facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

MEC interfere na reitoria de federal de São Paulo

Reitora ganhou nos três segmentos da universidade, mas não foi nomeada 

Elisa Monteiro

Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

A professora Soraya Smaili venceu a reeleição para reitoria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em novembro, mas ainda não foi nomeada para o cargo. Primeira mulher a ocupar o posto, ela ganhou nos três segmentos – docentes, técnicos e estudantes. Sua nomeação está parada no Ministério da Educação (MEC) que concedeu à reitora apenas o status de pro-tempore. Na prática, significa que ela pode ser substituída a qualquer momento. 

A justificativa usada pelo MEC é a reclamação de um docente aposentado da Medicina, Antonio Carlos Lopes, sobre a validade da consulta. Ele afirma que o voto paritário é ilegal porque dá o mesmo peso para estudantes, professores e técnicos. Foi a primeira vez que a Unifesp usou a paridade, incorporada recentemente ao estatuto da universidade. O mal-estar com a interferência fez o único concorrente na eleição, professor Nildo Alves Batista, se recusar a oficializar o nome na lista tríplice. 

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) acompanha os processos de nomeações de reitores. Por email, a assessoria da Andifes destacou que “o MEC tem nomeado o primeiro nome da lista tríplice enviada pelas instituições. Entretanto, observa-se há algum tempo demora nos trâmites administrativos”. E informou que em relação à Unifesp “o atual ministro da Educação afirmou à nossa diretoria, que continuará o rito desse processo”. 

Ana Maria Estevão, professora da Unifesp na Baixada Santista e diretora do Andes-SP, explica a situação: “A lisura do processo foi referendada pelo Conselho Universitário, não tem discussão”. 

MOVIMENTO DOCENTE 

Soraya Smaili foi eleita pela primeira vez em 2013 por votação não paritária. A professora atua no movimento docente, com passagem pelas diretorias do sindicato local e nacional.

Arquitetura de problemas
FAU decide suspender o início do primeiro semestre até que as condições de trabalho sejam normalizadas

 

Fernanda Oliveira
Estudante da ECO/UFRJ e estagiária

Não foi uma decisão fácil. No dia 1º de fevereiro, após uma série de reuniões, a Congregação da Faculdade de Arquitetura decidiu suspender o início do primeiro semestre de 2017, até então previsto para 13 de março. A decisão foi unânime. A FAU argumenta que os prazos das obras de recuperação da unidade não estão sendo cumpridos.

Na reunião do Consuni, a professora Mônica Salgado explicou que a decisão condiciona o começo do semestre ao funcionamento básico da rede elétrica, dos aparelhos de ar-condicionado, instalações hidrossanitárias, telefonia e internet.

Hoje, professores, alunos e funcionários não contam com nada disso. As atividades são realizadas de maneira precária no térreo, mezanino e parte do 3º andar. Mais de quatro mil alunos compartilham quatro banheiros.

A Arquitetura reivindica também a reativação dos elevadores, um projeto de segurança contra incêndio e pânico e cronograma de obras para o todo o edifício.

Para Andrea Borde, professora de Pós-graduação em Urbanismo, “não se trata de não oferecer o próximo semestre, mas de não começá-lo nas mesmas condições”. Ela argumenta ser impossível preservar a excelência nas condições atuais: “A nossa universidade precisa de investimentos em manutenção e em pessoal”.

Durante o Consuni, a reitoria prometeu colocar no site institucional o cronograma das obras da Arquitetura.

Outro lado

O pró-reitor Roberto Gambine informou que usou parte dos recursos emergenciais enviados pelo MEC após o incêndio do ano passado para fechar as contas da universidade em 2016. Ele explicou que o dinheiro não possuía rubrica específica e, para não ser devolvido por falta de uso, foi remanejado. “Recebemos R$ 6,5 milhões. Desse valor, R$ 600 mil foram utilizados para a limpeza da área atingida pelo incêndio. O restante foi usado em outros fins, mas existem R$ 5,9 milhões disponíveis no orçamento atual para custear as obras e que serão utilizados conforme forem andando as licitações”, garantiu.

Consuni aprova indicação de Agnaldo Fernandes no comando da PR-4


Silvana Sá
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Agnaldo Fernandes é uma espécie de coringa da gestão Leher. Ele descasca desde abacaxis políticos até problemas de agenda do reitor. Homem forte da atual administração, ele foi o principal articulador da campanha que deu vitória à chapa de Roberto Leher, em 2015. Por sete meses, o técnico-administrativo acumulou a superintendência da PR-4 e a chefia de gabinete do reitor.

A PR-4 foi assumida inicialmente por Regina Dantas, que pediu demissão em junho passado. Ela foi substituída por André Luiz Chagas, que também decidiu se desligar da administração central meses depois. Agora, Agnaldo terá sobre a mesa um enorme desafio: reorganizar a Pró-Reitoria de Pessoal depois do incêndio do ano passado.

Os problemas não se restringem a encontrar documentos perdidos, acelerar procedimentos e fazer girar a engrenagem burocrática. Também terá que implementar uma política de pessoal. A cobrança é da bancada dos técnicos. “É urgente uma política que englobe a qualidade de vida e de saúde no trabalho”, disse a conselheira Gerly Miceli, integrante do movimento de servidores “Ressignificar”. No começo da semana, o grupo distribuiu um documento cobrando celeridade na indicação do pró-reitor. Eles reclamavam que, pela natureza complexa, a função não deveria ser acumulada com outras atividades.

Agnaldo foi superintendente de Pessoal na administração de Carlos Levi. Agora, a gestão Leher tem três “ministros” da reitoria passada: Agnaldo, Roberto Gambine e Ivan Carmo. Quem assume a chefia de gabinete é a servidora Heliane Rocha, até então assessora de Agnaldo.

Agnaldo e Heliane enfrentarão desafios técnicos e políticos. Hoje, as críticas mais frequentes são isolamento político e esvaziamento da pauta do Consuni. “conheço bem o Agnaldo e acho um ótimo nome. Já a situação da UFRJ me deixa muito apreensivo. Há um consenso de que está sendo destruído nosso patrimônio, mas a universidade não tem sido capaz de realizar ações para deter esse processo”, criticou o professor Flavio Dickstein, conselheiro representante dos Titulares do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza.

... E 2017 começou...

Atraso de aulas na Arquitetura e na Fisioterapia, troca-troca na reitoria e corte orçamentário

 

Silvana Sá
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.


O ano começou agitado. Na primeira reunião do Conselho Universitário, na quinta-feira (09), problemas graves mobilizaram a comunidade acadêmica. Os professores da Arquitetura decidiram adiar o início do semestre. Eles alegam falta de condições de trabalho e reclamam da morosidade da reitoria para resolver as consequências do incêndio de outubro.

Outro curso sem previsão de retorno às aulas é Fisioterapia. Estudantes estão sem disciplinas práticas e laboratórios desde a implosão da ala sul do Hospital Universitário, em 2010. “Não podemos mais ser co-responsáveis por essa situação indigna”, afirmou Sara Menezes, chefe do Departamento.

O assunto mais esperado foi o anúncio do novo pró-reitor de Pessoal. Quem assume é Agnaldo Fernandes que, durante sete meses, acumulou a pró-reitoria com a chefia de gabinete. A escolha ocorreu após um tenso período para a PR-4, com enxurrada de reclamações sobre sumiço de processos de aposentadoria e progressão de carreira.

Nos momentos finais do Consuni, o reitor anunciou outro imbróglio: o contingenciamento de 30% do orçamento. “Não temos os recursos mínimos. Estamos recebendo 1/18 a cada mês, ao invés de 1/12”, reclamou Leher.

Estudo mostra que pesquisadores gastam 30% do tempo com burocracias

Valentina leite
Estudante da ECO/UFRJ e estagiária

O pesquisador brasileiro enfrenta um inimigo diário ainda mais grave que a falta de recursos. Trata-se da burocracia. Estudo realizado em dezembro do ano passado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTIC) mostra que os cientistas gastam mais de 30% de seu tempo de trabalho com formalidades burocráticas. São formulários, prestações de contas e compras de insumos e equipamentos.

“Falta de estrutura institucional, pouco acompanhamento financeiro dos projetos e atrasos na obtenção de produtos são as maiores dificuldades”, resume Katia Carneiro, professora do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ. O mesmo enfrenta Ismar Carvalho, professor do Instituto de Geociências da UFRJ. “Os infindáveis formulários e a trabalhosa tarefa de contabilizar corretamente os gastos andam lado a lado conosco”, diz.

O problema gera prejuízos não só para os pesquisadores, mas também para o país. A lista de cientistas que deixam o Brasil afugentados pela rotina de pequenos entraves é crescente. Um dos casos mais conhecidos na UFRJ é o da pesquisadora Suzana Herculano-Houzel, atual professora na Universidade de Vanderbilt (EUA).

Ela avalia a situação. “Perdia muito tempo e dinheiro no Brasil com burocracia, esperando meses para conseguir comprar reagentes ou equipamentos”, afirma Suzana. “Era difícil, mesmo com a boa vontade dos funcionários da reitoria”.

Topo