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ENTREVISTA I DENISE PIRES DE CARVALHO – REITORA DA UFRJ

WhatsApp Image 2020 10 16 at 15.27.101Denise Pires de CarvalhoPrimeira reitora da história da UFRJ, Denise Pires de Carvalho não hesita em responder sobre o que mais gosta de fazer na universidade: ensinar. A vocação para o magistério surgiu enquanto cursava Medicina. E não a abandonou, durante a gestão da maior federal do país. A dirigente sente saudades de quando tinha mais tempo para se dedicar às salas de aula. Confira na entrevista a seguir:

JORNAL DA AdUFRJ – Quando e como a senhora decidiu que queria ser professora?
DENISE PIRES – Isso foi construído ao logo do curso de Medicina, que é muito denso. Tudo começou ali no segundo ano do curso, quando comecei a dar aula como monitora e a fazer pesquisa como aluna de iniciação científica. No quinto ano, decidi não fazer prova para a residência. Já fiz a prova para o mestrado. Porque eu já queria ser docente em dedicação exclusiva.

O que é mais difícil: ser professora ou ser gestora?
Entrei como docente em 1990. Durante toda a minha vida docente, participei de atividades administrativas. Ser gestora eu acho ótimo. Acho que complementa a nossa atividade. Eu gosto mais de ser professora. Foi para isso que fiz concurso. Mas eu me sinto mais completa atuando na gestão. Gosto de trabalhar pelo coletivo. Agora, ser reitora é uma gestão muito complexa. Estou aprendendo muito a cada dia.

A senhora mantém a atividade de aula, mesmo na reitoria. Está sendo possível conciliar as duas funções?
Estou com muita saudade da sala de aula. Neste ano, com a pandemia, eu ministrei uma disciplina na pós-graduação no mês de julho e dei duas aulas para a turma da Medicina do terceiro período. Estou participando, mas muito pouco. Só para eu não me distanciar completamente dos estudantes.

Após sair da reitoria, a senhora pretende seguir dando aula?
Com certeza. Permanecerei fazendo isso. O Brasil precisa muito da formação de pessoal, de diferentes profissionais. E o que mais me orgulha na profissão é isso. Poder contribuir com a formação de recursos humanos para o Brasil na área de Saúde, que é onde atuo. Essa é a atividade da qual mais gosto.

O que mudou na universidade desde que a senhora entrou na Faculdade de Medicina nos anos 80?
Quando ingressei na universidade, havia um número menor de vagas na Medicina e os estudantes eram majoritariamente provenientes de escolas da rede privada. A partir de 2006, houve a implantação de políticas públicas visionárias que foram fundamentais para democratizar o ingresso no ensino superior, não apenas aumentando o número de vagas, mas principalmente permitindo o acesso de estudantes de escolas públicas e a reparação social relacionada ao acesso de etnias que antes eram excluídas do ensino superior público. Esses avanços são decorrentes do Programa de Reestruturação das Universidades Públicas e da lei das cotas, que infelizmente  enfrentaram muita oposição na própria UFRJ.

Na opinião da senhora, qual a principal qualidade de um professor?
Na minha opinião, a principal qualidade do professor é a capacidade de lidar com o conhecimento com humildade, sem a soberba de que tudo conhece e de que tem a solução para todos os problemas. O professor deve inspirar seus estudantes e lidar com o contraditório com naturalidade, a ponto de permitir que o ambiente da sala de aula seja o mais democrático possível, o lugar do diálogo aberto e franco, que constrói o cidadão crítico e insubmisso. É aquele que defende o livre pensar, que não direciona o aprendizado e permite a redescoberta.

WhatsApp Image 2020 10 16 at 14.46.09“Ser pesquisador no Brasil é mais ou menos como ser artista de circo. É preciso fazer várias coisas diferentes, e todas com qualidade. É preciso fazer pesquisa de qualidade, dar aulas de qualidade, fazer difusão científica de qualidade e lutar para aumentar recursos para a pesquisa”, compara o professor Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências.
Davidovich é docente do Instituto de Física. A maior federal do país é a quarta instituição brasileira em produção científica e responde por 6,5% da ciência nacional. Os números são de 2019. O levantamento feito pela USP traduz a atuação da UFRJ entre 2014 e 2018. “Aqui se ensina porque se pesquisa”, resume o professor. “A frase de Carlos Chagas Filho sintetiza nossa missão. O ensino tem que estar sintonizado com o que acontece na pesquisa mundial”, defende o docente.
Se a ciência avança de maneira tão rápida, o ensino precisa mudar, analisa. “Na graduação há uma compartimentalização do ensino. Em outras partes do mundo isso não acontece mais. Temos exemplos fantásticos, como Havard. Aqui, temos a Universidade Federal do ABC. Um dos centros deles se chama Centro de Ciências Naturais e Humanidades, olha que maravilhoso?! As trocas que possibilita são imensas. A UFRJ precisa olhar para frente nesse sentido e tem gente capacitada para isso”, afirma.“A ideia é trabalhar percursos, não os cursos”.WhatsApp Image 2020 10 16 at 14.46.08Luiz Davidovich
Aos 12 anos, Luiz Davidovich viu um anúncio no jornal para um curso de rádio por correspondência. “Eu recebi o material pelos Correios, tinha muitas analogias entre eletricidade e rede hidráulica, o que me levou a buscar outros materiais sobre os assuntos. Eu montava circuitos, era um curso mão na massa mesmo”, relembra. Justamente por ter começado a se aventurar por experimentos desde tão jovem, ele acredita que ciência deve ser aprendida na escola. “Crianças têm curiosidade natural e precisam ser incentivadas. Muitas vezes, a pergunta certa é mais importante do que a resposta”, defende o professor, que não acredita na teoria vocacional. “A história da vocação aqui no Brasil acaba fazendo muito poucos se direcionarem para essa área. Desperdiçamos cérebros que estão nas favelas, nas periferias. Há uma ligação direta com nossa desigualdade social, em que o encaminhamento para a pesquisa ainda está relacionado à estrutura familiar da pessoa”.

CORTES E BUROCRACIAS
WhatsApp Image 2020 10 16 at 14.46.081Pedro LagerbladDe acordo com o professor Pedro Lagerblad, do Instituto de Bioquímica Médica, a burocracia excessiva e a queda nos investimentos geram consequências graves. “Ineficiência, desmonte, superdimensionamento da burocracia, tudo isso tem um custo. É como o custo das doenças. Muitos gestores só visualizam o custo da prevenção, mas não enxergam a economia da prevenção. O não funcionamento sai muito caro”, critica.
Para o docente, que é Pesquisador 1A do CNPq e diretor da AdUFRJ, a burocracia brasileira está sendo usada contra a universidade. “A lei deve servir para garantir a nossa função social. Nossa burocracia é gigantesca. Os órgãos de controle hoje veem todo pesquisador como culpado a priori. São questionários intermináveis, repetitivos”, reclama.
Além de sobrecarregar, as questões administrativas tiram o tempo para a pesquisa. “Eu gasto mais tempo buscando recursos e justificando financiamentos do que trabalhando no meu objeto de pesquisa”, compara. “Quando um pesquisador é colocado numa função burocrática para economizar dinheiro, o efeito é oposto. Esse pesquisador está deixando de gerar conhecimento e recursos”, observa. “Ciência e tecnologia se pagam muitas vezes quando há investimento”.
Alguns exemplos são impressionantes. A transmissão da doença de Chagas pelo vetor barbeiro foi controlada no Brasil na década de 90. Uma análise feita para avaliar os impactos do custo-benefício do programa no Brasil indica que para cada US$ 1 utilizado nas medidas de combate, eram economizados US$ 17. “Só foi possível porque cientistas brasileiros descobriram que o vetor era sensível ao princípio ativo de inseticidas comuns”. Outro exemplo aconteceu em Jaboticabal, São Paulo. Pesquisa para controlar pragas nos laranjais evitou perdas, entre 2002 e 2012, na ordem de US$ 1,3 bilhão. “Foi uma pesquisa da USP. E, sozinha, pagou todo o investimento feito em ciência e tecnologia no Brasil em muitos anos”.

SEM COMEMORAÇÃO
WhatsApp Image 2020 10 16 at 14.46.082Suzy dos SantosAs múltiplas funções no ensino, pesquisa e extensão também fazem parte do cotidiano da professora Suzy dos Santos, da Escola de Comunicação. Além das atividades acadêmicas, a docente também é diretora da ECO. “Nossa carreira, apesar de tantas perdas, ainda é o resultado de muitas lutas e são lutas de uma vida, um trabalho permanente e muito sub-remunerado. Ao mesmo tempo que você faz pesquisa, ensino e extensão, tem que dar conta de manter o funcionamento mínimo. E num momento de falta de recursos, esta não é uma tarefa simples”, descreve.
A sobrecarga é inevitável. “Não há tempo para tudo isso. Há claramente uma sobrecarga mental, um peso excessivo”, analisa. A maternidade é mais um desafio que se soma a todos os outros. “Sou mulher, mãe de duas crianças e fiquei viúva recentemente. Moro no Rio de Janeiro, onde não tenho parentes, então crio os dois sozinha. Existe toda uma responsabilidade na criação da criança que é da mãe. A sociedade como um todo tem esse olhar distinto e isso acaba virando mais uma militância”, diz.
Os filhos transformaram a atuação da professora e gestora. “Assim que assumi a direção da ECO comprei com recursos próprios trocadores e almofadas de amamentação que ficam localizados nas estruturas da Escola, mas disponíveis para todo o campus da Praia Vermelha. A maternidade humanizou mais o meu trabalho”, reconhece.
Os desafios do presente, para a professora, estão associados a lutar pela manutenção da universidade. “A gente não está em tempos de incerteza só pela pandemia. Mas porque a universidade está sob ataque. Infelizmente, neste dia dos professores, não temos o que comemorar. Há muito para se lutar. É uma necessidade de defesa do espaço, da universidade”.

WhatsApp Image 2020 10 16 at 14.41.46COLÉGIO DE APLICAÇÃO forma novos professores há 68 anosA universidade ensina, pesquisa, faz extensão. Só na graduação, atende a 50 mil estudantes. Cinco mil deles se formam todos os anos nos 176 cursos da UFRJ. Este grande corpo discente é a força motriz para 4.198 docentes. Parte deste contingente tem uma tarefa ainda mais especial: transformar 9,5 mil alunos em novos professores das mais diferentes áreas de atuação. Da Química à Literatura. Da Educação Física à Matemática.
A tarefa de ensinar a ensinar não é simples e envolve diferentes estratégias pedagógicas. Embora o ensino de graduação tenha sofrido uma pausa forçada na pandemia, a formação de professores também acontece por meio do estágio supervisionado no Colégio de Aplicação, atividade que não parou. “Por um lado, o estágio remoto é muito prejudicial, pela perda das relações presenciais na sala de aula. Mas, por outro lado, a gente avaliou ser muito importante para o estudante que está se formando como professor vivenciar uma escola em transformação”, explica Anna Thereza de Menezes, diretora adjunta de licenciatura, pesquisa e extensão do CAp-UFRJ.
No ambiente escolar, os futuros professores podem participar da elaboração de materiais pedagógicos, dos encontros síncronos com as turmas da educação básica e, em alguns casos, até mesmo dos processos de avaliação. Anualmente, o CAp costuma receber em média 500 licenciandos. Um número que caiu neste ano letivo especial. “Durante esse momento de pandemia, 401 estudantes se cadastraram para o estágio no CAp. Mas nós reforçamos aos que ainda não fizeram estágio, e que não vão se formar nesse momento, que priorizem fazer o estágio presencial”, pontua Anna. “O estudante que quer estagiar com a alfabetização, por exemplo, é melhor aguardar para poder vivenciar isso no espaço da sala de aula”, aconselha.
O colégio não está sozinho na tarefa. Oficializado na Estrutura Média da UFRJ no final de 2018, o Complexo de Formação de Professores (CFP) é uma política institucional que organiza a formação inicial e continuada de professores da Educação Básica. “O CFP foi um primeiro passo no sentido de se haver uma ‘casa comum’ para olhar a formação de professores de uma forma mais cuidadosa”, explica Anna.
O Complexo reúne não só os docentes da UFRJ, mas também professores das redes municipal e estadual na tarefa de pensar e desenvolver estratégias de formação continuada. “O Complexo não tem um projeto pronto único. É quase um trabalho artesanal, em que a gente vai às escolas e ouve os professores e o diretor para saber o que cada uma das nossas 48 parceiras precisa”, descreve a ex-diretora da Faculdade de Educação da UFRJ, Carmen Teresa Gabriel. Atual coordenadora do Comitê Permanente do Complexo, a professora ressalta o objetivo da iniciativa de valorizar o docente da educação básica, para a formação de profissionais com qualidade e pensamento crítico.
A responsabilidade da universidade, portanto, não se restringe ao ensino superior. “A UFRJ forma professores. O potencial de transformar a educação básica é imenso”, defende o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich. “É fundamental que os novos docentes sejam ensinados a conduzir seus alunos para uma educação emancipadora, que os leve a perguntar. Essa responsabilidade é nossa, enquanto universidade”.

DIFICULDADES
Mesmo dentro da universidade, a formação de professores ainda sofre com a falta de prestígio. “Em muitos cursos, o estágio é feito apenas na conclusão da graduação, quando muitas vezes essa orientação prática precisaria de um desenvolvimento maior”, exemplifica Anna.
Foi o que aconteceu com ela. Formada na Escola de Belas Artes da UFRJ, Anna estagiou no CAp, onde hoje é professora. “Na minha formação, só fui ter contato com essa concretização de que seria professora quando cheguei ao CAp”, conta.
A docente destaca também a falta de políticas de assistência estudantil para os estagiários de licenciaturas. “Não conseguimos até hoje ter uma linha de ônibus que ligue o CAp-UFRJ da Lagoa ao Fundão ou à Praia Vermelha. O metrô também não chega tão perto. O bairro é extremamente caro”, reclama. “Nós não temos um bandejão. Se o licenciando não levar a própria quentinha, precisará pagar caro por alguma refeição nas redondezas”, critica.
A formação dos novos professores esbarra também num outro desafio a ser superado: a desigualdade social. O estágio no CAp não é remunerado, algo que afeta principalmente aos alunos em maior vulnerabilidade econômica e social. “A gente sabe que os cursos de licenciatura congregam muitos estudantes de baixa renda. E nem todos conseguem a bolsa de permanência”.

 

ENTREVISTA I Carmen Teresa Gabriel, Coordenadora do Complexo de Formação de Professores

“Licenciaturas não são bacharelados de segunda ordem”

WhatsApp Image 2020 10 16 at 14.41.461Professora Carmen Teresa GabrielCoordenadora do Complexo de Formação de Professores e ex-diretora da Faculdade de Educação da UFRJ, a professora Carmen Teresa Gabriel explica os princípios que norteiam a iniciativa de formar docentes de maneira continuada pela universidade. A tarefa exige um constante movimento de atualização. “A universidade precisa, principalmente, mudar a sua cultura profissional, no sentido de acolher a importância dessa sua função como formadora”, aponta a docente.

JORNAL DA ADUFRJ: Qual a importância do Complexo de Formação de Professores?
Carmen Gabriel: O Complexo traduz o reconhecimento da UFRJ do seu papel como formadora de profissionais da educação básica. Ele mexe com a cultura universitária para que a universidade pública assuma a sua responsabilidade nesse processo, de maneira que a formação de professores seja algo tão importante quanto a de médicos. O Complexo também articula um espaço comum onde todos os sujeitos envolvidos interagem de forma horizontal, plural e integrada. Universidade e Escola pensam e concebem juntas as políticas de formação de professores.

Quais os principais desafios da UFRJ  na formação de novos docentes?
A universidade precisa, principalmente, mudar a sua cultura profissional, no sentido de acolher a importância dessa sua função como formadora. Durante muito tempo, as licenciaturas foram consideradas como um bacharelado de segunda ordem, o que se traduz nos próprios currículos e em toda uma discussão de teoria e prática. Outro desafio é construir formas de superar as fragmentações nas diferentes experiências de formação. O Complexo pressupõe que os problemas não estejam nos níveis do indivíduo, e sim da instituição. O que a gente quer é criar uma operacionalização dessas questões, que há muito tempo já vêm sendo discutidas.

Quais são os princípios do Complexo de Formação de Professores?
O Complexo é norteado por três princípios. Um é o da horizontalidade, que existe entre todos os saberes, sujeitos e territórios. A gente dá tanta importância às ações da cultura universitária, que envolvem pesquisa, extensão e ensino, quanto aos saberes produzidos nas escolas. O segundo é o da pluralidade, pois a gente entende que não existe um modelo único. O Complexo não quer homogeneizar todas as ações. Ele se vê como uma grande rede de formação de professores. E entende essa riqueza da troca de experiências de formação que ocorre entre a UFRJ e as instituições parceiras. E o terceiro ponto é a integração, pois o CFP tem como função articular todas as suas experiências de formação para potencializar ações que já acontecem. É um novo arranjo institucional na UFRJ que traduz a política de formação inicial e continuada dos docentes da Educação Básica.

WhatsApp Image 2020 10 16 at 16.41.32ATUALIZAÇÃO (19/10): Previsto para amanhã (terça, 20), o lançamento de uma iniciativa da Adufrj em apoio aos professores durante o ensino remoto foi adiado. Ainda não há uma nova data para o evento.

A pandemia do novo coronavírus, que infelizmente ainda assola o Brasil de forma impiedosa, impôs mudanças radicais em nosso convívio social e práticas de trabalho. A comunidade universitária, claro, não foi poupada: a única maneira segura de continuarmos com algumas de nossas atividades foi através do chamado Ensino Remoto Emergencial. Essa ideia foi recebida de forma bastante desigual na UFRJ, o entusiasmo jovial de alguns contrastando com uma rejeição desgostosa de outros, mas após meses de debate a universidade decidiu iniciar o seu ensino remoto (na graduação) em 24 de agosto.
A implementação do ensino remoto numa universidade do tamanho da UFRJ é uma empreitada causticamente desafiadora, e nós professores estamos sentindo isso: a montagem de cursos inteiros nas plataformas virtuais, as infindáveis horas na frente de variadas telas, o atendimento aos alunos com menos acesso; tudo isso está gerando uma estafa no corpo docente como poucas vezes se viu na universidade. Muito embora não haja muito que possamos fazer contra o vírus, podemos fazer a nossa parte para tentar ajudar nossos e nossas colegas a lidar com o ensino remoto. É nesse espírito que apresentamos nossa iniciativa de auxílio ao docente para o Ensino Remoto Emergencial: o lançamento será na próxima terça-feira (dia 20/10), às 18h30, com uma apresentação da consultora educacional Cristina Mendes sobre ensino remoto. Ela ficará disponível durante algumas semanas (em horários a serem definidos) para sessões de “assistência técnica”, e faremos alguns vídeos curtos com as dúvidas mais frequentes. Estamos um pouco atrasados, mas esperamos que esse auxílio seja de alguma valia.

Esperamos você no lançamento!
Felipe Rosa
Vice-presidente da AdUFRJ

No fechamento desta edição fomos surpreendidos pelo envio de uma mensagem da Pró-reitoria de Pessoal (PR-4) com um comunicado de corte do ganho judicial dos 26,05% (Plano Verão de 1989) da folha de pagamento de novembro, a ser paga em dezembro.
“Informamos que o Supremo Tribunal Federal (STF) cassou decisão da Justiça do Trabalho que manteve o pagamento do plano econômico no percentual de 26,05%, aos associados da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro”, diz o trecho inicial da nota. Essa decisão foi tomada no dia 25 de setembro e a AdUFRJ imediatamente apresentou recurso ao Tribunal Regional Federal e vai adotar todas as medidas jurídicas cabíveis para tentar reverter a medida mais uma vez.
Embora soubéssemos que o corte poderia ocorrer a qualquer momento, a notícia foi recebida com surpresa e grande desconforto pela forma como foi veiculada. Em todas as vezes que a universidade precisou tomar alguma atitude em relação à folha de pagamento ou a qualquer direito dos professores, se dirigiu à AdUFRJ para comunicar a decisão. Na última vez que isso ocorreu, conseguimos a intervenção da Justiça do Trabalho poucas horas antes do fechamento da folha e mantivemos por mais um ano o pagamento desse percentual. Dessa vez não conseguiremos sustar a medida, pois o recurso que impetramos não terá nenhum efeito suspensivo em relação à decisão do STF. Entretanto, reafirmamos que além de ser incomum, o procedimento da reitoria indicou uma total falta de sensibilidade. Qual a urgência de se fazer um comunicado de corte, que só vai ocorrer em dezembro, exatamente no Dia do Professor, em 15 de outubro? Já temos notícias ruins de sobra, já temos um governo que nos ataca permanentemente, só estamos reivindicando mais cuidado e a atenção com a forma com que a reitoria se dirige aos professores e como trata as entidades representativas.  

Histórico
Os 26,05%, recebidos por quase 5 mil docentes — ativos e aposentados — que ingressaram na UFRJ até 2006, são resultantes de uma ação antiga da AdUFRJ. O Plano Verão de 1989 congelou os salários e extinguiu o reajuste baseado na variação da unidade de referência de preços (URP), utilizada à época. A consequência foi a retirada do percentual dos salários. Diversos sindicatos entraram com ações na Justiça para recuperar o valor. Em 1993, a Seção Sindical obteve decisão favorável na Justiça do Trabalho. Por diversas vezes esse percentual, que teve seu valor congelado desde então, esteve para ser retirado, mas os recursos impetrados o mantiveram até hoje na folha de pagamento. Nacionalmente, somos das últimas universidades que ainda mantinham esse pagamento.

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