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WhatsApp Image 2021 01 08 at 11.07.19O ano é novo. Mas o semestre, não. O retorno das aulas remotas de 2020.1, em pleno janeiro, traz novos desafios para professores e alunos. Além das dificuldades inerentes ao ensino remoto, eles agora têm que lidar um verão dentro de casa, sem férias ou descanso, e ainda sujeitos às quedas de energia durante o período, por causa da forte demanda da estação, e ao aumento nas contas de luz.
Para a chefe do Departamento de Ciência Política do IFCS, Thais Florencio de Aguiar, é ao menos estranho voltar a dar aulas no dia 4 de janeiro. “Dei aula até a véspera de Natal. Percebo que um grande desafio é superar o cansaço e o desgaste que estamos vivenciando, com a pandemia e a implementação do ensino remoto emergencial”, afirma. “Nosso corpo estava habituado a ter um período de descanso nessa época, de aproveitar o verão”, lembra.
Thais acredita que a fórmula adotada pela UFRJ, com períodos com 12 semanas e 60 horas obrigatórias, traz um cansaço muito maior. “Os professores passam muitas atividades para fazer em casa, mas os alunos não dão conta, fica muito acelerado. Estamos numa tentativa, mantendo certas exigências, mas não está fácil”, diz. Na semana de retorno, a disciplina ministrada por Thais teve alta no comparecimento estudantil. “Inclusive de muitos alunos que foram faltosos em dezembro”, conta.
No tempo que teve para desfrutar o recesso, a professora do IFCS se manteve dentro de casa e procurou dar mais atenção à família. Entretanto, Thais não conseguiu se desconectar dos afazeres do trabalho. “Recebi ligação na véspera do Natal, e depois de professores tentando resolver seus problemas. Não foi possível desconectar. Por exaustão mesmo, consegui não trabalhar, embora tivesse muitas demandas”, explica. Para Thais, o calendário acadêmico sem férias penaliza as crianças filhas de pais universitários e estudantes. “Elas já tiveram um ano muito complicado, com frustrações e limitações, desenvolvendo inclusive doenças mentais, e agora seus pais ficam sem possibilidade de se dedicar a elas e proporcionar uma vivência saudável ao menos nesse período”, afirma. Na Ciência Política, alguns professores têm férias marcadas para o atual momento e estão oferecendo aulas. “Me questiono como essas férias serão aproveitadas. Não tem como o professor tirar um mês de férias nessa situação”, opina.
Os alunos também se ressentem de um tempo maior para descanso. “O estudante divide os anos por períodos, 2020.1 ou 2020.2, por exemplo. Sempre olhamos o verão como um tempo para descansar e se preparar para o próximo período, e agora estamos aqui tendo que estudar,“ afirma a estudante Júlia Vilhena, diretora do DCE Mário Prata. “Os principais desafios são de ordem acadêmica, já que não estamos tendo a mesma qualidade de conteúdo que a UFRJ oferece no ensino presencial, e também a questão da pandemia”, diz. Ela lembra que, por muitas vezes, o Diretório Central dos Estudantes colocou a necessidade de um tempo maior de recesso nos conselhos universitários. “Duas semanas é um tempo curto para conseguir se recuperar e dar conta de muito conteúdo. Mas nossas demandas não foram contempladas”, explica.
No Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN) há um consenso sobre o principal desafio a ser enfrentado. Para os coordenadores do Instituto de Química, Ricardo Michel, Rosane San Gil e Thiago Cardozo, o curto recesso não é suficiente para se recuperar após o excesso de trabalho de um primeiro período remoto. Além disso, segundo eles, parte do trabalho de preparação de aulas acabou sendo feito durante o recesso.
A chegada do verão certamente dificulta o ensino remoto para os professores que não possuem ar-condicionado. “O verão, independentemente do formato das aulas, é sempre um grande desafio quando estamos em período de aula”, lembra a coordenadora do curso de Gastronomia, Ceci Figueiredo. “O consumo de energia é sempre maior, ocasionando uma sobrecarga no sistema elétrico com prováveis quedas de energia, perda nas conexões e desconforto térmico. Tudo isso dificulta o acesso e a concentração dos alunos”, afirma.

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