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bandeira adufrjDiretoria da AdUFRJ

Há 12 anos o Canecão não é meu nem seu nem nosso. Desde 2010, ele é patrimônio dos cupins e da vergonha. O histórico centro cultural, que durante anos se confundia com a cena da arte no Rio de Janeiro, hoje pertence apenas ao passado. Virou uma ruína de descaso no coração da cidade. É nosso pior cartão postal, nossas vísceras expostas aos que se interessam por desqualificar a universidade pública e péssimo exemplo de como a UFRJ cuida do patrimônio do povo.
A ferida do Canecão está exposta na Avenida Venceslau Brás desde 2010, quando a universidade retomou a gestão do estabelecimento, após longa batalha com um empresário do ramo de entretenimento. Foi nossa única vitória no tema. Em mais de uma década, os únicos beneficiados do espaço são os roedores que devoram dia e noite relíquias, como o belíssimo mural de Ziraldo, largado nos escombros na antiga casa de espetáculos.
Na última quinta-feira, o Conselho Universitário da UFRJ deu um passo importante para redesenhar essa história. Os conselheiros abriram o debate sobre o destino do espaço. A reitoria apresentou uma detalhada proposta urbanística e arquitetônica para a área, incluindo a criação de um novo centro cultural no campus da Praia Vermelha.
A proposta da Administração Central é demolir o prédio do antigo Canecão e construir um novo ambiente, modernizado e sintonizado com as demandas acadêmicas da universidade e com o mercado cultural da cidade. Segundo o projeto, o espaço teria 1.700 lugares na modalidade “teatro”, e até 4 mil na modalidade “show”. A proposta abrange apresentação de concertos e óperas e uma sala destinada à guarda de cenários. Também foi pensado um espaço de exposição da UFRJ com 600 metros quadrados. A universidade teria direito ao uso do palco principal por 50 dias no ano.
A reitoria ainda não informou os detalhes financeiros da proposta — o que é decisivo para a avaliação do projeto —, mas defende um modelo de concessão privada. A princípio com 25 anos de uso. Em contrapartida, quem adquirir o direito de gerir o espaço multiuso deverá investir na construção de um bandejão, com capacidade para 2.500 refeições por dia, e um prédio de oito mil metros quadrados, com até 80 salas de aula.
Vale lembrar que não temos bandejão na Praia Vermelha, e que a maioria dos professores e alunos trabalham em contêineres. “Chega de sala de lata”, desabafou a reitora no último Consuni. Ela prometeu que, até o final da próxima semana, todos os documentos sobre o atual projeto serão divulgados no site da UFRJ.
De acordo com a proposta da reitoria, a nova casa de espetáculos deve ser construída no Campinho, apelido do campo de futebol administrado pela Escola de Educação Física. Já a área onde hoje fica o que sobrou do Canecão deve ser aberta ao público, com a criação de uma praça e a demolição dos muros que cercam aquele trecho do campus. “Queremos abrir o campus da Praia Vermelha para a cidade, para a sociedade”, conta o vice-reitor da UFRJ, professor Carlos Frederico Leão Rocha. “É uma mudança completa de concepção daquele espaço”.
O projeto de recuperação do Canecão com parceria privada não nasceu na atual reitoria. Ele data de 2018, na gestão do professor Roberto Leher, sob o nome de Viva UFRJ. De lá para cá, o projeto mudou bastante, e atendeu demandas das unidades acadêmicas. “A Praia Vermelha não entra mais como um ativo. Também retiramos todos os onze terrenos do Fundão que seriam destinados à iniciativa privada e não há hipótese de demolição do Instituto de Psiquiatria”, informou o vice-reitor.
Apesar das mudanças, o caminho será longo até que o projeto saia efetivamente do papel. Há grupos descontentes com a concessão à iniciativa privada. Ninguém, no entanto, apresentou, até agora, soluções concretas para a transformação do descaso em cultura.
A diretoria da AdUFRJ saúda o debate, mas não aplaude apenas a discussão. Defendemos a recuperação da área e a devolução para a sociedade de um patrimônio que não é meu nem seu nem do passado. É do futuro das brasileiras e brasileiros.

IMPORTANTE
PS: Lembramos a todos os coleg@s a importância de participar de nossa próxima assembleia, quarta-feira (31), às 9h30. Queremos discutir política e colocar a AdUFRJ na luta histórica pela derrota de Bolsonaro e pela eleição de Lula.

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