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Entre os dias 3 e 6 de novembro, os professores universitários de todo o país vão escolher a próxima direção do Andes. A eleição será virtual. Duas chapas disputam o pleito: Unidade para Lutar: Em defesa da educação pública e das liberdades democráticas – Chapa 1, da situação; e Renova Andes – Chapa 2, de oposição.
Duas mulheres concorrem à presidência. Rivânia Moura, professora da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, é a candidata da chapa 1. Celi Taffarel, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, é a candidata da chapa 2.
Para início da apresentação das propostas de cada grupo, o Jornal da AdUFRJ solicitou uma entrevista aos candidatos ao cargo de 1º vice-presidente da Regional Rio de Janeiro do Andes. O professor Felipe Rosa, diretor da AdUFRJ, candidato da chapa 2, aceitou o convite.
A candidata da chapa 1, professora Elizabeth Carla Vasconcelos Barbosa, da UFF, disse que poderia falar com a reportagem no dia 7 à tarde. Mas, pela manhã, informou que teria uma reunião e pediu que as questões fossem enviadas para o seu e-mail. Informada que deveria ser uma entrevista por telefone, disse que não conseguiria atender à solicitação. No dia 8, para tentar preservar a apresentação da chapa, cinco perguntas foram enviadas por e-mail às 14h51, com prazo de resposta até o meio-dia desta sexta. Após mensagens por whatsapp e cinco ligações telefônicas não atendidas, a professora acusou o recebimento da mensagem por áudio do aplicativo, mas não garantiu que poderia responder a tempo, em função da agenda lotada de compromissos. As respostas não chegaram.

ENTREVISTA/ FELIPE ROSA

IMG 20201010 WA0018Professor Felipe Rosa“Os professores precisam se sentir representados”

1 – Por que é importante votar na eleição do Andes?
É importantíssimo votar na eleição do Andes. Ao mobilizar para o voto, os docentes acabam criando uma mobilização natural e dizendo o que querem: por que estão votando na chapa 1, por que estão votando na chapa 2. E eu tenho bastante convicção de que o que a maioria quer é o que está materializado no programa da chapa 2, do Renova Andes.

2 – O manifesto da chapa critica a atual direção do Andes, mas não deixa claro o que vai fazer de diferente, se vencer a eleição. Na prática, que metodologia de debates e votações seria implantada no Sindicato?
A gente está amadurecendo. A metodologia atual, no caso dos congressos e conads, já está implantada há muito tempo. Por mais que a gente não goste, leva um certo tempo para conseguir mudar as coisas. No entanto, inclusive com a experiência do último Conad em que fui delegado, podemos dizer sem medo de errar que essa metodologia de debater as questões importantes do sindicato está ultrapassada. Não é possível, que a gente reúna 400, 500 docentes por congresso, pessoas altamente qualificadas, passar uma semana discutindo e, no final das contas, a gente publicar um documento das ações do sindicato em que 50% são platitudes, 20% a 30% são questões de metodologia e de procedimentos e 20% são de fato questões que mereceriam a atenção dos docentes. Eu defenderia encontros menores e muito mais focados.

3 – A carta-programa da chapa não menciona o debate sobre filiação de central sindical, mas é sabido que o grupo é contra a filiação à Conlutas. Por outro lado, sabe-se que a chapa recebe apoio da CUT, tida pela situação como uma central que não desenvolveu as lutas durante os governos do PT.  A vitória da chapa vai levar o Andes para o colo da CUT e do PT?
Não é segredo para ninguém que a chapa Renova Andes tem apoio da CUT. Vários membros proeminentes da chapa são filiados ao PT, tem história dentro do partido. Claro que existe uma associação indireta tanto com a CUT como com o PT. Assim como a chapa 1 tem associação indireta com outros partidos e com a Conlutas. O que vai acontecer depois, caso a gente seja eleito, durante a nossa gestão, eu sinceramente não posso adiantar. Eu pessoalmente defendo a desfiliação da Conlutas, mas não defendo particularmente a refiliação à CUT. Isso deve vir de um amplo debate com os nossos filiados.
Com relação aos governos tanto do Lula como da Dilma, por mais que tenha havido uma certa subordinação em alguns momentos da CUT aos interesses do governo, sou muito mais crítico à postura completamente inflexível da Conlutas contra a gestão do PT. Isso levou, por exemplo, que tanto a Conlutas quanto o Andes tomassem posições historicamente equivocadas, como por exemplo, a rejeição inicial às cotas e uma oposição completamente despropositada ao Reuni.

4 – O manifesto da chapa diz que “Somos trabalhadores e trabalhadoras, mas sabemos que realizamos um tipo particular de trabalho, relacionado com o ensino, a pesquisa e a extensão. Como consequência, nós entendemos a particularidade de nossas reivindicações e as formas de luta que precisam ser distintas daquelas de outras categorias”. Que formas de luta seriam essas? Onde e quando elas se mostraram eficazes?
 As novas formas de luta passam por uma ação direcionada à sociedade, de nos reconectar com a sociedade. Pois só com o apoio da sociedade vamos conseguir alguma coisa. No 15 de maio do ano passado, fizemos uma das maiores manifestações populares recentes, conseguimos fazer essa conexão. Levamos a universidade para a praça. Foi um dia de praça cheia. Com vários segmentos da universidade representados. E isso fez parte de um movimento maior. Por que foi um sucesso? Porque foi feito com esse novo diálogo com a sociedade. A sociedade quer uma universidade que funcione, que seja ampla, que acolha os alunos.
Uma outra forma é o Observatório do Conhecimento. A AdUFRJ capitaneou essa iniciativa que conta com mais de 10 ADs parceiras. É um fórum onde a gente pode discutir ações para mostrar o que se faz de bom na universidade, de dar publicidade a todo esse trabalho que se desenvolveu durante a pandemia. Temos ADs ligadas ao Andes, ao Proifes (federação de sindicatos que representa parte dos docentes universitários federais) e independentes. São ADs que entenderam que esse debate no Andes estava interditado... ok, talvez não interditado, mas certamente sufocado.
O ideal é engajar a sociedade, mas o primeiro passo é engajar nosso próprio docente. Eles só estarão engajados se eles se sentirem representados de alguma forma. Se eles sentirem que os representantes sindicais só defendem pautas alheias aos seus interesses, claro que eles vão se afastar. Isso ocorreu nacionalmente. E na UFRJ até 2015.

5 – Qual a posição da chapa em relação ao Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação?
A carta-programa é omissa em relação ao tema.
Não existe. Esse tema não é livre de controvérsias. Eu, por exemplo, acho a iniciativa muito boa, mas há críticas razoáveis a serem feitas. O Renova não centraliza, procuramos agregar. Haverá diferentes pontos de vista, mas é importante frisar que não existe uma oposição sistêmica ao Marco, de forma alguma. Pretendemos fazer uma gestão de muito diálogo com a SBPC, com as sociedades científicas específicas, com a ABC, enfim, com todo o mundo acadêmico.

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