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WhatsApp Image 2023 10 12 at 00.08.39Fotos: Fernando SouzaAna Beatriz Magno e Silvana Sá

O Centro de Ciências da Saúde é o retrato do paradoxo: a estrutura degradada e insalubre de seu prédio principal é a mesma que abriga a excelência acadêmica que ajuda a maior universidade federal do Brasil ser também a mais ilustre. Apesar de seus cursos figurarem entre os melhores do país, gambiarras elétricas, goteiras, entulhos e equipamentos abandonados se multiplicam pelas salas, corredores e laboratórios. A biblioteca era enorme e está com 90% de sua área abandonada e fechada desde setembro de 2017 por contaminação por fungos. Maquinários caros correm risco diante de chuva. Os aparelhos de ar-condicionado se equilibram em janelas e suportes improvisados. O medo de incêndio, tragédia recorrente nos campi, ronda alunos, técnicos e docentes.
O edifício foi inaugurado em 1972, com a transferência da Faculdade de Medicina e do CCS da Praia Vermelha para o Fundão. Ao longo das décadas, mais unidades e cursos surgiram e a estrutura começou a ficar apertada para as atuais doze unidades e órgãos suplementares que funcionam no prédio. Mas faltou planejamento. “Cada unidade passou a tentar arrumar soluções para os seus problemas à sua maneira. Além disso, a rede elétrica se tornou insuficiente para a demanda. É subdimensionada”, observa o professor titular Pedro Lagerblad, do Instituto de Bioquímica Médica
Ex-diretor da AdUFRJ, respeitado pesquisador, Pedro é um incansável docente na luta por melhores condições de trabalho. “A gente tem dois tipos de insalubridade: a do direito trabalhista, porque manipulamos diferentes elementos, e a ambiental. Se houvesse manutenção e investimento adequados, o CCS seria muito menos insalubre”, destaca.WhatsApp Image 2023 10 12 at 00.08.39 1
João Victor Baptista, estudante de Biologia, ao ser perguntado sobre o que mais lhe causa angústia em relação às condições do prédio, faz um triste desabafo: “Eu acho que normalizei o caos”, diz. “Assim que entrei, ficava chocado com o banheiro alagado e totalmente insalubre, com a fiação exposta, o teto caindo, a janela sem vidro, a infestação de ratos”, detalha. “Depois, isso tudo passou a fazer parte da rotina. Acho que não é só uma questão de dinheiro. É um pouco de descaso também”.
Seu colega de curso, Alexandre Lima, completa: “Uma vez caiu um vidro da janela e ele fez aniversário encostado num canto da sala, podendo causar um acidente. Retirar aquele vidro do chão não era uma questão de dinheiro”, exemplifica.
Nessa e nas próximas páginas, as imagens falam por si. A reportagem faz parte da série do Jornal da AdUFRJ sobre condições de trabalho.
A diretoria da AdUFRJ compreende a urgência das demandas por infraestrutura e melhores condições de trabalho e estudo. Uma das ações em curso é a criação de uma petição on line exigindo mais orçamento para as universidades e para o reajuste dos servidores. O documento destaca que a Proposta de Lei Orçamentária Anual para 2024 prevê a metade dos recursos de dez anos atrás para universidades, institutos tecnológicos, agências de fomento e para a ciência e tecnologia. Outra iniciativa é uma solicitação de audiência feita à equipe do deputado Áureo Ribeiro (Solidariedade), coordenador da bancada do Rio de Janeiro no Congresso Nacional. Ambas foram definidas na última assembleia de professores, que debateu a campanha salarial.
WhatsApp Image 2023 10 12 at 00.08.39 3“A ideia é discutir o quadro de penúria das instituições de ensino e apresentar propostas que viabilizem o financiamento do conhecimento”, explica a professora Mayra Goulart, presidenta eleita da AdUFRJ. “Também queremos sensibilizar os parlamentares sobre a importância de valorizar os servidores que efetivamente colocam em prática as políticas públicas para a população”, afirma. “A gente entende que essas ações fazem parte desse novo sindicalismo que usa novas formas de luta para sensibilizar a sociedade civil e os tomadores de decisão”, conclui.
O decano do CCS, professor Luiz Eurico Nasciutti, foi procurado pela reportagem, mas não retornou até o fechamento desta edição.

 

DEPOIMENTO I Pedro Lagerblad
Professor titular do Instituto
de Bioquímica Médica

WhatsApp Image 2023 10 12 at 00.08.39 4“A cultura do cuidado é um processo”

“Quando o CCS foi desenhado, lá nos anos 1970, cada corredor era ‘loteado’ para um catedrático. Os laboratórios e projetos de pesquisa tinham ‘dono’. A estrutura de pesquisa foi sendo desenvolvida ao longo dos anos pelas unidades, novos núcleos foram surgindo, institutos foram sendo criados, mas, sem recursos da universidade, somente às custas do dinheiro dos projetos de pesquisa e sem planejamento. Cada unidade passou a tentar arrumar soluções para os seus problemas à sua maneira.
Além disso, a rede elétrica se tornou insuficiente para a demanda. É subdimensionada. Há muitos equipamentos acoplados a geradores, mas muitos estão fora, porque não há capacidade energética para segurar todo mundo. Há problemas também de manutenção da rede elétrica.
No subsolo há alguns graves problemas. A circulação de ar é muito precária na maioria das salas e laboratórios. As saídas de esgoto estão nos corredores dos laboratórios. Quando chove muito, pode transbordar. Já ocorreu várias vezes, mas felizmente há algum tempo não acontece. Há pouquíssimos banheiros disponíveis e em boas condições de uso. Há aparelhos de ar-condicionado que jogam ar quente dos laboratórios para as áreas comuns nos corredores. É o jeito possível, o mais barato, mas totalmente inadequado. Há laboratórios que sofrem com infiltrações porque ficam embaixo de banheiros que alagam com certa frequência.
O telhado do prédio é outro problema. Quando chove, as pessoas botam lonas plásticas sobre os equipamentos mais caros para evitar que estraguem, porque chove dentro de vários laboratórios do segundo andar.
Também não temos um castelo d’água, nenhum reservatório que nos permita manter atividades quando falta água na cidade. Se acontece alguma situação de desabastecimento, a gente fica imediatamente sem água para lavar as mãos, para os banheiros, para beber.
A melhora nas condições de trabalho evitaria muitas questões insalubres. A gente tem dois tipos de insalubridade: a do direito trabalhista, porque manipulamos diferentes elementos, e a ambiental. Se houvesse manutenção e investimento adequados, o CCS seria muito menos insalubre. A cultura do cuidado é um processo.”

WhatsApp Image 2023 10 05 at 21.09.51 7Dois projetos tecnológicos de ponta da UFRJ, ambos em parceria com a Petrobras, estão na linha de frente do aumento da eficiência na produção de gás natural nos campos offshore do pré-sal. No momento em que a estatal comemora seus 70 anos, a UFRJ ajuda a maior empresa brasileira a abrir novos horizontes.
O primeiro é um equipamento para separação do CO2 do gás natural, desenvolvido pelo Laboratório de Fluidodinâmica Computacional da Escola de Química. Chamado de separador supersônico, o equipamento está agora em fase de testes, após simulações numéricas comprovarem sua eficácia. O segundo projeto, do Centro de Excelência em Gás Natural (CEGN) da Coppe, já provou em escala laboratorial a utilização em alta performance dos líquidos iônicos no desenvolvimento de membranas para separar o gás carbônico do gás natural nas plataformas.
Coordenador do Laboratório de Fluidodinâmica Computacional — Lab CFD, da sigla em inglês Computational Fluid Dynamics —, o professor Ricardo Medronho, emérito da Escola de Química, apresentou um resumo do projeto do separador em junho passado no 11º Congresso Mundial de Engenharia Química, em Buenos Aires. “Houve uma ótima recepção ao nosso trabalho. Os separadores supersônicos são equipamentos muito simples, pois são bocais com uma seção convergente e outra divergente que aceleram o gás a velocidades supersônicas, o que implica em uma diminuição da temperatura e da pressão. Esta diminuição provoca a condensação de gases mais pesados”, explica Medronho.
O professor lembra que a descoberta dos campos do pré-sal acelerou a busca por tecnologias que possam contribuir para o melhor aproveitamento do gás natural nessas reservas. “Com a descoberta do pré-sal, em 2006, verificou-se que o gás natural proveniente destes reservatórios continha uma quantidade excessiva de CO2, entre 20% e 70%. Esta enorme quantidade de CO2 impôs uma séria dificuldade tecnológica para o aproveitamento desse gás natural, uma vez que a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) limita o teor de CO2 no gás natural a, no máximo, 3%. As tecnologias disponíveis até aquele momento conseguiam tratar teores máximos de 20% de CO2”.
De acordo com Ricardo Medronho, a primeira tecnologia desenvolvida para tratar os altos teores de CO2 foi a separação com membranas. Mas ela tem limitações. “É necessário, por exemplo, reduzir a pressão do gás natural a 60 bar (1 bar é aproximadamente igual à pressão atmosférica) e o CO2 separado deixa o módulo de membranas entre 4 e 10 bar, impondo o uso de compressores potentes de modo a elevar esta pressão a níveis entre 300 e 500 bar, pressão necessária para a reinjeção deste CO2 de volta ao reservatório. Além disso, as membranas têm que ser trocadas com frequência, o que aumenta o custo operacional”.
Simulações numéricas feitas pela equipe do Lab CFD mostram que o separador supersônico é capaz de reduzir, por exemplo, os 40% de CO2 contidos no gás natural para 3%, o que atende às especificações da ANP. “Foi um projeto muito desafiador, pois tratava-se de um escoamento supersônico, compressível, multicomponente, multifásico e com transferência de calor e massa entre as gotas e o gás devido à condensação e à possível reevaporação das gotas. É um estudo inovador e trata de um assunto de pesquisa de ponta, que se encontra no limite superior do estado da arte de separadores supersônicos”, observa o professor.

MEMBRANAS
Embora aborde uma tecnologia já tradicional na separação do CO2 do gás natural — as membranas —, o segundo projeto traz como inovação o uso de líquidos iônicos, com baixa volatilidade e boa estabilidade térmica no processo. “Alguns líquidos iônicos próticos, baseados em etanolaminas e ácidos carboxílicos, apresentaram altas seletividades para absorção do CO2”, afirma o professor Cristiano Borges, da Coppe, um dos coordenadores do trabalho, ao lado dos professores Frederico Kronemberger e Claudio Habert. Segundo ele, as membranas desenvolvidas já comprovaram desempenho e estabilidade superiores às disponíveis no mercado, em escala laboratorial. Os experimentos foram feitos em condições próximas às industriais.
Cristiano observa que poucos fornecedores internacionais oferecem membranas poliméricas com essa finalidade, o que reveste a parceria da Coppe com a Petrobras de caráter estratégico. “Durante a extração do gás em reservatórios a 5 mil metros de profundidade, à medida em que ele é transportado à superfície, vai se despressurizando. Em pressões muito elevadas, há aumento do volume do polímero que forma a membrana e ela perde resistência mecânica e eficiência de separação”, explica o professor. A nova tecnologia também pode contribuir para a redução da emissão de carbono no processo de extração de óleo e gás offshore, já que o CO2 retirado do gás natural pode ser reinjetado no reservatório.
Afora o conhecido uso em veículos, em substituição à gasolina, ao álcool ou ao diesel, o gás natural, alvo principal dos dois projetos, pode ser utilizado como combustível para geração de calor ou de eletricidade e como matéria-prima na produção de metanol, amônia, ureia e fertilizantes.

WhatsApp Image 2023 10 05 at 21.09.52 5Cresce a pressão para a mudança das resoluções do Consuni que prejudicam as progressões docentes na UFRJ. A coirmã UFRRJ acaba de remover algumas restrições aos processos de desenvolvimento na carreira ainda em vigor na maior federal do país. As chamadas progressões múltiplas estão autorizadas e, em vez da data de avaliação da banca, os efeitos financeiros de cada avanço passam a retroagir ao momento do requerimento administrativo do professor.
As alterações promovidas na Rural tomam como referência dois pareceres recentes da Advocacia-Geral da União (AGU) — noticiados na edição nº 1.287 deste jornal — que revisam a orientação restritiva de direitos adotada durante os governos Temer e Bolsonaro. O novo cenário da Rural motivou a direção da AdUFRJ a protocolar mais um requerimento — o terceiro desde o início da atual reitoria — solicitando a revisão das normas internas (veja quadro com os dois primeiros).
“Esses pareces da AGU concordam com um ponto que a AdUFRJ vem defendendo há tempos: a possibilidade de progressão múltipla. E representam um avanço ao considerar que os efeitos financeiros da progressão se iniciem a partir da data do pedido docente”, afirma o 2º vice-presidente do sindicato, professor Ricardo Medronho. A AdUFRJ reivindica, na esfera judicial e administrativa, que os efeitos retroajam ao momento em que o docente cumpra os 24 meses de trabalho (interstício) e a pontuação mínima exigida. O que, normalmente, é uma situação que se configura antes mesmo do requerimento administrativo da progressão ou promoção.
“Com base nestes pareceres da AGU, vamos solicitar que o Consuni revogue a resolução nº 134/22 que estabeleceu os efeitos das progressões e promoções docentes a partir da aprovação pela Comissão de Avaliação”, diz Ricardo. “Também vamos cobrar a reavaliação da resolução nº 8/2014 para permitir a volta das avaliações múltiplas”, completou.
“Temos que alertar a pró-reitoria de Pessoal da UFRJ que a AGU já está se posicionando de forma mais favorável aos docentes que a própria universidade”, reforça o advogado Renan Teixeira, da assessoria jurídica da AdUFRJ. “O mais favorável hoje é desde a data do protocolo. Mas vamos continuar defendendo que seja desde o preenchimento dos requisitos: interstício e pontuação”, completa.

RURAL JÁ DISPAROU NOVAS ORIENTAÇÕES
As mudanças da Rural foram oficializadas através de memorando da pró-reitoria de Gestão de Pessoas distribuído a todos os servidores, em 13 de setembro. No documento, assinado pela pró-reitora Miliane Moreira de Souza, a Progep convoca “os docentes que têm progressões/promoções em atraso a compilarem suas documentações e abrirem seus processos”. Os efeitos financeiros dos interstícios acumulados estarão sujeitos à prescrição de cinco anos — por lei, a cobrança de créditos trabalhistas precisa obedecer a este prazo.
E, além das progressões múltiplas, a Rural também determinou que a data do interstício será mantida para efeitos da carreira. Ou seja, mesmo que não receba os efeitos financeiros neste momento — neste caso, ele teria que coincidir ou ser anterior à data do requerimento administrativo —, o professor não terá sua carreira alongada artificialmente.
“O que está acontecendo nas universidades? Estão dando os efeitos a partir da data das comissões. A cada vez, a comissão acaba determinando uma nova data-base da progressão e o professor vai perdendo esta diferença de tempo para a data do interstício original”, explica Renan. “A cada avanço na carreira, o acúmulo de atrasos pode se transformar em anos perdidos para o professor”.
Também será possível a avaliação de desempenho de interstícios acumulados, ainda que os efeitos financeiros sejam limitados aos últimos cinco anos — o prazo para a cobrança dos créditos trabalhistas é estabelecido por legislação federal.
Presidente da Associação dos Docentes da UFRRJ (ADUR), a professora Elisa Guaraná comemorou a mudança das normas locais, após um longo processo de disputas judiciais e de negociação com a reitoria. “É uma grande vitória para o movimento docente na Rural, que tem as progressões como um tema prioritário”.
Elisa relatou que a ADUR tem ingressado na Justiça com vários processos individuais para preservar o direito dos professores às progressões, além de uma ação coletiva — que hoje tramita no Tribunal Regional Federal da 2º Região. “A gestão passada entrou com muitas ações individuais. Uma delas, para garantir progressões múltiplas, foi recentemente deferida em segunda instância”, informou.
“E essa decisão da Justiça chegou no momento que vieram os novos pareceres da AGU e quando a gente vinha novamente debatendo com a reitoria a necessidade de melhorar as condições de progressão na Rural”, completou a dirigente.

Relembre as reuniões com a reitoria sobre progressões

29 de agosto

WhatsApp Image 2023 10 05 at 21.09.52 4Logo na primeira reunião com o reitor Roberto Medronho, a diretoria da AdUFRJ reivindicou a mudança das resoluções da universidade que prejudicam as progressões e promoções docentes.

 

30 de agosto

WhatsApp Image 2023 10 05 at 21.09.52 3No dia seguinte à reunião com o reitor, os diretores do sindicato encontraram-se com representantes da pró-reitoria de Pessoal. A PR-4 tem assento no Consuni e pode influenciar a mudança da norma.

WhatsApp Image 2023 10 05 at 21.09.51 3As ruas do Centro do Rio voltaram a ser ocupadas pelos servidores públicos federais da Saúde, Ciência e Educação na última terça-feira, dia 3. A manifestação começou na porta da Eletrobras, estatal privatizada no governo Bolsonaro, seguiu para a Candelária, onde encontrou o núcleo da educação, e continuou em passeata pela Avenida Rio Branco até a porta da Petrobras, na Avenida Chile. A estatal completou 70 anos na mesma data.
Enquanto os funcionários das estatais pediam políticas públicas de fortalecimento das empresas e a reestatização da Eletrobras, os servidores do Executivo federal exigiam mais recursos no orçamento de 2024 para infraestrutura e investimento nos serviços públicos, além de previsão para o reajuste dos salários no próximo ano. A atividade fez parte da jornada nacional dos servidores e aconteceu em outras capitais do país.
Os professores da UFRJ estavam presentes. “Hoje foi um dia muito importante. Nosso objetivo, com esta mobilização, é mostrar ao governo que é importante negociar com os servidores”, observou a presidenta da AdUFRJ e vice-presidenta eleita, a professora Nedir do Espirito Santo. “Já para a sociedade, fica o recado sobre o quanto nossos salários estão defasados”, disse. “É um movimento que demonstra união na indignação do funcionalismo sobre o limite orçamentário destinado aos servidores”.
Rodrigo Fonseca, professor do Nupem-Macaé e diretor eleito da AdUFRJ, ressaltou a representatividade de movimentos e sindicatos que participaram da manifestação. “É um ato integrado, expressivo, com outras categorias do funcionalismo”, disse. “Este é um passo inicial para fortalecer nossa campanha salarial e a pressão por mais recursos no orçamento para as universidades federais”, pontuou.WhatsApp Image 2023 10 05 at 21.09.52 2
“O ato de hoje é um marco importante”, concordou a professora Eleonora Ceia, da Faculdade Nacional de Direito. “Temos um governo muito bem-vindo, mas que traz muitos desafios para o funcionalismo federal”, pontuou. “Temos um Congresso muito reacionário, contra a efetivação de direitos e a reforma administrativa está na nossa sombra. Portanto, é muito importante nosso diálogo e unidade com as diferentes categorias do Serviço Público”.
Rostos jovens e nem tão jovens ornamentaram as ruas da cidade. Tatiane Andrade, estudante de Enfermagem de Macaé, era uma jovem voz em busca de seu direito a melhores condições de estudo. Ela viajou 230 km até o Rio para participar da manifestação. “A falta de orçamento impacta muito a infraestrutura e o nosso direito à permanência no ensino superior”, disse. “Precisamos garantir mais verbas para a universidade, para que ela se mantenha pública, gratuita e socialmente referenciada”.
Aos 64 anos, dona Marta Machado também pegou a estrada para fortalecer a luta dos servidores. Foram 440 km de Belo Horizonte (MG) até a Candelária. Pensionista da Petrobras e professora primária aposentada, ela saudou a presença da AdUFRJ no ato. “Eu espero que os governos ajudem os professores, que precisam de melhores salários e dignidade. Sem educação, o país não avança”, afirmou. “Estou aqui em defesa dos professores e também da Petrobras, que é tão importante para o Brasil”.
Na juventude, dona Marta dava aulas numa escola primária no interior de Minas Gerais. “Eu ia de pau-de-arara”, lembrou. A escola ficava no município de Camacho, a 200 km de Belo Horizonte. “Lá a gente fazia de tudo e com pouca ou nenhuma estrutura. Hoje, a situação da educação não mudou muito. Ainda existem muitas carências. Eu fico feliz em ver essa faixa de vocês. Realmente, o professor vale muito mais que esse 1% que eles anunciaram”.
Coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros, Deyvid Bacelar considerou o ato um sucesso. “Construímos e realizamos um ato histórico, que simboliza a retomada das ruas nesse governo do presidente de Lula, porque a gente precisa cumprir o nosso papel de sindicatos e de movimentos sociais, pressionando o governo à esquerda para que o seu programa, que foi aprovado pela população nas urnas, seja colocado em prática”, afirmou.

AdUFRJ cobra Andes por atuação no Parlamento

A semana de mobilização dos professores começou já no dia 1º de outubro, com a reunião dos docentes das instituições federais de ensino, na sede do Andes. A professora Mayra Goulart, presidenta eleita da AdUFRJ, apresentou o conjunto de atividades aprovado na assembleia dos professores, no dia 26, entre elas a paralisação no dia 3 e a elaboração de uma petição online (veja íntegra do texto mais abaixo) exigindo previsão orçamentária para as áreas sociais, para o reajuste dos docentes e o arquivamento da reforma administrativa.
“Nossa assembleia teve participação expressiva. Nos encaminhamentos aprovados, também há a previsão de encontros com os parlamentares da bancada do Rio”, explicou a dirigente.
Mayra cobrou da diretoria do Andes uma atuação mais efetiva junto aos parlamentares a respeito da campanha salarial dos servidores federais. “A gente reivindica que o Andes tente uma reunião com a deputada Daniela Ribeiro, que é presidente da Comissão de Orçamento, e com o relator da PLOA (deputado Luiz Carlos Motta)”, disse a professora. “Acreditamos que esse é o caminho: a busca do diálogo, da responsabilidade, de tentar sensibilizar a sociedade civil e os tomadores de decisão para que entendam a importância dessa recomposição”.
Diante dos informes das outras seções sindicais presentes, ficou evidente, segundo Mayra, a pouca mobilização dos professores e que, ainda assim, alguns segmentos insistem na convocação de uma greve. “Em virtude do esvaziamento, muitas universidades não paralisaram as atividades no dia 3”, observou a professora.
O Andes, por sua vez, passou informes sobre atuação junto a parlamentares. Segundo a diretoria, foram 34 reuniões em gabinetes e com o Dieese, órgão ao qual o Andes encomendou estudo sobre a carreira docente.

SINDICATO PRESENTE À REUNIÃO DOS GTs

WhatsApp Image 2023 10 05 at 21.09.52 1Foto: João LaetA professora Verônica Damasceno, diretora eleita da AdUFRJ, participou na quinta-feira, 5, de uma reunião do escritório regional do Andes, no Centro do Rio. O encontro buscou organizar os professores das seções sindicais do estado em torno de pautas como: recomposição salarial, carreira e autonomia universitária.
A reunião fez parte das mobilizações dos servidores públicos federais em torno da campanha salarial 2024, realizadas ao longo desta primeira semana de outubro.
A ideia é reativar grupos de trabalho temáticos nos sindicatos docentes das universidades federais, sobretudo os de Política Educacional, Verbas, Carreira e Política de Formação Sindical.

PETIÇÃO DOS PROFESSORES DE UNIVERSIDADES E INSTITUTOS FEDERAIS

Pela recomposição salarial dos professores e TAEs das universidades e institutos federais

Nós, abaixo assinados, endossamos a reivindicação de professores e técnicos administrativos educacionais pela recomposição dos salários dos servidores das universidades federais brasileiras.

Ao Presidente do Senado Federal, Senador Henrique Pacheco
Ao Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Arthur Lira
À Presidente da Comissão Mista de Orçamento, Senadora Daniela Ribeiro
Ao Relator Geral da PLOA, deputado Luiz Carlos Motta


Entre 2017 e 2022, os professores do Magistério Superior, do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico e os técnicos-administrativos educacionais das universidades e institutos federais amargaram seis anos de salários congelados. Em que pese a recomposição salarial emergencial de 9%, conquistada em maio deste ano, as perdas desses grupos chegam a 39%. Ou seja, mais de um terço da remuneração foi corroído pela inflação. Trata-se de profissionais que são essenciais na prestação dos serviços públicos de educação e para o desenvolvimento do país.
Os docentes federais, que dedicam quase duas décadas aos estudos, iniciam sua carreira acadêmica com salários até três vezes menores do que de outras carreiras cuja escolaridade exigida é igual ou inferior que a de um docente com doutorado. É, portanto, urgente a valorização das carreiras e das condições de vida do funcionalismo, sobretudo da Educação.
Nós, abaixo assinados, solicitamos que o Congresso Nacional garanta provisão de verbas na Lei Orçamentária Anual (LOA) 2024 para reajuste de servidores, de forma a permitir recomposição de perdas inflacionárias já no início do ano que vem. Solicitamos, ainda, a retirada da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32, da reforma administrativa, que acaba com a estabilidade e deixa a política pública à mercê da política de conveniência. A referida PEC foi gestada e defendida pelo governo Bolsonaro e precisa ser imediatamente arquivada.

WhatsApp Image 2023 09 28 at 20.34.36PROTESTO Estudantes da Dança cobram respostas da reitoria no Conselho Universitário do dia 28Com a ajuda dos “vizinhos”, a Escola de Educação Física e Desportos retomou as atividades acadêmicas na quarta-feira (27). Quase todas as disciplinas teóricas da unidade, além das práticas dos cursos de Dança, passaram ao prédio do Centro de Ciências da Saúde, que fica do outro lado da avenida Carlos Chagas Filho. O reencontro de professores e alunos nas salas do CCS ocorreu exatas três semanas após o desabamento de parte da cobertura que interditou a Escola desde o dia 6.
A proximidade com a sede tenta minimizar os prejuízos dos 2.495 alunos da Escola. “Estamos evitando alterar a logística de deslocamento dos nossos estudantes”, disse a diretora da unidade, professora Katya Gualter, na abertura da congregação extraordinária que deliberou o retorno, dia 25.
Para os cursos de Dança, o maior desafio é a adaptação das aulas práticas em espaços externos do CCS ou auditórios como o Quinhentão e o próprio Hélio Fraga, onde ocorreu a Congregação.
Já na segunda, dia 2, uma pequena parte das aulas teóricas e todas as práticas dos cursos de Educação Física voltarão a acontecer no próprio prédio da Escola, em espaços já liberados por laudo do Escritório Técnico da Universidade.
Os dias a mais até esta segunda etapa do retorno são preparatórios. Grupos da comunidade receberão orientações dos brigadistas e do Setor de Saúde do Trabalhador do CCS para o acesso, deslocamento e procedimentos em eventuais emergências dentro do prédio. “As nossas disciplinas práticas somente poderão acontecer na EEFD. Não existe outra possibilidade”, observou a professora Francine Nogueira, coordenadora da Licenciatura em Educação Física. “Os ginásios e a piscina são imprescindíveis para o nosso retorno”.
O problema agora é a redução do número de banheiros e vestiários. A maioria fica localizada em áreas ainda interditadas do prédio. A direção tenta o aluguel de banheiros químicos para diminuir as filas ou para evitar o deslocamento até o CCS.
Diante do cenário difícil, não está descartada a possibilidade de se criar junto ao Conselho de Ensino de Graduação (CEG) um período de trancamento especial para os alunos que não se sentirem confortáveis para continuar os cursos nas atuais condições.
Superintendente do CCS, a professora Anaize Borges participou da congregação e informou sobre a recepção aos colegas da EEFD no Centro. “A administração da sede já está sabendo. Vigilância já está sabendo”, disse. “Estamos tomando todos os cuidados para ter o melhor acolhimento possível dentro das dependências do CCS à comunidade que está passando por esta situação bastante complexa e que tem nossa solidariedade”.

ESCORAMENTO
Estudantes da unidade compareceram ao Conselho Universitário do dia 28 para cobrar da reitoria soluções emergenciais e reformas estruturais no prédio. “Precisamos de investimento, de um olhar mais sensível da reitoria para as nossas necessidades”, afirmou Eduarda de Paula, representante do Centro Acadêmico da Educação Física. “Precisamos entrar lá sem medo do nosso prédio cair. E ter sanitário para todo mundo. Hoje, a gente não tem”.
A vice-reitora Cássia Turci explicou que o projeto do escoramento emergencial — diretamente no trecho afetado — chegou ao gabinete da administração central na véspera do Consuni. “Está na Procuradoria da Universidade para avaliar. Assim que recebermos o parecer, vou encaminhar o ofício para a SESu (Secretaria de Educação Superior) para solicitar os recursos”, disse. Para obras de maior porte, os alunos receberam como resposta que não há recursos disponíveis (veja mais AQUI).

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