacunas, invisibilizações, sub-representações justamente de povos e culturas que precisam ressignificar nosso pensamento e nossas práticas”.

“No atual contexto da América Latina e do Caribe temos assistido ao crescimento de mobilizações conservadoras e reacionárias na sociedade civil. Que ao invés de instigar as organizações a avançarem, muito ao contrário, querem é retirar aquilo que nós já construímos de avanço emancipatório dentro das instituições democráticas, em especial da educação superior. Essa é uma realidade tensa que vivemos, não só no Brasil, mas em outros países da América Latina e do Caribe. E isso é novo para nós. Há necessidade, nesse momento, de um fortalecimento das frentes que lutam por uma integração emancipatória latino-americana e caribenha”.

“Muitas vezes os grupos conservadores e reacionários usam também o discurso da integração. Mas o fazem na tentativa de enganar os menos atentos. Trata-se de um discurso falacioso, pois o que propõe é a dissolução dos laços de solidariedade, o individualismo, o fundamentalismo de mercado. No caso do Brasil, também o fundamentalismo religioso. Há também uma tentativa de neutralização do debate, de perseguição de lideranças, de movimentos sociais”.

“Precisamos retomar e apoiar com força governos progressistas, pois foi a ascensão desses governos, particularmente na América do Sul, que deu grande impulso a outra perspectiva de integração regional”.

 

 

Por Renan Fernandes e Silvana Sá

"Estou vivendo um sonho! A UFRJ sempre foi minha primeira opção”, comemora Lucas Santos, calouro de Engenharia Química, curso que acolheu os novos alunos num auditório recém-pintado, decorado com um enorme painel fotográfico de boas-vindas, carteiras novas e limpeza impecável.

Lucas é um dos quatro mil e duzentos estudantes que, na manhã da segunda-feira 18, inauguraram sua trajetória na maior universidade federal do país. Castigada por um crise orçamentária voltuosa, a centenária instituição de Minerva se divide entre a alegria de recomeçar o semestre e a dificuldade para permancer funcionando.

Semana passada, faltou água durante quatro dias no CCS, um hacker derrubou a internet do Fundão e diretores de Unidade lamentaram no Conselho Universitário a falta de docentes - caso, por exemplo, da Faculdade de Direito com 17 professores a menos e do Colégio de Aplicação que iniciou o ano sem 28 professores de diversas disciplinas e 15 docentes da Educação Especial.

Ainda que o rosário de problemas se multiplique, professores e estudantes se desdobram para recomeçar o semestre. Há aulas magnas, palestras, cursos, ciclos de debates e atividades culturais. Uma programação pujante e diversa, como a UFRJ merece ser. “Infelizmente, as dificuldades não são de hoje, se perpetuam há anos”, destaca o professor Rodrigo Fonseca, diretor da AdUFRJ. “No entanto, não podemos deixar que esses problemas nos impeçam de receber com emoção e vontade nossos novos alunos, pois eles são nosso esteio, nosso futuro”, afirma o docente.

 

BEM-VIND@S À MAIOR FEDERAL DO BRASIL

"Estamos prontos para receber a comunidade acadêmica neste início de semestre letivo. Os técnicos-administrativos estão em greve, mas há um rodízio. Eles estão sendo muito colaborativos. A greve desses profissionais é legítima. Estamos trabalhando para que não haja nenhuma intercorrência. Eventualmente é possível que tenhamos falta de pessoas para abrir algumas salas de aula. Essa é uma preocupação sobretudo com os cursos noturnos, mas estamos atuando para que esse problema não ocorra.
Nossa infraestrutura está dentro do nosso padrão normal. O maior problema era uma grande colméia de abelhas que foi retirada porque representava um risco para os estudantes. Fizemos com recursos próprios com contratação emergencial de uma empresa especializada. A nossa brigada está funcionando perfeitamente e desde que foi instalada não tivemos qualquer problema relacionado a curtos ou princípios de incêndio. Há um trabalho preventivo bastante eficiente em curso. Estamos felizes em recomeçar o ano.”

Josefino Cabral Lima
Decano do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza

 

"Qualquer ambiente de trabalho precisa oferecer acolhimento aos seus profissionais. Com a universidade não poderia ser diferente. Há especificidades do serviço público. É importante que o novo docente entre na universidade e se sinta pertencente a ela. É um ambiente construído por todos nós. O novo professor é importante, constrói junto a instituição. É preciso, portanto, de orientação, de acolhida. O início do semestre é sempre um momento muito feliz pelo reencontro. As dificuldades são muitas e estão aprofundadas nesse momento de crise orçamentária, mas as pessoas não podem ser negligenciadas por nossas condições de trabalho.
Em relação aos estudantes, eles são nosso futuro e quando chegam, a universidade representa uma vida nova para eles. A graduação oferece muita liberdade para o aluno e cobra responsabilidade também. Então, é fundamental que a gente acolha e oriente esse novo estudante. Nesse sentido, é preciso fortalecer as COAAs (Comissão de Orientação e Acompanhamento Acadêmico). Eu lamento que a orientação acadêmica não seja abraçada por todos os docentes. Temos que trabalhar pelo futuro.”

Nedir do Espirito Santo
Vice-presidenta da AdUFRJ

 

NOVO BANDEJÃO NO BLOCO H DO CT
Foi inaugurado no dia 18 um novo restaurante universitário no bloco H do Centro de Tecnologia, no espaço ocupado pelo Burguesão até 2020. A cerimônia teve a presença da reitoria. Com 280 lugares, a unidade opera inicialmente com capacidade de servir 1.800 refeições por dia. O investimento em infraestrutura foi de R$ 1,95 milhão e de R$ 2 milhões na compra de equipamentos para a cozinha. A expectativa é reduzir as filas principalmente no horário do almoço.

MENSAGEM DE BOAS-VINDAS
A reitoria da universidade publicou uma nota de boas-vindas aos novos estudantes na segunda-feira, dia 18. “Ao Corpo social da UFRJ: O primeiro semestre do ano letivo de 2024 começa com muitos desafios mas com esperanças que venceremos as dificuldades uma a uma, com perseverança, união, compreensão e muito trabalho em equipe.
Sejam bem-vinda(o)s a nossa centenária Universidade Federal do Rio de Janeiro. Estamos aqui para acolhê-lo(a)s e acompanhá-lo(a)s durante toda a trajetória, que culminará em uma formação de excelência e serviço à população brasileira.”

CAPRICHO NA ESCOLA DE QUÍMICA
Corredores pintados, chão encerado, bebedouros novos e um lindo painel de boas-vindas para receber os calouros de 2024.1. A Escola de Química é um retrato de compromisso e zelo da universidade com os novos estudantes.

 

PROBLEMAS SE AVOLUMAM

"Iniciamos o ano letivo de 2024 sem o nosso quadro docente completo. (...)Nossas aulas começaram no dia 06 de fevereiro de 2024 com a falta de 28 professores de diferentes disciplinas e de 15 professores da Educação Especial.(...) O CAp atende cerca de 800 estudantes da Educação Infantil ao Ensino Médio e mais de 500 estudantes das diversas licenciaturas, em média (...) Temos também, hoje, cerca de 50 estudantes público-alvo da educação especial, crianças e adolescentes com deficiências, síndromes e/ou altas habilidades que precisam – e têm direito por lei – de acompanhamento específico. (...) Porém, atualmente, não estamos conseguindo assegurar esta atuação. No momento, contamos apenas com 6 docentes ligadas ao Núcleo de Educação Especial e Inclusiva do CAp. (...) A fim de minimizar a falta de docentes, tivemos que diminuir nosso horário de atendimento na Educação Infantil e no Ensino Fundamental Inicial. (...) Não temos sede própria até hoje; o prédio da Lagoa passa por graves problemas estruturais (...). Nossos estudantes da Educação infantil estão desalojados porque a sede Fundão está impedida de uso por conta de degradação em sua estrutura.”

Trechos de carta do CAp lida no Conselho Universitário. Veja a íntegra aqui.

 

"Minha angústia se intensificou nesta semana quando vi tanta vibração com a criação de cem institutos federais Brasil afora. Não que eu seja contra. Tem que expandir o ensino superior. Mas eu fiquei pensando: a gente não tem dinheiro para ir até julho. Os campi do Reuni (Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) vivem em condições precaríssimas e o governo federal vai criar mais instituto federal?
Minha expectativa era que viria um Reuni 2 com recursos para a consolidação dos campi, criação de novos cursos, desenvolvimento do que já foi construído no passado. Mas o que foi celebrado pelo MEC é uma ‘recomposição’ de R$ 250 milhões para as universidades federais. Segundo o que fiquei sabendo, para nós seriam R$ 5 milhões, que não dá para pagar um décimo do que os nossos terceirizados precisam receber para executar funções mínimas para o nosso funcionamento. A UFRJ precisa se posicionar frente ao MEC e exigir ao presidente da República os planos do governo para a nossa universidade. A gente vai terminar 2024 com dívida maior que o nosso orçamento, sem perspectiva de recomposição.

Juliany Rodrigues
Diretora do Campus Caxias em depoimento ao Consuni

 

CRISE DE INFRAESTRUTURA NO CCS
No Centro de Ciências da Saúde (CCS), os problemas de estrutura são antigos. A comunidade acadêmica convive com infiltrações e goteiras que impactam nas aulas e em laboratórios de pesquisa. Quedas de luz e no fornecimento de água são comuns. Recentemente, um rompimento de tubulação atingiu o Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho.
Em nota, o professor Luiz Eurico Nasciutti, decano do centro, falou sobre as dificuldades de administrar a unidade. “Estamos a cada dia enfrentando problemas muito sérios no CCS”. Nasciutti pediu compreensão e justificou os problemas na falta de recursos da universidade. “É muito importante que compreendam que a Decania não tem total controle de tudo que acontece, nem muito menos autonomia para tudo resolver”, alegou o decano.

IFCS AGUARDA ORÇAMENTO
O prédio do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), no Largo de São Francisco de Paula, é outra unidade que vive situação dramática. Depois de forte mobilização de docentes, técnicos e estudantes, a reforma da unidade foi definida pela reitoria como a “prioridade zero” para 2024.
Dois projetos executivos elaborados pelo Escritório Técnico da Universidade (ETU) aguardavam a liberação no IPHAN. Apenas a reforma elétrica do prédio está estimada em R$ 6 milhões. Ainda não é possível orçar o custo final das obras necessárias.
O professor Fernando Santoro, diretor da unidade, comemorou a autorização da reforma elétrica, mas destacou que ainda não existem recursos para o início dos trabalhos. “O IPHAN aprovou o projeto. Agora falta Brasília liberar a verba. Recebemos uma emenda parlamentar para 2025, do Deputado Glauber Braga, graças à mobilização estudantil. Mas continuamos nos esforços para realizar essa reforma neste ano”, disse Santoro.

REDES E INTERNET INTERMITENTES
A infraestrutura da rede de internet da UFRJ também está no centro do furacão. Sucateada, a área de Tecnologia da Informação da universidade carece de recursos para atualização e manutenção de equipamentos. A Superintendência Geral de Tecnologia da Informação e Comunicação (SGTIC) não possui sede própria desde o incêndio no Edifício Jorge Machado Moreira em 2016.
Na semana que antecedeu a volta às aulas, uma tentativa de invasão à rede da universidade deixou o serviço de internet instável no Fundão. A despeito da precarização das condições de trabalho oferecidas pela UFRJ, os técnicos da SGTIC trabalham para manter ativo o serviço para o funcionamento da universidade.

 

FALA, CALOUR@!

 

WhatsApp Image 2024 03 19 at 07.51.221Estou vivendo um sonho! A UFRJ sempre foi minha primeira opção. Cheguei a pensar em outras universidades, mas nenhuma delas fez meu coração bater tão forte como a UFRJ faz desde que eu era pequeno. No Pedro II, os professores falam bastante sobre a universidade pública e isso só alimentou o desejo de estar aqui. Sempre gostei muito de Química. Conversei com alguns conhecidos que cursaram engenharia, com meu orientador pedagógico. Comecei a pesquisar, vi as áreas de atuação e tomei minha decisão pela Engenharia Química. Minhas expectativas estão muito altas. Quero participar dos projetos incríveis da Escola de Química, conhecer pessoas de realidades diferentes e reaprender quem eu sou. Tenho certeza que a UFRJ vai me apresentar um mundo incrível.

Lucas Santos da Silva,
Engenharia Química

 

WhatsApp Image 2024 03 19 at 07.51.222Comecei a fazer acompanhamento com terapeuta aos oito anos, quando meus pais se divorciaram. Esse trabalho foi fundamental para eu entender todas as mudanças que estavam ocorrendo na minha vida. Desde então, nunca parei fazer terapia. Senti na pele o poder que o autoconhecimento tem. A ideia de cursar Psicologia começou quando minha psicóloga disse que eu não precisava ser uma única coisa na vida. Podemos mudar o tempo todo. Foi quando desisti do Direito e me permiti viver uma coisa que acredito muito. Sempre sonhei em vir para o Rio e estudar na UFRJ. Abri mão de estar próximo das pessoas que amo para viver esse sonho. Espero escrever uma história muito linda aqui.

Maria Luisa Fernandes da Silva,
Psicologia

 

WhatsApp Image 2024 03 19 at 07.51.223Estou muito feliz em passar para um dos melhores cursos de engenharia do Brasil.Mudei de ideia algumas vezes sobre o que estudar na faculdade. Engenharia Civil era um sonho quando tinha uns 13, 14 anos. Depois, coloquei na cabeça que queria fazer Medicina e passei a estudar para isso. Minha nota no ENEM não foi suficiente para Medicina, mas bastou para Civil. Então, abracei meu antigo sonho. Sou de Santo Antônio da Platina, no Paraná. Vim para o Rio de Janeiro cursar o Ensino Médio no Polo Educacional SESC. O fato de já estar habituado à cidade também influenciou minha escolha pela UFRJ.

Yan Siqueira Eleutério,
Engenharia Civil

 

WhatsApp Image 2024 03 19 at 07.51.23Sempre quis estudar engenharia. Escolhi a Nuclear a partir do contato com professores e com conteúdo científico. Só a USP e a UFRJ oferecem esse curso. Passei para as duas, mas escolhi a UFRJ pelo fato de o curso ser especializado e melhor estabelecido. A mudança não é novidade na minha vida. Venho duma cidadezinha no centro-oeste de Minas Gerais chamada Carmo da Mata. Já tinha me mudado sozinho para Divinópolis para fazer o Ensino Médio Técnico em Mecatrônica no CEFET-MG. Essa experiência em um ambiente acadêmico federal foi muito importante para mim. Tenho uma visão menos romantizada da universidade, mas estou bem animado para começar o curso.

Víctor Bernardes de Morais,
Engenharia Nuclear

 

WhatsApp Image 2024 03 19 at 07.51.231Ano passado, participei do projeto Conhecendo a UFRJ e isso foi muito importante. Ganhei uma placa escrito #EuQueroUFRJ e todo dia olhava para ela. Escolhi a Engenharia Ambiental para ter um lugar na construção de um futuro sustentável. Gostaria muito de fazer a diferença atuando nessa área. Resolvi que iria ser engenheira ainda muito pequena, quando estudei numa escola na Praia Vermelha que era do lado do Instituto Militar de Engenharia. Com o tempo, esse sonho esmoreceu e só reapareceu no ano do vestibular. Sei que é uma universidade com muitos problemas de estrutura, mas tenho certeza que é um lugar onde vou ter uma educação de qualidade a abrir caminho para oportunidades maravilhosas.

Marina Teixeira Maurício,
Engenharia Ambiental

 

WhatsApp Image 2024 03 19 at 07.51.232Sempre quis uma área que envolvesse criatividade e arte, mas nunca tive coragem, achava que não conseguiria me sustentar. Comecei a cursar Geografia na UFF em 2019, sem muita convicção. Em 2020, veio a pandemia, fiquei um ano sem aulas e passei a refletir se estava feliz. Um dia, assistindo ao filme Amor à Flor da Pele, do diretor Wong Kar-Wai, me apaixonei. Comecei a ter uma visão diferente sobre cinema. Pensar em todas as formas de expressar emoções e sentimentos.Estudei por conta própria ano passado e consegui passar para Rádio e TV. Hoje, com 24 anos, estou muito animada com essa nova fase na minha vida. Quero aproveitar de tudo um pouco da UFRJ, participar de projetos da universidade, conhecer o movimento estudantil. Dessa vez, vou viver o meu sonho.

Giovana Lino de Souza,
Rádio e TV

A diretoria da AdUFRJ reuniu seu Conselho de Representantes para iniciar o debate sobre a decisão tomada no 42º Congresso do Andes, que indicou a construção da greve ao longo do 1º semestre deste ano. Compareceram sete docentes presencialmente, incluindo duas da diretoria, e 26 em ambiente remoto.

Estão previstas outras duas reuniões do CR, nos dias 3 e 26 de abril. A diretoria da AdUFRJ enviará aos conselheiros um modelo de formulário que poderá ser encaminhado aos colegas (via Google Forms) sobre temas relacionados à mobilização e greve para ter, já no dia 3 de abril, um retrato mais aproximado do posicionamento dos professores da UFRJ. O calendário de mobilização também inclui a Marcha a Brasília, prevista para o dia 22 de maio. A diretoria esclarece que a agenda de mobilizações está em constante construção.

"Nosso objetivo hoje é abrir o processo de diálogo e escuta, além de ativar o Conselho de Representantes para acumular o debate nas unidades", explicou a presidenta da AdUFRJ, professora Mayra Goulart. A docente também fez um adendo sobre a situação particular da UFRJ. "As aulas na universidade só começam na próxima semana. Ainda temos muitos colegas de férias. A semana que vem será toda dedicada à recepção dos calouros e por isso pensamos em reunir novamente o CR em abril, para devolutivas".

A professora Nedir do Espirito Santo, vice-presidenta da AdUFRJ, acrescentou que a diretoria tem preocupação com a atual desmobilização dos professores e que uma greve só pode ser construída com expressiva participação docente. "A gente depende de um processo amplo de mobilização. Vamos atuar compartilhando as informações das unidades, imprimir materiais e jornais para que esse movimento aconteça".

DEBATE

Algumas docentes passaram informes sobre como está a percepção da greve nas suas unidades. A professora Lise Sedrez, do Instituto de História, contou que fez uma consulta remota aos colegas e que metade respondeu aos questionamentos. Desses, mais de 70% apoiam a construção de uma greve. Alguns se colocaram contrários à paralisação e outros desejavam a greve imediata. "Alguns questionamentos surgiram, como o que significa para a democracia termos um sindicato que não fez greve num governo autoritário e agora querer greve", apontou a docente. "As condições de trabalho estão ruins, não há dúvidas sobre as nossas perdas, há condições de saúde sérias e creio que essas condições mobilizem hoje muito mais do que o salário", sugeriu a professora.

A professora Maria Fernanda Elbert falou sobre a posição dos professores de sua unidade, o Instituto de Matemática. Segundo ela, 35% dos docentes  responderam à sua consulta sobre a greve. A maioria foi contrária, mas houve quem apoiasse a paralisação neste momento e quem preferisse a greve num outro momento. "Também houve alguns questionamentos sobre o esvaziamento da universidade. Menos de 50% dos alunos se matricularam na primeira chamada. Será que a greve não irá piorar esse quadro?".

Pela Faculdade Nacional de Direito falou a professora Eleonora Ceia. "O momento é oportuno (para a greve). O movimento dos técnicos é fortíssimo e conseguiu colocar mais de 500 pessoas em assembleia", apontou a professora, sobre a assembleia do Sintufrj, que deflagrou a greve na semana passada. "Nossa categoria é muito heterogênea e o reajuste impacta de diferentes formas os professores. Mas as condições de trabalho atingem a todos", falou, sugerindo que este fosse o tema central da mobilização.

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