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A Faculdade Nacional de Direito reparou o erro cometido em julho do ano passado quando negou a indicação do advogado, escritor e artista Nei Lopes ao título de Doutor Honoris Causa. A Congregação da unidade voltou a se reunir e aprovou a indicação do ex-aluno da FND. Lopes tem vasta produção na área de culturas africanas, é também compositor, cantor e ativista do movimento negro. Desta vez, o pedido chegou ao Conselho Universitário, que aprovou a indicação por unanimidade e sob forte aplauso. Decano do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas, o professor Flávio Martins comemorou a aprovação. “Entra aqui em discussão qual modelo do Direito e de universidade que queremos. Se é um modelo extremamente formalista, tecnicista, ou se é um modelo mais abrangente”, disse. “Nei Lopes é um ex-aluno nosso, um advogado e destaca-se em outras áreas culturais e políticas, inclusive na defesa da ancestralidade da cultura de matriz africana no nosso país”, afirmou o decano. Nei Lopes também foi condecorado pelas federais do Rio Grande do Sul e Rural do Rio de Janeiro, além da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Para quem estuda o desenvolvimento urbano brasileiro, não basta pensar em medidas pontuais para evitar tragédias como a que aconteceu em Petrópolis. É preciso retomar uma política de planejamento das cidades. Quem defende esta posição é o professor Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro, do IPPUR/UFRJ. “A Constituição de 1988 estabelece os princípios de planejamento e de reforma urbana, obrigando que a cidade pratique uma gestão baseada nesses princípios, traduzidos nos planos diretores e nas leis de planejamento urbano. Mas esse projeto acabou sendo derrotado na sociedade brasileira”, explicou o professor.

A derrota do projeto de planejamento urbano proposto pela Constituição de 1988, na avaliação do professor, levou a um modelo que privilegia os interesses econômicos de grandes agentes. “As cidades são também os lugares onde se organizam os blocos de poder que dirigem o nosso desenvolvimento capitalista. Os interesses econômicos e políticos têm uma importância muito grande na gestão do planejamento urbano como negócio e como moeda política”, avaliou.

Luiz Cesar é também coordenador do Observatório das Metrópoles, que reúne pesquisadores de 16 capitais do Brasil pensando os desafios do planejamento urbano no contexto social, econômico e político do país. “Estamos preparando um trabalho, para ficar pronto este ano, com um diagnóstico com as 16 metrópoles onde estamos, com propostas que retomem esses princípios e instrumentos da reforma urbana”, contou o professor. Algumas ações que ele citou como exemplo são um maior controle do uso e ocupação do solo, restrição do uso das áreas de encostas e de preservação ambiental, além de políticas de ampliação do acesso à moradia. “Precisamos de uma política habitacional de massa, para dar alternativa àqueles que não têm acesso à habitação pelo mercado”. (Lucas Abreu)

WhatsApp Image 2022 02 25 at 22.41.47Artigo
LUIZ CESAR DE QUEIROZ RIBEIRO
Professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR) da UFRJ
e coordenador do Observatório das Metrópoles

Devemos, na medida do possível, procurar atuar na desconstrução da narrativa do senso comum presente na mídia baseada na suposição da “desordem urbana” como a causa dos tantos desastres urbanos que têm ocorrido: Petrópolis (RJ), Franco da Rocha (SP), Belo Horizonte, sul da Bahia.

Estamos assistindo às consequências trágicas de uma ordem urbana fundada no laissez-faire do mercado, do mandonismo urbano e da estrutural desinstitucionalização e desestatização dos governos municipais. A gramática do governo das emergências substituiu a gramática do planejamento, dos planos diretores e das leis de desenvolvimento urbano. A burocracia profissional na gestão das cidades foi desprestigiada e deslocada para abrir espaço para o governo direto pelas forças e interesses do mercado e patronagem urbana.

A adoção do governo das emergências é mais rentável eleitoralmente que o pouco visível governo do planejamento e da norma. Gera votos, alimenta clientelas eleitorais e incentiva financiamento de campanha, além de legitimar narrativas salvacionistas. Imaginem o rendimento político alcançado pelos donos do poder, prefeitos, governadores e até o presidente, ao aparecerem na grande imprensa e nas telas dos jornais nacionais com o colete das “defesas civis” e apresentando as “soluções salvadoras”!

Enquanto isto, vemos o que não foi feito para preparar antecipadamente as cidades para atravessarem estes eventos extremos do clima. A evidência deste padrão de governo das emergências como prática consciente dos donos do poder: a gestão de Cláudio Castro (PL), governador do Rio, gastou apenas metade do previsto em prevenção de tragédias no Rio de Janeiro. Segundo matéria da Folha de São Paulo com dados do Portal da Transparência, apenas 47% do valor previsto em orçamento para ser gasto em 2021 no programa de prevenção e resposta a desastres foi de fato empenhado. Em 2013, o então governador Sergio Cabral (PMDB) investiu apenas 37% da verba destinada a obras na Serra e na Baixada — dos R$ 4 bilhões disponíveis, apenas R$ 1,5 bilhão foi efetivamente usado em obras, segundo a Revista Veja. Isso tudo mesmo com o conhecimento das tragédias anteriores ocorridas na Região Serrana, como a que ocorreu em 2011 e afetou os municípios de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto, resultando em mais de 900 mortos e 100 desaparecidos, além das 35 mil pessoas que perderam suas casas ou tiveram que sair por conta do risco de desabamento.

Estes são desfechos esperados da nossa ordem urbana.

Beatriz Coutinho e Lucas Abreu

 

Depois de escapar com vida de uma infecção pela covid-19, o que pode acontecer com o paciente? Que sequelas ele poderá ter? Para aprofundar essa questão, o Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (Nupem/UFRJ), do campus Macaé, e o Centro de Acolhimento e Reabilitação Pós-Covid (Carp), da prefeitura da cidade do norte fluminense, iniciaram em janeiro a pesquisa “Epidemiologia das afecções pulmonares e neurocognitivas pós-covid nos munícipes de Macaé”. Com uma equipe composta por 23 pessoas e financiada pela Faperj, a pesquisa tem duração prevista de três anos e estimativa de monitorar entre 200 e 500 pessoas. O foco principal são as sequelas renais, respiratórias e neurológicas deixadas pela doença que já matou mais de 635 mil brasileiros.

“Nos chamavam a atenção diversos distúrbios que os pacientes relatavam pós-covid. Alguns apareciam logo após a infecção e outros só seis, doze meses depois”, explicaWhatsApp Image 2022 02 08 at 15.58.331 a neurocientista Cintia Monteiro, professora da UFRJ e coordenadora do projeto. A pesquisa é uma consequência do trabalho de testagem, rastreamento do genoma do vírus, monitoramento da imunidade após infecção e acompanhamento da eficácia da vacinação que vem sendo realizado desde o começo da pandemia pelo Nupem. Alguns dados desse trabalho, ainda em curso, servem de base para a pesquisa atual.

“Passamos questionários perguntando aos voluntários das últimas pesquisas para saber se eles tiveram algum tipo de afecção, convidando para o novo projeto”, detalha a coordenadora. “Quando a resposta era ‘sim’, eles retornavam ao Nupem ou ao Carp para realizar a coleta de sangue”. Para ser voluntário não é necessário ter participado das pesquisas anteriores, nem residir em Macaé. “Aceitamos todos que queiram participar”, diz Cintia. Com duas semanas apenas, o projeto já soma 15 pessoas no time de voluntários.

A pesquisa pode ter um grande impacto social. Com o diagnóstico precoce e eficaz e o mapeamento dessas afecções, a gravidade e o número de mortes pode diminuir. “É bom para a população e poupa dinheiro público com medicação e internação”, pontua Cintia. A princípio, a ideia é fazer três coletas de sangue e testes complementares nos próximos três meses, e depois observar. “Caso os sintomas persistam, pretendemos ter uma avaliação mais adiante, talvez seis meses depois ou até um ano”, estipula. Apesar das conquistas, a coordenadora acredita que o trabalho poderia ter começado mais cedo. “Perdemos muitas informações de afecções que não foram mapeadas em 2020 e 2021. Muitas não eram nem relacionadas ao coronavírus”, lamenta.

Minuciosa, a pesquisa parte de diversos métodos de análises. “Temos uma ideia de estudar o sistema imunológico através da análise de produção de citocinas e anticorpos relacionados ao coronavírus, ambos marcadores inflamatórios”, explica a neurocientista, que questiona por que algumas pessoas desenvolvem afecções e outras, não. O grupo também faz investigações cruzadas, herança da última pesquisa de mapeamento de genomas, procurando relações entre as afecções e as variantes. “Como as variantes têm sintomas diferentes, pode ser que cada uma possa levar a afecções diferentes, ou não. Vamos investigar”.  

A investigação vai ser feita a partir de biomarcadores. Caso o paciente ateste algum sintoma neurológico, por exemplo, serão buscados biomarcadores neurais no sangue. “Existem proteínas que só são encontradas no nosso cérebro. Quando há algum dano no sistema nervoso, essas proteínas podem vir a cair na circulação sanguínea. Isso pode ser um indicador”, explica Cintia. Antes, é realizado um teste para medir a memória e a concentração do paciente e, para complementar, pode ser feito um encefalograma. Se os sintomas forem pulmonares, é realizada uma espirometria, exame que indica o quanto está comprometida a respiração. Se for renal, a busca é por biomarcadores renais na urina.

Todos os voluntários realizarão coleta de sangue, mas somente os que apresentarem os três distúrbios mencionados terão seus exames aprofundados. “Não temos profissionais qualificados em quantidade o suficiente para avaliar todos os problemas. Fazer de todo mundo demandaria uma equipe maior”, desabafa Cintia. Para ela, a centralização das atividades no Carp, onde a equipe do Nupem envolvida no estudo está trabalhando, aumenta a adesão da população e garante o seu retorno.

 “A parceria com o Nupem é um investimento na saúde”, explica Nichollas Augusto, idealizador e coordenador do Carp. Ele também entende que há necessidade de tratar a questão da covid-19 como um todo, inclusive o momento depois da infecção, e destaca que todos os profissionais atuam com base na literatura científica. “A universidade deve participar do tratamento. Foi um casamento, unindo o útil ao agradável, saúde e ciência”, destaca. O Carp tem uma taxa de resolução de até 84% dos casos, e foi fundado, em novembro do ano passado, para otimizar recursos físicos, financeiros e humanos.

Graziele Sousa é pesquisadora voluntária no Nupem desde abril de 2020, e agora atua na pesquisa dos efeitos do pós-covid. “No início, nosso intuito era a parte mais clínica do diagnóstico, do isolamento e da testagem”, conta. Com a chegada de outros testes, o grupo se voltou para a pesquisa. “A pessoa contraiu covid, mas e agora?”, perguntava o grupo, que via cerca de 50% a 80% dos pacientes apresentando sequelas. “A importância está nesse trabalho multidisciplinar de procurar saber como ajudar essa pessoa”, conclui Graziele, que não recebe bolsa. “Faço pelo bem do próximo. O governo investiu em mim da graduação ao doutorado, então quero retribuir para a sociedade o que eu aprendi”, conta, orgulhosa.  

Para o professor Rodrigo Nunes da Fonseca, a pesquisa é mais um resultado positivo da parceria estabelecida entre o instituto e a prefeitura de Macaé. “O Nupem tem mais de 30 anos de parceria com a prefeitura, contribuindo com os variados temas de interesse da sociedade macaense”, exalta Rodrigo. O professor também celebra os ganhos que a parceria oferece para a sociedade, para a população da cidade e para a UFRJ Macaé. “Dentre os principais resultados da parceria está a geração do conhecimento e, claro, o treinamento dos alunos que futuramente serão profissionais de saúde”, diz.

Além dos sucessivos recordes de desmatamento na Amazônia ou de liberação de armas de fogo, entre outras destruições, o governo Bolsonaro alcançou mais uma marca difícil de ser batida: em três anos de mandato, liberou mais de 1.500 novos agrotóxicos no Brasil. Dez por semana, em média. Mas pode piorar. Na semana passada, a Câmara aprovou, por 301 votos a favor e 150 contra, o projeto de lei (PL) 6.299/02, que tramita desde 2002 no Congresso e que altera a legislação sobre o tema no Brasil, revogando a Lei dos Agrotóxicos (Lei 7.802/89). Chamado de “Lei do Alimento Mais Seguro” pela bancada ruralista e pelo agronegócio, o projeto foi batizado pelos críticos como “PL do Veneno”, e ainda terá de passar pelo crivo do Senado, onde deverá sofrer forte resistência.

Entre outras mudanças, o PL 6.299 exclui do processo decisório para aprovação de novos agrotóxicos o Ministério da Saúde, o Ibama e a Anvisa, concentrando a decisão no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Os demais órgãos podem emitir pareceres nos processos de aprovação, mas não têm mais poder de veto. “Esses pareceres podem ser ignorados. Fazer análise, mas sem poder de veto? A centralização da aprovação no Mapa, excluindo as áreas de Saúde e Meio Ambiente, mostra que os interesses econômicos devem prevalecer. Com todo o respeito, é colocar a raposa para tomar conta do galinheiro”, compara o toxicologista e epidemiologista ambiental Armando Meyer, doutor em Saúde Pública e professor do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ.

CRÍTICAS SEVERAS
O Brasil encerrou 2021 com 562 agrotóxicos liberados, o maior número da série histórica iniciada em 2000 pelo Mapa. A escalada se acentuou a partir de 2016, nos governos Temer e Bolsonaro. Para o deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ), ex-ministro do Meio Ambiente (MMA), o PL 6.299 abre precedentes para que essa escalada avance ainda mais. “É um retrocesso terrível. O governo Bolsonaro liberou mais de 1.500 agrotóxicos, a maior parte dos quais proibida ou com fortes restrições na Europa e nos Estados Unidos. Estamos importando venenos que são rejeitados lá fora, virando uma lata de lixo químico. Estão desovando aqui o que não podem vender lá”, avalia Minc.

O ex-ministro do Meio Ambiente lembra que, de 2008 a 2010, quando esteve à frente da pasta, conseguiu banir 19 agrotóxicos do mercado nacional, em parceria com o então ministro da Saúde, José Gomes Temporão. A duras penas. “Eram princípios ativos que já tinham sérias restrições ou estavam proibidos na Europa, e para os quais tínhamos substitutivos eficazes e viáveis economicamente. Foi uma guerra. Para cada processo, setores da bancada ruralista ou das empresas químicas entravam com ações contra os analistas do Ibama e do MMA que atestavam que esses princípios ativos eram prejudiciais”, recorda o ex-ministro.

A concentração de poderes nas mãos do Mapa é também criticada pelo doutor em Ciências Biológicas João Paulo Machado Torres, professor do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF/UFRJ): “A mudança é péssima”, diz. Ele chama a atenção para outra alteração prevista no projeto, segundo a qual também fica só por conta do Mapa a reanálise do registro de produtos, e apenas quando solicitada por organização internacional. “É um claro retrocesso”, define o professor. Foi por meio de solicitações de reanálise que a Anvisa proibiu (em parecer conjunto com a Fiocruz), em 2020, o uso do paraquate, agrotóxico associado à doença de Parkinson e até então largamente usado na cultura da soja.

RISCOS À SAÚDE
O PL 6.299 tem outras alterações preocupantes. Ele prevê que a vedação da importação e produção de agrotóxicos se restrinja ao termo generalista de “riscos inaceitáveis”. A legislação atual define a proibição para agrotóxicos que tenham características teratogênicas, carcinogênicas, mutagênicas e causem distúrbios hormonais e danos ao aparelho reprodutor. “O projeto permite que venenos considerados medianamente cancerígenos possam ser licenciados. É o poço mais profundo do obscurantismo e da agressão à saúde. E também introduz quase um autolicenciamento, porque se o produto não for aprovado em tantos dias está previamente aprovado até ordem em contrário”, critica o ex-ministro Carlos Minc.

O professor Armando Meyer estuda há anos os efeitos dos agrotóxicos sobre a saúde humana e faz alertas importantes. “Os seres humanos guardam diversas similaridades biológicas com os organismos que são alvos dessas substâncias, como os insetos. A dose que usamos para matar os insetos não vai nos matar. Mas, gradativamente e continuamente, vai causando alterações nos processos biológicos que nós temos em comum com os insetos. Um exemplo é o sistema nervoso. Todos os inseticidas matam os insetos através da desregulação de uma via bioquímica qualquer do sistema nervoso central deles. Os seres humanos também têm essas vias. Então, essas substâncias atuam sobre o sistema nervoso central dos seres humanos, causando danos muito importantes”.

Meyer fez vários estudos relacionando o uso de agrotóxicos no Brasil e a mortalidade por câncer. “Existe uma relação estatística significativa entre esse uso e o aumento do risco da mortalidade por diversos tipos de câncer. É bastante preocupante do ponto de vista da saúde pública”, adverte.

Já em 2018, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SPBC) ressaltava os malefícios à saúde embutidos no PL 6.299. “A SBPC se manifestou firmemente contra a aprovação desse PL, posição que sustenta até hoje”, recorda o físico Ildeu de Castro Moreira, professor do Instituto de Física da UFRJ e presidente da SBPC à ocasião. Na carta por ele assinada em em 22 de maio de 2018, a SBPC destacou alguns dos malefícios: “Dentre os efeitos sobre a saúde humana associados à exposição aos agrotóxicos, os mais preocupantes são as intoxicações crônicas, caracterizadas por infertilidade, impotência, abortos, malformações, neurotoxicidade, manifestadas através de distúrbios cognitivos e comportamentais, e quadros de neuropatia e desregulação hormonal”.

PRESSÃO NO SENADO
Se o PL do Veneno passou como um trator pela Câmara, o mesmo não se pode prever para o Senado. Além de um maior equilíbrio de forças entre a base do governo e a oposição, a pressão da sociedade civil sobre o Senado deverá ser bem mais forte do que foi na Câmara. O presidente da Casa, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já afirmou que o trâmite da proposta não terá “nenhuma especificidade”.

Vários senadores de oposição já se manifestaram contra o PL. A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) classificou-o como “nocivo ao meio ambiente, à saúde e à economia brasileira”. Em suas redes sociais, o senador Fabiano Contarato (PT-ES) fez duras críticas: “Somos contra essa tragédia do pacote do veneno. Está em risco a saúde de quem consome os produtos intoxicados por esses venenos, e os recursos naturais ficam extremamente contaminados — da terra à água”, postou. Na mesma linha se manifestou a senadora Zenaide Maia (Pros-RN): “Além de envenenar alimentos, poluir o solo e contaminar a água, as multinacionais que enriquecem com a venda de agrotóxicos ainda são premiadas, no Brasil, com generosas isenções de impostos! É isso o que queremos para o nosso país?”, questionou.

A SBPC se prepara para uma ofensiva no Senado, de acordo com Luciana Barbosa, coordenadora do Grupo de Trabalho de Meio Ambiente da entidade e pesquisadora do Departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). “A SBPC vai se manifestar com um parecer do grupo de trabalho de Meio Ambiente, levantando os pontos negativos do PL, que são muitos. O risco da liberação desses agrotóxicos é grande. Alguns têm substâncias associadas à incidência de alguns tipos de câncer, ou a distúrbios reprodutivos e hormonais, e vários são proibidos na União Europeia. Essa liberação crescente de agrotóxicos não me parece justificável ou racional”, avalia Luciana.

Uma das primeiras resistências no Senado virá da Comissão de Meio Ambiente, presidida pelo senador Jaques Wagner (PT-BA). Segundo ele, o PL “será um desastre para o Brasil, do ponto de vista ambiental e também econômico”. Wagner é autor do PL 3.668/21, que trata da pesquisa, experimentação e incentivos à produção de bioinsumos para agricultura — oriundos de substâncias de natureza vegetal, animal, microbiana e mineral, e destinados ao uso na produção, no armazenamento ou no beneficiamento de produtos agrícolas e florestais. São uma alternativa ao uso dos agrotóxicos, termo que, aliás, o PL 6.299 propõe alterar para “pesticidas e produtos de controle ambiental e afins”. Pelo tanto de retrocesso que representa, o PL bem poderia defender a manutenção do termo agrotóxico, ou sugerir outro, tão simples quanto adequado: veneno.

Por Beatriz Coutinho

 

Em abril, a UFRJ finalmente começará seu ano novo. O período letivo de 2022.1 se inicia somente no dia 11 e, com ele, há a expectativa da volta integral ao ensino presencial. Até lá, parcela significativa da universidade continua em ensino remoto ou híbrido, mas a frustração de permanecer dois anos sem pisar nos campi ecoa com cada vez mais força na comunidade acadêmica. Estudantes e professores querem voltar ao ensino presencial.

Apesar de aguardado, há a justificada preocupação com as condições em que esse retorno se dará. Na última terça-feira (8), convocados pelo Diretório Central dos Estudantes da UFRJ (DEC Mário Prata), cerca de 65 alunos dos cursos da Praia Vermelha se reuniram para debater a infraestrutura do campus. Eles frisaram que os problemas antigos de infraestrutura podem dificultar o retorno seguro, mas que para reclamar melhorias é preciso ocupar presencialmente o espaço universitário. “Reformas não caem do céu. As nossas reivindicações precisam de estudantes tendo a vivência presencial”, pontua Rodrigo Ferreira, estudante de Jornalismo. “Manter as faculdades fechadas torna mais fácil para o atual governo promover cortes.”

O Jornal da AdUFRJ ouviu professores e estudantes que relataram suas expectativas, frustrações e medos ao longo dos últimos dois anos.  “Cansaço”, “desgaste” e “saudade” são as palavras que mais aparecem nos depoimentos a seguir, embora muitos reconheçam pontos positivos do ensino remoto. Em comum, o desejo de reocupar a UFRJ com força total.

 

WhatsApp Image 2022 02 11 at 23.24.40Tatiana Sampaio
Professora do Instituto de Ciências Biomédicas
Eu acho que o retorno às aulas presenciais nas universidades deveria ser completo. Nenhum país do planeta deixou o ensino público continuamente fechado por tanto tempo. Educação pública é um serviço essencial prestado à sociedade. As pessoas podem não querer ser servidoras públicas, podem preferir priorizar seus direitos individuais à segurança total. Mas quando assumem sê-lo, a decisão implica em servir ao público e não a si mesmas. As escolas e universidades públicas não existem para gerar empregos estáveis. Elas existem para dar educação às crianças e jovens do Brasil. Assim como os profissionais de saúde existem para cuidar da saúde da população, inclusive durante uma pandemia.

O retorno devia ser completo, porque os estudantes que moram fora do estado precisam da segurança de que as aulas retornarão ao normal para poderem organizar sua moradia no Rio. Para resolver o problema das notas serem mais altas no remoto, basta decidir que as provas serão necessariamente presenciais. Quem for grupo de risco, fará prova oral só com o professor. Também acredito que não dá pra continuar com a postura de ‘proteção total’, ‘ninguém fica para trás’. Passamos por uma pandemia, haverá prejuízo para muitas pessoas. Mas o compromisso do gestor e do servidor público deve ser com o bem da maioria. As crianças e os jovens precisam de educação e isso é um direito deles.

Professor Antonio IFAntônio Santos
Professor do Instituto de Física
Como toda a comunidade acadêmica, estou ansioso para o retorno, mas um retorno seguro. Minha única preocupação é com o transporte público, que é cheio e muitas pessoas andam sem máscara. Porém, sou favorável ao retorno, porque para o público em geral há uma universidade que está vazia. Algumas pessoas pensam que estamos em casa fazendo nada e ganhando salário. Isso é um engano. Estamos trabalhando muito mais. Eu, inclusive, trabalho mais em casa. Tem sido super exaustivo e desgastante. Temos muitas reuniões e algumas duram muitas horas, por exemplo. Mas somos servidores públicos, devemos uma prestação de contas à sociedade, trabalhamos com vidas. E a universidade pública muda a vida das pessoas.

Sobre o ensino remoto, eu sou das antigas, então foi um desafio. Todas essas ferramentas que usamos hoje, eu não conhecia na época. Hoje consigo dominar bem, mas acho que perdemos muito em qualidade e isso é irrecuperável. Nas minhas aulas, por exemplo, eu via várias pessoas com câmeras desligadas, caladas. No presencial você pode tirar a dúvida com o professor, que tem dedicação exclusiva, o aluno está na sala, vem e conversa. Perdemos isso.

Inclusive, notei que tivemos a convivência diferente do que foi no presencial, com pessoas de lugares diferentes. Sinto falta do contato com os alunos, dos colegas professores, dos bate-papos, dos cafezinhos. Até do trajeto sinto falta: no ônibus eu aproveitava pra meditar, chegava na faculdade mais tranquilo. Então, embora seja cansativo, são essas pequenas coisas que somadas fazem grande diferença.

 

WhatsApp Image 2022 02 11 at 23.22.08Raabe Vitória
Estudante de Filosofia, ingressou em 2018.1
É uma situação muito diferente, que ninguém esperava. Foi um choque, uma coisa assustadora ter aula online. Primeiro, porque não ia ser disponibilizado para todo mundo, somente para os formandos, e na época eu ainda estava na metade do curso. Pensava ‘ai meu Deus, quando que eu vou voltar a estudar? Não vou me formar nunca!’ Depois, foi liberado o período remoto para todo mundo, e eu consegui fazer algumas matérias. Mas então eu fui fazendo e todo mundo falava ‘período que vem volta’ e nunca mais voltou. Vou me formar de casa.

Ingressei na universidade no presencial, ia todos os dias para a faculdade. Meu curso é integral, então eu passava muito tempo na rua, além do deslocamento. Mas era aquela adrenalina diária. Daria tudo para estar no IFCS de novo. Sinto falta também do contato com as pessoas, de estar com os amigos para momentos de estudos e de distração. Com o ensino remoto, fazemos trabalho com pessoas que nunca vimos, com uma letra, não sabemos nem o rosto. É um estar presente completamente diferente.  

Em relação à qualidade de ensino, pode ter afetado um pouco negativamente. Claro, foi melhor do que nos cursos que têm matérias totalmente práticas, porque filosofia vai ser eternamente teórica, seja no campus, seja em casa. Na questão dos estágios, por exemplo, me ajudou muito. Eu fazia estágio em três lugares diferentes, então fazer isso presencialmente me atrapalharia. O online também me ajudou a conseguir as horas mais rápido para me formar.

 

Professora Carolina FNDCarolina Pizoeiro
Professora da Faculdade Nacional de Direito
Eu fiquei super disposta a retornar, pois apesar de estar no grupo de risco e com as doses da vacina em dia, acredito que fosse o ideal retornar ao presencial. O melhor dos mundos, na verdade, seria ter investimento para que não precisássemos estar online mas, sem verbas, fazemos o que é possível. O conhecimento vamos conseguir resgatar, mas a nossa vida, não. Todo mundo hoje conhece alguém próximo que faleceu na pandemia. Antes da vacina, era muito temerário, por mais que quiséssemos fazer tudo com segurança. A partir do momento que estamos vacinados, a probabilidade de acontecer algo grave e fatal é pequena. Então, agora podemos começar a pensar em retorno total para 2022.1. Acho que foi acertado dessa forma, com distanciamento social, com turmas reduzidas, até pra poder ir sentindo como vai ser.

Do presencial, sinto muita falta dos alunos e dos meus colegas de trabalho. Para quem está fazendo a primeira graduação, é muito importante esse contato e o desenvolvimento de habilidades sociais, além dos conteúdos que acabam ficando perdidos no remoto. Se você não faz essa rede de contato no início da faculdade, que é muito importante para a carreira, depois você perdeu. Outra coisa do presencial é que você consegue sentir quando as pessoas não estão entendendo, você vê a cara de interrogação nos alunos. No online não tem isso. É uma dinâmica muito diferente do presencial, que eu podia fazer um método mais socrático, de fazer perguntas. Eu tento fazer isso no online, mas não rola, fica um silencio absurdo. Então tive que mudar até as didáticas. Foi um mal necessário.

 

Júlia Estudante HistóriaJúlia Duarte
Estudante de História, ingressou em 2020.2
Para mim, é muito complicado estar indo para o meu quarto período e nunca ter pisado na faculdade. Isso me desmotivou bastante, porque quando eu estudava para passar para a UFRJ, uma das grandes motivações que eu tinha era justamente estar no ambiente da universidade, ter essa mudança entre o cenário da escola para a faculdade. Tenho uma sensação de desconforto de que quando voltar para o presencial, vou me se sentir muito deslocada. Uma coisa é chegar na faculdade no primeiro período e ir aprendendo as coisas. Outra é sentir que já está na metade da graduação. É como se você tivesse voltado no tempo.

Espero conseguir voltar em breve. Não quero criar muitas expectativas com o retorno presencial, porque sempre tem a possibilidade de voltarmos e termos que parar, caso tenha uma piora. Mas eu espero que quando a gente consiga voltar de maneira segura, que eu goste do prédio. Todo mundo fala muito bem do IFCS, que é onde fica o prédio de História. Em relação ao contato, tive muita sorte de ter criado grupo de amigas. Como somos do mesmo curso e período, estamos passando pela mesma situação. Quando voltar, quero muito ter esse hábito de encontrá-las. Quero conhecer os professores que adorei ter matérias, vê-los nos corredores.

Acho que ter feito tudo online foi negativo para mim. História não é um curso que você precisa estar no presencial, mas eu tenho dificuldades de ter essa responsabilidade de estar no meu quarto e não poder me distrair. Estudar em casa te dá um certo conforto que eu não posso ter. Preciso ir para a faculdade, estar na sala de aula.

 

Professora Cristina ClaCristina Tranjan
Professora da Escola de Belas Artes
Sei que a universidade vai ter que se preparar muito para esse retorno, caso volte em abril mesmo. Poderia ser parcial, gradual, mas não vejo logisticamente como. Ter uma aula remota num dia e no mesmo dia ter aula presencial, a grade horária não fecha, fica complicado montar esse quebra-cabeça. Então eu sou favorável ao retorno completo. Acho que estamos nos saindo bem na universidade, mas não dá para ter cinco anos de aula remota. Nosso curso não é EAD. Vai haver uma perda muito grande. Vivemos um ‘dá-se um jeito’, mas não é a mesma coisa.

Acho que tem que voltar. Já deu. Eu não gosto de aula remota. Estou dando aula com o quadro branco magnético e é muito ruim: bate luz, reflete, a caneta escorrega. É melhor o contato físico com os alunos, olhar os desenhos deles. Vou de mesa em mesa tirar dúvidas, recolher os desenhos na hora. Aqui eles têm que abrir a câmera para mostrar o desenho ou mandar por e-mail, mas a imagem não fica legal, e para explicar é ruim também. Quando estamos presencialmente, ensino a manejar os esquadros. Aqui, não vejo se estão trabalhando certo, se estão usando certo o esquadro, se estão usando a escala certa.

A minha saudade é o convívio com os estudantes, o convívio com os meus colegas, o cafezinho no hall da reitoria. Isso me faz muita falta. Minha expectativa é que consigamos sair dessa e que consigamos voltar à normalidade dentro do possível, com todos os cuidados, para que eu consiga estar de volta à sala de aula com os meus estudantes, mesmo que de máscara e álcool em gel.

 

Samantha MartinsSamantha Martins
Professora do Instituto de Ciências Farmacêuticas, do Centro Multidisciplinar UFRJ-Macaé
Pessoalmente, vislumbro 2022.1 totalmente presencial, porque vejo que alguns países já estão flexibilizando bastante, já estão considerando a covid-19 como uma doença endêmica. Não vejo justificativa para a universidade não voltar ao presencial tomando cuidado em relação aos protocolos de segurança, apesar de todos os problemas que presenciamos no dia a dia, apesar da infraestrutura. Nesses últimos dois anos, nosso orçamento diminuiu de forma bastante drástica. Isso com certeza impacta, é algo que temos que trabalhar em paralelo ao nosso retorno ao presencial. Óbvio que não podemos entrar num ambiente que ofereça riscos, mas não vejo como podemos postergar. Eu estou muito ansiosa por essa volta e sinto muito que os alunos estão querendo saber. Não dá mais, temos que voltar, observando o cenário.

No remoto, num primeiro momento, você se sente angustiado porque você sai da sua zona de conforto. Para quem está acostumado com ensino presencial, não é legal. Gosto do olho no olho. Os alunos não abrem a câmera, não se sentem à vontade, fico sozinha com a câmera aberta. É ruim também não olhar a face da pessoa, interpretar como a pessoa está recebendo a mensagem que você está passando, o diálogo. Isso fica muito comprometido. Mas, tirando o fato da pandemia, acho que o ensino remoto serviu para dar uma chacoalhada em toda a comunidade, para pensar em novas formas de ensino, e isso é importante.

A saudade que eu tenho é de ver os alunos, os corredores cheios. Sinto falta também da convivência com os colegas docentes, os servidores, os técnicos-administrativos. Ou seja, sinto falta da comunidade acadêmica inteira. Teremos a SIAC (Semana de Integração Acadêmica) na semana que vem e é muito gostoso no formato presencial, com os corredores cheios e os alunos apresentando. A minha expectativa é que a próxima SIAC seja presencial.

 

Professor Marcel CaxiasMarcel Cunha
Professor do Campus de Duque de Caxias
Acho que o anseio de qualquer professor que trabalha no formato presencial é que esse formato retorne, já que é o nosso modelo hoje empregado e há mais de 100 anos funcional para o ensino. Os professores que lecionam em aulas presenciais sentem saudades. O ensino remoto também é bastante funcional, é muito mais fácil para conseguir transmitir informações, mas para um modelo com a parte prática muito forte, essa carga horária prática adaptada para o remoto faz falta. Ficamos no aguardo para definição precisa desse retorno, que torço para que ocorra no período que vem, junto com a torcida para o fim da pandemia, a vacinação de todos e pelo controle do espalhamento do vírus. Isso significa uma vitória nossa depois de dois anos de muito controle e de muito cuidado para que a pandemia não ficasse pior do que foi.

A saudade da sala de aula é gigantesca. É uma recompensa muito grande dar aula. O que a sala de aula dá para a gente é um retorno muito imediato do que a gente está falando, que vai desde a risada até a cara de insatisfação ou dúvida do aluno. Nossas aulas em geral têm de duas a quatro horas, e depois o pessoal pode querer mais, fazer perguntas. Esse pós-aula é de extrema satisfação, mas foi praticamente perdido. No ensino remoto, o pós-aula nunca existiu, porque era cansativo e com um retorno que era fraco. O que foi mais duro para os professores parecia ser uma falta de engajamento, que era só um resultado do modelo. No fundo, sabemos que o aluno está ali. No final da aula online costuma ser muito triste: acabar a aula era quase um apagar de luzes.

 

Professora Carine ECOCarine Prevedello
Professora da Escola de Comunicação
Nós tivemos vários momentos nesse período de ensino remoto. Numa disciplina que tem uma aplicabilidade prática tão significativa, como as que eu ministro (Telejornalismo, Tecnologia da Produção e Expressão e Linguagens Digitais), faz muita falta a atividade prática. A gente brinca que chegou um momento que esgota completamente a criatividade da professora em oferecer recursos diferentes para motivar os alunos na aula remota. Estamos num momento de esgotamento geral, de limite tanto para alunos quanto para docentes. Mas é uma contingência do momento, infelizmente temos que nos adaptar. Precisamos desenvolver novas abordagens e mudar completamente a característica da disciplina, então tem um prejuízo no aprendizado.

Perdemos muito também na relação humana, no diálogo, na troca. Minha rotina é muito mais desgastante no remoto, muito mais do que no presencial, porque emendamos todos os turnos na frente do computador, sem intervalo. Então, a gente perde muito dos espaços de convivência, nos fundimos com a máquina. Espero que possamos retornar, talvez não exatamente como era antes, mas com atividades práticas, em um ambiente de integração entre alunos e servidores.

O que eu tenho mais saudades é do caminho para a ECO, a natureza exuberante na Praia Vermelha, o nosso prédio lindíssimo, histórico, que nos acolhe e é tão significativo, que nos dá relevância tanto em espaço público quanto em legitimidade de formação. Saudades de toda essa convivência, da diversidade, da abordagem comum dos alunos para a gente conversar no meio do caminho, nos corredores, sentar no Sujinho para fazer um lanche e jogar conversa fora.

 

WhatsApp Image 2022 02 10 at 18.16.29Carolina Carvalho
Estudante de Ciências da Computação, ingressou em 2021.1
n Acho que está sendo uma experiência bem diferente do que a gente está acostumado, não necessariamente ruim ou boa. Eu já estive em outra faculdade presencial, e tive pouquíssimas aulas online, então é diferente de você ter suas aulas 100% remotas. Quando você está numa aula presencial, você tem um ambiente adequado para aquilo. No virtual foi um pouco mais difícil. Por exemplo, agora estou tendo algumas matérias mais voltadas para Matemática, e alguns professores usam câmera voltada para o quadro, fica muito difícil de enxergar. Em outras matérias, o remoto trouxe mais praticidade para o meu curso. Então, para algumas aulas foi ótimo, mas para outras foi terrível.

Minha maior expectativa é poder ter um contato maior com meus amigos, professores, estar na sala de aula. Poder almoçar juntos, poder conhecê-los pessoalmente. Mas meu caso também é especial, porque por fazer Ciências da Computação, onde todo mundo é bem ‘nerdzinho’, conseguimos nos conectar bastante através dos jogos virtuais em equipe. Então minha turma conseguiu se unir bastante, mas ainda acho que falta um pouco de proximidade humana.

Não tive trote, estava ansiosa para ser pintada novamente. É uma experiência! Então é claro que eu fico triste, mas acho que fico um pouco mais triste pelos meus colegas, que não passaram pelo primeiro ambiente universitário, e nem vão passar, não tiveram o choque de realidade.

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