facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

WhatsApp Image 2023 09 15 at 20.23.38 4Foto: Fernando Souza/Arquivo AdUFRJENTREVISTA I FELIPE ROSA – Presidente da Comissão Eleitoral

Poucas dúvidas dos professores e nenhum problema registrado durante a votação ou apuração dos resultados. A segunda eleição remota da história da AdUFRJ transcorreu com absoluta tranquilidade. “Foi um processo eleitoral muito tranquilo. Demos o máximo de transparência possível e as chapas se comportaram de forma bastante respeitosa com as regras eleitorais”, afirma o presidente da Comissão Eleitoral, professor Felipe Rosa. Confira, a seguir, a entrevista sobre o pleito.

Jornal da AdUFRJ- Qual sua avaliação sobre o quórum da eleição?
Felipe Rosa
- Quando terminou o primeiro dia de votação, eu estava na expectativa de um quórum mais baixo. Mas as chapas trabalharam muito relembrando nossos filiados da importância da eleição e achei o quórum final muito bom.
Foi uma participação menor que a de setembro de 2021 (com 1.643 votos), mas, naquela época, a gente estava no último período pandêmico. As pessoas estavam, forçosamente, muito online. Acho que isso gerou uma mobilização um pouco maior.
Em 2021, foram três dias de votação contra dois de agora, mas não acho que isso tenha tido um efeito muito marcante na diferença de quórum. Tendo a achar que dois dias, no meio da semana, são plenamente suficientes.

E o sistema Hélios, em relação ao sistema adotado em 2021 (VoteDigital), passou no teste?
Passou no teste. Em 2021, fui apenas um eleitor. Mas o Hélios se mostrou muito amigável para o usuário e para os controladores (comissão eleitoral e suporte da AdUFRJ). Houve alguns probleminhas nos testes, mas todos foram sanados. Na eleição, não houve nada.
E muitas das eleições institucionais remotas, senão todas, são feitas pelo Hélios. Talvez fosse novidade para alguns aposentados, mas quem está na ativa fatalmente já usou o Hélios em algum outro momento.

Houve um ganho significativo de tempo com relação a uma eleição presencial?
Em termos de logística, não tem o que discutir. No processo eleitoral presencial em si, existe toda a operação de levar as urnas, encontrar lugar para colocar as urnas, conseguir mesários para todas elas, depois guardar de um dia para o outro; levar de volta no dia seguinte, guardar tudo novamente. É um trabalho monumental que é economizado. O próprio tempo de apuração foi bem mais rápido do que seria contando as cédulas na mão. É realmente uma questão política: se o voto remoto mobiliza mais ou menos. Temos que continuar fazendo essa discussão. Acho uma boa solução. Mas não é porque fomos para as eleições remotas que devemos ficar para sempre nas eleições remotas.

Para os docentes da Educação Física, que tiveram o prédio interditado durante essa semana, o sistema remoto foi especialmente importante, não?
Minha solidariedade aos professores da EEFD. A UFRJ está com problemas sérios de infraestrutura. Não podemos nos esquivar disso. Mas, no que diz respeito à eleição da AdUFRJ, sem dúvida nenhuma, a eleição online foi um viabilizador. Como as atividades foram suspensas, não adiantaria nem remanejar uma urna física de local, pois os professores não estariam aqui.

Houve muitas dúvidas dos professores em relação à votação?

O plantão de atendimento montado na sede do sindicato recebeu apenas 33 consultas e atualizou o e-mail de 37 professores para a votação. Além disso, apenas 11 docentes não puderam participar: sete não eram filiados e quatro se filiaram após o prazo de 14 de julho, previsto no regimento eleitoral.
Alguns casos não entraram nas estatísticas oficiais. Recebi o relato de uma professora de quase 90 anos que pediu ajuda de uma colega para votar online. Alguém que muito provavelmente não viria à universidade se fosse voto presencial.
Quanto às 11 pessoas que não puderam participar da eleição, isso representou menos de 1% do total de votantes.
Já o número de atendimentos é surpreendente para mim. Estava esperando mais. Eu não estava diretamente envolvido na eleição passada, mas me informaram que houve uma grande procura naquela ocasião. O que mostra de fato como o sistema Hélios é bem amigável.

WhatsApp Image 2023 09 15 at 20.45.23Ana Beatriz Magno e Alexandre Medeiros

A eleição da AdUFRJ consolida cinco gestões do mesmo grupo político, mas sinaliza também oscilações no mapa eleitoral do movimento docente da universidade.
Do lado da oposição, ocorreu queda relevante dos votos da Faculdade de Educação, reduto de lideranças históricas dos oposicionistas, como o ex-reitor Roberto Leher e a ex-presidente do Andes, Marinalva Oliveira. Ali, em 2021, a chapa de oposição registrou 55 votos. Este ano foram apenas 36. Na Faculdade de Arquitetura, a perfomance da oposição também caiu, passando de 20 para 12 votos.
No campo da situação, ocorreram quedas expressivas na Medicina, no Instituto de Química e na Física, de 62 para 49. “Acho que fizemos pouca campanha no Instituto”, lamentou o ex-presidente da AdUFRJ, professor João Torres, da Física. “A Física é um núcleo histórico de nosso grupo. Temos que ficar atentos”.
Outro cenário interessante ocorreu na Letras. Na último pleito, a chapa 1 ganhou por apenas 1 voto. Dessa vez, a vitória foi por 14 votos.
A Chapa 1 manteve expressiva votação no CCMN, no CT e no CCS. Na Coppe,o percentual passou de 80%. Na Matemática, o placar foi 58 a 3, o que significa 95% dos votos válidos. “Também fizemos no bonito no IFCS”, comemora a presidenta Mayra Goulart.
Ocorreram viradas de votos apenas em duas unidades. Na EBA, a chapa 1 bateu a 2 por 18 votos a 12 — perdera ali em 2021 por 25 a 8. No Ippur, a situação venceu por 7 a 6, e em 2021 a oposição vencera por 11 a 4.
Algumas unidades deram significativas vitórias à oposição, como o Serviço Social e o NEPP-DH - ali chapa 2 ganhou por 11 a 0. No CM UFRJ-Macaé, a oposição abriu vantagem de 26 a 16, ampliando o apertado 26 a 25 de 2021.

WhatsApp Image 2023 09 15 at 20.29.09WhatsApp Image 2023 09 15 at 20.29.09 1

WhatsApp Image 2023 09 15 at 20.29.09 2

Na quarta e na quinta-feiras (dias 13 e 14), os filiados à AdUFRJ vão escolher a nova diretoria para comandar a entidade no biênio 2023-2025. São duas chapas concorrentes. A chapa 1 (Valorização e Inclusão — Um movimento docente para todos), apoiada pela atual diretoria, é encabeçada pelas professoras Mayra Goulart (IFCS) e Nedir do Espirito Santo (IM). A chapa 2 (Mudar a AdUFRJ pela base), de oposição à atual direção, é liderada pela professora Aline Caldeira (ESS) e pelo professor Caio Martins (FACC). Confira nos links abaixo os programas das duas chapas.

Além da diretoria, os filiados de 31 unidades também escolherão nomes para o Conselho de Representantes da AdUFRJ.

No vídeo abaixo, o professor Felipe Rosa, presidente da Comissão Eleitoral, explica como será o processo de votação. Ele se inicia com o recebimento de um e-mail a ser enviado pela AdUFRJ nesta terça-feira (12) aos filiados aptos a votar — os sindicalizados até 60 dias antes do pleito e em dia com suas mensalidades. O e-mail conterá as instruções para votar — as mesmas que serão abordadas neste vídeo — e o link de acesso às cédulas de votação (haverá uma para a eleição da diretoria e uma para o Conselho de Representantes, onde houver listas candidatas). É um processo simples e seguro. Mas fique atento aos horários para votação: de 0h de quarta-feira (13) às 19h30 de quinta-feira (14).

 

 

 

E se mesmo após este vídeo você ainda tiver qualquer dúvida sobre o processo, ou se precisar de ajuda na hora de votar, fique tranquilo. A AdUFRJ terá uma equipe de apoio de plantão nos dois dias da eleição, de 8h30 às 19h30, de forma presencial na sede do sindicato, pelos telefones (21) 99358-2477, (21) 99365-4514 e (21) 99363-6970, ou ainda pelo Zoom

(https://us02web.zoom.us/j/88541026929).

PROGRAMAS DAS CHAPAS

CHAPA 1

CHAPA 2

WhatsApp Image 2023 09 15 at 20.23.38Foto: Fernando SouzaA AdUFRJ será dirigida pelos próximos dois anos pela chapa de continuidade da atual gestão. O grupo político comanda o sindicato desde 2015. A chapa 1 “Valorização e Inclusão” venceu a disputa com 892 votos, contra 552 da chapa de oposição “Mudar AdUFRJ pela base”. Houve, ainda, 55 votos brancos. O pleito foi menor do que o de 2021, quando 1.643 docentes participaram. Ainda assim, este ano houve 1.499 votantes, o que representa 45,23% dos sindicalizados aptos a votar.
A redução do eleitorado se refletiu tanto na situação, quanto na oposição. Apesar de mudanças pontuais de hegemonia em algumas unidades (veja nas páginas 4 e 5), a proporção de votos entre os dois grupos permaneceu estável. Historicamente é de 60% a 40%. Este ano ficou em 61,77% para a chapa 1, contra 38,33% para a chapa 2. Os percentuais desconsideram os votos brancos. Em números absolutos, a distância entre as chapas subiu de 334 votos, em 2021, para 340 votos neste ano.
Assume a presidência, em outubro, a professora Mayra Goulart, de 38 anos. A docente é a atual vice-presidenta da AdUFRJ. É a primeira vez, em cinco eleições, que a seção sindical será dirigida por uma professora com apenas cinco anos de carreira. Nos anos anteriores, todas as presidências foram formadas por docentes com mais de 20 anos de UFRJ. Cientista política vinculada ao IFCS, Mayra comemora o resultado. “Tenho muito orgulho de integrar esse movimento político que confiou a mim sua representação. Fico muito feliz ao ver que o grupo que me apoia também deseja essa renovação”.
Outro nome que vem da atual diretoria e assume a próxima gestão é o da professora Nedir do Espirito Santo, do Instituto de Matemática. Especialista na formação das licenciaturas na UFRJ, a veterana pretende fortalecer o vínculo da AdUFRJ com a carreira do ensino básico, técnico e tecnológico. “Temos que fortalecer a base educacional, para que essa excelência reverbere com igual força no ensino superior”, opina.
A eleição foi remota e aconteceu nos dias 13 e 14, com apuração do resultado na sexta-feira, 15. O anúncio do resultado aconteceu pouco menos de uma hora depois de iniciada a contagem. Presidente da Comissão Eleitoral, o professor Felipe Rosa elogiou a postura das chapas e agradeceu pelo engajamento no processo eleitoral. “Foi uma eleição rica, com debates intensos, respeitosos e de alto nível”, resumiu o docente (veja entrevista na página 5).
Com a proclamação do resultado, as chapas se cumprimentaram de maneira respeitosa. Em seguida, a vice-presidenta eleita, professora Nedir, foi procurada pelo grupo de oposição para solicitar apoio para participação em evento sobre a carreira EBTT. “Vamos apoiar”, garantiu. Veja a cobertura completa da eleição.

ENTREVISTA I MAYRA GOULART, presidenta eleita da AdUFRJ

WhatsApp Image 2023 09 15 at 20.23.38 3“Queremos uma AdUFRJ com protagonismo nacional”

Jornal da AdUFRJ – O que representa sua eleição?
Mayra Goulart –
A AdUFRJ consegue se renovar. Eu sou uma pessoa nova. Comecei essa jornada no sindicato recentemente e percebo que a comunidade que nos apoia, esse movimento docente do qual eu tenho a honra de representar, acreditou nessa renovação. Acreditou que é possível renovar esse movimento, ampliar, incluir novas lideranças.

- Qual sua avaliação do processo eleitoral?
Mesmo com apenas dois dias de votação, a gente teve uma participação expressiva. Os professores compareceram, votaram. A quantidade de filiados engajados no processo mostra que o movimento docente está vivo. Mesmo que a gente diversifique as formas de luta – essas formas estão presentes e vão ser acentuadas. Sejam elas tradicionais, com atos, assembleias e manifestações, sejam nas novas formas, com mídias, pressão aos tomadores de decisão. A gente acredita que isso é bom para a construção da universidade.

- Qual será a prioridade zero do seu mandato?
Não tem nem como escolher outra prioridade. Nossa prioridade zero é a campanha salarial que está em curso. Vamos continuar dando toda atenção para essa pauta. Queremos colocar a AdUFRJ como protagonista das lutas do magistério público superior no país. Em defesa não só dos interesses corporativos dos professores, mas da universidade como um todo, pensando em como a universidade é um motor do crescimento e desenvolvimento do Brasil.

- A AdUFRJ é a maior seção sindical do país. É esse peso nacional que você quer resgatar?
A UFRJ é a universidade que, a meu ver, consolida aquele que é o projeto que esse movimento docente acredita, que é um projeto de excelência acadêmica com inclusão social. Aqui há pessoas, sobretudo estudantes, de diferentes estratos sociais. Eu acredito que esse é o principal fator positivo da UFRJ, ela é um símbolo para o país. E daí a importância que ela tenha o devido protagonismo nacional. Nesse sentido, a AdUFRJ tem muito a contribuir politicamente.

- Qual o recado para os eleitores?
Quero agradecer não só aos 892 professores que votaram na gente, mas a todos os eleitores que participaram dessas eleições. A nossa gestão vai representar todos eles, atuando com diálogo e responsabilidade para conduzir a AdUFRJ num momento de consolidação da democracia. Atravessamos um período recente em que essa democracia esteve muito ameaçada, agora é também nosso papel atuar para defender a democracia.

ENTREVISTA I ALINE CALDEIRA candidata a presidenta pela chapa 2

WhatsApp Image 2023 09 15 at 20.30.44- Qual sua avaliação do processo eleitoral?
Aline Caldeira
–Esperamos que a diretoria eleita seja sensível ao desejo de participação na vida sindical expressos por mais de 1.500 eleitora(e)s. Certamente, este número revela a disponibilidade docente para defender a universidade pública, os nossos direitos trabalhistas e nossos trabalhos, e melhores condições de vida. Urge que a AdUFRJ seja firme em temas como estrutura para o trabalho, carreira, desfinanciamento da universidade pública e da ciência e tecnologia.

- Quais as perspectivas daqui para frente?
Nosso sindicato é nacional por congregar trabalhadores docentes de um único sistema de ensino federal e é organizado por local de trabalho para melhor fazer a grande política por meio da organização coletiva.
Observamos uma diminuição do número de votantes em relação a eleição de 2021: houve queda na participação e o método de votação remota não foi capaz de ampliar o número de eleitores nas urnas.
Permaneceremos mobilizados para contribuir na luta política de nossa seção sindical por condições de trabalho e de vida, de defesa da universidade pública e, coletivamente, queremos tomar parte na superação da triste e vergonhosa desigualdade social vigente no Brasil.

Se acaso um eleitor indeciso estivesse na noite de terça-feira (5) no auditório Manoel Maurício de Albuquerque, no campus da Praia Vermelha, talvez até saísse de lá ainda em dúvida sobre em qual das duas chapas votar nas eleições para a diretoria da AdUFRJ, na semana que vem. Mas jamais poderia dizer que não saiu esclarecido.
Tão nítida quanto a ausência de algum eleitor indeciso na plateia — formada por apoiadores declarados de um lado e outro — foi a diferença de concepções das duas vertentes sobre sindicalismo, em visões sustentadas com vigor e duras críticas de parte a parte, mas com uma cordialidade digna de nota.

 

Logo na apresentação, as duas candidatas à presidenta da AdUFRJ deixaram translúcidas essas divergências. A professora Mayra Goulart, da situação, encorpou sua defesa de um “sindicalismo para professores, e não para sindicalistas” e enalteceu as novas formas de mobilização postas em prática pela AdUFRJ, e que, no seu entendimento, “vão além do sindicalismo tradicional”. Já a professora Aline Caldeira, da oposição, destacou que o cenário de desfinanciamento das universidades públicas “tem tornado o cotidiano docente adoecedor” e que a AdUFRJ, na sua visão, está ausente desse dia a dia: “Não chama sequer uma assembleia para discutir com a categoria a atual campanha salarial, na qual o governo apresentou um índice de 1% para os servidores”, pontuou.

Os dois blocos de perguntas da plateia, oito no total, acentuaram as distintas concepções. Escolhidas por sorteio, cinco perguntas foram feitas por apoiadores da situação, e três pelos da chapa 2. Entre os pouco mais de 20 presentes — outros 26 participaram de forma remota — estava o ex-reitor Carlos Frederico Leão Rocha. E coube a ele uma das perguntas mais instigantes do debate: a relação entre a AdUFRJ e o Observatório do Conhecimento. “Vocês vão acabar com o Observatório ?”, questionou o professor.

Aline Caldeira e seu candidato a vice, Caio Martins, disseram que precisarão consultar as bases, e questionaram o papel de protagonismo do Observatório em negociações em Brasília. “Tem que haver clareza em relação às políticas que são definidas e aos recursos que são alocados no Observatório”, reivindicou Aline. E Caio complementou: “Não chegam até a base as informações que embasam esse protagonismo que o Observatório tem na formulação da política da AdUFRJ”.

Já Mayra Goulart sustentou que as ações de advocacy são uma nova frente de luta que a AdUFRJ e o Observatório vão manter, caso seja eleita. “O Observatório estava em nosso programa de chapa quando fomos eleitos para esta gestão, então nós fomos sufragados para exercer esse papel. E conseguimos posicionar o Observatório como uma referência no campo educacional”, defendeu. “O Observatório gastou apenas 7% do que gastamos com o Andes”.

A prática sindical, seja no âmbito da AdUFRJ ou do Andes, foi outro ponto de clara divergência entre as duas chapas. As visões distintas ficaram expostas nas respostas à pergunta feita pela professora Cristina Miranda, recentemente aposentada, sobre como aproximar os docentes do sindicato. “Tem que haver diálogo presencial, é o que defendemos. O que a gente tem assistido são métodos que criam um distanciamento do cotidiano, não só do corpo docente, mas da comunidade universitária. Queremos um sindicato que seja um instrumento de mobilização, que crie espaços de debate”, ponderou Caio Martins. “Nós ampliamos a participação. O professor ocupado, que está em seu laboratório, que não é sindicalista profissional, ele se sente amparado por ter mais essa ferramenta de participação online. A gente acredita que isso amplia a participação”, rebateu Mayra Goulart.

As diferentes visões de prática sindical das atuais direções do Andes e da AdUFRJ — três perguntas da plateia, todos de apoiadores da situação, trataram dessa questão —suscitaram alguns dos momentos mais duros do encontro. “O Andes faz um tipo de sindicalismo que a gente não quer fazer, que é completamente alienado das questões políticas e das questões profissionais que afetam nossa categoria. A gente não discutiu a eleição de 2022 nas reuniões do Andes. São discussões alienadas da conjuntura e da vida diária do professor”, demarcou Mayra. Aline retrucou: “Na verdade, essas novas formas de luta não têm nada de novo. É o velho e carcomido sindicalismo pelego. Construir organização coletiva dá trabalho”.

Bem conduzido pelos professores Felipe Rosa e Marta Castilho, da Comissão Eleitoral, com serenidade e respeito aos tempos de fala, o debate careceu de um modelo menos engessado. O formato que permite apenas perguntas da plateia às chapas tem dois problemas: barra o confronto direto entre os candidatos e dá margem a perguntas repetitivas, como se viu terça-feira. Se ao menos um bloco fosse dedicado a perguntas diretas de uma chapa a outra, com direito a réplicas e tréplicas, as questões poderiam ser praticamente exauridas, tornando mais claras ainda as diferenças e abrindo espaço a outros temas — alguns não foram sequer tocados no debate da Praia Vermelha, como o novo Canecão, a contratação ou não da Ebserh e as más condições de manutenção de algumas unidades da UFRJ.

Fica a sugestão. Com tanta cordialidade, um confronto direto entre as chapas não traria mal algum: poderiam ser embates duros, mas sem perder a ternura. Jamais.

*Alexandre Medeiros
Jornalista, atua na área política desde os anos 1980. Trabalhou no Jornal do Brasil, O Globo, O Dia e revista Época. É autor do livro “Crônica de um sonho”, sobre a campanha de Lula ao Planalto em 1994. 

Topo