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Colegas homenageiam Diego Vieira Machado

Com uma faixa estendida na entrada do Centro de Tecnologia, prédio onde ocorre a matrícula dos calouros, os estudantes da UFRJ prestam homenagem ao colega Diego Vieira Machado, nesta segunda-feira (4). Na noite de sábado, dia 2, o corpo de Diego foi encontrado com sinais de espancamento nas proximidades do alojamento, na ilha do Fundão.

A investigação preliminar da polícia indica crime motivado por preconceito. Diego era negro, LGBT e morador do alojamento. Formalmente matriculado na Letras, pretendia transferência para a Escola de Comunicação.

O DCE Mário Prata vai realizar uma série de atividades esta semana para cobrar mais segurança nos campi da UFRJ. O ponto culminante será um ato na próxima sessão do Conselho Universitário, às 9h de quinta-feira.


“Vista nossa palavra, Flip”

Evento paralelo à Feira Literária de Paraty promove visibilidade de escritoras negras

Samantha Su
Estagiária e Redação

“Arraiá da Branquidade” foi a expressão utilizada por Giovana Xavier, professora da Faculdade de Educação da UFRJ e coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas Intelectuais Negras da universidade, para definir a 14ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). O evento, que ocorre entre 29 de junho e 3 de julho, faz homenagem especial a uma escritora, Ana Cristina Cesar. Para esta Flip, também aumentou a participação feminina entre os convidados principais. Só que nenhuma das 17 autoras é negra.

Em manifesto, Giovana e a professora e educadora Janete Santos Ribeiro responderam à ausência como: “Um livro da supremacia branca, que se divide em muitos capítulos estruturados a partir das articulações entre racismo, machismo e transfobia”. E justificaram: “Em um país de maioria negra e de mulheres, portanto de maioria de Mulheres Negras, é um absurdo que o principal evento literário do país ignore solenemente a produção literária de mulheres negras como Carmen Faustino, Cidinha da Silva, Elizandra Souza, Jarid Arraes, Jennifer Nascimento, Livia Natalia e muitas outras”, declara o manifesto.

Segundo Giovana, a opção da Flip é uma consequência da negação da importância das autoras negras na construção da história brasileira. “É um desrespeito não só com quem escreve, mas a todas as mulheres negras que constituem e construíram esse país, em que somos maioria. A gente não tem lugar nessa história?”, questiona Giovana.

A professora é uma das idealizadoras, por meio do Grupo de Estudos e Pesquisas Intelectuais Negras da UFRJ, da campanha “Vista nossa palavra, Flip”, que surgiu em protesto contra a festa literária, mas também para fomentar espaços de visibilidade negra. “Nós somos mulheres negras, ativistas, autoras, pesquisadoras e leitoras e queremos assumir nosso papel na luta pela nossa visibilidade social”, declara.

Evento paralelo à Flip, neste sábado

O movimento organiza um evento paralelo à Flip durante todo este sábado, dia 2 de julho, em Oswaldo Cruz. Com a presença de diversas autoras, professoras e pesquisadoras negras debatendo literatura e visibilidade racial, a atividade terá início às 9h e só terminará depois da roda de samba Buraco do Galo, à noite.

O evento, para além da Flip, é um resgate da memória negra e de reafirmação cultural. “A campanha não se encerra com a Flip. Nós queremos nossa palavra e nosso texto na história. A gente não quer respostas como um ou outro negro presente, a gente quer visibilidade de nossas produções na proporção que ocupamos na sociedade. Nossa mobilização não é só de denúncia, mas é de criação de espaços em que possamos discutir sobre isso. Esses espaços não vão ser cedidos pelo mercado editorial, que é majoritariamente masculino e branco. Nossa literatura esteve sempre à margem do mercado literário, mas ela é viva e sofre com essa dupla invisibilidade, de gênero e raça”, explica Giovana.

Para mobilizar o “Vista Nossa Palavra, Flip”, foi aberto um convite a que diversas pessoas enviassem vídeos caseiros, lendo poetisas negras: “O intuito é fazer as pessoas individualmente mostrarem a sua relação com autores negros. Quais autoras negras você lê? Quantas você conhece? Nós recebemos mensagens de pessoas que diziam que ainda não tinham enviado seu vídeo porque iam, pela primeira vez, comprar um livro de uma mulher negra. É essa a discussão que a gente quer fazer e é algo que deve interessar a todos”, exemplificou a professora.

Outra atividade que gerou frutos positivos foi a oficina de “Escrevivências nas nossas escolas” que ocorreu, dia 29 de junho, na Escola Jornalista Escritor Daniel Piza. O colégio fica em Costa Barros, local onde ocorreu a chacina de cinco jovens negros alvejados dentro de um carro pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, ano passado.

A oficina, realizada em parceria com a professora de história da escola, Claudielle Pavão, contou com a divulgação de escritoras negras às crianças. Para Giovana, a atividade foi marcante e enraizou a necessidade de discutir educação pública e de qualidade pelo viés da diminuição das desigualdades sociais: “Sabemos que não adianta só mobilizar virtualmente, embora seja importante, mas o lugar de tratar da literatura e cultura negra é na escola. É o espaço da transformação”, pontua.

Há cinco anos, UFRJ aderia ao Enem


Decisão que acabou com o vestibular próprio foi tomada no Conselho Universitário para democratizar o acesso ao ensino superior

Silvana Sá
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Neste 30 de junho, completam-se exatos cinco anos que a UFRJ aderiu ao Exame Nacional do Ensino Médio como sistema de ingresso na graduação. A decisão aconteceu no Conselho Universitário depois de amplo processo de discussão que pôs fim ao vestibular próprio da instituição. Na época, durante a gestão do professor Aloísio Teixeira, também foi definida a destinação de 30% das vagas em cada curso a candidatos que tivessem cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas e que possuíssem renda familiar per capita de até um salário mínimo.

 Uma das justificativas era a necessidade de ampliar os mecanismos de democratização do acesso ao ensino superior e as ações afirmativas voltadas para a valorização da escola pública.

A possibilidade de as universidades federais participarem da elaboração de questões do Enem aparecia também como uma forma de a UFRJ não abrir mão da construção da prova. “Ingressamos neste processo com o compromisso de influenciar no processo. A prova de Matemática, por exemplo, tem mudado para melhor. Muitas questões são feitas na UFRJ”, conta a professora Angela Rocha, do Instituto de Matemática. Ela assumiu a pró-reitoria de Graduação na gestão de Carlos Levi, pouco depois de a universidade aderir ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

“A grande consequência do Sisu é que a UFRJ se tornou realmente a universidade do Brasil. Antes de aderirmos ao sistema, tínhamos apenas 2% de alunos de outros estados. Hoje, eles já passam de 20%”, disse. Setenta e cinco por cento dos ingressos na UFRJ estão entre os 2% com melhor desempenho no Enem Nacional.

Ela reconhece, também, diferenças entre o antigo vestibular e a prova do Enem. “O nosso vestibular próprio sempre foi conteudista e elitista. Uma pesquisa feita pela universidade demonstrou que 30% dos alunos das escolas públicas se excluíam do vestibular da UFRJ. Há muitas pessoas que dizem que nosso vestibular influenciou no conteúdo do ensino médio, mas que ensino médio? Só influenciava no conteúdo das escolas de elite”, avaliou.

 

Associado ao Sisu, a lei de cotas, de 2012, ampliou o acesso de pessoas que não pensavam poder entrar numa universidade federal. “Fizeram as pessoas sonharem com a universidade pública. Elas entram, mas são obrigadas a desistir do curso porque não damos estrutura para que elas permaneçam e passem nas disciplinas. Precisamos pensar uma forma de suprir uma educação básica deficiente”, observa Angela.


Patrimônio de lata

Área ocupada por contêineres na universidade crescerá mais de 100%

Elisa Monteiro
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Fotos: Arquivo Adufrj 


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Mais de oito mil metros quadrados da Universidade Federal do Rio de Janeiro serão ocupados por contêineres. Um aumento de mais de 100% em relação à área atual destas estruturas. O espaço corresponde a duas vezes o terreno do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (4.117,68 m2) e é maior que o do Hospital Escola São Francisco de Assis (7.531 m2).

Ao todo, serão 8.369,26 m2 contra 3.990 m2 atuais nos dois campi da cidade. A expansão terá 2.779 m2 para o alojamento estudantil e 560 m2 para um bandejão no campus da Praia Vermelha. Outros 1.024 m2 de contêineres serão conseguidos em convênio com o Ministério da Justiça, como contrapartida de uso de parte do campus da Praia Vermelha pela Polícia Federal e Polícia Rodoviária, durante as Olimpíadas.

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A durabilidade média das instalações é de dez anos, segundo a prefeitura da UFRJ. Em entrevista à Adufrj, a reitoria apresenta dois argumentos para a defesa do projeto: a pressa e o apoio da representação estudantil.

Só a contratação do alojamento, no Fundão, custará cerca de R$ 18 milhões, pela previsão da prefeitura. O gasto é quase o triplo dos R$ 6,8 milhões desembolsados nos últimos anos com contêineres.

Histórico

A primeira onda de contêineres ocorreu em 2013. À época, o então reitor Carlos Levi espalhou 262 módulos temporários para compensar a carência de estrutura, durante a realização de obras da expansão universitária. Salas de aulas, repartições administrativas, laboratórios, copas e banheiros transitórios foram instalados na Praia Vermelha, Fundão (prédio da reitoria), Museu Nacional e polo de Xerém.

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Três anos depois, o novo reitor, Roberto Leher, retomou o projeto, desta vez em caráter permanente. Dos três editais lançados para aquisição de módulos para UFRJ, um destina-se à moradia estudantil, com 164 vagas, na Cidade Universitária e o outro para o restaurante universitário, com capacidade para 160 lugares, na Praia Vermelha.

O terceiro contrato é o do convênio com o Ministério da Justiça, para as Olimpíadas. Segundo o coordenador das licitações eletrônicas da universidade, Guilherme da Silva, os 68 módulos são orçados em mais de R$ 4,4 milhões.

 

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 Para o vice-presidente da Adufrj, Carlos Frederico Rocha, o caminho escolhido pela administração demonstra o abandono de um projeto estratégico para a UFRJ: “No Plano Diretor, havia uma concepção de universidade planejada. Em 2012, os contêineres eram transitórios. A perspectiva era de alcançarmos em um futuro definido condições compatíveis com um bom nível dos serviços, uma moradia estudantil integrada às atividades da UFRJ. Hoje, eles seguem uma direção equivocada, uma transição para nada. Algo caro e passageiro”.

Espaço apertado para realizar as atividades, mofo nas salas de aula e falta de saída de emergência são algumas das situações enfrentadas

Texto e fotos: Silvana Sá
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IMG 9519Umidade causa mofo no subsolo do CCS

Gastronomia e  insalubridade não combinam. Ainda assim, andam de mãos dadas na UFRJ. Os professores da Gastronomia dão aula majoritariamente no subsolo do CCS. Um local sem saídas de emergência, sem ventilação e com umidade aparente. O cheiro de mofo é sentido assim que se acessa o pavimento. “Quando manipulam formol numa ponta do subsolo, todos os corredores imediatamente ficam com o cheiro também, já que não há ventilação. Temos que dar aulas com as portas abertas, por conta do cheiro insuportável. Os ares-condicionados também são velhos, alguns estão quebrados”, relatou uma docente, que não quis se identificar.

IMG 9460Teto apresenta diversos buracos por onde entra água da chuva

Os professores  não têm sala individual. Vinte e seis docentes dividem uma única área. O espaço é apertado com mesas, cadeiras e fios espalhados. Uma copa improvisada graças ao rateio entre os próprios docentes dá conta das necessidades mais imediatas de alimentação. A água precisa ser comprada e a limpeza não acontece sempre. Também nesta sala não há saída de emergência.

O sistema de energia não comporta mais equipamentos. Computadores novos estão instalados, mas não podem ser ligados. O microondas também precisou ser desligado. “Tivemos que desligar a impressora porque recebemos a informação de que a sala pode pegar fogo”, disse outra professora. Dos 28 docentes efetivos do curso, cerca de 20 ainda estão em estágio probatório, o que justifica a negativa de se identificarem para a reportagem.

O teto apresenta diversos buracos por onde entra água da chuva. “Realizamos atendimento a alunos, preparação de aulas, atividades de pesquisa, extensão. Chove dentro da sala por conta do buraco no forro”, apontou o professor Marcio Marques, um dos poucos que já passaram pelo estágio probatório.

Outra professora complementa: “Normalmente, se precisamos preparar aulas ou corrigir provas, demoramos muito mais tempo que o necessário, porque é difícil se concentrar. Muitos colegas acabam trabalhando nos corredores ou em salas de aula”.

Curso novo, problema antigo

IMG 9475Alguns equipamentos novos estão desligados pelo risco de incêndio

Criado em 2011, no âmbito do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, o curso é sediado no Instituto de Nutrição, mas ainda não faz parte do Estatuto. Portanto, não está oficialmente na estrutura da universidade.

O prédio prometido para abrigar o curso seria erguido atrás do Restaurante Universitário Central, mas não saiu do papel. Por isso, a sala dos professores do curso funciona em um espaço cedido pela Decania do Centro de Ciências da Saúde, dentro da Biblioteca do CCS. Assim, o horário de trabalho fica atrelado ao horário de funcionamento do setor: das 8h às 21h. “Mas, quando há qualquer problema com os servidores técnico-administrativos, não conseguimos entrar e nossos alunos ficam sem acesso”, relatou outra professora.


 

 



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