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WhatsApp Image 2022 07 30 at 14.31.27“O 27º Congresso delibera que o ANDES-SN deverá: Denunciar, à comunidade universitária e à sociedade em geral, o REUNI como a mais profunda ação do Governo Federal, na atual conjuntura, para implementar a contra-reforma universitária nas IFES. O REUNI resultará na precarização do trabalho docente e no rebaixamento da qualidade da formação universitária”.
Aprovado no Congresso do Andes de 2008, o texto acima retrata a posição do sindicato nacional sobre um dos projetos mais transformadores da educação superior, o Reuni, programa que ampliou e abriu as portas da universidade para milhares de brasileiros. Na época, o Andes foi contra, alegou que a expansão sacrificaria o trabalho docente e oferecia estrutura precária. Mas 2008 não foi um exceção na trajetória da entidade que representa os docentes do ensino superior público.
Levantamento realizado pelo Jornal da AdUFRJ em atas de congressos e conads e em matérias da imprensa sindical mostra que, em três momentos cruciais do país, o Andes optou pela contramão da História. Além do veto ao Reuni, a entidade ajudou a abrir as portas para a barbárie bolsonarista no golpe contra a presidente Dilma e a eleição de Jair Bolsonaro.

REUNI
O 27º Congresso do Andes aconteceu em janeiro de 2008, durante o governo do então presidente Lula. A decisão do sindicato foi por barrar a implantação do Reuni nas universidades, conforme decidido no 53º Conad, em junho do mesmo ano.WhatsApp Image 2022 07 30 at 14.31.28 1
“Intensificar o combate ao programa REUNI dentro de cada IFES, articulando a intervenção das seções sindicais do ANDES-SN, propondo amplas mobilizações e ações unificadas com estudantes e técnicos-administrativos para impedir, na prática, os projetos e planos de reforma universitária do governo, fazendo a denúncia de suas conseqüências deletérias, conforme resoluções do ANDES-SN”, diz o item 72 do tema II da ata do Conad em questão.
Outra medida decidida no 53º Conad foi “intervir nas reuniões dos conselhos superiores em que forem deliberadas ações para a implementação do REUNI”. Na UFRJ, o expediente já havia sido adotado desde 2007, época em que a AdUFRJ era dirigida por grupo político alinhado com o Andes.
“Aqui na ADUNB, nossa base teve um entendimento contrário ao do sindicato nacional”, contou o professor Luis Antonio Pasquetti, ex-presidente da ADUNB. “Nós entendemos que havia uma necessidade de expansão e interiorização do Ensino Superior no Brasil. E com o Reuni aconteceu um aumento expressivo no número de trabalhadores da Educação”, acrescentou. Pasquetti lembra que o programa era alvo de críticas mesmo dos seus apoiadores, e que ele poderia ter sido melhor, “mas entendemos que aquele era um momento histórico”.
Matéria publicada no Jornal da AdUFRJ em 1º de novembro de 2007 conta que a diretoria da associação docente solicitou à reitoria da UFRJ que o Reuni fosse retirado da pauta do Consuni. O editorial do jornal comemorou: “O encaminhamento da proposta de expansão da UFRJ fora dos parâmetros do Reuni é uma conquista do projeto histórico que defende a universidade pública como instituição de produção e socialização de conhecimento científico, capaz de ser universalizada, comprometida com os problemas nacionais e aberta ao tempo”.
O Reuni foi aprovado em todas as instituições de ensino, e o Andes perdeu a chance de liderar a discussão sobre um projeto que estivesse mais próximo de uma síntese entre o que o governo propôs e as demandas dos docentes e universidades.
“Em nome de um certo “principismo”, visto de modo intransigente, o Andes preferiu combater o Reuni”, contou a professora Eleonora Ziller, ex-presidente da AdUFRJ. “É claro que o Reuni tinha problemas, e seria mesmo o papel do sindicato nacional dos professores propor mudanças. Mas o Andes se recusou a fazer o debate com o governo e com as universidades dessa forma, partindo então para o grande equívoco de tentar impedir a sua aprovação nas universidades”. Para Eleonora, a posição intransigente que leva a evitar o diálogo mais amplo perdura até hoje. “Foi assim na greve de 2015, e está sendo assim em 2022, quando o momento histórico é crucial para o país”, defendeu.

GOLPE CONTRA DILMA
Durante o processo de impeachment da presidente Dilma, as discussões nos conads e congressos entre 2015 e 2017 não eram sobre o caráter do golpe que estava em curso, mas sobre o papel de Dilma e do PT como agentes do capital, bem como figuras como Michel Temer, Renan Calheiros e Aécio Neves. Em primeiro de maio de 2015, a CSP-Conlutas, central sindical à qual o Andes é filiado — outro tema que divide a base do sindicato — fez um ato na Avenida Paulista pedindo “fora, todos”.
“Esse grupo que controla o Andes há mais de 20 anos segue a orientação de uma central sindical que é insignificante, praticamente inexistente”, avalia o professor Pasquetti. “O Andes está aprisionado ao pensamento da CSP-Conlutas, e isso prejudica a sua leitura da realidade. É um grupo muito sectário, isolado, que não está conseguindo enxergar a realidade como as demais organizações”, disse.

ELEIÇÃO DE BOLSONARO
Em janeiro de 2018, Bolsonaro já era um candidato forte, mas o 37º Congresso do Andes, que aconteceu naquele mês, só fez uma menção ao pré-candidato, no texto de análise da conjuntura com o título “Nossa luta é agora, nosso lugar é nas ruas: greve geral para barrar as reformas e por pra fora Temer e todos os corruptos do congresso!”.
O documento iguala Bolsonaro a outras forças da direita democrática. “É preciso enfrentar e derrotar a direita e seus partidos, tanto os tradicionais (PMDB, PSDB, DEM, PPS, PSC, Solidariedade…), como as pretensas “novidades” (Bolsonaro, MBL...). Mas também é preciso enfrentar e derrotar aqueles que executam o mesmo programa com um discurso “progressista”, os “lobos em pele de cordeiro”. diz o texto, que lembra ainda que “Nosso caminho não é o das eleições”.
No 63º Conad, em julho do mesmo ano, Bolsonaro também aparece apenas em um texto de análise da conjuntura, com título “Só é possível avançar com lutas! É preciso construir uma rebelião em nosso país”, com um trecho que minimiza o caráter fascista de Bolsonaro. “Mas, é importante que se diga, nem fenômenos como Bolsonaro, nem as declarações de chefes militares podem ser confundidas com uma “ofensiva do fascismo” ou da iminência de um golpe militar no país, como querem fazer crer o PT e seus velhos e novos satélites. Fascismo implica uma ação organizada de grupos paramilitares, armados e com apoio de massas, que atacam e eliminam – fisicamente inclusive – os trabalhadores, seus dirigentes, suas lutas e suas organizações”.
Em 2018, portanto, ano da eleição de Bolsonaro, as duas maiores instâncias deliberativas do Andes não decidiram por nenhum tipo de manifestação mais contundente contra a possível eleição de Jair Bolsonaro.
Mas há uma exceção. Em outubro de 2018, entre o primeiro e o segundo turno das eleições, a diretoria do Andes publicou duas notas. A primeira, de 11 de outubro, repudiava o ódio e a violência do processo eleitoral, citando diversos casos de agressão por razões políticas ocorridas no período.
A segunda nota, publicada em 19 de outubro, é mais objetiva quanto ao posicionamento do Andes nas eleições, ainda que sem citar Haddad. Com o título “Nota política do Andes-SN sobre o segundo turno das eleições presidenciais de 2018”, o texto reconhece o caráter fascista do bolsonarismo e suas ações, violentas ou não, para intimidar opositores, e se “posiciona contra o voto nulo e em branco no segundo turno das eleições, indicando a participação ativa nos atos e mobilizações em defesa da democracia e contra o fascismo, bem como nas atividades do movimento #EleNão”.
Fernando Haddad, professor da USP, ex-ministro da Educação e um dos idealizadores do Reuni, o candidato que enfrentava nas urnas o fascismo de Bolsonaro no segundo turno não é mencionado pelo Andes. Haddad perdeu as eleições. O grupo que dirige o Andes foi reeleito.

MENSAGENS DE APOIO

Grupo de oposição à atual diretoria do Andes e diversas seções sindicais também criticaram a falta de posicionamento do Conad em relação às eleições presidenciais de outubro. “Trata-se de uma atitude pela qual responderemos diante da história”, diz texto do Renova Andes.

ANDES-SN DECIDE LAVAR AS MÃOS DIANTE DA LUTA
ELEITORAL PARA DERROTAR BOLSONARO

O 65° Conselho de Seções Sindicais do Andes-SN (65° CONAD) se reuniu no fim de semana de 15 a 17 de julho. Foi a maior instância do sindicato a se reunir antes das eleições de outubro. E decepcionou a categoria!
A menos de 3 meses da eleição mais importante em ao menos duas décadas, esperava-se que o sindicato dedicasse parte do tempo deste evento para definir sua atuação em face da batalha de outubro próximo em que o povo brasileiro utilizará o voto para dar fim ao descalabro que foram estes 3 anos e meio de governo Bolsonaro. Uma luta no contexto de uma das maiores guerras já movidas no Brasil contra o conhecimento, ciência e em favor do obscurantismo. Afinal, o que se joga neste momento é se interromperemos ou não a destruição sistemática do país, incluindo a educação e o ensino superior.
De forma frustrante, mas não surpreendente, o 65º CONAD dedicou apenas 25 minutos, (incluindo aí encaminhamentos e votações) a esse debate em plenária final do evento, ao apagar das luzes de sua reunião.
A Diretoria do ANDES-SN não pautou as eleições. Nenhum projeto de resolução da Diretoria foi apresentado sobre o assunto. Apenas docentes do Fórum Renova Andes-SN propuseram um texto de conjuntura defendendo a centralidade das eleições e da importância de uma manifestação do ANDES-SN. Por meio do Texto de Resolução 9, propôs que o Sindicato Nacional escrevesse uma carta-compromisso com demandas da Educação, dos docentes do Ensino Superior, da carreira EBTT e da Ciência e Tecnologia para ser entregue ao expresidente Lula. A proposta perdeu. Os delegados optaram por entregar um documento para todos os candidatos, menos ao presidente Bolsonaro. Todos eles, exceto Lula, sem qualquer chance de vitória.
Além disso, o eixo da Carta não foi discutido, como propunha o TR 9 apresentado pelo Renova-Andes. Seu conteúdo foi remetido para ser adotado pela onipotente Diretoria do ANDES-SN que se baseará no “Caderno 2” que, importante como nossa referência, aprovado há muitos anos, não pode ser o único marco de nossa luta. O que foi aprovado é que a diretoria sozinha decida quais são estes eixos. Onde está a opinião e a discussão com a sua base, tão defendida pela atual direção?
Pelo visto, considera-se que estamos diante de uma eleição como todas as outras e não num combate de vida ou morte.
Difícil omitir o fato de que, no curso das intervenções, havia inclusive um constrangimento na discussão acerca das eleições por parte da força hegemônica no sindicato. Evitou-se até mesmo pronunciar a palavra “Lula”, se referindo ao ex-presidente como “O Candidato”.
É preciso sermos claros: a decisão meramente protocolar do 65º CONAD equivale a lavar as mãos diante da eleição mais importante da nossa história recente e da possibilidade de recrudescimento real do regime, que pode acarretar o silenciamento das IES e mais perseguições às nossas organizações e a pessoas.
Para coroar o total desprezo e alienação diante da luta que se avizinha, da possibilidade concreta de enxotar Bolsonaro e barrar o caminho ao golpe, a Carta de Vitória da Conquista (cidade onde se realizou o 65° CONAD), lida e publicada ao final do evento, literalmente não menciona as eleições de outubro, como se nossa categoria, uma das mais atingidas pela guerra de Bolsonaro contra o povo brasileiro, não tivesse nada a ver com isso, reduzida a tarefa das eleições a um vago “derrotar Bolsonaro nas ruas e nas urnas.”
Trata-se de uma atitude pela qual responderemos diante da história. Em face de uma eleição que aconteceu sob ameaça de golpe, em meio a episódios de violência política, e até assassinatos, o 65º Conad deu 25 minutos ao tema, tão somente para cumprir tabela. Não marcou posição para a eleição, não se dirigiu a Lula, nem indicou a urgência de vencer Bolsonaro no primeiro turno e menos ainda alertou para os riscos de um segundo turno.
Esta atitude infelizmente guarda coerência com a política do grupo dirigente do ANDES-SN, que há longo tempo vem pautando nosso sindicato, que passou pela negação do golpe e pela inércia diante dele (que além de tudo nos isolou das entidades populares que tentavam barra-lo) e que se consolida nesta política que nega a unidade urgente contra Bolsonaro, como denota a defesa intransigente da não-participação do Andes no Fórum Nacional Popular de Educação, chegando ao achincalhe de marcar o 65º CONAD nas mesmas datas da Conferência Nacional Popular de Educação que ocorreu em Natal-RN, conferência esta que reuniu quarenta e oito entidades, mais de mil e oitocentos trabalhadores e trabalhadoras da educação nos mais diversos níveis e não só do Brasil, mas da América Latina. São atitudes que sempre nos pareceram mais com uma disputa em torno de projetos partidários do que propriamente uma preocupação com a autonomia e com as reinvindicações dos docentes em todo o país.
De novo invocando a Autonomia, que de fato se consubstancia numa neutralidade nas eleições de outubro, o Sindicato Nacional se esconde numa Carta “a todos os candidatos” para se negar ao diálogo com Lula. A Carta propunha sim um reconhecimento claro do papel do Lula nas eleições, o que sinalizaria que o Andes-SN estava entendendo o momento e se manifestava.
Em relação à recente nota da diretoria do ANDES ao jornal da AdUFRJ, manifestamos nosso estranhamento ao tom que foi utilizado para repreender um jornal cuja matéria jornalística está coerente com o debate político ocorrido e que optou por fazer uma charge em sua página de abertura. Podemos gostar ou não da charge, há entre nós as mais diversas opiniões sobre ela, mas emitir uma nota contestando-a é um movimento muito próximo à censura, e por isso repudiamos o modo como a diretoria do ANDES se dirigiu a uma de suas maiores e mais tradicionais seções sindicais.
Em muitas intervenções de membros da Diretoria, o que prevaleceu foi a linha de que cada um atue como achar melhor, mas que o Sindicato Nacional não pode se manifestar. Sindicatos, centrais, movimentos sociais e federações estão sim se manifestando porque entendem a excepcionalidade do momento. Felizmente a categoria docente não ficará neutra entre Lula e Bolsonaro. Temos certeza que a maioria da categoria vai responder com
força ainda no primeiro turno para acabar com este governo o quanto antes. É com esta maioria que o Renova ANDES estará nos próximos meses, erguendo barricadas contra Bolsonaro e marchando para derrotá-lo.
É esta disposição, malgrado a posição o 65º CONAD, que várias Seções Sindicais estão assumindo. Nós, do Fórum Renova ANDES, apelamos às Seções Sindicais a tomarem posição, entrarem na luta pela eleição de Lula ainda no 1º turno e a demandarem do candidato carta-compromisso que contemple as principais reivindicações da Educação, das IES e da docência.
Brasília, 24 de julho de 2022
Coordenação do Fórum
Renova ANDES

ANDES MAIS UMA VEZ SE ESQUIVA COMO TÁTICA POLÍTICA SINDICAL

O que se viu do ANDES-SN em seu último Conad, na fria Vitória da Conquista (BA), foi uma parte da categoria docente inquieta e frustrada diante de uma posição temerosa – ou mesmo acovardada – da instituição, enquanto outro segmento buscava acomodar-se ao modelo congressual de nosso sindicato nacional, de controle total das discussões e votações, estratégia que se adapta ao não conflito, em nome de uma pretensa autonomia política que mantém a entidade em um fantasioso terreno de “neutralidade” e “isenção”. Vimos esse comportamento do sindicato nacional em outras situações, tão importantes quanto, como diante do plano de carreira ora vigente na categoria docente – não assinado pelo ANDES – e durante o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, com sua omissão discursiva e de ação. Agora, na eleição mais importante da nossa história, o ANDES novamente deixa de assumir um viés mais pragmático – ou mesmo crítico – diante das eleições de outubro.
O que vemos nos grandes encontros deliberativos do nosso sindicato nacional são ambientes totalmente controlados, nos quais a previsibilidade dos resultados das votações que interessam à categoria docente beira a exatidão e confirma o descolamento do ANDES de sua base, sobretudo de sessões sindicais que possuem expressiva representatividade e história de luta. As linhas de transmissão da representação política são interrompidas por esse modelo de gestão sindical, e o resultado pode ser conferido na Carta de Vitória da Conquista: nós nos transformamos em um sindicato supostamente isento e neutro, cuja diretoria rejeita os anseios classistas da própria categoria, que se fragmenta em mil pedaços, perde força e reconhecimento, ano após ano, em consequência desse controle da instituição.
O famoso TR 9 do Conad de Vitória da Conquista propôs tão somente o envio de uma carta com as reivindicações mais básicas da categoria docente ao único candidato capaz de vencer o necrocida no poder. Na ocasião, a proposta foi rechaçada e transformada em mais um “monumento” exemplar do poder dirigente de uma instituição sindical de encaminhar à eliminação o que não lhe convém: uma carta simples, que revelaria a expectativa de uma categoria forjada na experiência democrática e desejosa de novidades epistêmicas, uma categoria que hoje sangra em cada universidade brasileira, seja pelas condições de trabalho ou pelas agruras impostas pela vida, uma categoria que deixa o Conad sem poder levar de volta às suas bases uma consigna nacional de luta e ação política.
O asno de Burindan morreu de fome, pois não sabia qual feixe de capim comer, entre dois iguais que estavam à sua disposição. Não há como haver dois feixes de capim iguais, e até o olhar menos atento perceberá uma falsa simetria entre ambos. Dessa forma, a despeito de termos sido todos bem tratados pela ADUESB em Vitória da Conquista, nossas lutas por via do ANDES sucumbiram diante das opções possíveis que nos foram deixadas, e o contexto sindical, atuando como força contrária, impôs obstáculos que não nos permitem empreender o caminho necessário, enquanto categoria docente coesa e forte.
O Conad demonstrou que o burocratismo e o formalismo podem ser resistentes, mas não se sustentam eternamente mediante os conteúdos inevitáveis que a vida real nos apresenta. Caso o referido TR e a maneira de tratamento de seu conteúdo – na busca, senão de demovê-lo da pauta, de asfixiá-lo, de torná-lo rarefeito, de alterar sua direção até torná-lo inofensivo, de fato – não contrariasse o anseio de parte significativa da categoria docente, o 65º Conad seria apenas passado, não apontaria mais para um novo horizonte. Felizmente, o futuro não se faz apenas de um passado que nos determinou até agora, mas de uma profunda esperança que pode nos contaminar sem que deixemos de ser razoáveis nem cheguemos ao irracionalismo, com a necessária coragem de assumir as ações da política transformadora. Esse registro constitui o testemunho da delegação da ADUFPB no referido encontro deliberativo. Em grande medida, sugere a posição hegemônica da nossa diretoria executiva, que nunca se furtou a tomar as decisões mais difíceis nem se esquivou de qualquer polêmica na defesa histórica da carreira docente e da universidade pública.
Delegação da ADUFPB no 65º Conad - Vitória da Conquista (BA) – Julho/2022

 

O ANDES DE COSTAS PARA AS
ELEIÇÕES CONTRA BOLSONARO!
26 de julho de 2022
Imprensa da ADUR-RJ

Às professoras e professores da Universidade Federal Rural do RJ:
O 65° Conselho de Seções Sindicais do Andes-SN (65° CONAD) reuniu-se no fim de semana de 15 a 17 de julho em Vitória da Conquista – BA. O que chamou atenção foi a ausência, por parte da diretoria do Andes-SN, quanto ao debate do tema das eleições para Presidente da República que ocorrerão em outubro. Nenhum Texto de Resolução (TR) foi proposto pela diretoria nacional. Não precisamos reforçar a centralidade dessa eleição, que vai ocorrer no período mais obscuros desde a volta da redemocratização do país. E aí o questionamento que se coloca é se este assunto não seria relevante diante dos ataques que as universidades públicas têm enfrentado para se manterem pública, gratuita, laica e socialmente referenciada.
Mas se a diretoria do sindicato não deu a devida importância para esta pauta, professores que fazem parte do Renova Andes apresentaram uma proposta que indicava o reconhecimento de que Lula é o único candidato do campo popular progressista capaz de derrotar o fascismo encabeçado pelo Bolsonaro. O TR 9: “O ANDES-SN Tem o Direito de Ficar Indiferente às Eleições de 2022?”, único a tratar do tema, propunha que fosse enviada uma carta-compromisso com demandas da educação, dos docentes do Ensino Superior e da carreira EBTT para ser entregue apenas para o ex-presidente Lula. O TR foi debatido nos grupos de trabalho, mas foi levado ao pleno apenas no terceiro dia e por menos de 30 minutos da Plenária Final do CONAD. O resultado foi “Que o 65º CONAD delegue à diretoria do ANDES-SN a elaboração de uma carta de reinvindicações à(o)s presidenciáveis, com exceção do atual presidente da República, com a pauta da categoria docente seguindo os eixos do Caderno 2, com destaque para a política de financiamento e para a política de ações afirmativas”. Ou seja, a retirada de todas as propostas feitas pelo TR 9, a não discussão e delineamento de propostas claras pelos representantes das ADs e o encaminhamento para todos os candidatos, exceto Bolsonaro, de uma carta a ser escrita exclusivamente pela diretoria.
Concretamente a diretoria do Andes não dedicou nenhum esforço, nem com proposta e nem com tempo na condução do Conad, para um debate profundo sobre eleições. Na rápida discussão da Plenária Final, a principal argumentação de representantes da diretoria, dentre outros que somaram os 22 votos, contra as 11 associações docentes que defenderam a carta apenas para o Lula, foi de que o Andes como sindicato autônomo não pode se manifestar em processos eleitorais. Houve quem defendesse incluir o Bolsonaro dentre os signatários. Colegas presentes corretamente defenderam que Bolsonaro ganhou em uma eleição ilegítima com Lula preso. Prisão sobre a qual a mesma direção do Andes pouco se manifestou e nada se mobilizou. A Adur participou intensamente do debate com 1 delegada (Elisa Guaraná) e 6 observadores (Rubia Wegner, Patricia Bastos, Carlos Domingos, Regina Cohen, Ricardo Costa e Andrea Sampaio).
A professora Elisa Guaraná, presidente da Adur, se manifestou reforçando a autonomia do sindicato frente às eleições ordinárias, mas que em casos excepcionais precisamos sim nos manifestar. “Autonomamente como Sindicato Nacional precisamos entender a gravidade do momento. O sindicato não se expressa comumente em situações eleitorais, mas nesse caso excepcional nós temos que nos manifestar dizendo que o sindicato compreende o momento grave da cena política nacional.” E reafirmou que a disputa ainda está em aberto. Que o segundo turno pode trazer mais violência política e mesmo assassinatos. “Podemos ter um segundo turno por 1 ou 2 %. Alguém aqui quer um segundo turno? Eu não quero! O que será um segundo turno com Bolsonaro, sua milícia e a máquina do Estado nas mãos?” Lembrou que sindicatos nacionais e federações, como a Fasubra, entenderam a gravidade do momento e se manifestaram pelo apoio a Lula no primeiro turno. E perguntou se não seria um ou mais projetos partidários que estariam influenciando essa defesa incondicional de “autonomia”. Portanto, podemos sim dizer que a direção do Andes-SN toma partido. Não de uma suposta autonomia, termo surrado e usado para esconder toda vez que temas fundamentais da política nacional se apresentam, como o Golpe, a prisão do Lula e agora uma eleição contra o fascismo, que precisamos ganhar sim no primeiro turno. Isso não é autonomia. É não se posicionar em momentos fundamentais para os rumos da democracia e da educação no país.
Ao defender “a carta para todos os presidenciáveis”, que aliás nos remete ao “Fora Todos” da época do Impeachment, a direção do Andes defende um ou mais projetos partidários que não acham importante a unidade do campo progressista no primeiro turno. Esses projetos são legítimos na disputa partidária e passarão pelo escrutínio da população brasileira.
Mas ao não defender nenhuma sinalização, mesmo que simbólica, para categoria de que Lula é o candidato que pode enfrentar e ganhar Bolsonaro no primeiro turno, manda o recado oposto: a eleição não é a prioridade do Andes-SN e o primeiro turno não tem relevância.
Não podemos deixar de registrar a postura desrespeitosa da diretoria do Andes ao marcar o 65° Conad para a mesma data do CONAPE- Conferência Nacional Popular de Educação que ocorreu em Natal-RN, e reuniu mais de 48 entidades e cerca de 1.800 delegados de todo o país da educação básica e superior, incluindo representantes de várias seções sindicais do Andes-SN. A Adur em Assembleia Geral indicou um observador.
Colegas e ADs que estão manifestando sua indignação nas redes contra essa posição do Andes de não apoio ao Lula o fazem, como a Adufrj, porque o Andes, em seu Conselho deliberativo, a pouco mais de 70 dias da eleição, dedicou nada do seu tempo para um debate aprofundado e com algum direcionamento político para as eleições de vida ou de morte para a educação brasileira.
A atual diretoria do Andes-SN não tinha interesse em realizar uma discussão ampla e irrestrita sobre a relação do destino do país e o ensino superior com os 197 participantes do encontro (59 delegados (as), 109 observadores (as), 7 convidados (as) e 26 diretores e diretoras do ANDES), já que este tema só foi discutido “aos 45 minutos do segundo tempo” e ao final foi aprovada a Carta de Vitória da Conquista, proposta pela diretoria. A Carta mostra total desprezo pela luta eleitoral que se aproxima, ante a iminente possibilidade de derrotar Jair Bolsonaro e barrar o caminho do golpe de Estado que ameaça o país, salvo uma genérica passagem que diz: “derrotar Bolsonaro nas ruas e nas urnas”.
Para a diretoria da ADUR-RJ esta postura de “neutralidade” – do maior sindicato docente do país que hoje reúne cerca de 70 mil filiados – não condiz com a realidade política do país, pois o que está em jogo neste pleito é se interromperemos ou não a escalada do bolsonarismo, o desmonte do Estado brasileiro, incluindo a cruzada ideológica de Jair Bolsonaro contra a educação pública e laica e à ciência.
Fica a pergunta: se sindicato autônomo não pode “se meter em eleição” mesmo contra o fascismo, o que será que o Andes-SN fará em um segundo turno? Esperamos não precisar responder a essa pergunta. As trabalhadoras e os trabalhadores, e em especial da educação, não aguentam mais!
Temos a convicção de que a maioria da categoria vai responder nas urnas, como vem fazendo no seu dia a dia de luta, para acabar com este governo. Mesmo porque O Andes somos todos e todas nós!

PARTICIPAÇÃO DA ADUFERPE NO 65º CONAD APONTA PARA O PERIGO DE SE IGNORAR AS ELEIÇÕES 2022

Representantes das seções sindicais do ANDES-SN estiveram presentes no 65º CONAD, realizado em Vitória da Conquista (BA), no período de 15 a 17 de julho. O evento teve como objetivo a atualização do plano de lutas da categoria a partir de discussões sobre a conjuntura política nacional e a deliberação das ações necessárias para o retorno presencial, bem como das condições de trabalho dos docentes das instituições públicas de ensino superior, entre outros temas pertinentes à luta em favor da educação pública no país. A Aduferpe foi representada pela professora Nicole Pontes, presidenta e delegada, e pelos observadores, professores Dorilma Neves e João Paulo Araújo.
Embora a análise de conjuntura na plenária de abertura tenha avançado para discussões sobre grave situação de crise do capitalismo, sua mais medonha ferramenta de ataque permanente à educação pública, o avanço da destruição da ciência e tecnologia no país e a premente necessidade de ações que expurgem do comando do país o governo Bolsonaro, esses pontos não seguiram se efetivar nas discussões de ações concretas no plano de lutas debatido e aprovado ao final do CONAD.
Como avaliou a delegada da Aduferpe: “ao final e ao cabo, as discussões giraram, em sua maioria, em torno da aprovação de textos resolução que restaram do 40º Congresso, realizado em Porto Alegre em abril de 2022”. Dentre os seus pontos mais relevantes, apontou para a necessidade de um “Plano Sanitário e Educacional: em defesa da vida e da Educação”, a luta contra a implementação do novo Reuni Digital e a necessidade de derrubada da Emenda Constitucional 95, do teto dos gastos.
Cabe ressaltar ainda que, já na plenária de abertura, docentes do Fórum Renova Andes apresentaram uma carta de repúdio à ausência do ANDES-SN na Conferência Nacional Popular de Educação (CONAPE), que ocorria exatamente no mesmo período, na cidade de Natal, onde estiveram presentes praticamente todas as entidades sindicais e científicas do setor da educação no país.
Essa carta reforçou o posicionamento, já defendido no Texto Resolução 43, apresentado no 40º Congresso do ANDES-SN, que pleiteava participação do ANDES-SN no Fórum Nacional Popular de Educação (FNPE). A aprovação da TR 43 ocorreu no CONAD na forma de realização de discussões e assembleias nas sessões sindicais acerca da participação do ANDES-SN no FNPE e decisão final no 41º Congresso a ser realizado em janeiro de 2023.
Os representantes da ADUFERPE chamam atenção ainda para a pouca discussão em plenária acerca da imensa defasagem salarial da categoria, que inclusive foi alvo central de campanha recente dos servidores públicos federais pela reposição de 19,99%. Outro ponto preocupante foi a falta de avanço na discussão acerca das eleições de 2022, que ocorrerão em menos de 75 dias.
Nicole Pontes aponta que “o único texto que pautava a necessidade de posicionamento político em relação as eleições foi debatido aceleradamente, depois de praticamente dois dias exaustivos de trabalho em três expedientes”. A ausência de uma discussão séria e aprofundada sobre o tema, segundo professora Nicole Pontes, “segue nos isolando, como categoria, da construção de uma pauta efetiva de reivindicações que sirvam como instrumento de cobrança junto a um possível novo governo da esquerda, com Lula”.
Como resultado final, a Carta de Vitória da Conquista nos diz quase nada acerca das eleições, tendo sido aprovada a construção pela diretoria do ANDES-SN de uma carta aos candidatos da esquerda, mas sem que tenham sido sequer pontuados ou debatidos coletivamente as reinvindicações fundamentais que devem constar do documento.
Ao final desse evento bem organizado e acolhedor, contando com o imenso esforço de estudantes, docentes e trabalhadores do belo campus da UESB em Vitoria da Conquista, elegeu-se Campina Grande como a próxima sede do 66º CONAD.

 

ANDES-SN PERDE O BONDE DA HISTÓRIA NO MOMENTO MAIS CRÍTICO DO PAÍS
Não é de hoje que alguns setores progressistas ou de esquerda preferem “marcar território” mas, quando a realidade exige, deixam de cumprir com seu papel histórico.
Foi o que ocorreu no 65º Conselho das Seções Sindicais do ANDES-SN (CONAD), nos dias 15 e 17 de julho, última atividade nacional antes das eleições de outubro.
Diante de um presidente que ameaça cada vez mais a Democracia, com uma escalada de violência política estimulada pelo próprio mandatário, que não parece ter limites para tentar se manter no cargo, o grupo que comanda o ANDES-SN há décadas opta por esvaziar esse debate e conduz as discussões para uma posição pouco coerente com o tempo histórico em que vivemos.
Em vez de assumir uma posição ativa, como inúmeras entidades estão fazendo em todo o país, indicando o apoio à única candidatura (a do ex-presidente Lula) capaz de derrotar o projeto de violência, intolerância, ódio e destruição da educação, da ciência e dos direitos, que trouxe os maiores retrocessos desde a redemocratização do país, o grupo que comanda o ANDES-SN optou por manter sua postura altiva e distante da realidade.
O grupo que comanda o ANDES-SN esquiva-se e afirma que não havia um texto de resolução (TR) que apontasse explicitamente o apoio à candidatura Lula. Mas havia uma proposta do Renova ANDES-SN para apresentar somente a ele as reivindicações da nossa categoria. Isso por si já serviria como indicativo bastante definido. Mas a opção do grupo majoritário foi alterar o texto, ampliar as reivindicações e apresentar para todas as outras candidaturas, exceto a do próprio Bolsonaro. Um tipo de “carta para todos”.
Como instrumento tático, isso praticamente anulou qualquer efeito político da ação e colocou todas as candidaturas no mesmo patamar.
Para se defender, o grupo que comanda o ANDES-SN opta por uma guerra fraticida contra aqueles que consideram essa escolha um equívoco, emite notas, acusações, repúdios, insta ADs da base da diretoria a fazerem o mesmo (adiantando a disputa eleitoral pela diretoria do sindicato nacional), e refaz as velhas táticas que conduzem o movimento docente novamente para uma autofagia (incluindo a desmobilização para participar do CONAPE em Natal, um tempo enorme para discutir questões envolvendo a expulsão de um filiado o desvio do debate político e, ainda, a prestação de contas camuflada), configurando-se aí um segundo equívoco.
É verdade que o ANDES-SN esteve na organização dos atos Fora Bolsonaro, mas as lutas políticas são feitas de momentos históricos, e cada um desses momentos exige uma responsabilidade diferente, um papel a cumprir.
O bonde da história passa.
Alguns irão perdê-lo, outros já o perderam… O preço que o ANDES pagará será bem caro, e ficará marcado em sua história pela forma lamentável pela luta que não travou…

Fonte: APUFPR

MENSAGENS DE CRÍTICA

Um abaixo-assinado de professores da UFRJ e diretorias do Andes e da Aduff repudiaram a cobertura do último Conad pelo Jornal da AdUFRJ. “A afirmação na matéria ‘O ANDES rejeitou a proposta de declarar apoio a Lula’ é falsa e trilha o perigoso e perverso caminho das fake news”, diz texto da direção do sindicato nacional.

NOTA DA DIRETORIA NACIONAL DO ANDES-SN EM REPÚDIO À MATÉRIA PUBLICADA PELA SEÇÃO SINDICAL DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ)
A Diretoria Nacional do ANDES-SN em respeito às 58 seções sindicais presentes ao 65º CONAD (realizado entre os dias 15 a 17/07/2022 – Vitória da Conquista/BA), à história e ao método dos eventos nacionais do Sindicato, manifesta repúdio à matéria publicada e veiculada nas redes sociais no dia 22/07/2022, sob o título “ANDES nega apoio a Lula”. É uma matéria que não corresponde à verdade dos fatos, senão vejamos:
- Em março deste ano, no município de Porto Alegre/RS, realizamos o 40º Congresso, e tal propositura não foi apresentada por nenhuma Assembleia Geral (AG) de base, sindicalizada(o)s ou mesmo na Plenária de Instalação do referido evento. Isso é importante porque o Congresso é o evento deliberativo nacional de maior porte de nossa categoria e a consigna “derrotar Bolsonaro nas ruas e nas urnas” se materializou inclusive no adiamento das eleições para diretoria do ANDES-SN, tal o reconhecimento da importância das eleições nacionais e a necessidade de priorizá-las na pauta das lutas do movimento sindical e popular;
- O 65º CONAD, espaço precípuo de prestação de contas do Sindicato às bases, também atualiza os Planos de Lutas, a avaliação da conjuntura, dentre outras pautas. Igualmente, os textos para os debates e apreciação podem ser das AGs de base, sindicalizada(o)s ou apresentados na Plenária de Instalação, desde que justificada a ausência da matéria na pauta a ser apreciada no evento;
- Em relação ao conteúdo da matéria supracitada, o debate foi realizado a partir do TR 9: “O ANDES-SN Tem o Direito de Ficar Indiferente às Eleições de 2022?”, para o qual o Texto de Resolução apresentado por seus (suaWs) signatária(o)s foi:
“TR – 9 O 65º CONAD do ANDES-SN delibera:
1. O CONAD decide elaborar e enviar ao candidato Luís Inácio Lula da Silva uma carta de reivindicações com as demandas que o sindicato considera necessárias de ser cumpridas num eventual governo do candidato.
2. O CONAD delega à diretoria do ANDES-SN a elaboração da Carta, sua entrega e sua divulgação.
3. Os pontos a serem sugeridos ao Candidato Lula seriam [...] (ver p. 23 do caderno anexo ao 65º CONAD.”
- No primeiro momento de debate, realizado em grupos que antecedem a plenária, surgiram das bases algumas propostas de modificação. Todas foram debatidas e a proposta vitoriosa foi a resolução: “Que o 65º CONAD delegue à diretoria do ANDES-SN a elaboração de uma carta de reinvindicações à(o)s presidenciáveis, com exceção do atual presidente da República, com a pauta da categoria docente seguindo os eixos do Caderno 2, com destaque para a política de financiamento e para a política de ações afirmativas”.
Assim, nem mesmo a(o)s proponentes do TR apresentaram proposta de resolução de apoio ao candidato Luis Inácio Lula da Silva. Entendeu a base que enviar a carta (única proposta existente, reforça-se) dista sobremaneira de apoio, pois como frente, o Sindicato vai defender a categoria em qualquer governo, com independência e autonomia e, por isso a carta não poderia ser direcionada apenas a um(a) presidenciável. E, se é para citar o debate, parte da base também manifestou que no campo classista há outras candidata(o)s à presidência qualificada(o)s a receber uma carta solicitando compromisso com a defesa da Educação Pública, como consignada no Caderno 2 do ANDES-SN.
A afirmação na matéria “O ANDES rejeitou a proposta de declarar apoio a Lula” é falsa e trilha o perigoso e perverso caminho das Fake News, cujas consequências têm sido danosas, impulsionando a violência, o negacionismo e todo o lixo da política mais rasteira. A matéria em questão sequer menciona o que de fato estava em votação. Assim, além de mentir, trabalha com a omissão do que estava em discussão para ir a voto. Essa política é inaceitável para aquelas e aqueles que reivindicam e se dedicam a luta por uma sociedade emancipada.
Por fim, e não menos importante, o uso da imagem de uma artista de forma sensacionalista é próprio dessa sociedade machista e misógina que procura chamar atenção apelando ao sexismo. Todo nosso reconhecimento e respeito à Anitta e nosso desprezo à reprodução da estratégia nefasta de utilizar os corpos das mulheres para tentar encobrir a ausência de argumentos no debate político.
Nosso Sindicato tem política e método construído ao longo de 41 anos na defesa intransigente da democracia, da Educação Pública, da autonomia e da independência de classe! Chamamos a categoria a disputar as diferenças nesse terreno.
Fora Bolsonaro!!!!

Brasília (DF),
24 de julho de 2022.
Diretoria Nacional do ANDES-SN

DIRETORIA DA ADUFRJ: ANTISSINDICALISMO E FALÁCIAS
Nós, professores/as sindicalizados/as à ADUFRJ vimos a público esclarecer que a matéria publicada no Jornal da ADUFRJ e veiculada nas redes sociais no dia 22/07/2022, sob o título “ANDES nega apoio a Lula”, é totalmente falaciosa. No 65º CONAD, fórum de atualização do Plano de lutas da categoria, nem mesmo a diretoria da ADUFRJ (que era um dos proponentes do TR 9: “O ANDES-SN Tem o Direito de Ficar Indiferente às Eleições de 2022?”) apresentou proposta de resolução de apoio ao pré-candidato Lula. O TR apresentava a proposta de “elaborar e enviar ao candidato Luís Inácio Lula da Silva uma carta de reivindicações (...)”. De forma democrática, as 58 seções sindicais presentes ao 65º CONAD deliberaram “Que o 65º CONAD delegue à diretoria do ANDES-SN a elaboração de uma carta de reivindicações aos/às presidenciáveis, com exceção do atual presidente da República, com a pauta da categoria docente (...) eixos do Caderno 2 (...)”.
Assim, conclui-se que a Diretoria da ADUFRJ faz tal acusação às 58 seções sindicais presentes no CONAD e, consequentemente, a todas/os sindicalizadas/os do ANDES-SN. É importante lembrar que essa prática antissindical e antidemocrática é a prática política das últimas gestões da ADUFRJ e, de forma mais contundente, na atual gestão. Nós, docentes da base da ADUFRJ, já denunciamos várias ações dessa diretoria que não correspondem ao papel de representantes da nossa categoria ou da classe trabalhadora. Vejam algumas:
1) Na época da pandemia e do ensino remoto, nós docentes estávamos sem direito a férias e a diretoria da ADUFRJ defendeu no CEG proposta rebaixada que atacava esse direito legítimo da categoria docente. Um grupo de docentes da base organizou um abaixo-assinado com mais de 500 assinaturas e, dessa forma, tivemos garantido nosso direito;
2) Em 2021 foi definida a Greve Nacional em defesa da vida e dos serviços públicos, no Encontro Nacional dos/as Servidores/as das três esferas - municipal, estadual e federal. O ANDES-SN orientou todas as suas seções sindicais a realizarem assembleias de base até 16/08, para deliberarem sobre a adesão à Greve Nacional. No entanto, a diretoria da ADUFRJ convocou Assembleia Geral para o mesmo dia 18 com a pauta GREVE DO DIA 18, desrespeitando a base com ação antissindical que não fortalecia a construção da unidade! Ora, o papel de uma seção sindical é mobilizar e defender a Universidade Pública. Convocar uma Assembleia para deliberar sobre a adesão à Greve de um dia contra o Governo Bolsonaro no mesmo dia em que ela acontecerá é, na prática, a diretoria decidir por toda a categoria, inviabilizando o direito de luta contra perda de gravíssimos direitos;
3) Em 03.12.21, após aprovação do início da contratação da EBSERH, em sessão do CONSUNI conduzida de modo autoritário pela Reitoria, o Jornal da ADUFRJ publicou uma matéria criminalizando o Ato feito pelo Movimento Barrar a Ebserh na UFRJ. Esse movimento foi composto por docentes, técnicos-administrativos e estudantes, que estavam em luta para que a maior Universidade federal do país não abrisse mão da sua autonomia, de modo a não ceder à lógica privatista e, em última instância, ao governo negacionista de Bolsonaro — luta da qual a ADUFRJ deveria fazer parte. Porém, ao qualificar quem luta contra tudo isso como oposição e golpistas, subentendese que a direção da ADUFRJ é conivente e subserviente à posição contra nossa autonomia. Hoje, a UFRJ vive uma página triste da sua história — e constam como responsáveis: os conselheiros que votaram sim; a diretoria da ADUFRJ que criminalizou o Ato feito pelo Movimento legítimo e democraticamente constituído; a Reitoria que não possibilitou o amplo debate. Todos de mãos dadas para entregar nossos hospitais à Empresa que tem como Presidente um apoiador do atual governo;
4) Nas Assembleias da ADUFRJ, que raramente ocorrem, os encaminhamentos propostos pelos/as docentes da base não são colocados em apreciação/deliberação. A pauta é definida previamente pela diretoria e não há espaço para apresentação de propostas diferentes daquelas que a diretoria determinou. O Presidente sempre usa o argumento autoritário de que o CR irá apreciar e decidir e, de forma intempestiva, encerra a assembleia quando acha conveniente;
5) Nas Reuniões do Conselho de representantes, os encaminhamentos propostos nunca são apreciados/deliberados e o Presidente sempre usa o argumento autoritário informando que a Diretoria apreciará e decidirá.
Estes são alguns dos exemplos que revelam o quanto a Diretoria da ADUFRJ tem buscado inviabilizar a luta e impedir que a base decida os rumos da categoria. Num momento em que é mais do que necessário o fortalecimento da democracia interna respeitando e possibilitando a participação dos/as docentes nas instâncias da seção sindical deliberando sobre a pauta, é chocante constatar que a Diretoria da ADUFRJ desrespeita a base com ação antissindical!
O papel de uma seção sindical é mobilizar para a luta e fortalecer a unidade. Ao contrário disso, a Diretoria da ADUFRJ trabalha para inviabilizar as formas de luta e trata a seção sindical como uma empresa, oferecendo aos “clientes” descontos em academias, escolas, restaurantes. Além do mais, ao invés de se manter autônoma em relação à reitoria, a Diretoria da ADUFRJ se comporta como um apêndice desta.
Diante de tais fatos, fica evidente que quem não exerce o papel de respeitar a base é a diretoria da ADUFRJ, diferentemente da acusação que fazem sobre o ANDES-SN.
A capa da última edição do jornal da ADUFRJ se traduz numa generalizada falta de respeito da diretoria aos/as docentes das 58 seções sindicais que estavam presentes no CONAD, aos/as docentes/base da ADUFRJ, e desrespeita, por meio de uma mensagem machista, a cantora Anitta, ao explorar sua imagem (sobre essa acusação, alegam que usam uma imagem veiculada pela própria cantora, ignorando cinicamente que uma imagem ou texto deslocados de seus contextos podem se transformar em armas contra seus autores ou pessoas envolvidas).
A ADUFRJ historicamente dirigiu e protagonizou diversos movimentos de lutas por direitos sociais e de defesa da classe trabalhadora. Porém, a julgar pelas ações até o momento, o que a história registrará é que a atual direção se curvou e é conivente com os poderes antidemocráticos instituídos.
Exigimos que nossa seção sindical cumpra seu papel por RESPEITO às instâncias decisórias da categoria docente, sejam as reuniões de base, o CR e a AG e, em defesa da Universidade Pública, dos/as trabalhadores/as e contra o governo fascista de Bolsonaro!

Rio de Janeiro,
29 de Julho de 2022.
Carta assinada por docentes da UFRJ

NOTA DE REPÚDIO DA DIRETORIA DA ADUFF ÀS MENTIRAS PUBLICADAS PELA ADUFRJ SOBRE AS DELIBERAÇÕES DO 65º CONAD DO ANDES-SN

A diretoria da Aduff repudia as mentiras publicadas nas redes sociais da Adufrj sobre as deliberações do 65° Conad que ocorreu em Vitória da Conquista, Bahia, entre os dias 15 e 17 de julho de 2022.
A Aduff esteve presente com uma delegação composta por nove docentes, eleitos em assembleia de base, que analisaram e discutiram previamente o Caderno de Texto com as propostas de resolução, e participaram ativamente dos debates nos grupos mistos e nas plenárias deliberativas.
Nenhuma proposta de apoio ao candidato Lula em qualquer texto resolução (TR) foi apresentada, no Caderno de Textos ou no Anexo. Havia um único TR, elaborado por grupo político específico, cuja proposta era a redação de uma carta de reivindicações da categoria com algumas pautas a serem apresentadas ao referido candidato.
Esta proposta foi debatida, primeiramente, nos grupos mistos. Foi recusada por muitos grupos e modificada por outros, seguindo, posteriormente, para a plenária do tema, quando foi aprovada com modificações: estender a carta a todos os candidatos à Presidência, com exceção de Bolsonaro, e ampliar a pauta seguindo as resoluções já aprovadas e acumuladas pelo Andes-SN nos seus mais de 40 anos em defesa da educação pública.
Portanto, a matéria veiculada pela Adufrj é completamente falsa! E representa um ataque violento a toda a categoria docente, pois tenta desmoralizar o nosso principal instrumento de luta e que tem garantido, com muito sangue e suor, que ainda exista universidade pública neste país.
Repudiamos veementemente essa tática de fake news, a mesma utilizada pelas forças fascistas de Bolsonaro que tanto queremos (e devemos) derrotar.
O Andes-SN não é neutro, nem mesmo tem dúvidas a respeito da necessidade de derrotar Bolsonaro, nas urnas e nas ruas, conforme deliberado no 40° Congresso ocorrido no início de 2022. Aliás, nacional e localmente, estivemos presentes em todos os atos pelo Fora Bolsonaro, ao longo dos últimos anos.
É um absurdo que a diretoria de uma seção sindical se preste ao papel de atacar e utilizar nosso sindicato como tática eleitoreira baixa, valendo-se de mentiras que não nos ajudam em nada a enfrentar o período nefasto que estamos vivendo.
O papel de um sindicato que, de fato, defende os/as trabalhadores/as é organizar a categoria para defender a educação pública e enfrentar o avanço do fascismo, apoiado pelo empresariado que continua a enriquecer com as nossas mortes.
Não podemos nos perder em falsas polêmicas. Precisamos estar organizados/as, em unidade, pela defesa intransigente da universidade pública e do nosso povo, contra o avanço do fascismo e pela construção da uma sociedade justa e igualitária.
Fora Bolsonaro!
Diretoria da Aduff-SSind

savings 2789112 640Isadora Camargo

A suspensão do auxílio para viagens dos professores e técnicos é a mais recente consequência da asfixia orçamentária sofrida pela UFRJ. Mas não será a única. A reitoria prepara um pacote de restrições financeiras internas que será anunciado na terça-feira, dia 26, na plenária de decanos e diretores.
“Não retornaremos ao remoto e não fecharemos parcialmente. O objetivo é chegar ao final do ano em pé. Para isso, talvez tenhamos que fazer grandes sacrifícios”, afirma o vice-reitor da universidade, professor Carlos Frederico Leão Rocha. A administração central estuda, entre outras medidas, recolher parte da verba do chamado “orçamento participativo” — receita distribuída às decanias e unidades acadêmicas para despesas do dia a dia. Este ano, o total liberado chegou a R$ 18 milhões contra R$ 8 milhões de 2021. “Vamos conversar com as unidades para preservar as atividades essenciais”, completa o dirigente.
O corte do auxílio-viagem foi anunciado no fim de junho. O recurso cobria passagens, estadia e taxas de inscrição para participação em cursos, seminários e congressos. Também eram custeadas atividades essenciais como reuniões e visitas administrativas, além das relativas a bancas de concursos e defesas de teses e dissertações.
“Estamos negando tudo, salvo casos excepcionais. Fomos obrigados a tomar essa medida logo após os últimos cortes do governo federal. Vamos alocar o recurso para pagamento das contas da universidade”, explica o pró-reitor de Finanças, professor Eduardo Raupp.
Em 2018, o gasto da universidade com viagens de servidores foi de R$ 3 milhões, o maior da última década. Em 2019, esse valor caiu para R$ 2 milhões e, em 2020, primeiro ano da pandemia, não passou dos R$ 400 mil. Neste ano, antes da suspensão da verba, foram investidos apenas R$ 325 mil.WhatsApp Image 2022 07 22 at 19.32.05 1
O Instituto de Ciências Biomédicas contava com uma verba de R$ 30 mil do auxílio-viagem, e já havia planejado um edital para participação de docentes em congressos e especialização de técnicos fora da universidade. O professor José Garcia, diretor do ICB, lamenta a suspensão do recurso. “Se somar esse corte aos cortes já feitos na área de Ciência e Tecnologia, e no MEC, junto à Capes, ficamos sem nenhuma opção para poder investir na mobilidade de pessoas. Isso impacta muito negativamente o crescimento da instituição, o desempenho das atividades e o aprendizado de ponta que a gente poderia desenvolver aqui dentro”, afirma.
Os docentes de Comunicação que aguardam a aprovação de seus projetos no Intercom — maior congresso da área — também foram surpreendidos com o cancelamento da verba. O evento ocorrerá entre os dias 5 e 9 de setembro, em João Pessoa. “O Intercom conta com mais de três mil participantes todo ano. Já chegou a ter cinco mil. Mas, com a crise, a participação vem encolhendo. A UFRJ precisa estar representada. O corte é esperado, mas é horrível para todo mundo que faz pesquisa e precisa participar de eventos científicos”, comenta o professor de radiojornalismo Marcelo Kischinhevsky.
As bancas de TCC também estão comprometidas, e a pró-reitoria de Finanças (PR-3) sugere que as defesas sejam feitas de forma remota, ou sem convidados de fora do estado.

HISTÓRICO COMPLICADO
Mesmo antes da suspensão, a obtenção do recurso para custear as diárias e passagens não era garantida. Até 2020, a PR-3 deferia os pedidos na ordem em que chegavam, até que se esgotasse a verba discriminada para as viagens. As solicitações feitas depois não eram atendidas. Para solucionar a questão, uma portaria de março de 2020 deliberou a divisão prévia do recurso, para que cada unidade pudesse se organizar. “Muitos pedidos de docentes voltavam com indeferimento. Era muito difícil receber. Com a mudança, haveria uma maior autonomia das unidades, mas veio a pandemia. E agora não vamos conseguir mais”, lamenta o professor Claudio Mota, diretor do Instituto de Química.

WhatsApp Image 2022 07 22 at 19.20.39Sob fortes críticas de boa parte dos delegados, 65º Conad decide que sindicato nacional não vai endossar a candidatura do PT na eleição, assumindo uma neutralidade que Anitta já superou

Lucas Abreu

O 65º Conad, realizado entre os dias 15 e 17, em Vitória da Conquista (BA), decidiu que o Andes não vai apoiar nenhuma candidatura presidencial no pleito de outubro. O Renova, principal grupo de oposição à atual diretoria, propôs que o sindicato nacional escrevesse uma carta com um programa de governo para a Educação e para a carreira docente, e entregasse ao ex-presidente Lula. A proposta perdeu. Os delegados optaram por entregar um documento para todos os candidatos, exceto o presidente Bolsonaro.
“Essa posição do Andes precisa ficar registrada nos anais. No futuro, as pessoas vão estudar uma eleição que aconteceu antes de um golpe ou de um episódio de violência política, e saber que o sindicato nacional dos professores não discutiu isso, não marcou posição para a eleição, não apoiou o candidato com maior viabilidade eleitoral contra o autoritário que vai perseguir e silenciar todos nós”, reiterou a vice-presidente da AdUFRJ, Mayra Goulart.
“Estamos diante da eleição mais importante da nossa história recente, diante de uma possibilidade de recrudescimento real do regime, silenciamento das universidades e perseguições às pessoas”, disse Mayra. “O que vai se fazer com professores como eu, que têm a sua produção com uma marcação ideológica antigoverno, se houver recrudescimento do regime? Eu me sinto ameaçada. Tenho medo, e não ouvi, até agora, nada do meu sindicato para proteger professores que estão na mesma situação que eu”, completou.WhatsApp Image 2022 07 22 at 19.26.56 1MAYRA GOULART defendeu uma posição mais firme do Andes de combate à candidatura Bolsonaro - Foto: Lucas Abreu
O debate sobre o apoio a Lula nas eleições ocupou 25 minutos dos três dias de Conad, e só aconteceu nas horas finais do encontro, no começo da noite de domingo. Mayra também criticou a maneira como as posições minoritárias são silenciadas no Andes.
“Todas as propostas que divergem da atual diretoria são alteradas e não reverberam as ideias originais. Somos silenciados pelo majoritarismo”, criticou a professora, que lembrou a responsabilidade do sindicato diante do grave momento que o país atravessa.
Elisa Guaraná, presidente da ADUR (Associação de Docentes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), também criticou duramente a diretoria do Andes. Ela citou o aumento da violência de parte dos eleitores de Bolsonaro e alertou para uma provável piora no caso de um segundo turno entre o atual presidente e Lula. “Autonomamente, como sindicato nacional, precisamos entender a gravidade do momento. O sindicato não se expressa comumente em situações eleitorais, mas nesse caso excepcional nós temos que nos manifestar dizendo que o sindicato compreende este momento grave da cena política nacional”, disse Elisa.
Ela ponderou que a disputa ainda está em aberto, e um segundo turno pode acontecer por uma diferença percentual pequena de votos, e uma sinalização do Andes para a sua base pode fazer diferença. “Alguém aqui quer um segundo turno com Bolsonaro? Ninguém quer. E pode acontecer por 1 ou 2%”, observou.

ISOLAMENTO
Não foi só no debate sobre as eleições que a posição de distanciamento do Andes foi criticada. Já no primeiro dia de reunião, o Renova Andes distribuiu uma carta de repúdio ao boicote promovido pelo sindicato nacional à Conferência Nacional Popular de Educação (Conape), que acontecia na mesma data que o Conad, em Natal, reunindo cerca de três mil pessoas.
A carta criticava duramente a direção do Andes, por “desrespeitar a pluralidade de concepções políticas de dezenas de milhares de filiados, manter o isolamento com outras entidades sindicais e setores do campo educacional e negar a busca de pontos que permitam a ação comum de resistência e enfrentamento ao governo Bolsonaro”.
A professora Nicole Pontes, presidente da Aduferpe (Rural de Pernambuco), lamentou a ausência no Conape. “O Conape está reunido neste momento discutindo os cortes na Educação e a proposta de cobrança de mensalidade nas universidades públicas. Vai ser preciso se aliar a todos os setores da Educação”, disse Nicole.
“Não é um ato isolado. Nos últimos anos, o Andes vem acentuando um isolamento das lutas sociais no campo da Educação. Uma ausência de participação em fóruns importantes, não só articulados com entidades da área de Educação, mas principalmente no ambiente da produção científica”, apontou a professora Eleonora Ziller, ex-presidente da AdUFRJ e também do Renova. “O lugar histórico do Andes é de protagonista da organização das lutas democráticas, da defesa do campo da Ciência, da produção da cultura”.

OUTRO LADO
A professora Maria Regina de Avila Moreira, secretária-geral do Andes, invocou a autonomia do sindicato, o contexto de pós-pandemia com todos os desafios impostos pelo cenário e o respeito às decisões da base. “Estamos numa categoria que está realizando ensino híbrido de maneira informal. Essa categoria não está apassivada porque não quer lutar, mas porque condições concretas estão nos impondo inúmeros desafios”, disse Regina. A docente encerrou sua fala dizendo que a direção do sindicato não descumpriu nenhuma resolução aprovada pelos congressos e conselhos do sindicato.

DELEGAÇÂO
O 65º Conad reuniu 55 delegados e 109 observadores de 58 seções sindicais, e 26 diretores do Andes. A AdUFRJ enviou três professores.
Ao longo dos três dias, os docentes debateram a conjuntura atual, o plano de lutas dos setores e o plano geral de lutas e questões organizativas e financeiras.Em novembro deste ano, está previsto um Conad extraordinário, que vai decidir se o Andes permanecerá filiado à CSP-Conlutas, central sindical radical muito criticada por uma parte considerável da base dos professores.

WhatsApp Image 2022 07 22 at 19.29.01Esta semana, o Observatório do Conhecimento, o Centro de Análise da Liberdade e do Autoritarismo (LAUT) e o Observatório Pesquisa, Ciência e Liberdade da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) apresentaram a primeira fase de resultados da pesquisa “A liberdade acadêmica está em risco no Brasil?”, que trouxe dados alarmantes sobre a segurança para fazer Ciência no Brasil. Dos 1.116 cientistas que participaram da pesquisa, 58% afirmaram que conhecem experiências de pessoas que já sofreram limitações ou interferências indevidas em suas pesquisas ou aulas.
O questionário ficou disponível para pesquisadores entre agosto e dezembro de 2021, e tinha perguntas objetivas e discursivas. De acordo com a pesquisa, 27% dos respondentes já limitaram aspectos da própria pesquisa com medo de alguma consequência negativa, e 43% consideram ruins ou péssimos os procedimentos disponibilizados por suas instituições para lidar com denúncias de ameaças à liberdade acadêmica.
“Temos uma impressão nítida de que a liberdade acadêmica está em risco no Brasil”, resumiu o deputado federal Professor Israel (PSB-DF), presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação. “Isso pode gerar um apagão de ideias no Brasil. Porque com os cortes no financiamento à pesquisa e a preocupação com retaliações, muitos pesquisadores se autocensuram”, explicou. Seu temor é que o cenário acentue uma fuga de cérebros do país.
“Estamos em um cenário em que docentes e pesquisadores estão acuados, amedrontados e desvalorizados”, falou a cientista política Mayra Goulart, vice-presidente da AdUFRJ e coordenadora do Observatório do Conhecimento. Segundo ela, a principal justificativa para a autocensura é o temor de perder o financiamento. “O ensino e a pesquisa não encontram uma autonomia e estabilidade de financiamento que garanta a esse professor as condições necessárias para fazer seu trabalho”, explicou Mayra, reiterando a importância do financiamento em Ciência e Tecnologia.
A segunda fase da pesquisa será qualitativa, desenvolvida a partir das respostas das perguntas discursivas. Ela vai focar no relato dos professores que sofreram algum tipo de censura ou autocensura. “A próxima fase vai dizer respeito a essas respostas abertas. Um dos nossos objetivos é analisar os dados qualitativos e produzir uma espécie de cartilha para definir e orientar os pesquisadores sobre como identificar ou o que fazer em caso de censura”, contou a professora Mayra. A intenção é que, a partir desses produtos, sejam propostas peças legislativas que tipifiquem o cerceamento acadêmico.

CENÁRIO DE FRAGILIDADE
“Certamente a nossa legislação protege a liberdade acadêmica”, disse o deputado Professor Israel.“O que nós percebemos é que é preciso minuciar esse assunto. Definir de maneira mais precisa os procedimentos para concessão de recursos para pesquisa. Para isso estamos contando com as instituições que produziram a pesquisa para nos ajudar a fazer uma melhor regulamentação”, complementou.
A pesquisa sobre liberdade acadêmica retrata um momento de fragilidade dos docentes. O professor Pablo Ortellado divulgou esta semana o resultado de uma pesquisa feita pelo Grupo de Políticas Públicas para o Acesso à Informação (GPoPAI) da USP, coordenado por ele. Após entrevistar 2.308 pessoas em São Paulo, o grupo apurou que 64% dos bolsonaristas convictos (ou seja, que votaram em Bolsonaro em 2018 e repetirão o voto este ano) concordam com a afirmação “professores estão abordando temas que contrariam os valores das famílias”. A proporção cai para 37% entre os “bolsonaristas arrependidos” (que votaram em Bolsonaro em 2018 e não repetirão o voto no candidato este ano) e 16% entre não bolsonaristas.
Para Mayra Goulart, o resultado apresentado por Ortellado vai ao encontro das conclusões da pesquisa de Liberdade Acadêmica. “Estes dados expõem a associação entre o governo Jair Bolsonaro e as ameaças à liberdade acadêmica, reforçando a importância da reunião da comunidade universitária em prol da sua derrota eleitoral”, defendeu.

WhatsApp Image 2022 07 18 at 00.18.58ADUFRJ esteve representada no encontro pelos professores Luís Acosta, Mayra Goulart (ao centro) e Eleonora ZillerCom o tema “Retorno presencial com condições de trabalho e políticas de permanência para fortalecer a luta por Educação Pública e liberdades democráticas”, começou nesta sexta-feira (15) o 65º Conselho do Andes (Conad), na Universidade Estadual do Sudoeste de Bahia, em Vitória da Conquista (BA). A delegação da AdUFRJ é composta pelos professores Mayra Goulart, vice-presidente do sindicato, como delegada; Luís Acosta, da Escola de Serviço Social; e Eleonora Ziller, da Faculdade de Letras, ambos ex-presidentes da AdUFRJ, como observadores. Participam do encontro 58 seções sindicais, 55 delegados, sete convidados e 26 dirigentes do Andes.
Na plenária de abertura, a presidente do Andes, Rivânia Moura, professora da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, salientou a conjuntura adversa e desafiadora. “Temos sofrido muitos ataques, e o Andes tem assumido um papel central na organização das lutas. Entendemos que precisamos derrotar este governo não só nas urnas, mas nas ruas, porque o bolsonarismo está instalado em toda a nossa sociedade”, disse Rivânia, sob aplausos e gritos de “fora, Bolsonaro!”.
Apesar do chamado de união contra Bolsonaro feito pela presidente, o Conad promete ser um ambiente de disputa política, uma continuação do último encontro anual do Andes. Temas como o apoio à candidatura do ex-presidente Lula e a proposta de trazer o sindicato nacional para a luta em defesa da área de Ciência e Tecnologia — posição defendida por um grupo considerável de associações docentes, entre elas a AdUFRJ — devem dominar os debates. O tema da defesa da área de C&T deve recolocar em discussão a importância para o movimento docentes do Observatório do Conhecimento, consórcio de associações docentes, coordenado pela AdUFRJ, que monitora as políticas públicas de investimento em Ciência e Tecnologia.
A professora Mayra Goulart, vice-presidente da AdUFRJ, espera que esse debate avance no Conad. “É fundamental que o Andes entenda a importância da defesa da Ciência e Tecnologia para a carreira docente e para a sociedade. Precisamos ter uma agenda clara e propositiva sobre o tema”, defendeu Mayra, que é coordenadora do Observatório do Conhecimento. Ela ressaltou que o Conad deve ser também um momento para que os docentes se unam em defesa da democracia. “É hora de união, de enfrentar o fascismo bolsonarista. Esta é uma luta de todos, é o nosso denominador comum”, defendeu.
A abertura também contou com uma apresentação da Marujada Mirim do Beco de Dôla, grupo formado por jovens e crianças atendidos por um projeto social de Vitória da Conquista, que dá aulas de música, ensina a construir instrumentos a partir de material reciclado e valoriza a herança cultural do povo negro.
A cobertura completa do evento você acompanha nas redes sociais da AdUFRJ e na próxima edição do nosso jornal.

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