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WhatsApp Image 2022 08 29 at 10.17.33 4O Jornal da AdUFRJ desta semana apresenta o debate sobre a construção de um novo espaço multicultural na Praia Vermelha. A ideia da reitoria é demolir o antigo Canecão e dar lugar a um equipamento sofisticado, que atenda aos interesses da universidade e do mercado cultural carioca. Detalhes do projeto foram apresentados nesta quinta-feira (25), no Conselho Universitário. O local terá espaço para 1.786 lugares na modalidade “teatro”, e até 4 mil no formato “show”. A proposta abrange apresentação de concertos e óperas e uma sala destinada à guarda de cenários. A universidade teria direito ao uso do palco principal por 50 dias no ano. Também foi pensado um espaço de exposição da UFRJ com 600 m2.
A nova casa de espetáculos deve ser construída no Campinho, apelido do campo de futebol administrado pela Escola de Educação Física. Já a área onde hoje fica o que sobrou do Canecão deve ser aberta ao público, com a criação de uma praça e a demolição dos muros que cercam aquele trecho do campus. “Queremos abrir o campus da Praia Vermelha para a cidade, para a sociedade”, conta o vice-reitor da UFRJ, professor Carlos Frederico Leão Rocha. “É uma mudança completa de concepção daquele espaço”.
A gestão da nova casa de shows será privada, a princípio com concessão de 25 anos. Em contrapartida, quem adquirir o direito de gerir o espaço multiuso deverá investir na construção de um bandejão, com capacidade para 2.500 refeições por dia, e um prédio de 8 mil m2, com até 80 salas de aula.
O restaurante deverá ficar nas imediações da nova casa de shows. Já para o aulário há duas possibilidades: a primeira seria construí-lo no centro do campus. O problema é que no local hoje existem o atual aulário de contêineres, o anexo do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, a garagem e o antigo prédio da Associação Latino-Americana de Física. Todos precisariam ser demolidos, o que desalojaria unidades como a Biblioteca do CFCH e o NEPP-DH. “Outra alternativa discutida é utilizar a área do antigo bingo para a construção desse prédio”, conta o vice-reitor. “Nesse cenário, sai o aulário ‘de lata’, mas os outros edifícios permanecem”, explica Leão Rocha.
O dirigente conta que a classe artística da universidade discutiu o projeto e propôs mudanças para que o espaço cultural fosse adaptável a todas as formas de arte presentes na universidade. “Por exemplo, o prédio tem 20 metros de altura desde a base do solo porque para uma ópera ou um concerto é preciso uma área maior para a projeção dos instrumentos. Fizemos a conta e seriam necessários pouco mais de 19 metros desde o solo”, conta o vice-reitor. “Isso repercutiu na mudança também do gabarito da região, que antes limitava as edificações a 20 metros de altura a partir da lâmina d’água, que está a cerca de dois metros abaixo do nível do terreno”, justifica.WhatsApp Image 2022 08 29 at 10.19.06
O projeto atual nasceu em 2018, ainda na gestão do professor Roberto Leher, mas foi “profundamente modificado” pela atual administração da universidade. “A Praia Vermelha não entra mais como um ativo. Também retiramos todos os onze terrenos do Fundão que seriam destinados à iniciativa privada e não há hipótese de demolição do Instituto de Psiquiatria”, afirma o vice-reitor.
Apesar das mudanças, o caminho será longo até que o projeto saia efetivamente do papel. Isto porque muitos grupos estão descontentes com a condução da discussão e com a concessão da futura casa de espetáculos à iniciativa privada. O professor Romildo Bomfim, ex-diretor da AdUFRJ e integrante dos coletivos “Salva UFRJ Praia Vermelha” e “Movimento em Defesa do ‘Campinho’” questiona a transparência das discussões. “A partir do momento em que a reitoria não disponibiliza os contratos, os aditivos, os estudos de impacto ambiental, de vizinhança, empresas interessadas no empreendimento, isto, por si só, já denota falta de transparência. E vale ressaltar que não foi por falta de solicitação, de pedido”, alega o docente. “Por que a reitoria não torna públicas as negociações, tratativas e os seus resultados, na página da UFRJ?”, questiona.
Um documento subscrito por um dos movimentos que o professor participa, além do Sintufrj e diversos centros acadêmicos da universidade foi protocolado no dia 24, na reitoria. “Nosso requerimento solicita a interrupção imediata desse projeto para que a comunidade acadêmica tenha tempo de se debruçar sobre ele”, defendeu o servidor Fábio Marinho, diretor do Sintufrj, durante o Consuni.
A reitora rebate veementemente os argumentos da oposição. Durante o Consuni, Denise Pires de Carvalho informou que até o final da próxima semana todos os documentos sobre o atual projeto serão divulgados no site da UFRJ e que a discussão continuará. “O projeto está em construção. Não haverá obstrução do debate. Precisamos devolver o Canecão para o Rio de Janeiro”, afirmou. “Não há prazo definido para o fim da discussão”, completou o vice-reitor.
Os estudantes criticaram o que chamaram de privatização da universidade. “Em que momento o fortalecimento do ensino público passa por fornecer espaços públicos à gestão privada?”, questionou Lucas Peruzzi.
Eduardo Raupp, pró-reitor de Planejamento e Finanças, rebateu essa e outras falas nessa direção. “Se a gente levar para o debate da privatização, a gente não vai ter transporte na universidade, a gente não vai ter restaurante. Porque são concessões a empresas privadas”.
Nas próximas edições, o Jornal da AdUFRJ apresentará outras faces dessa discussão.

ANTES
WhatsApp Image 2022 08 29 at 10.17.33 5Foto: Diego MendesEspaço está abandonado há mais de uma década

Desde 2010, quando a UFRJ conseguiu reaver a posse da então casa de espetáculos Canecão, o imóvel está abandonado e em deterioração. Antes disso, foi parcialmente destruído por dentro pelos antigos proprietários da marca. Além dos recursos escassos para reabilitar o espaço, havia também um impedimento legal para reformas e mudanças na edificação. Existia uma lei estadual, de 1999, que tombava o Canecão. A universidade só conseguiu o destombamento do espaço em junho de 2019, depois da apresentação dos primeiros estudos e projetos de revitalização da área e construção de um novo espaço de cultura no local.

 

DEPOIS
UFRJ quer construir novo centro multicultural e praça

O terreno onde hoje está o decadente prédio do Canecão dará lugar a uma praça arborizada e aberta ao público. Os muros que cercam o campus da Praia Vermelha serão postos abaixo para abrir a universidade à cidade. Esses são os planos contidos no projeto apresentado pela reitoria nesta semana. A edificação, com 20 metros de altura, e a praça serão construídas numa área de 15 mil m2 e utilizará uma parte do terreno onde existe o campo de futebol da Escola de Educação Física e Desportos. Conhecido como “campinho”, o local abriga dois projetos de extensão e é recorrentemente alugado pelo Botafogo.


O novo equipamento cultural prevê dois formatos: “modo teatro”, com capacidade para 1.786 lugares, e “modo show”, onde caberão até quatro mil pessoas. A arquitetura do ambiente principal de eventos também se adaptaria a apresentações de óperas e concertos realizados pela Escola de Música

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