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sala de aulaFoto: Agência BrasilO Complexo de Formação de Professores da UFRJ emitiu nota em que defende a revogação da Resolução 02/2019 do Conselho Nacional de Educação. Elaborada durante a gestão Bolsonaro, a norma ignora todo acúmulo acadêmico acerca do processo de formação inicial e continuada de professores e retira o protagonismo das universidades públicas na formação continuada dos docentes da educação básica. A nota pede, ainda, o retorno da vigência da Resolução 2/2015 do CNE.
Para a coordenadora do Complexo, professora Carmen Teresa Gabriel, essa legislação é autoritária. “Foi uma decisão arbitrária. Não houve avaliação da resolução de 2015 que justificasse essa legislação de 2019”, diz. “A resolução nega por completo todo o acúmulo de discussões e todos os professores e pesquisadores envolvidos no campo da formação de professores”, critica.
O Complexo de Formação de Professores foi institucionalizado em 2017, já sob a vigência da Resolução 2/2015, que detalha com cuidado o papel das universidades na formação continuada dos professores, os critérios para esta formação, além de diretrizes e princípios que atrelam universidade e escola. O documento valoriza, ainda, a participação do professor na elaboração do projeto político-pedagógico escolar. “O Complexo, quando emerge na UFRJ, surge já com os princípios de 2015, para trabalhar a formação de professores das escolas públicas de forma ampla”.
Já a resolução de 2019, ainda em vigor, não só diminui as diretrizes formativas do professor da educação básica, como o transforma em mero reprodutor de conhecimento. “Neste documento não há clareza sobre o papel da universidade na formação de professores, além de reduzir essa formação a uma mera aplicação de reforma curricular”, critica Carmen Teresa. “É uma visão tecnicista que reduz muito o papel docente e é muito combatida no campo da Educação. Professor não é apenas um técnico que aplica conhecimento, mas que constrói conhecimento”.
Para a docente, a resolução de 2019 abre mais espaço à privatização na formação dos professores da educação básica, contribuindo para a desqualificação dessa formação. “Infelizmente, vivemos esse momento de proliferação de muitos locais duvidosos de formação docente. É uma resolução desrespeitosa, que nega todo o aprendizado e produções acumuladas pelos mais interessados da área”.
O documento do CNE estipula um prazo de até três anos para “adequação das competências profissionais docentes” para as universidades que já tinham implementado a resolução de 2015 e afirma que os licenciandos que iniciaram os estudos sob orientação da resolução de 2015 têm o direito assegurado de manter o currículo inalterado.
No fim de 2023, uma minuta do que seria uma nova resolução para tratar da formação de professores da educação básica passou a ser o mais recente alvo de críticas. “Ainda nos debruçaremos mais detalhadamente sobre este documento, mas, em princípio, é uma colcha de retalhos que não nos desloca do lugar de defesa da resolução de 2015. Ela, para nós, é a que traduz melhor o que é a formação de professores”, explica a especialista. “É claro que temos mais espaço neste governo para tratar destes temas, mas não é uma luta fácil, pois há muitos interesses envolvidos no campo da educação. Ainda há bastantes desafios a serem enfrentados”, justifica a professora. “Qual a relação público-privado, quais as diretrizes da formação de professores, qual o espaço para essa formação? Tudo isso está em disputa”.

WhatsApp Image 2024 01 11 at 19.38.14 1Foto: Diego Mendes/Arquivo AdUFRJEm pouco mais de um dia do final de dezembro, 22 pessoas físicas e jurídicas doaram R$ 31,3 mil para a reconstrução do Museu Nacional. Em contrapartida, os benfeitores poderão deduzir parte dos valores na declaração de imposto deste ano. A campanha, de curtíssima duração e em meio às festas de fim de ano, foi considerada um sucesso pelos organizadores e deverá ser ampliada para 2024.
“A gente quis fazer uma experiência em um período pequeno para avaliar o potencial de doadores para a reconstrução do Museu. A campanha começou no dia 28 de manhã e terminou no dia 29, às 11h. Foi bem expressivo”, comemora a presidente da Sociedade dos Amigos do Museu Nacional (SAMN), professora Mariângela Menezes.
O Museu pode receber doações dedutíveis do IR por estar inscrito no Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac) da Lei Rouanet. Pessoas físicas poderão abater 6% do valor doado; entre pessoas jurídicas, o limite de dedução é de 4%.
Os projetos de captação são articulados junto às mais diversas instâncias da universidade e órgãos federais pela SAMN, que completará 87 anos no próximo sábado (13). “Temos um acordo assinado junto à UFRJ que nos facultou a captação de recursos de pessoas físicas ou jurídicas visando à reconstrução do Museu Nacional”, explica Mariângela, que é docente do Departamento de Botânica.
Os recursos doados no final do ano passado serão aplicados em dois projetos. O primeiro, que recebeu R$ 20,7 mil, é a recuperação de fachadas e coberturas de três blocos do prédio, além de algumas ações no entorno do Paço, como o reforço da murada externa. O segundo, que captou R$ 10,6 mil, visa à modernização da Biblioteca Central.
Com o fim do exercício fiscal, a campanha-relâmpago acabou. Mas a sociedade já avalia a possibilidade de repetir a campanha em 2024. No que depender do diretor do Museu Nacional, professor Alexander Kellner, a iniciativa está mais que aprovada. “Essa é uma boa maneira para qualquer pessoa que paga imposto de renda conseguir contribuir com o projeto maravilhoso de reconstrução do primeiro museu do nosso país e também obter um benefício fiscal”, afirma. “Basicamente, em vez de pagar a totalidade do imposto, dá um pedaço dele para o Museu, que está precisando muito e fica muito agradecido”.

WhatsApp Image 2024 01 11 at 19.38.15 3VAZAMENTO afetou o funcionamento do data center em meados de dezembro - Fotos: divulgaçãoRenan Fernandes

Há pouco menos de um mês, um vazamento que afetou os no-breaks do data center da UFRJ expôs a fragilidade do sistema de conexão da maior universidade federal do país. Professores, técnicos e alunos ficaram sem internet entre os dias 14 e 16 de dezembro. “A Tecnologia da Informação (TI) da UFRJ foi sucateada. Foi instituída, mas não foi construída”, afirma Ana Maria Ribeiro, superintendente-geral de Tecnologia da Informação e Comunicação (SGTIC).
“Internet é soberania nacional. É uma área essencial, tão importante como água ou luz. Quando para a rede, temos que mandar as pessoas para casa porque não é possível acessar o SEI (Sistema Eletrônico de Informações) ou o SIGA (Sistema de Gerenciamento Acadêmico)”, defende.
As precárias condições de trabalho jogam contra o desempenho do setor. Criada em 2009 para resolver as necessidades de soluções e serviços de tecnologia das atividades de ensino, pesquisa e extensão, a SGTIC não possui sede própria desde o incêndio no antigo prédio da reitoria, em 2016.
A superintendência ocupa de forma improvisada três salas no Instituto Tércio Pacitti de Aplicações e Pesquisas Computacionais (NCE) e contêineres na entrada do edifício Jorge Machado Moreira. Há problemas de infraestrutura nas redes elétrica e hidráulica e os contêineres acumulam mofo e têm parte do piso afundada.
Do corpo funcional de 147 servidores, apenas a área de suporte e de rede trabalham de forma presencial. A inexistência de uma sede mantém a maior parte dos funcionários no trabalho remoto. “Nosso quadro é muito qualificado. São heróis que fazem o impossível. Com as condições de trabalho que têm, não sei como a universidade mantém os sistemas”, diz Ribeiro.
A alta rotatividade entre os funcionários também é um problema. A UFRJ perde analistas de sistemas para outros órgãos públicos e para a iniciativa privada por não oferecer salários competitivos. “As saídas provocam acúmulo de trabalho. O conhecimento da UFRJ, o entendimento da atividade-fim é importante. Essa curva de aprendizado é perdida com a renovação constante de servidores”, explica Tiago Miranda, diretor de Planejamentos e Projetos da SGTIC.
Miranda destaca a necessidade de recursos para o setor. “A UFRJ fez investimentos altos em 2012 e, desde então, não vem conseguindo investir. Precisamos atualizar equipamentos e manter contratos de garantia vigentes para a manutenção”, conclui.

INVESTIMENTOS
Uma parceria recém-assinada pode ajudar a melhorar este cenário. A UFRJ aderiu ao ICT Academy, programa da empresa chinesa Huawei que oferece aos estudantes cursos de qualificação profissional na área de TI. A empresa já possui um acordo de cooperação técnica com o Ministério da Educação firmado em 2022. Por iniciativa da SGTIC, representantes da Huawei vieram ao Rio de Janeiro para uma reunião com o reitor Roberto Medronho e a superintendente Ana Maria Ribeiro.
A universidade busca apoio técnico e recursos financeiros para tirar do papel o projeto de construção de uma arena digital, que funcionaria como sede do data center da universidade e espaço para o desenvolvimento de atividades acadêmicas. Foi apresentado aos chineses o funcionamento da Rede Rio, o canal de acesso à internet exclusivo das instituições de ensino e pesquisa e órgãos públicos fluminenses financiado pela FAPERJ. A UFRJ é responsável por mais de 40% do tráfego da rede. Os recursos da Rede Rio podem ser usados para a aquisição de equipamentos tecnológicos.

GOVERNO DIGITAL
Aprovada em 2021, a lei 14.129 estabeleceu regras e instrumentos para o aumento da eficiência da Administração Pública, por meio da inovação, da transformação digital e da participação dos cidadãos. Os comitês gestores estabeleceram metas até dezembro de 2023 para a adequação às novas normas. “A UFRJ não cumpriu nenhuma das metas. Não tem plano de dados abertos, não tem programa de transformação digital e o plano diretor não é satisfatório”, avalia Ribeiro.
O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos lançou uma consulta pública para definir a nova estratégia de governo digital (2024-2027). A SGTIC participou e defendeu uma política de gestão da TI no Brasil similar ao SUS, com a formação de uma comissão tripartite e distribuição de recursos. “Se tivéssemos nas unidades os recursos para comprar computador, notebook, switch, os nossos orçamentos seriam suficientes. O governo federal mandaria o dinheiro para garantir apenas o que é mais caro”, completa a superintendente.

WhatsApp Image 2024 01 11 at 19.38.15 4Fotos: Alessandro Costa

Renan Fernandes

As nuvens tentaram, mas não conseguiram atrapalhar a primeira sessão astronômica do Observatório do Valongo (OV) em 2024. No dia 10, os visitantes puderam observar as estrelas de uma noite de verão. O entusiasmo com a astronomia levou mais de 90 pessoas ao Morro da Conceição.
O destaque do início da visita é o telescópio refrator Cooke & Sons, o maior e mais potente do Observatório. O telescópio, comprado da Inglaterra para a observação da passagem do cometa Halley em 1910, não foi montado a tempo e só pôde cumprir sua função inicial 76 anos depois, quando o astro voltou a passar próximo – a 63 milhões de quilômetros – à Terra.
No lado de fora da cúpula, três telescópios móveis foram instalados para o público admirar o céu. Com a coordenação do astrônomo Daniel Mello e o auxílio dos monitores do projeto de extensão Observatório do Valongo de Portas Abertas, os visitantes puderam reconhecer as constelações de Orion e de Touro. Filas foram formadas para ver o planeta Júpiter e suas luas pelos equipamentos.
A atividade de observação do céu provocou encantamento no público das mais variadas idades. Marcelo Macedo, professor de Física do IFRJ, aproveitou a oportunidade para levar as sobrinhas Maria Fernanda e Lara, de 9 e 7 anos, respectivamente. ”Foi a primeira experiência delas aqui e a ideia é estimulá-las dentro do campo da ciência e da astronomia”, afirmou Marcelo. Carlos Alexandre Sampaio, profissional de telecomunicações, levou a filha adolescente Joana para refazer o passeio. “Viemos pela primeira vez há cerca de dez anos. É um lugar ótimo para trazer os filhos, desperta a curiosidade”, destacou Sampaio. WhatsApp Image 2024 01 11 at 19.41.49 1

A criação do projeto de extensão em 2015 procurou integrar o Observatório ao processo de revitalização do circuito histórico da Zona Portuária. “Queríamos estreitar a relação do OV com a comunidade do Morro da Conceição e utilizar a astronomia para divulgação da ciência, para aproximar a universidade das pessoas”, apontou Mello. “É urgente que a universidade saia da própria universidade. Que leve cada vez mais o conhecimento à sociedade, mostre a pesquisa sendo feita”, completou o astrônomo.WhatsApp Image 2024 01 11 at 19.41.49

COMO PARTICIPAR
As noites de observação são gratuitas, sem necessidade de agendamento prévio e ocorrem toda quarta-feira, das 19h às 21h. A programação temática do evento é divulgada nas redes sociais do Observatório. O OV está localizado na Ladeira do Pedro Antônio, 43, bairro da Saúde. Mas atenção: olho no céu! Desta vez, as nuvens não atrapalharam, mas as sessões são canceladas por condições climáticas adversas.

 

Pesquisadores brasileiros e chineses publicaram na revista científica Scientific Reports uma nova descoberta no campo da paleontologia. Trata-se de uma rara espécie de pterossauro, batizada de Meilifeilong youhao que, em português, significa “belo dragão voador da amizade”. Ele viveu no período Cretáceo. Assim como os outros membros do seu grupo Chaoyangopteridade, ele não tinha dentes e ultrapassava dois metros de envergadura.

Diretor do Museu Nacional da UFRJ, o professor Alexander Kellner fez parte da descoberta. “O trabalho coroa 20 anos de colaboração com a China. O nome dado à espécie é uma homenagem a essa parceria”, comemora o docente. “É um pterossauro de uma beleza muito rara e nos ajuda a entender esse grupo. É uma nova peça de uma área pouco conhecida”, explica o docente.

O fóssil foi encontrado em rochas de 125 milhões de anos, na região de Jianchang, localizada na cidade de Huludao, província de Liaoning. O estudo foi coordenado pelo pesquisador Xiaolin Wang, do Instituto de Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia, de Pequim, pelo lado da China, e por Alexander Kellner, pelo Brasil. “O trabalho do Museu Nacional com outras universidades brasileiras e com a China demonstra o quão profícuas podem ser as colaborações internacionais”, diz o docente. “Além disso, ao longo desses 20 anos, abrimos espaço para novos brasileiros trabalharem. Agora há uma nova geração de pesquisa. A ciência aproxima povos”.

O trabalho publicado na Scientific Reports reuniu 14 pesquisadores de nove instituições: Instituto de Paleontologia e Paleontropologia de Vertebrados da Academia Chinesa de Ciências, Museu Nacional/UFRJ, Universidade Sun Yat-Sem, Universidade Federal do ABC, Universidade de Jilin, Universidade de Shenyang, Museu de Ciências da Terra do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Espírito Santo e Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens (Universidade Regional do Cariri).

Kellner celebra também a criação do primeiro Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) ligado à pesquisa de paleontologia de vertebrados, o INCT Paleovert, cuja coordenação é do Museu Nacional. O grupo reúne 23 pesquisadores de 16 universidades. “É uma alegria dar mais esse passo no Brasil, com a liderança da UFRJ. É muito importante para a diversificação da pesquisa e mostra como a ciência brasileira é forte”, finaliza.

 

Coluna Cacadores de fosseis CH405 Figura 1 Meilifeilong 1536x1084Coluna Cacadores de fosseis CH405 Figura 2 Fossil 1536x1330

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



Imagens:
1 - Reconstrução em vida do réptil alado Meilifeilong youhao. A parte vermelha no crânio é uma extensão de tecido mole acima da parte óssea
Crédito: Maurílio Oliveira (Museu Nacional/UFRJ)

2 - Esqueleto do pterossauro Meilifeilong youhao, o mais completo do grupo dos chaoyangopterídeos descoberto até o momento.
Crédito: W. Gao (Instituto de Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia/China)

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