Ainda não há balanço oficial do Comando Nacional de Greve (CNG) do Andes, mas um levantamento feito pelo Jornal da AdUFRJ mostra que a maioria das instituições federais de ensino rejeitou a proposta feita pelo governo. O CNG recomendou a recusa da proposta às seções sindicais. Ao contrário do Andes, o Proifes defendeu a proposta e algumas universidades ligadas a ele, caso de parte da UFRGS, já disseram sim.
Em texto postado nas redes sociais do Andes, o CNG justifica a recomendação de não aceite: “A proposta apresentada pelo governo está muito longe de recompor as perdas salariais sofridas nos últimos anos e desestrutura ainda mais a carreira do magistério federal, apostando na fragmentação das categorias da educação federal em greve e silenciando sobre o estabelecimento de uma agenda de reestruturação rumo à uma carreira única no magistério federal”, diz o texto.
Na direção oposta ao Proifes, que apresentou ao governo propostas específicas de reestruturação das carreiras do magistério superior e do EBTT, o Andes defende a adoção de uma carreira única de “docente federal”, reunindo os dois segmentos.
PRÓS E CONTRAS
Os docentes da Federal de Juiz de Fora e do Instituto Federal Sudeste (IF Sudeste), em greve desde 15 de abril, refutaram o acordo sugerido pelo governo em assembleia da Associação dos Professores do Ensino Superior de Juiz de Fora (Apes), na sexta-feira (17). Uma nova assembleia marcada para esta quinta-feira (23) definiria pontos de contraproposta a ser encaminhada ao Comando Local de Greve, embora o governo já tenha sinalizado que não há margem para novas negociações (veja matéria abaixo).
Esse tem sido o protocolo seguido por várias seções sindicais da base do Andes. Foi assim que professores e professoras da UFRRJ, reunidos em assembleia em 21 de maio, rejeitaram a proposta do governo e aprovaram indicativo de greve a partir desta quinta-feira (23). Eles também aprovaram uma contraproposta. Da mesma forma, os docentes da Federal do Maranhão e da Unifesp rejeitaram a proposta na segunda-feira (20), e os da UnB e da Federal de Alagoas na quarta-feira (22). No próximo sábado (25), às 9h, o CNG se reunirá para avaliação da rodada das assembleias.
Na contramão do CNG do Andes, o Proifes reconheceu vários pontos positivos na proposta do governo, em reunião de avaliação de seu Conselho Deliberativo, no dia 16 de maio. “Em termos nominais, a categoria docente terá reajustes entre 28,20% (titular) e 43,0% (nova carreira de entrada) e, considerada uma inflação projetada de 16,36%, os ganhos reais, acima da inflação, vão variar entre 10,20% (titular) e 22,90% (carreira de entrada). Se considerado o miolo da carreira, o docente C/DIII (MS/EBTT) 4, terá um reajuste real de 9,3% e o docente D/DIV (MS/EBTT) 4 terá um reajuste real de 10,2%”, observa o Proifes.
Em assembleia realizada na segunda-feira (20), filiados e filiadas da ADUFRGS-Sindical da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e Instituto Federal Sul-riograndense (IF Sul) decidiram aprovar a proposta do governo com cerca de 80% dos votos pelo aceite. A ADUFRGS-Sindical é da base do Proifes.
Também da base do Proifes, a APUFSC fez processo eletrônico de votação de 21 a 24 de maio. Por 767 votos a 717, os professores aceitaram a proposta do governo. Em greve desde o dia 7 de maio, os docentes decidiram também encerrar o movimento paredista. Votaram, no total, 1.505 pessoas.