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WhatsApp Image 2024 06 07 at 18.18.03 1fotos: Rochele ZandavalliRenan Fernandes

Quando o nível de transbordamento do Lago Guaíba ultrapassou a marca histórica de 4,76 metros da enchente de 1941 e atingiu os 5,3 metros, no último dia 5 de maio, a resiliência da comunidade acadêmica das universidades federais do Rio Grande Sul emergiu a serviço da sociedade. Professores, pesquisadores, técnicos e estudantes aplicaram conhecimento científico e trabalho braçal para auxiliar a população durante a calamidade das enchentes. Ações na região metropolitana de Porto Alegre buscaram a promoção do acolhimento aos desabrigados e o combate à desinformação.
O professor Eduardo Rolim de Oliveira, do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e tesoureiro da Adufrgs, recordou os primeiros dias de calamidade e o impacto do trabalho de pesquisadores. “No primeiro momento, muitos professores e alunos participaram como voluntários no resgate e na atenção aos desalojados. Levantamos dinheiro para as Cozinhas Solidárias e fizemos entregas de mantimentos nos abrigos. Com o passar dos dias, cientistas da universidade foram atores principais nos veículos de comunicação para orientar as pessoas e reduzir os danos provocados pelas chuvas”, lembrou.
Levantamento do Jornal da AdUFRJ apontou que o Jornal Nacional usou, entre os dias 7 de maio e 5 de junho, 23 entrevistas ou citações a estudos de professores e pesquisadores das universidades do estado para informar a população. O Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS ganhou destaque especial no telejornal. Ao todo, foram quatro entrevistas de docentes do instituto e dois estudos utilizados como fonte para infográficos. O apresentador William Bonner apresentou a edição do dia 14 de maio direto das instalações do IPH, localizado no campus Vale da universidade.
Desde o primeiro dia da enchente, as projeções de transbordamento do Guaíba divulgadas pelo IPH ganharam notoriedade. As simulações criadas pelos pesquisadores que já conhecem a região foram fonte de informação confiável em meio a um cenário de caos e desinformação. Os especialistas em modelagem hidrológica conseguiram prever o nível de subida da água com base nas previsões de chuvas e emitir boletins diários que auxiliaram a Defesa Civil. Outro grupo ficou concentrado em analisar o potencial de deslizamentos de terra no norte do estado.WhatsApp Image 2024 06 07 at 18.18.03
As análises das manchas de inundação produzidas pelos pesquisadores auxiliaram o poder público e a população na identificação de locais seguros. O professor Guilherme Marques é coordenador do Núcleo de Pesquisas em Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos, vinculado ao IPH, e representante da UFRGS no Comitê de Bacias do Rio Gravataí. “Ano passado, um aluno meu criou um mapa de inundação simulando a inexistência do muro de contenção no cais de Porto Alegre. A mancha projetada no estudo ajudou na evacuação de áreas da cidade nessa cheia”, disse.
Quando o nível da água começou a baixar, o empenho do professor foi direcionado para a prevenção de novas catástrofes. “Precisamos pensar na solução técnica do ponto de vista da Engenharia e também do ponto de vista institucional. Já havíamos constatado os problemas nos diques que falharam em São Leopoldo, mas o município não tinha dinheiro para bancar a obra”, analisou Marques.
“Nosso trabalho agora é sugerir instrumentos de gestão para que municípios e estado possam gerir em conjunto para evitar tragédias. Costumamos dizer que, quando se trata de cheias, a pior enchente é sempre a próxima”, concluiu.

CUIDADO MULTIDISCIPLINAR
WhatsApp Image 2024 06 07 at 18.18.02 3DivulgaçãoA UFRGS foi pouco atingida pelas inundações. Segundo a Secretaria de Comunicação da universidade, apenas o andar térreo da Escola de Administração (foto ao lado), localizada no Centro Histórico de Porto Alegre, sofreu alagamento, atingindo salas de aula, sala de informática e parte do acervo da biblioteca. Os prejuízos na unidade ainda estão sendo calculados.
A condição segura das estruturas da universidade permitiu a utilização do ginásio da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança (Esefid), no campus Olímpico, como abrigo aos desamparados. Nos primeiros dias da enchente, a unidade recebeu 600 pessoas que foram desalojadas pelas chuvas. Hoje, 250 pessoas seguem amparadas no espaço, com direito a quatro refeições por dia e acompanhamento multidisciplinar de docentes da UFRGS.
A professora Luciana Paiva, diretora da Esefid, chegou ao ginásio às sete horas da manhã dia 4 de maio e começou a organizar os voluntários em setores para administrar o abrigo. “Foi tudo muito rápido. Muita gente chegou querendo ajudar, mas de forma desorganizada. Montamos uma escala para os voluntários, designamos funções específicas, como controle de acesso, separação de doações, cuidados com saúde, lazer, higiene, alimentação. Ao todo, dividimos os voluntários em 18 setores”, contou.
Os professores da unidade lançaram um projeto chamado “Movimento Esefid”. O trabalho une os três cursos da Escola para o desenvolvimento de atividades para os desabrigados e aproximar o conhecimento produzido na universidade da comunidade. “O objetivo é atender às necessidades específicas de cada um que passa por aqui, promover lazer e bem-estar. E também cuidar de quem cuida, com atenção à saúde mental dos voluntários”, exaltou a docente.
As necessidades do abrigo demandam conhecimentos de diferentes unidades da UFRGS. Professores e estudantes de Medicina, Enfermagem, Odontologia, Nutrição, Farmácia e Fonoaudiologia formaram uma equipe de saúde para atender às pessoas. Uma força-tarefa do Instituto de Psicologia, Serviço Social e Comunicação Humana prestou suporte psicossocial. Além dos humanos, 70 animais também passaram pelo ginásio e receberam cuidados emergenciais da comunidade da Faculdade de Veterinária.
Outras atividades reuniram a comunidade acadêmica para ajudar a sociedade. A Escola de Engenharia divulgou projeto para auxiliar no reparo de eletrodomésticos e instalações elétricas. Alunos e professores da Faculdade de Arquitetura montaram 5 mil rodos desenvolvidos para a remoção de lama e doaram à população. Estudantes da Escola de Administração desenvolveram um guia para ajudar aos desabrigados no processo burocrático de solicitação de auxílios governamentais.

VOLTA ÀS AULAS
Todas as atividades acadêmicas na UFRGS estão paralisadas até o dia 15 de junho. A universidade discute alternativas pedagógicas para o retorno como forma de evitar atrasos no calendário. O professor Eduardo Rolim de Oliveira traçou um panorama dos estudantes de Química como exemplo das dificuldades que impedem o retorno às atividades. “Temos cerca de 40% de alunos que moram fora de Porto Alegre, na região metropolitana. Quem mora em Canoas ou São Leopoldo, por exemplo, ainda tem dificuldade no acesso à capital porque precisam atravessar os rios”, explicou.

rodrigofRodrigo Nunes da Fonseca
Prof. Associado da UFRJ,
Diretor do NUPEM 2014-2022

 

 


O Nupem chegou à maturidade. No dia 5 de maio, comemoramos os 30 anos da primeira Unidade Acadêmica da UFRJ fora da sede. Em três décadas, ele mudou de cara, de tamanho e de nome. Hoje chama-se Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade, mas conserva a utopia que nos tirou de casa no Fundão e nos trouxe até aqui – o sonho de fazer ciência com excelência no Norte Fluminense.WhatsApp Image 2024 06 07 at 18.18.02 1Fotos: divulgação
Tenho um imenso orgulho de integrar a equipe de docentes do Nupem desde 2009, e de maneira rápida, gostaria de mostrar nesse artigo como nos transformamos numa referência bem-sucedida de interiorização da UFRJ e um exemplo para o país. Parece-me que chave é simples e profunda: desde o início nos desdobramos para erguer pontes entre a academia e a sociedade.
Somos um modelo de construção coletiva de uma Unidade Acadêmica a ser replicado pelo país, em que o amor e a dedicação diária dos docentes, alunos, técnico-administrativos e membros da comunidade tem feito a diferença numa das regiões mais impactadas por uma atividade extrativista como a do petróleo.
A origem do NUPEM/UFRJ remonta a 1980, quando o grupo de pesquisa do professor Francisco Esteves estudava a ecologia das lagoas costeiras do Norte Fluminense. Em 1995, estabeleceu sua primeira sede em Macaé num galpão de ração cedido pela Prefeitura local.
Ali, Reinaldo Bozelli e Deia Maria junto com dezenas de alunos da UFRJ lecionaram cursos de educação ambiental entre 1995 e 2006 para professores e alunos das escolas públicas de Macaé e região, numa época em que a palavra extensão nem existia no dia a dia da UFRJ. Muitos desses alunos são hoje professores universitários e analistas ambientais das prefeituras do entorno, do IBAMA e ICMBIO.
Assim, ao contrário de muitas faculdades e institutos da UFRJ em que a criação de uma unidade acadêmica começou pelo ensino, o NUPEM nasceu pela pesquisa e pela extensão.
Há outro dado emblemático e que revela nosso pioneirismo. Antes mesmo do programa REUNI, a UFRJ já tinha o seu embrião da interiorização bem estruturado e conectado com a população de Macaé. Essa sintonia com os macaenses foi rapidamente acolhida pela Prefeitura da cidade que, em 2006, construiu nossa sede com laboratórios didáticos e de pesquisa, alojamento para visitantes e uma biblioteca.
Essa biblioteca leva o nome de Aloisio Teixeira — merecida homenagem ao reitor que cedeu as 13 primeiras vagas docentes de sua reserva técnica para o surgimento do primeiro curso de licenciatura em Ciências Biológicas da UFRJ fora do Rio. Todo esse sucesso levou, em 2006, ao reconhecimento do NUPEM como um Órgão Suplementar do Centro de Ciências da Saúde.WhatsApp Image 2024 06 07 at 18.18.02 2
E assim, fomos abrindo caminho para novos cursos de Graduação em Macaé, como o Bacharelado em Ciências Biológicas, com ênfase em Meio Ambiente e Biotecnologia, criado em 2013. Seguindo o exemplo do NUPEM, nove cursos de Graduação foram estabelecidos no Centro Multidisciplinar de Macaé.

PÓS-GRADUAÇÃO
É importante mencionar que uma fração expressiva dos atuais professores e técnicos administrativos destes Institutos de Macaé realizaram suas pós-graduações em cursos estabelecidos no NUPEM/UFRJ.
Quatro programas de pós-graduação foram estabelecidos ao longo dos anos a partir de muitas parcerias com o Centro de Ciências da Saúde, como o PPG-Ciências Ambientais e Conservação, o PPG-Ambiente, Sociedade e Desenvolvimento, o PPG-Multicêntrico em Ciências Fisiológicas e PPG-Educação em Ciências e Saúde, estes dois últimos cursos em Associação com a Sociedade Brasileira de Fisiologia e com o Instituto NUTES-CCS, respectivamente.
Assim, o NUPEM local tradicional das ciências ambientais tem se transformado cada vez mais numa unidade multidisciplinar, englobando a tríade meio ambiente, saúde e educação, no conceito de saúde única, um dos pilares do desenvolvimento sustentável atual (https://www.nature.com/articles/s41564-022-01076-1).
Dentro desse contexto de Saúde, o NUPEM/UFRJ foi recentemente protagonista durante a pandemia de COVID-19. Ajudamos Macaé a se transformar numa das melhores cidades do país no combate ao SARS-Cov2, mas também gerando publicações científicas em uma parceria com a Prefeitura de Macaé, Ministério Público Federal e do Trabalho, FAPERJ, Unimed e diversas empresas Off-Shore. Os mais de R$ 8 milhões obtidos em equipamentos, obras e bolsas levaram à construção do Laboratório Integrado de Doenças Negligenciadas, onde pesquisas inovadoras em COVID longa, coordenadas pela diretora Cintia Monteiro de Barros, têm sido publicadas em revistas internacionais de destaque.
Por último, é importante destacar o protagonismo do NUPEM/UFRJ na Educação de Macaé, a partir de diferentes projetos com o Centro de Formação Professora Carolina Garcia e diversas Escolas de Macaé. O Fórum do Norte Fluminense de Educação em Ciências tem se transformado num ponto de encontro e de discussões dos diversos projetos Universidade-Escolas.
Assim, o sucesso do NUPEM/UFRJ é uma lição para os pessimistas de plantão que não acreditavam na interiorização da ciência no Estado do Rio de Janeiro. Todo este sucesso somente tem sido alcançado a partir de ações coletivas envolvendo não somente o corpo social do NUPEM/UFRJ, mas também a população de Macaé e região. Espero que tenhamos sucesso e possamos contribuir na construção de uma Macaé sustentável, socialmente referenciada e com igualdade de oportunidades.
Vida longa ao NUPEM/UFRJ!

 

WhatsApp Image 2024 05 24 at 19.08.34 2Ainda não há balanço oficial do Comando Nacional de Greve (CNG) do Andes, mas um levantamento feito pelo Jornal da AdUFRJ mostra que a maioria das instituições federais de ensino rejeitou a proposta feita pelo governo. O CNG recomendou a recusa da proposta às seções sindicais. Ao contrário do Andes, o Proifes defendeu a proposta e algumas universidades ligadas a ele, caso de parte da UFRGS, já disseram sim.
Em texto postado nas redes sociais do Andes, o CNG justifica a recomendação de não aceite: “A proposta apresentada pelo governo está muito longe de recompor as perdas salariais sofridas nos últimos anos e desestrutura ainda mais a carreira do magistério federal, apostando na fragmentação das categorias da educação federal em greve e silenciando sobre o estabelecimento de uma agenda de reestruturação rumo à uma carreira única no magistério federal”, diz o texto.
Na direção oposta ao Proifes, que apresentou ao governo propostas específicas de reestruturação das carreiras do magistério superior e do EBTT, o Andes defende a adoção de uma carreira única de “docente federal”, reunindo os dois segmentos.

PRÓS E CONTRAS
Os docentes da Federal de Juiz de Fora e do Instituto Federal Sudeste (IF Sudeste), em greve desde 15 de abril, refutaram o acordo sugerido pelo governo em assembleia da Associação dos Professores do Ensino Superior de Juiz de Fora (Apes), na sexta-feira (17). Uma nova assembleia marcada para esta quinta-feira (23) definiria pontos de contraproposta a ser encaminhada ao Comando Local de Greve, embora o governo já tenha sinalizado que não há margem para novas negociações (veja matéria abaixo).WhatsApp Image 2024 05 24 at 19.07.05
Esse tem sido o protocolo seguido por várias seções sindicais da base do Andes. Foi assim que professores e professoras da UFRRJ, reunidos em assembleia em 21 de maio, rejeitaram a proposta do governo e aprovaram indicativo de greve a partir desta quinta-feira (23). Eles também aprovaram uma contraproposta. Da mesma forma, os docentes da Federal do Maranhão e da Unifesp rejeitaram a proposta na segunda-feira (20), e os da UnB e da Federal de Alagoas na quarta-feira (22). No próximo sábado (25), às 9h, o CNG se reunirá para avaliação da rodada das assembleias.
Na contramão do CNG do Andes, o Proifes reconheceu vários pontos positivos na proposta do governo, em reunião de avaliação de seu Conselho Deliberativo, no dia 16 de maio. “Em termos nominais, a categoria docente terá reajustes entre 28,20% (titular) e 43,0% (nova carreira de entrada) e, considerada uma inflação projetada de 16,36%, os ganhos reais, acima da inflação, vão variar entre 10,20% (titular) e 22,90% (carreira de entrada). Se considerado o miolo da carreira, o docente C/DIII (MS/EBTT) 4, terá um reajuste real de 9,3% e o docente D/DIV (MS/EBTT) 4 terá um reajuste real de 10,2%”, observa o Proifes.
Em assembleia realizada na segunda-feira (20), filiados e filiadas da ADUFRGS-Sindical da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e Instituto Federal Sul-riograndense (IF Sul) decidiram aprovar a proposta do governo com cerca de 80% dos votos pelo aceite. A ADUFRGS-Sindical é da base do Proifes.
Também da base do Proifes, a APUFSC fez processo eletrônico de votação de 21 a 24 de maio. Por 767 votos a 717, os professores aceitaram a proposta do governo. Em greve desde o dia 7 de maio, os docentes decidiram também encerrar o movimento paredista. Votaram, no total, 1.505 pessoas.

ufrjminervaArtur Moês (CCS/UFRJ)O Conselho Universitário desta quinta-feira (6) aprovou a matriz para distribuição do orçamento participativo da UFRJ para este ano de 2024. Os conselheiros optaram pelo parecer de vistas do professor Carlos Frederico Leão Rocha, diretor do Instituto de Economia.

A matriz que será usada para a distribuição dos recursos repete os valores de 2023, mas acrescenta orçamento aos campi de Caxias e de Macaé. Para Duque de Caxias haverá aumento de R$ 23,3 mil. Já para o Centro Multidisciplinar, o aumento é de R$ 39.47 mil. O valor total a ser distribuído entre todas as decanias e unidades passa, portanto, de R$ 12.904.773 para R$ 12.991.853,95. O incremento total é de R$ 87,08 mil. Ficou estabelecido, ainda, o compromisso de o Conselho Universitário se debruçar sobre uma nova matriz orçamentária para distribuição de recursos do orçamento participativo a partir de 2025.

Apesar do avanço, houve protesto dos professores de Macaé em relação a todas as propostas que entraram em discussão. Nenhum dos pareceres considerou aportar recursos separadamente para os institutos que compõem o campus. “O centro é visto apenas como uma unidade simples e o valor fica restrito apenas à decania”, criticou o professor Habib Montoya. Todas as demais decanias têm recursos destinados separadamente para os centros e para as unidades.

O debate já estava atrasado. Em março houve a apresentação da primeira proposta, mas o tema foi retirado de pauta por pedidos de vistas diversos. A crítica, àquela altura, era que a planilha apresentada pela reitoria não refletia as discussões feitas nos centros da universidade.

O parecer inicial foi do professor Cabral Lima, integrante da Comissão de Desenvolvimento e decano do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza. “Estamos nos debruçando sobre a distribuição da escassez”, lamentou o decano, cujo parecer repetia a fórmula apresentada em março. O cálculo levava em consideração um peso de 70% para a graduação na distribuição dos recursos, de 15% para a pós-graduação stricto sensu, de 10% para os hospitais e de 5% para a extensão. A justificativa é que a graduação tem menos mecanismos de conseguir outras fontes de recursos. Ainda assim, unidades com grande número de estudantes, como é o caso da Escola Politécnica, perderiam recursos. Havia, ainda, previsão de perda total de 8% em relação ao orçamento participativo do ano anterior.

Outro parecer apresentado e defendido pelos professores do Centro de Tecnologia pedia mais 15 dias para a formulação de propostas das unidades para a distribuição dos recursos de 2024. O ponto sensível é que a formulação original da Comissão de Desenvolvimento reduzia em 50% o valor destinado às unidades do CT em relação a 2023. O parecer pedia também a liberação de recursos contingenciados ao longo do ano sempre “de acordo com a participação percentual das unidades no orçamento participativo”, de acordo com o autor, professor Fernando Castro Pinto. O parecer, no entanto, não foi aprovado.

WhatsApp Image 2024 05 24 at 19.08.34Vista do HUCFF - Foto: Fernando SouzaFalta pouco para a UFRJ aderir à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A cerimônia de assinatura do contrato chegou a ser marcada para esta sexta-feira (24), com direito à presença do ministro da Educação, Camilo Santana, em Brasília. De última hora, no entanto, acabou adiada.
O reitor Roberto Medronho explicou a mudança: “Vários parlamentares da bancada do Rio desejam participar da cerimônia, o que muito nos orgulha. É um prestígio do Poder Legislativo em relação à UFRJ. Eles solicitaram que fosse feita em outro dia”, disse. “O ministro, sensível ao pedido dos parlamentares, adiou para data a ser definida, mas será muito em breve”, completou.
Tão em breve que já está engatilhada a nomeação da cúpula administrativa da empresa na universidade. Todos os nomes, indicados pela reitoria, foram referendados pela Ebserh. O professor Amâncio Paulino Carvalho, do IESC, será o superintendente geral. Marcelo Land, do IPPMG, será o responsável pela superintendência de ensino e pesquisa. Já o professor Paulo Xavier de Mendonça, também do IESC, assumirá a superintendência administrativa. “No dia que assinarmos o contrato, serão imediatamente nomeados”, afirmou Medronho.
Os atuais diretores das três unidades (Hospital Universitário Clementino Fraga Filho; Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira; e Maternidade Escola) que serão geridas pela Ebserh mantêm seus cargos e também serão nomeados dentro da nova estrutura como superintendentes executivos. No HU, professor Marcos Freire; na Maternidade Escola, professor Joffre Amim Jr; e no IPPMG, professor Giuseppe Pastura.
“Como sempre falamos, não virá uma estrutura de fora. A Ebserh é uma forma de gestão, proposta pelo governo Lula e sancionada durante o governo Dilma”, afirmou o reitor. “E, como está escrito na lei e no contrato, será preservada a autonomia universitária. É um preceito constitucional que nenhuma lei pode ferir”, completou.

ALÍVIO NO COFRE
A expectativa da reitoria com o contrato é tirar as unidades de saúde da atual crise financeira e de pessoal. E, por outro, aliviar o cofre geral da instituição, graças à transferência das despesas dos hospitais para a empresa. “O contrato prevê um processo de transição durante um ano, a partir da assinatura. Os impactos poderão ser medidos, mas não de forma imediata”, diz Medronho.
Um dos impactos deverá ser a contratação de mais de mil profissionais, ao longo dos próximos meses, com uma parte deles substituindo os atuais extraquadros — funcionários com vínculo trabalhista precário que atuam no Complexo Hospitalar da UFRJ. Hoje, a universidade gasta cerca de R$ 26,5 milhões anuais com os salários do grupo. “Incluindo os extraquadros, gastamos com estas três unidades entre R$ 60 milhões e R$ 70 milhões”, informa Medronho. Os valores, que serão assumidos pela Ebserh, poderão ser liberados para outras despesas da instituição.

ESPERANÇA
“É uma luz no fim do túnel”, reforçou o diretor do HU, professor Marcos Freire. “Essa adesão trará investimentos tanto em recursos humanos como em estrutura e equipamentos”.
“Assinando, já há uma meta para os cem primeiros dias de aumentar 14 leitos de CTI e 12 leitos de serviço cirúrgico só para o HU”, antecipou. “Para um ano, a meta é chegar a 315 leitos no hospital. Hoje, são 180”.
Também já está aprovada junto à prefeitura da cidade — gestora do Sistema Único de Saúde — uma reserva de mais R$ 27 milhões para aumentar o teto anual de gastos com os atendimentos dos três hospitais. “Isso dará mais R$ 2,1 milhões mensais para as três unidades, sendo R$ 1,4 milhão para o HU”, explicou Freire.

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