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07WEB menor1141Acessível, eficiente contra o coronavírus e com respeito ao meio ambiente. Pesquisadores da Coppe desenvolvem um tecido antiviral para máscaras, em parceria com o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
“A iniciativa surgiu a partir de uma rede criada em um edital da Faperj, a Rede Fluminense para a Pesquisa e Desenvolvimento de Nanomateriais e Nanobiosistemas”, explica a professora Renata Simão, coordenadora do Laboratório de Engenharia de Superfícies da Coppe/UFRJ, onde o tecido está sendo produzido. “Com o surgimento da pandemia, nossa ideia foi juntar as diferentes competências que existem dentro dessa Rede”.
O projeto, denominado “Tecidos Hidrofóbicos e Ativos para Substituição do TNT Hospitalar”, e a rede de pesquisa são coordenados por Carlos Achete, professor Titular da Coppe cedido ao Inmetro. “Eu sempre defendi que a universidade não pode viver somente de pesquisa aplicada. A universidade precisa criar ciência através da pesquisa básica”, pontuou Carlos. “Hoje, a questão é juntar o que nós temos de conhecimento, colocar isso no tecido, e verificar a eficácia”.
Carlos, especialista em Metrologia de Materiais do Inmetro, ressaltou a união de esforços. “No Inmetro, nós produzimos óxido de zinco em nanopartículas, que possuem esse efeito antivirológico”, disse. O Departamento de Química da PUC-Rio aplica as nanopartículas de carbono, o que tornará as máscaras altamente hidrofóbicas. Ou seja, capazes de evitar a penetração de micropartículas de água contaminadas com o vírus.
07aWEB menor1141Fotos: Divulgação CoppeA junção desses elementos torna possível uma máscara mais segura, sem grande redução da respirabilidade. “Se juntarmos a técnica de recobrimento de tecidos com as propriedades antimicrobianas das nanopartículas, podemos ter uma barreira física que evite a penetração do vírus, e uma segunda camada protetiva para que ele seja desativado o mais rápido possível”, afirmou Renata.
O material desenvolvido não se limita à produção das máscaras. “Estudamos usar esses recobrimentos também em outros filtros, como o de ar-condicionado”, acrescentou a pesquisadora. O aparelho tem sido apontado como um condutor do vírus. “Mesmo em filtros de carro, ou em filtros de outros tipos de máscara, isso pode ser um produto diferenciado no mercado”.
O laboratório da Coppe conta com Audrey Costa, estudante de Nanotecnologia com ênfase em materiais, que passou a integrar o projeto como iniciação científica. “A máquina que eu opero é para a produção de amostras. Eu produzo os recobrimentos, e depois a gente leva para as análises”, disse.
Audrey explica parte da ciência por trás do tecido. “Depositamos átomos ionizados de um determinado material sobre o tecido, fazendo assim o recobrimento”, esclareceu o estudante. O objetivo é testar a capacidade hidrofóbica do material. Contudo, diferentes materiais podem ser usados em diferentes tecidos para gerar essa camada impermeável. “Pode haver tanto uma variação do tecido quanto do material que a gente usa”
Preocupados com o descarte excessivo de produtos plásticos devido à pandemia, os pesquisadores evitam o uso de polímeros sintéticos. “Nossa meta são o algodão e o papel. Assim, tanto a máscara de muito uso quanto a descartável serão biodegradáveis, sem agredir tanto a natureza”, destacou Renata.

SEM PATENTE
Além da forte pegada ambiental, os cientistas reforçam a necessidade de oferecer um produto de qualidade, com eficácia comprovada cientificamente, mas que seja aberto e acessível. “Não vamos requisitar patente”, afirmou Carlos. “Confiamos que o material vai estar no preço do mercado de uma máscara de algodão comum, talvez apenas 20 ou 30% mais cara, mas nada exorbitante”, declarou Renata
Os trabalhos começaram em julho, mas a pesquisadora estima que até o fim do ano já haverá uma produção contínua das máscaras. “Estamos querendo certificar a máscara em dois a três meses. Com ela certificada, faremos uma produção inicial, para doação, e então conseguiremos uma empresa que encampe a ideia”, finalizou.

05aWEB menor1141A pandemia do novo coronavírus tomou o planeta inteiro de assalto, mas poucas atividades foram tão afetadas como o ensino, em todos os níveis. A consagrada dinâmica da educação baseada na interação próxima entre professores e estudantes ficou gravemente comprometida pelo distanciamento social imposto pela doença, e entramos num difícil processo de choque, avaliação e adaptação. Baseadas nas suas peculiaridades geográficas, financeiras e políticas, as universidades públicas brasileiras reagiram com galhardia ao desafio de não deixar nossos alunos e alunas à deriva sem oferecer-lhes soluções imediatistas e falaciosas. O quadro abaixo resume de forma simbólica o produto desse esforço, com uma pequena amostra do calendário do Ensino Remoto Emergencial em diversas universidades Brasil afora.
Algumas universidades conseguiram fazer uma transição ágil ao ensino remoto, notadamente as estaduais paulistas. Assim sendo, já estão a caminho de 2020.2, mantendo-se essencialmente preparadas para iniciar 2021 sem atrasos. Houve inicialmente algumas críticas de que o processo teria sido “atropelado” nessas universidades, mas os relatos informais de colegas dessas casas indicam que a experiência não foi ruim. A maioria das universidades, entretanto, escolheu interromper as atividades didáticas para ganhar fôlego. Isso não se trata de nenhum julgamento sumário, pelo contrário: a interrupção justificou-se plenamente pela precariedade do acesso à internet de muitos discentes (e, não raro, a degradação da própria estrutura de redes das instituições). As soluções propostas e encontradas foram diversas, como a distribuição de chips para celular (UFRJ e UFC) e bolsas de auxílio permanência (UFRRJ e UnB). Vemos ainda que, enquanto algumas universidades retomaram/retomarão o semestre 2020.1 de forma remota, outras decidiram criar períodos com regras particulares: duração menor, opcional para docentes e discentes, extenso prazo de trancamento etc. Esses períodos ditos excepcionais resolvem alguns problemas mais urgentes, mas vale lembrar que as instituições que escolheram esse caminho terão de lidar com a questão delicada acerca do destino de 2020.1: mesclá-lo ao período excepcional ou fazê-lo sequencialmente ao mesmo? Ambas as hipóteses carregam seus problemas – acumulação de alunos em certas turmas na primeira (sobretudo calouros), um enorme atraso na segunda – mas será impossível se esquivar de uma decisão difícil.
Dito tudo isso, o fato estabelecido é que grande parte do sistema público de ensino superior volta às suas atividades didáticas nessas próximas semanas. Não será um mar de rosas, mas é uma ação fundamemtal para manter a Universidade pública brasileira viva. Teremos muito tempo para voltar às nossas atividades presenciais após a pandemia; agora é a hora do trabalho necessário.

Felipe Rosa
Diretor da AdUFRJ

savings 2789112 640Imagem de Steve Buissinne por Pixabay

O governo Bolsonaro cortou 18,2% das verbas de custeio e investimento das universidades na proposta orçamentária de 2021, que será enviada para o Congresso Nacional. Na UFRJ, a perda seria de mais de R$ 71 milhões e o orçamento cairia para R$ 303 milhões. Os valores podem ser modificados pelos parlamentares durante a discussão da Lei Orçamentária Anual.
“Hoje nosso orçamento termina em outubro. Em 2021, ele pode terminar até agosto. Significa que não poderemos mais fazer uma administração de déficit. O governo está nos obrigando a suspender serviços”, explicou o pró-reitor de Planejamento e Finanças, professor Eduardo Raupp. “Significa redução de bolsas de assistência estudantil, pesquisa e extensão, demissões de terceirizados. Tudo isso num momento em que a sociedade precisa e reconhece o trabalho das universidades”.
O anúncio do corte ocorreu de surpresa em uma reunião da Diretoria de Desenvolvimento da Rede de Instituições Federais de Ensino Superior (Difes) do MEC com uma comissão de pró-reitores que estuda modelos de matriz orçamentária, no dia 30. Até então, pelas informações recebidas pelos dirigentes, tudo indicava que o orçamento seria repetido para o próximo ano.  O que já seria ruim acabou de piorar.
O pró-reitor da UFRJ participou do encontro com os representantes do ministério. Segundo ele, não houve esclarecimento sobre o índice do corte. “A justificativa foi genérica em relação às dificuldades fiscais do governo para o ano que vem. É um corte em toda a parte discricionária do MEC”, afirmou Raupp. “Vamos precisa que a universidade se mobilize de forma ainda mais intensa do que fizemos no 15M”.
O pró-reitor argumentou que a redução, em um momento tão complicado como o da pandemia, poderá colocar em risco a sobrevivência do sistema universitário. “A demanda de assistência estudantil certamente vai aumentar muito, com o número de alunos que caíram em vulnerabilidade. Há muitas demandas de investimento para adequar instalações. Os nossos contratos de limpeza precisarão ser revistos”, exemplificou.
O MEC não se sensibilizou. Na terça (4), em uma reunião extraordinária do pleno da Andifes, o corte foi comunicado para todos os reitores. A confirmação veio dois dias depois, quando o sistema orçamentário abriu para as universidades detalharem como pretendem gastar as verbas previstas pelo governo.
Neste ponto, outro obstáculo. Normalmente, o MEC envia o orçamento já separado por programa. Desta vez, mandou um fundo único para as instituições escolherem no que gastar. Detalhe: o procedimento precisou ser feito entre 14h de quinta e meio-dia de sexta, data de fechamento desta edição. “Tenho esse período para tomar as decisões. Não tenho como debater na universidade, não tenho como levar ao Consuni”, disse Raupp.
“Estamos tentando convencionar que todas as universidades lancem um corte linear de cada rubrica”, completou o pró-reitor.
Os dirigentes entendem ser a melhor estratégia para uma negociação posterior da recomposição orçamentária com os parlamentares. O próximo passo é botar a boca no trombone. “Não tem condição. Precisaremos fazer essa discussão com o Congresso, com a sociedade”.
Mais um problema no horizonte é que os dirigentes não sabem se o governo vai mandar a proposta de orçamento “dividido”, como ocorreu este ano. A UFRJ começou 2020 com apenas R$ 274,17 milhões aprovados de custeio e investimento. Uma segunda parte, de aproximadamente R$ 100 milhões, dependeu de suplementação do Congresso votada no fim de maio.
“A diferença em relação aos anos anteriores é que agora não estamos falando de um contingenciamento. Estamos falando de um corte já na ida para a Lei Orçamentária”, criticou Raupp. “É pior até que o teto de gastos (da emenda constitucional nº 95). Porque o teto de gastos ainda fala em recomposição da inflação”.

REAÇÃO UNITÁRIA
Presidente da AdUFRJ, a professora Eleonora Ziller ficou indignada com mais um “absurdo” do governo Bolsonaro.
“O cenário é dramático. Isso vai exigir uma mobilização imediata”, disse. “A resposta também deve ser linear, de unidade, de todas as entidades da educação, numa ação forte junto ao Congresso pra tentar barrar esse absurdo”, completou.
Eleonora observou que as dificuldades orçamentárias não são novidade para as universidades. O problema é que, pela primeira vez, existe um governo que enxerga as instituições como inimigas. “Devemos apostar que este sentimento não se reflete diretamente no Congresso. A pauta da educação tem ressonância nacional”, afirmou. “A votação do Fundeb foi um exemplo, quando o governo ficou isolado”.

 

06aWEB menor1141Catástrofe à vista. O governo Bolsonaro prepara um orçamento de 2021 ainda mais rebaixado para as universidades e o sistema de Ciência e Tecnologia. A proposta, que deve ser enviada ao Congresso até o fim do mês, revoltou a comunidade acadêmica. O Consuni da UFRJ, a associação de reitores, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e a AdUFRJ criticam duramente a iniciativa.
Nas universidades e institutos federais, o corte é linear, de 18,2%, conforme antecipou a última edição do Jornal da AdUFRJ. Uma perda de R$ 1,4 bilhão no orçamento de custeio e investimento. Na Capes, as verbas cairiam de R$ 3 bilhões para R$ 2,44 bilhões. No Ministério da Ciência e Tecnologia, os recursos ficariam em R$ 3,2 bilhões contra os R$ 3,7 bilhões deste ano.
“No caso da UFRJ, o corte anunciado na PLOA 2021 muda o paradigma da crise orçamentária: da gestão do déficit passaremos à inevitável suspensão de serviços e cancelamento de contratos”, diz um trecho da moção de repúdio à proposta governamental (leia a íntegra abaixo) aprovada no Conselho Universitário da UFRJ, na sessão do dia 13. A universidade perderia R$ 70,3 milhões, o que equivale a mais de dois meses de funcionamento.
O pró-reitor de Planejamento e Finanças, professor Eduardo Raupp, apresentou o texto da moção ao Consuni. “A assistência estudantil não é poupada. E nós sabemos que a pandemia aumentou muito a vulnerabilidade socioeconômica dos nossos alunos”, disse. O dirigente destacou o papel da universidade no combate ao novo coronavírus, tanto nos hospitais como na pesquisa. “E a resposta que temos do governo é corte orçamentário para o ano que vem. Isso coloca em xeque o próprio sistema público federal de ensino superior no momento que a sociedade brasileira mais precisa dele”, criticou.

ORÇAMENTO CONGELADO
“É absolutamente impossível um corte dessa magnitude ser absorvido pelas universidades”, disse o presidente da associação de reitores (Andifes), professor Edward Brasil. O dirigente ressaltou que o orçamento nominal das instituições está “congelado” há três anos. Valores que são corroídos pela inflação. “E todos os contratos de serviços têm reajustes anuais”, afirmou.
Após destacar como o perfil do alunado das universidades federais mudou nos últimos anos, o presidente da Andifes também observou que haverá um tremendo impacto na assistência estudantil. “A adequação pode ser de diferentes formas. Ou no total de atendimentos ou no período”, lamentou.
O professor disse que a situação representa uma novidade em relação a anos anteriores, pelo fato de representar uma significativa redução já na saída da discussão do orçamento. E atacou a visão meramente fiscal do governo, que não poupa a educação superior pública. “A saída da crise econômica passa necessariamente pela ciência, tecnologia e formação de profissionais e tudo aquilo que é o fazer das universidades”.
O dirigente acrescentou que uma eventual demissão de milhares de trabalhadores terceirizados das instituições em função dos cortes também afetaria o país. “Há um impacto direto no dia a dia nas nossas cidades e na nossa economia”, disse.
Sobre uma nota do MEC, que disse ter liberado R$ 450 milhões adicionais este ano, o que atenuaria o problema do corte, o presidente da Andifes foi enfático. “Não resolve, pois esse recurso já foi todo executado, foi todo consumido nas ações de enfrentamento da Covid”, observou.

RISCO DE DESMONTE
Presidente da SBPC, o professor Ildeu Moreira de Castro ressaltou que as informações ainda não estão 100% garantidas, mas “o que está se desenhando é um corte acentuado”.  Se o orçamento do CNPq for confirmado em R$ 940 milhões, o professor não tem dúvidas sobre o drama no fomento da pesquisa. “Certamente haverá corte de bolsas”.
A queda na verba do Ministério da Ciência e Tecnologia é “substantiva”. “Acumulada com anos anteriores, faz com que o orçamento da C&T vá para valores de quase 20 anos atrás. É trágico. A situação já está ruim agora. Vai ficar muito pior. O risco de haver um desmonte e uma debandada de jovens da Ciência é real”, alertou.
O presidente da SBPC lembrou que, em 2021, o governo ainda pode contingenciar os recursos já reduzidos, sob o argumento de queda da arrecadação. “E aí corta mais”.
Ildeu denuncia que a visão estreita de ajuste fiscal do governo penaliza profundamente a educação, a ciência e a saúde. “E boa parte do orçamento brasileiro, quase 40%, vai para o pagamento de juros e amortizações de dívida. O dinheiro dos grandes está garantido. Nem se fala nele”.
O professor mantém alguma esperança de melhoria dos valores orçamentários na briga interna entre os órgãos do governo. Mas já avisou que a SBPC estará no Congresso negociando valores melhores para a Educação e a Ciência.
“Estamos diante de um inimigo feroz”, alertou a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller, ao Consuni. “O corte orçamentário que o governo pretende realizar não só nas universidades, mas em toda a rede de apoio à Ciência e Tecnologia, nos coloca não só desafios. Está em jogo a nossa própria sobrevivência”, afirmou.

CONSUNI APROVA MOÇÃO CONTRA CORTES NO ORÇAMENTO

"O Ministério da Educação informou os limites para o Projeto de Lei Orçamentária de 2021 (Ploa 2021) com uma redução linear de 18,2% no orçamento discricionário das Instituições Federais de Ensino Superior. Este corte é desastroso e representa uma ameaça ao sistema universitário federal. Serão atingidas verbas de custeio e de capital, reduzindo 4,2 bilhões no orçamento do Ministério da Educação em 2021, dos quais 1,43 bilhão nas Ifes. Serão atingidos programas de ensino, pesquisa e extensão, serviços de manutenção, limpeza e segurança, toda infraestrutura tecnológica, o complexo hospitalar, os museus, as bibliotecas e demais atividades. No contexto duríssimo a que estamos submetidos com a pandemia do Covid-19, aprofundando a vulnerabilidade socioeconômica dos nossos estudantes, o corte não poupa o Pnaes e atinge em cheio a assistência estudantil. Trata-se da ameaça mais grave ao financiamento do sistema federal de ensino superior.
No caso da UFRJ, o corte anunciado na Ploa 2021 muda o paradigma da crise orçamentária: da gestão do déficit passaremos à inevitável suspensão de serviços e cancelamento de contratos. Esses 18,2% reduzem o orçamento da fonte do Tesouro em R$ 58.174.385,00, associados à redução na estimativa de receitas próprias, resultam em uma redução total do orçamento discricionário de R$ 70.338.201,00 em 2021. De um total de 374 milhões disponíveis em 2020, teríamos 303 milhões em 2021 em valores aproximados. Isto equivale a mais de dois meses de funcionamento da UFRJ. E um orçamento inferior ao de 10 anos atrás! Na prática, precisaremos interromper serviços, bolsas de extensão, de iniciação científica, de monitorias e bolsas de assistência estudantil. Teremos que cortar atividades de limpeza, de segurança e provavelmente seremos obrigados a manter áreas inteiras fechadas. Sem falar nos danos com a redução da assistência estudantil que se soma à alta taxa de desemprego que assola o país. Isso tudo no contexto em que a universidade está toda mobilizada para combater o Coronavírus, em diversas frentes, e justamente quando ela investe para não deixar ninguém para trás e assegurar a acolhida tecnológica, pedagógica e sanitária do seu corpo social e de toda comunidade que ela serve. Tudo isso requer mais recursos orçamentários, uma política pública consistente, bem planejada e executada, com forte mobilização social e não o contrário!
Neste sentido, o Conselho Universitário da UFRJ apresenta moção de repúdio a esta medida, insta o Ministério da Educação e o Ministério da Economia a revê-la ainda antes do envio da Ploa 2021 ao Congresso Nacional e conclama todas as entidades representativas do setor educacional, os parlamentares, o corpo social da UFRJ e todos aqueles que admiram e valorizam nossa centenária Universidade a se engajarem nesta mobilização contra o corte do orçamento das Ifes, pela defesa dos sistema federal de ensino superior, pela educação de qualidade, pública e gratuita!"

03WEB menor1140O Período Letivo Excepcional (PLE) ainda nem começou, mas já passa por mudanças. O Conselho de Ensino de Graduação adiou o começo das atividades remotas para o dia 24 de agosto, porque os chips de internet, que serão distribuídos para os estudantes, ainda não chegaram à universidade. O término do período também mudou para 14 de novembro. A reitoria aproveita o atraso do calendário para estudar alterações nas regras do PLE. A ideia é que professores e estudantes que aderirem ao período remoto não reponham as aulas de 2020.1. Na prática, o PLE se tornaria um semestre regular para quem oferecer e cursar disciplinas. Os que optarem por não participar poderão, ao final da pandemia, repor os conteúdos.
A iniciativa faz parte de um esforço da administração central para incentivar professores e unidades acadêmicas a ampliarem o número de vagas e turmas oferecidas de maneira remota nos 176 cursos que abrigam 55 mil alunos de graduação. Com a decisão de que as aulas remotas seriam facultativas a professores e estudantes, e que atenderiam preferencialmente aos formandos, o número de vagas abertas nas turmas está muito abaixo da expectativa dos próprios alunos.
A discussão sobre as vagas tomou boa parte da sessão do CEG, dedicada ao adiamento do calendário, no dia 5. Os estudantes fizeram inúmeras críticas à redução da oferta. Antonia Veloso, representante do DCE, informou que muitos alunos contemplados nos editais de inclusão digital não conseguiram vaga nas disciplinas oferecidas. “Eu mesma me inscrevi em várias matérias e não consegui nenhuma. Estou expulsa do PLE”, disse.
“Isso é constrangedor”, completou Victor Trindade. “Na medida em que temos limitação do número de vagas, nós caminhamos no sentido contrário ao da inclusão tão defendida neste conselho”, afirmou o estudante.
Alguns conselheiros fizeram ressalvas ao aumento da oferta de vagas e disciplinas. “Aprovamos um PLE facultativo. A discussão sobre o aumento de vagas me preocupa”, ponderou a professora Helga Gahyva, do CFCH. Ela reforçou que a universidade não pode voltar atrás na decisão que tornou o PLE opcional, para preservar direitos dos professores e dos estudantes que enfrentam mais dificuldades durante a pandemia.
Na próxima semana, o CEG vai decidir as novas datas dos atos acadêmicos que acompanham o PLE, como inscrição e trancamento de disciplinas, por exemplo. A pró-reitora de Graduação, professora Gisele Pires, explicou que a mudança nos prazos se deu por conta de recursos apresentados por empresas que concorreram na licitação dos chips. E que por isso a empresa vencedora tem até o dia 14 de agosto para entregar os dispositivos. “A empresa nos garantiu que fará a entrega antes, mas eles têm como prazo legal até o dia 14. Depois disso, ainda precisaremos entregar os cartões a todos os estudantes, o que também demandará tempo. Por isso, a data de 24 de agosto é mais segura”, explicou.
A professora Juliana Milanez, representante do campus Macaé, chegou a solicitar o adiamento para 31 de agosto. Ela alegou problemas logísticos na distribuição de chips para um alto contingente de alunos que moram fora da cidade. A proposta, porém, teve pouca adesão.

Medicina quer aulas
Os estudantes de Medicina de Macaé exigiram, no CEG, o adiantamento das aulas teóricas que fazem parte de matérias teórico-práticas do curso, a exemplo do que já está acontecendo com a Medicina do Fundão. A Portaria 544 do MEC proíbe que disciplinas práticas dos cursos de Medicina no país sejam dadas de maneira remota. Mas a Medicina do Fundão solicitou por ofício que as aulas teóricas dessas disciplinas pudessem ser dadas no PLE. “Os alunos passariam ao período posterior para a realização das aulas práticas e só então as notas seriam lançadas. Esta foi uma solicitação feita pela Faculdade de Medicina e acatada por nós”, explicou a pró-reitora Gisele Pires.
Os cursos da Faculdade de Medicina e o curso de Medicina de Macaé receberam autorização do CEG para iniciarem as aulas remotas desde o dia 13 de julho, mas os estudantes de Macaé reclamaram que ainda estão sem aulas. “Não há argumento para justificar a disparidade de tratamento entre os cursos de Medicina da UFRJ”, reclamou o estudante Jhosen Congeta.
A pró-reitora informou que a coordenação do curso de Macaé pode fazer a mesma solicitação, via ofício, ao colegiado. E que outros cursos também podem requerer o adiantamento de aulas teóricas das disciplinas práticas. “O que eu não posso é deliberar de cima para baixo sobre este tema, pois aí deixa de ser exceção e vira regra”, concluiu.

Cotas no PIBIC
O CEG aprovou o primeiro edital de ações afirmativas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da UFRJ. A seleção é voltada para estudantes que ingressaram pelo sistema de cotas. O edital foi aprovado na semana passada também pelo CEPG. “Solicitamos 200 bolsas, mas ainda não sabemos quantas vamos receber”, informou a professora Sandra Becker, relatora do processo. “Queremos contribuir para a permanência de nossos alunos ingressantes pelas ações afirmativas, compreendendo que não existe ensino sem pesquisa, nem pesquisa sem ensino”, declarou.
“Historicamente, a pesquisa é negada a um grupo de pessoas na nossa sociedade e aprovar este edital hoje é um enorme salto de reconhecimento do papel e da importância dessas pessoas, e de popularização da pesquisa”, comemorou a estudante Antonia Veloso.
(Colaborou Lucas Abreu)

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