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UERJ: de luto na luta

Fernanda Oliveira
Estudante da ECO-UFRJ e estagiária


Decorada com cruzes, velas e cartazes a Universidade do Estado do Rio de Janeiro amanheceu de luto nesta terça-feira, (24). Em ato convocado pelo movimento UERJ Resiste, centenas de pessoas se reuniram para um enterro simbólico da crise que atinge a instituição e todo o estado do Rio.  


Segundo Alice Carneiro Lopes, professora da Faculdade de Educação o objetivo do movimento é mostrar que apesar de todos os problemas a UERJ segue viva: “o luto simboliza a situação de descaso que passamos, mas estamos aqui para mostrar que seguimos na luta pelo objetivo maior que é reverter essa situação e que a UERJ segue viva”.  


A reitora em exercício Maria Georgina Muniz Washington agradeceu a presença de todos e reforçou o discurso: “Não estamos pedindo nada demais, estamos pedindo somente para trabalhar. A UERJ vive, a UERJ é vida”. 

 

O ato contou com apresentações artísticas e muita música. Além disso, foi realizada uma exposição com desenhos e trabalhos de alunos do Colégio de Aplicação. Para Maria Del Carmem Corrales, técnica universitária, a presença de todos os seguimentos da universidade é fundamental para mobilização: “a UERJ é nossa, é da sociedade e precisamos da presença de todos. Estive nos atos que fizemos até hoje fazendo cartazes, faixas e vou continuar lutando pela nossa universidade”.

Começa Congresso do Andes: professores buscam unidade

A palavra unidade foi a mais falada na abertura do 36º Congresso do Andes, hoje em Cuiabá. Ao todo, 471 docentes das principais universidades brasileiras participam do encontro.  Setenta seções sindicais, entre elas a Adufrj, enviaram representantes ao evento. Fórum máximo de deliberação do Sindicato, o evento tem a tarefa de decidir o plano de lutas da categoria para este ano.

No entendimento da diretoria do Andes e dos representantes de outras entidades e movimentos sociais convidados, somente a união de todos os trabalhadores e trabalhadoras poderá fazer frente à perda de direitos conduzida pelo governo de Michel Temer.

Nos discursos, a reforma da previdência, que endurece as regras da aposentadoria, já é tratada como a grande batalha de 2017. Mas os reflexos da emenda constitucional dos gastos, aprovada ano passado, também foram mencionados.


Além de diretores do Andes e do presidente da Adufmat, seção sindical que sedia o congresso, prestigiaram a cerimônia de abertura representantes da CSP-Conlutas, do Conselho Federal de Serviço Social, da Auditora Cidadã da Dívida, da Fasubra, do Sinasefe, do DCE local, do MST e do MTST, além do reitor da universidade.


Foto: Kelvin Melo


#SomosTodosUERJ

Mobilização defende excelência da instituição, ameaçada pelo governo estadual

Elisa Monteiro
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Fotos: Fernando Souza 

“Não engolimos este discurso de que a Uerj não cabe no orçamento. No orçamento, tem que caber o que povo precisa. E somos o melhor investimento que o estado pode fazer”, argumentou Natalia Trindade, do DCE-Uerj, em ato contra o sucateamento da instituição neste dia 18, em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo. A estudante destacou os apoios institucionais da UFRJ, UFF, UniRio e Fiocruz às estaduais.

“Estamos completamente sem repasses para manutenção, corredores sem lâmpada, empresa de limpeza falando em interromper contrato”, contou a professora Márcia Mota, da Psicologia. Sem salário de dezembro e 13º, a docente conta como estruturou a vida familiar. “Vamos negociando as dívidas e, na prática, deixando de fazer as coisas”. O marido também é professor da UERJ.

O colega docente Germano Penello (Faculdade de Engenharia) deixou a vida no estrangeiro para ingressar na UERJ. “É um baque você voltar e encontrar o país da maneira que está. Você estuda a vida inteira para trabalhar na universidade e, de repente, não sabe como será o futuro”.

Outro docente presente ao ato, Vitor Lemes (Instituto de Física) acredita que a crise da UERJ é mais política do que administrativa: “É aquela velha ideia dos tempos do Fernando Henrique de que as privatizações irão resolver todos os problemas com eficiência. Foi o que fizeram para resolver a telefonia e estamos vendo aí que não foi o que aconteceu”. 

Sobraram críticas também às manifestações na mídia do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF): “Justo o senhor, que estudou e trabalhou na universidade enquanto ela foi pública e gratuita, sugerindo privatizar”, alfinetou o estudante Theo Lobato, do curso de Direito. “Estamos aqui para dizer que privatização não é a solução, que Uerj boa é Uerj democrática e popular”.

FSOU6779Marcia Mota, Vitor Lemes e Germano Penello relatam as dificuldades pessoais e da universidade



Abraço cerca UERJ de solidariedade 
 

 

Elisa Monteiro
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Fotos: Fernando Souza 


Em menos de quinze minutos, cerca de duas mil pessoas formaram uma corrente humana de quase duas voltas em torno do prédio principal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), no Maracanã. A manifestação, realizada na parte da tarde, foi encerrada com apresentação do Bloco Carnavalesco Discípulos de Oswaldo (da Fiocruz), sem conflito com a polícia. A diretoria da Adufrj marcou presença no ato e ofereceu apoio à Asduerj.


Muita gente de fora da universidade compareceu para se manifestar contra a ameaça de fechamento da universidade por falta de recursos. A associação dos servidores da Fundação Oswaldo Cruz (Asfoc) participou diretamente da organização. “Temos pesquisadores formados pela UERJ e uma cooperação direta. Acompanhamos de perto e com preocupação a situação da universidade”, disse Paulo Henrique, analista da Fiocruz.


Um número expressivo de entidades sindicais e instituições como a Fiocruz, UFRJ, UFF, UniRio, Colégio Pedro II, Museu Nacional, e Centrais Sindicais como a CUT, CTB e CSP-Conlutas fizeram falas contra os cortes orçamentários que colocam em xeque as universidades estaduais. Além da UERJ, a Uezo e a Uenf também foram lembradas. Artistas como Osmar Prado e Wagner Moura 
mandaram seus apoios. 

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Parlamentares do Rio de Janeiro compareceram em peso. Os deputados estaduais Waldeck Carneiro (PT), Eliomar Coelho (PSOL), Flavio Serafini (PSOL), além dos vereadores Reimont (PT) e Tarcísio Motta (PSOL), criticaram o “ajuste fiscal” proposto pelo governador Luiz Fernando Pezão, que penaliza serviços e servidores públicos.


“Pelo seu potencial de desenvolvimento econômico e de cidadania, a UERJ deveria ser considerada como um diamante do estado do Rio de Janeiro”, afirmou a deputada federal e ex-aluna da Medicina da universidade, Jandira Feghali (PCdoB). “Estivemos à frente das iniciativas para renegociação da crise do estado sem contrapartida. Mas, na atual situação, tenho dúvidas se, mesmo com mais recursos, as universidades seriam prioridade para esse governo. Por isso, a pressão popular é fundamental’, completou.


Ex-reitora da universidade, Nilcéa Freire fez uma fala emocionada sobre o papel das universidades estaduais para o desenvolvimento e redução de desigualdades sociais na Baixada Fluminense e no interior do estado. O papel dos projetos de extensão da UERJ, o pioneirismo nas cotas e ensino noturno foram citados em grande parte das intervenções: “Não é qualquer coisa que essa ameaça venha sobre a universidade com 8 mil cotistas. O movimento negro nacional está de olho no que se passa por aqui”, disse Cláudia Vitalino (Uninegro).


A iniciativa do “abraçato” partiu de uma página da comunidade da Escola de Belas Artes da UFRJ (EBA). Formado pela Escola Superior de Desenho Industrial da UERJ (ESDI), o professor Carlos Azambuja idealizou a atividade. “É claro que sempre há um componente afetivo, mas a motivação do ato foi política. Hoje, a UERJ é o campo de batalha de resistências em defesa de tudo que significa o serviço e a universidade pública. Ela é um laboratório onde estão testando a possibilidade de privatização para o ensino superior. Mas amanhã pode ser a UFRJ ou qualquer outra federal”.


Mesmo aposentada, a professora e ex-integrante do Consuni da UFRJ, Diana Maul não perdeu o encontro. “Temos grande ligação com a UERJ e o Hospital Pedro Ernesto. Não deixaria de vir me solidarizar. A UERJ não pode fechar”.

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Procurador indicia reitor

MPF denuncia Leher e aluna da UFRJ por participarem de atos contra impeachment

Fernanda Oliveira
Estudante da ECO-UFRJ e estagiária
Foto: Tatiana Lima/Arquivo Adufrj

O reitor Roberto Leher e uma aluna, ex-presidente do Centro Acadêmico de Engenharia da UFRJ, foram indiciados pelo Ministério Público Federal por organizarem atos em defesa da democracia, em 2016. O procurador Fábio Aragão, do MPF, entende que não poderiam ser realizadas manifestações de caráter político-partidário em instituições públicas. Depois de questionar os dois, ainda no ano passado, o procurador agora resolveu ingressar com uma ação na 21ª Vara Federal.

Um dos atos foi realizado no dia 29 de março de 2016, com convocação na página oficial da universidade, contra o impeachment de Dilma Rousseff. Até o fechamento desta matéria, o reitor e a aluna Thais Zacharia ainda não haviam sido notificados da ação. Após a citação, eles terão 15 dias para responder à Justiça. A assessoria de imprensa não apresentou um posicionamento do reitor sobre o caso. (atualização em 19/01 - após o fechamento do Boletim da Adufrj, a reitoria divulgou uma nota sobre o tema: "A judicialização, pretendida pela ação do Sr. Procurador Fabio Aragão, confunde, deliberadamente, a defesa da democracia e o gozo da autonomia constitucional com ação partidária. A UFRJ tem confiança em que o Judiciário saberá interpretar os preceitos constitucionais, assegurando a liberdade de manifestação da comunidade universitária, em especial de seus estudantes, e da instituição", diz o trecho final do textoA Procuradoria da UFRJ limitou-se a dizer que vai atender à solicitação, dentro do prazo.

Thais Zacharia é acusada de emitir certificados para alunos que participassem dos atos. Em contato com a Adufrj, informou já ter prestado depoimento ao MPF no qual negou a emissão de qualquer documento. Disse que nem teria autoridade para isso.

Para a professora Ivana Bentes, da Escola de Comunicação, o pedido de punição do reitor da UFRJ pelo MPF fere o princípio de liberdade de expressão e a autonomia das universidades. “É inconcebível imaginar que as universidades públicas ficassem fora do mais importante debate político do Brasil à época. Acho que esse tipo de processo dá margem a ações jurídicas de perseguição política e abre caminho para processos antidemocráticos e de exceção”.

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