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“Educação não é gasto. É investimento”

Professores, estudantes e técnicos da UFRJ deram as mãos contra as medidas do governo interino

Fotos: Claudia Ferreira

Mostrar a universidade unida contra a extinção do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e contra a instituição de um teto de gastos para a educação, anunciado pelo governo interino. Esta foi a motivação de professores, alunos e funcionários técnico-administrativos e representantes dos terceirizados da UFRJ para alterar a rotina do Centro de Tecnologia nesta quarta-feira, 22.

A mobilização, organizada pela Adufrj, pelo Sintufrj, pelo Diretório Acadêmico da Escola de Química (DAEQ) e pelo Centro Acadêmico da Engenharia (CAEng), atraiu a participação de mais de 500 pessoas. Elas deram as mãos, ergueram faixas e cartazes e entoaram palavras de ordem contra a extinção do MCTI: “A nossa luta unificou. Agora é estudante, professor e funcionário”, celebraram os manifestantes.

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O formato da atividade realizada durante o horário de almoço, no corredor térreo do CT, agradou à comunidade universitária: “Gostei porque funciona sem parar trânsito ou coisas do tipo que acabam atrapalhando a população”, afirmou Bruno Costa, aluno da Ciência da Computação. Ele soube do ato por colegas, via internet. “Se o Ministério da Ciência e Tecnologia tivesse se transformado em uma pasta do Ministério da Educação, não digo que fosse o certo, mas faria mais sentido. Agora, no Ministério das Comunicações, parece um ato desesperado do governo para cortar gastos”.

Erica Polycarpo, professora do Instituto de Física, também aprovou: “Achei muito bom porque não precisamos parar de trabalhar para marcar nossa posição”, disse. Erica avalia que mobilizações para reverter a extinção do MCTI “são fundamentais e devem continuar”.


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Nadja Paraense, docente do Instituto de Química, compareceu com os colegas. “A UFRJ, sendo a maior universidade federal, não poderia se omitir neste momento”, disse.

Lavínia Borges, integrante do Conselho de Representantes da Adufrj e professora da Escola Politécnica, aposta na visibilidade da iniciativa, “Ficou muito legal! E tem tudo para criar impacto e uma boa repercussão na imprensa”. 

Professor do Instituto de Física e vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Ildeu de Castro Moreira considerou a manifestação um sucesso. Para ele, que foi um dos idealizadores da iniciativa, o “Vamos dar as mãos” pode inspirar a realização de atos semelhantes em outras instituições científicas e em outros pontos da própria UFRJ, que é muito grande. “Foi uma semente. Um ato feito de forma mais inovadora, sem muito discurso, que levou o protesto da universidade contra essas políticas lesivas à Ciência e Educação anunciadas pelo governo interino”, disse.

A presidente da Adufrj, Tatiana Roque, criticou a proposta do governo interino para criar um limite de gastos para o setor da educação, por 20 anos: “Essa mobilização é também contra o teto de gastos enviado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Isso pode prejudicar muito a universidade e significar um retrocesso no pacto da Constituição Federal de 1988 que implica na responsabilização do Estado pelo investimento em educação. Eu disse investimento, porque educação não é gasto”, destacou.

Estudantes em defesa do MCTI

Por meio de nota, após o ato do dia 22, a gestão do Diretório Acadêmico de Química disse que a fusão de ministérios promovida por Michel Temer afeta diretamente o funcionamento da pesquisa e a vida do estudante na universidade: “O MCTI trouxe conquistas imensuráveis desde sua criação para o nosso país. Nas Universidades, avançamos nas pesquisas de base e de ponta e vários cientistas brasileiros têm se destacado na área”. Para os estudantes, a fusão é um retrocesso enorme: “Pois teremos menos investimentos e, consequentemente, diminuição de projetos e bolsas de Iniciação Científica, bolsas essas que muitas vezes são o auxílio para a permanência de alunos na UFRJ”, respondeu a gestão do Daeq.

Os estudantes de química prosseguem com a mobilização: “Temos informado os alunos sobre a fusão do ministério e também fizemos uma campanha com textos e vídeos de professores pelo #FicaMCTI. Continuaremos mobilizando durante os próximos dias com todos os setores e não vamos desistir do MCTI.”

Já para a engenharia, a fusão também representa uma perda ainda maior para a sociedade civil: “Nós entendemos o MCTI como uma peça fundamental na construção e planejamento de políticas públicas para fortalecer as pesquisas científicas, a criação de tecnologia e a inovação que possam atender aos interesses nacionais, fortalecer a soberania nacional e melhorar a vida do povo”, observou o vice-presidente do Centro Acadêmico de Engenharia (Caeng), Eduardo Leal Ferreira.

Drone filmou a atividade

Imagens aéreas do protesto foram captadas por um drone e estão disponíveis no site e nos perfis da Adufrj nas redes sociais, nesta quinta (23). Veículos da imprensa tradicional acompanharam a manifestação. O jornal O Globo publicou reportagem com foto e texto sobre o dia em que a universidade deu as mãos.

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Veja as imagens captadas pelo drone durante a manifestação


Escritor angolano visitou a UFRJ e encantou plateia com sua paixão pela leitura. “É preciso manter a chama acesa, continuem a ler

Elisa Monteiro
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O premiado escritor Artur Carlos dos Santos, conhecido como Pepetela, fez o público se espremer no auditório da Faculdade de Letras nesta terça-feira, 21. Seus romances retratam com dureza as transformações de Angola nos últimos quarenta anos. “Não há como escrever de maneira branda quando a realidade é terrível”, afirmou a respeito de sua mais recente obra, Se o passado não tivesse asas. A publicação ainda não foi lançada no Brasil.

Provocado pela plateia, Pepetela expressou sua visão sobre a política, traçando paralelo com a literatura. “Fala-se tanto em democracia, mas mantém-se uma ditadura sobre a literatura. A literatura deve também chegar aos diferentes personagens, deve ter as palavras das várias escritas. O autor não pode ser um soberano absoluto”, cutucou.

 A discriminação com escritores de regiões periféricas também foi acusada. “Um livro da África só é reconhecido depois que é publicado na Europa. Há muitas Áfricas, muitas literaturas africanas. Mas quando você vai ver, ela ocupa uma estantezinha de livraria ou na biblioteca”, criticou.

O autor atingiu notoriedade a partir de Mayombe, romance que registra sua própria participação na luta armada contra os portugueses pela libertação nacional de Angola. Escrito nos anos de 1970, a obra só veio a público na década seguinte.

Escrita

O estilo original do escritor motivou grande parte das perguntas. Pepetela recusou-se a palestrar e transformou o encontro em uma grande sabatina: “Um escritor não pode contar com uma arma só. Ele deve andar ao menos com uma de reserva”, provocou o ex- combatente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). A brincadeira se referia a um dos truques do autor para despistar eventual falta de inspiração: “Sempre se pode recorrer às memórias de infância”, deu a dica aos aspirantes a literatos. 

Em outro momento, relatou que suas histórias em geral partem de uma frase ou evento banal. “A partir daí começo a puxar o fio e a perseguir os personagens até que a coisa vai ganhando complexidade. Nunca sei como vai terminar. Se sei como será o final, nem principio a escrever”.

Utopia

Desde sempre, o angolano de ascendência portuguesa deu protagonismo ao Sul, aos considerados periféricos, aos “de baixo”.  Ele explica que a referência geográfica corresponde em grande medida à relação entre metrópole e colônia. Mas também diz respeito à histórica rivalidade entre a capital Luanda e sua cidade natal, Benguela.

“O contexto é sempre determinante, queira o escritor ou não”, afirmou sobre a política na literatura. Dissidente há décadas do MPLA, o autor assegurou que a separação foi “um divórcio amigável”. “Fui me afastando aos poucos da política para escrever como eu queria. Primeiro do governo e, em seguida, do partido. Eles perceberam, mas deixaram. Não os queria nem eles a mim. Desisti quando percebi que minha consciência não fazia diferença.”

Conhecido por retratar afetivamente, mas sem maquiagem, o desfecho político de autoritarismo e de corrupção de Angola depois da revolução socialista, Pepetela explicou a autodefinição como “socialista utópico”. “É uma referência a (Pierre-Joseph) Proudhon (1809-1865) e à ideia de combinação entre igualdade social e liberdade individual, o que, ao menos nos séculos XX e XXI, se mostrou inconciliável”, resumiu.

Confira trechos da conferência abaixo.

Ainda há espaço para utopias?

É preciso sonhar o impossível para tornar o possível uma realidade. Nesse sentido, a utopia é positiva. Talvez as pessoas em 1914 ou 1939 ou 1941 pensassem com o mesmo pessimismo de agora. Há ciclos não só na vida, mas na própria humanidade. Temos de manter cabeça tranquila e dizer que este ciclo ruim vai ter fim para um ciclo melhor. Eu acredito que um ciclo melhor só se alcança com muita luta junto aos que mais sofrem.

Os livros vão continuar, mesmo com a concorrência da internet?

Os livros vão continuar. O ato de ler vai permanecer apesar de todos os concorrentes que existem, pois é uma necessidade absoluta do homem. Quando a civilização praticamente desaparecer e ninguém souber ler e escrever, alguém fará um desenho de pessoa que outros irão ler. Portanto, penso que a leitura não vai desaparecer. Continuem a ler. 

Viver muito ajuda a escrever? Ou escrever muito ajuda a viver?

Há um impulso, quando você começa escrever e realmente entra na historia, começa a desvendar personagens. Dá prazer, mesmo nas coisas duras. Nesse sentido, ajuda a viver. Mas posso passar dois anos sem escrever tranquilamente. As pessoas me perguntam: ‘Seus editores não te obrigam a escrever? Já faz dois anos que não publica nada?’ Eu respondo que, se ele me obrigar a qualquer coisa, eu mudo de editor.

 

Professor: profissão em perigo


Projeto “Escola sem Partido” avança no Legislativo e ameaça atuação plena da categoria, em todos os níveis da Educação

IMG 5914 1Da esq. para a dir.: Carlos Oliva, Carmen Teresa, Cristina Miranda e Fernando Penna - Foto: Claudia Ferreira

Kelvin Melo
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Um projeto perigoso para o pleno exercício profissional dos professores, em todos os níveis da Educação brasileira, avança nas casas legislativas federal, distrital, estaduais e municipais. Sob o pretexto de evitar a “doutrinação” dos alunos, o “Escola sem Partido” tenta retirar dos docentes a liberdade de ensinar.

Na noite de 20 de junho, o salão Pedro Calmon, no campus da Praia Vermelha, recebeu um debate promovido pela Faculdade de Educação da UFRJ para compreender melhor esta ameaça e articular estratégias para enfrentá-la.

Coube ao professor Fernando Penna, da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense, apresentar o “Escola sem Partido”. Ele observou que este movimento, para o qual poucos deram atenção de início, surgiu em 2004. Mas a iniciativa só ganhou impulso nos últimos dois, três anos, quando, por sugestão da família Bolsonaro, seus organizadores criaram e passaram a divulgar um anteprojeto para ser copiado e utilizado por qualquer parlamentar.

Desde então, a proposta tramita no Congresso Nacional, apresentada pelo deputado federal Izalci (PSDB-DF), no Distrito Federal e na assembleia legislativa de mais dez estados, fora os municípios — nos quais o monitoramento dos projetos é mais difícil. Em Alagoas, já virou lei a nº 7.800, desde maio deste ano.

De acordo com Fernando Penna, o projeto é francamente inconstitucional. Seu artigo primeiro versa sobre princípios da Educação que já estão estabelecidos na Carta Magna. Ele chamou a atenção para alguns itens, como o que diz que o “Programa Escola sem Partido” atende ao princípio da “liberdade de ensinar e de aprender”. Ou seja, reduziram o inciso segundo do artigo 206 da Constituição que fala em “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber”: “Quer dizer, cortaram as atribuições do professor”, afirma Penna. O palestrante destaca que os efeitos nocivos do projeto não se limitam às salas de aula, mas também aos livros didáticos e paradidáticos; às avaliações para o ingresso no ensino superior; e às provas de concurso para ingresso na carreira docente e aos cursos de formação de professores, entre outros pontos.

O professor criou uma página no facebook contra o projeto, que pode ser encontrado em https://www.facebook.com/contraoescolasempartido/. Segundo ele, o perfil está recebendo diversos comentários ofensivos: “Dizem que isso é normal na internet, mas não vejo assim. E está saindo da internet e indo para a realidade”, falou, em referência ao episódio da invasão da Universidade de Brasília por um grupo fascista, na última sexta (17).

“Esse é um jogo político muito sério”

Na sequência do debate, a diretora da Faculdade de Educação, Carmen Teresa Gabriel disse estar estarrecida com o projeto e seus desdobramentos. Ela destacou as caricaturas encontradas no site da Escola sem Partido, que provocaram risos na plateia: “É um absurdo tão grande, que provoca esse riso amargo. Vivemos tempos difíceis. Mas é um jogo político muito sério”, disse.

A professora chamou à responsabilidade os colegas da faculdade e do Colégio de Aplicação para enfrentar este projeto: “Temos de construir este debate. Não podemos fingir que não está acontecendo”, disse. Ela também criticou um dos pilares da iniciativa, que pretende evitar a discussão de gênero nas escolas: “Como não falar de gênero nas escolas? Como não falar de racismo nas escolas? Se a família não está de acordo, estamos privatizando, de alguma forma, o saber. A escola não pode virar as costas para o conhecimento científico”, disse.

Projeto contraria educação de direitos humanos

Iniciar uma reação imediata foi a indicação de Carlos Eduardo Oliva, professor de Sociologia do Colégio Pedro II, na parte final do encontro. Ele conclamou todos, educadores, estudantes e pais de alunos, a pressionarem os parlamentares contra o “Escola sem Partido”. Para ele, ao supostamente tentar eliminar um caráter ideológico dos colégios, o projeto contraria uma educação de direitos humanos: “Querem uma escola absolutamente ideológica. Politizada da pior forma, comprometida com a manutenção das desigualdades”, disse.

Também representante do Observador da Laicidade na Educação (OLÉ), Carlos leu uma nota de repúdio da organização contra o “Escola sem Partido”: “Existem diversos pontos controversos e extremamente graves defendidos por este grupo, dentre eles a noção, combatida pela educação crítica e progressista, de que estudantes são desprovidos de ideias, pensamentos próprios e que são por isso, conforme o projeto por eles defendido, ‘vítimas passivas’. Acreditamos que os estudantes não são folhas em branco às quais o professor preenche, mas sim agentes, seres pensantes, que interagem e refletem sobre os temas através da mediação dos professores”, diz um dos trechos.

Ministro interino criticado

Diretora do Colégio de Aplicação da UFRJ, Cristina Miranda foi a mediadora da mesa. Antes do início do debate, a professora informou que o Conselho de Coordenação do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), em reunião realizada no dia 13, criticou os primeiros atos públicos do novo ministro interino da Educação, Mendonça Filho. Por meio de notas enviadas ao MEC e à Comissão de Educação da Câmara, o CFCH questiona a opção de Mendonça Filho receber representantes de grupos como a coalizão neoconservadora “Escola sem Partido”. Também observa que uma audiência pública na Comissão de Educação sobre a Base Nacional Comum Curricular, no fim de maio, interditou a participação das principais entidades científicas nacionais.

Confira o vídeo do debate, na íntegra, em http://tinyurl.com/hgqdsuy



“UFRJ livre do comunismo”

Durante sua apresentação, Fernando Penna causou espanto ao público do Pedro Calmon, quando mostrou que proliferam páginas no Facebook favoráveis ao programa do “Escola sem Partido” em universidades públicas. Uma delas chama-se “UFRJ livre do comunismo” e traz postagens atacando a atuação da Adufrj, crítica ao programa. A reportagem enviou mensagem ao administrador da página, sem resposta até o fechamento desta matéria.

 

 

UnB repudia ataques fascistas


Ato no dia 20 foi em resposta à invasão de grupos extremistas no dia 17. Estudantes foram alvos de injúrias raciais e homofóbicas

Fotos: União Nacional dos Estudantes
Texto: Silvana Sá

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Um grande ato na Universidade de Brasília no dia 20 repudiou os ataques fascistas organizados por um grupo de extrema-direita na sexta-feira (17). A atividade foi convocada por 35 centros acadêmicos e pelo Diretório Central dos Estudantes da UnB. Professores e servidores técnico-administrativos também participaram.

Diversas unidades e centros acadêmicos se manifestaram por meio de notas de repúdio. A Associação dos Docentes da UnB também condenou os ataques: “A ADUnB manifesta sua preocupação com a propagação de demonstrações de desrespeito à democracia, diversidade e tolerância”, disse a direção, em trecho.

Ex-decana de Ensino de Graduação, a professora Márcia Abraão pede urgência na apuração dos fatos: “Nossos estudantes ficaram com muito medo. É urgente que se tomem medidas em todas as instâncias contra este tipo de manifestação. A UnB foi criada para ser uma universidade de vanguarda, defensora dos direitos humanos, com a cultura da paz. Para nós, é particularmente muito grave o que aconteceu”, disse.

Além dos ataques à liberdade, a docente aponta outro problema: “Estamos vendo com muita preocupação este episódio, não só pelas violações, mas também porque demonstra a vulnerabilidade de nossa segurança. Somos um campus aberto. A menor parte dos agentes é da instituição e cresce o número de seguranças terceirizados, que têm atuação apenas patrimonial. Isto acaba se refletindo numa situação dessas”, completou.

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A comunidade acadêmica apresentou uma nota de repúdio: “É  muito  preocupante  que  tal  fato  ocorra  em  uma  Universidade pensada  por  Darcy  Ribeiro  e  Anísio  Teixeira  com  a  aspiração  de pensar o Brasil  com  a  liberdade de  pensar,  pesquisar  e  ensinar.  Consideramos  inadmissível  qualquer  tipo  de  discriminação  e  agressão, especialmente  voltadas às entidades  de representação  das/os  estudantes”. Veja a carta completa: http://www.noticias.unb.br/images/Noticias/2016/Documentos/Carta-da-comunidade-universitaria.pdf

A reitoria da UnB manifestou-se na própria sexta, também por meio de nota, na qual afirmou que “as ocorrências de natureza agressiva e intolerantes são devidamente apuradas e, quando se trata de ações que extrapolam a alçada administrativa da Universidade, os órgãos competentes são acionados”. A administração central pediu que todos os vídeos e fotografias do ataque sejam encaminhadas formalmente para os órgãos de investigação da universidade. Em pronunciamento na tarde do dia 21, o reitor Ivan Camargo fez uma dura fala contra as agressões. “Nós não vamos admitir qualquer retrocesso. Repudiamos com muita força e com muita coragem qualquer ato de intolerância. Vamos continuar atuando com toda serenidade para combater a intolerância, combater atos de racismo e homofobia”, disse.

O ataque

No dia 17, um grupo vestido de preto invadiu o campus da universidade. Com armas de choque, bombas caseiras e porrete, eles pediam a volta da ditadura, gritavam ofensas homofóbicas e tentaram depredar o Centro Acadêmico de Sociologia. Um estudante foi agredido.

Apontada como organizadora do evento, a jovem Kelly Cristina Cardoso, mais conhecida como Kelly Bolsonaro, foi denunciada no Ministério Público do Distrito Federal. Ela teria feito a convocação do ataque pelo Facebook após professores da Associação dos Docentes da UnB sugerirem levar ao congresso do Andes-SN uma proposta de greve até que Dilma Rousseff voltasse ao governo federal. A UnB e a Polícia Civil investigam o ataque.

*Com informações do site da UnB e do Congresso em Foco

 

 


O Senado vota hoje o PLS 798/2015, que regulamenta o Ciência sem Fronteiras. Segundo a SBPC, a definição do artigo referente às fontes permanentes de financiamento “está vaga, imprecisa e aberta o suficiente para que o Programa venha a ter problemas tanto de orçamento como de liberação de recursos”
 
Em carta a senadores, a SBPC solicita maior detalhamento e precisão dos termos que se referem às fontes permanentes de financiamento do Ciência sem Fronteiras no Projeto de Lei do Senado (PLS 798/2015), que institui em definitivo o Programa. O PLS, de autoria da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), que propõe que o Programa, instituído por meio de um decreto, passe a ser regulamentado por lei, será votado hoje (21/06).
 
Enfatizando seu apoio à iniciativa da CCT e aos propósitos do PLS 799/2015, a SBPC chama a atenção para o artigo 9º do Projeto, referente ao financiamento do CsF. De acordo com a entidade, a maneira de definir as fontes permanentes de financiamento ao Programa descrita no artigo “está vaga, imprecisa e aberta o suficiente para que o Programa venha a ter problemas tanto de orçamento como de liberação de recursos”. 
 
Na carta, a SBPC observa que este foi o principal problema do Programa: “Se, no início, os recursos totais para o Ciência sem Fronteiras foram repassados diretamente do Tesouro, nos anos mais recentes uma parte expressiva de seus custos foi – de forma ilegal e desastrosa – bancada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), o que provocou e vem provocando sérios problemas de financiamento a programas e projetos de pesquisa em todo o País”.

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