facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

Côrtes e Feijó foram confrontados com questões sobre reabertura de leitos e da emergência

Votação ocorre nos dias 25 a 27 deste mês

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

No último dia 13, durante a campanha eleitoral para direção do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, os dois candidatos dialogaram com os alunos que utilizam a Unidade como campo de prática (um primeiro debate, voltado para os docentes, foi noticiado na edição anterior do Jornal da Adufrj). Luiz Feijó e o professor Eduardo Côrtes foram confrontados com perguntas sobre representação estudantil nas instâncias deliberativas internas, reabertura de leitos e a emergência local.

Feijó, que é o chefe da Divisão Médica, afirmou que os estudantes são a “essência” da instituição, mas não respondeu sobre a demanda de representação discente no Conselho de Administração do HU. Côrtes (chefe do Núcleo de Pesquisa em Câncer), por sua vez, explicitou ser favorável à participação: “Até o Conselho Universitário (Consuni) tem representação estudantil. Sou claramente favorável a uma representação dos alunos no Conselho de Administração”.  Os dois ainda citaram a Coordenação de Assuntos Educacionais (CAE) como um possível canal de ligação entre os alunos e a direção.

A ampliação do atual número de leitos ativos (de 237 para 257) foi apresentada pelo candidato Luiz Feijó: “Não é a situação ideal, mas é a proposta possível e realizável”, argumentou. Côrtes, por sua vez, reivindica 470 leitos no curto prazo. Ele afirmou que o número é compatível com a reforma elétrica em curso, realizada pela reitoria, e com “um hospital de ensino de alta complexidade como o HUCFF”. Ele destacou que seriam necessários 800 para cumprir uma adequada relação com o número de alunos que atuam na Unidade.

Questionado por um dos estudantes, Feijó refutou o fechamento da emergência do HU: “Temos registro de 1.233 atendimentos no período de agosto a outubro de 2011. Entre agosto e outubro de 2013, com 70% da força de trabalho, foram 678 pacientes atendidos. O que houve foi a diminuição das equipes de cirurgia”, disse. Côrtes afirmou ser objetivo de sua chapa a abertura da emergência: “Realmente, o fato é que se chegar agora na emergência, ela está fechada. Temos pacientes de tratamentos de alta complexidade que só poderiam encontrar o que precisam em uma internação, no Rio de Janeiro, no HUCFF”.  

Ebserh

Perguntados a respeito da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), proposta privatizante do governo federal, os candidatos mantiveram os posicionamentos já divulgados no debate anterior: Feijó afirmou que a decisão cabe ao Consuni; Côrtes manifestou ser contrário à implantação da empresa na UFRJ e afirmou que o diretor do HU precisa se posicionar ativamente sobre o tema.

Próximo duelo da campanha

Além de um debate em 14 de novembro (dia do fechamento desta edição), voltado para os técnico-administrativos, os dois candidatos voltam a se encontrar neste dia 18 (esta discussão estará aberta a todos os segmentos). Além das questões mais gerais que envolvem o HUCFF,  os técnico-administrativos têm suas questões específicas e um interesse especial para saber o destino das centenas de funcionários extraquadros lotados na instituição.  A votação ocorre entre 25 e 27 de novembro. A posse está marcada para 19 de dezembro.

O Seminário Internacional “Carlos Nelson Coutinho e a Renovação do Marxismo” foi aberto esta manhã com a conferência de dois convidados internacionais, os professores Michael Löwy, do Centre National de la Recherche Scientifique, e Guido Liguori, diretor da Sociedade Internacional Antônio Gramsci. Löwy discorreu sobre Carlos Nelson (morto em setembro de 2012) tomando como referência o texto “A democracia como valor universal”.  Esse ensaio de Carlos Nelson Coutinho, escrito em 1979, sacudiu o pensamento da esquerda brasileira. Já Guido Liguori recuperou a passagem do autor brasileiro pela Itália, seu contato com o eurocomunismo e a influência de Gramsci na sua visão de mundo. 

O seminário, que tem o apoio da Adufrj-SSind, segue até esta quarta-feira 13. O encerramento será com as conferências dos professores José Paulo Netto e Francisco Louçã – o economista português que liderou por alguns anos o Bloco de Esquerda em Portugal. Em seguida, estão programadas homenagens a Carlos Nelson Coutinho e Aloísio Teixeira (ex-reitor da UFRJ, também falecido em 2012). 

Na sessão de abertura, a Adufrj-SSind foi representada pela diretora da Seção Sindical Cleusa dos Santos. Mais detalhes na próxima edição do Jornal da Adufrj.

Quadro efetivo muito reduzido é considerado principal obstáculo

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

A falta de concursos para o Colégio de Aplicação causa diversos problemas: um deles, menos óbvio, manifesta-se no período eleitoral para a diretoria da Unidade. Desde agosto, quando o primeiro prazo de inscrições foi aberto (o mais recente foi estendido até este dia 11 de novembro), não surgiu nenhuma candidatura. E o quadro de efetivos muito reduzido é o principal obstáculo para o processo deslanchar, na opinião da professora Alessandra Carvalho, integrante da comissão que organiza o pleito.

“É uma direção grande: além da direção geral e do vice, são mais seis nomes para Direção Adjunta de Ensino (DAE) e Direção Adjunta de Licenciatura e Pesquisa e Extensão (Dalpe). Como estamos há muito tempo sem concurso e sem reposição dos aposentados e das exonerações, acaba que ficamos com um quadro de efetivos muito reduzido (para as candidaturas)”, afirmou Alessandra. Vale lembrar que, diferentemente do que ocorre para a carreira de magistério superior, não existe  a reposição automática pelo dispositivo do banco de professores equivalentes para a carreira de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT).

Outras dificuldades

Além disso, houve outros percalços no processo de 2013. A Comissão Eleitoral propôs mudanças que, inicialmente, “restringiram as participações tanto dos docentes quanto dos técnicos-administrativos nas chapas”. “No caso dos professores, não poderiam estar nenhum membro que tivesse composto a direção por dois mandatos. No caso dos técnicos, nenhum que não estivesse em cargo de nível superior”, explicou Alessandra. 

Sem candidaturas (mais uma vez), a comissão flexibilizou as normas: agora é permitido que docentes já integrantes da direção anterior concorram ao pleito (em cargos distintos dos ocupados anteriormente). Também poderão candidatar-se técnicos-administrativos em função de nível médio na universidade, desde que diplomados pelo ensino superior em Pedagogia ou Licenciatura.

Na avaliação da integrante da comissão eleitoral, a revisão das regras permitirá a composição de chapas.  “Estamos na expectativa de que a escola supere as dificuldades e consiga realizar o processo”, observou Alessandra.

Quase uma centena de jovens lotaram o auditório da ESS para acompanhar o debate marxista sobre o tema

A crise do capitalismo recoloca socialismo na agenda de debates

Da Redação

O posto de observação de José Paulo Netto para analisar o mundo é o marxismo. É noite de sexta-feira e um auditório lotado de jovens da ESS na Praia Vermelha acompanha o professor emérito da UFRJ desconstruir os mecanismos que a sociedade burguesa lança mão para mascarar os antagonismos entre classes sociais. Os argumentos do professor parecem convincentes pela atenção que desperta na plateia, e ele está à vontade no tema “Luta de classes: um conceito superado?”

José Paulo Netto tem ao seu lado Gaudêncio Frigotto, professor, filósofo, vigoroso crítico do capitalismo. “Se o capitalismo não tem classe, o capitalismo acabou”, ironiza Frigotto. O evento fecha o instigante seminário “Criminalização da Pobreza”, organizado pelo CFCH. Falou-se de capitalismo, do drama dos trabalhadores do campo, do oligopólio da mídia, das manifestações que sacudiram o Brasil em junho.

Um olhar marxista sobre a realidade – presente durante o seminário – em debates no interior da universidade tem a sua relevância. Para esta semana está programado, também no campus da Praia Vermelha, um evento internacional que traz como tema “a Renovação do Marxismo”. Vai tratar do pensamento do intelectual comunista Carlos Nelson Coutinho (veja programação na página ao lado). Durante alguns anos o debate em boa parte das áreas das Ciências Sociais sofreu influência do discurso único, coincidindo com a força da ideologia neoliberal. O questionamento do neoliberalismo e o ingresso do capitalismo em nova crise internacional mudaram o cenário. 

O 18 Brumário

Na sexta-feira em questão, porém, como indica o título do debate, a conversa é sobre a sociedade constituída de classes e como elas se formam nas suas relações com os meios de produção. Em tom quase didático, José Paulo Netto provoca. “A questão agrária, a violência contra sem-terra, o massacre de índios, os jagunços dos fazendeiros não se explicam pela psicologia social”, ele diz. “Não é a antropologia social que me explica a obscena estrutura tributária dos EUA, a crise europeia, a sociedade de consumo”. É a luta de classes, ou melhor, “as lutas de classes” (segundo ele, a expressão usada por Karl Marx) é que explicam e põem a nu a dinâmica dos conflitos sociais.

Além de Karl Marx (1818- 1883), o professor cita dois outros autores –– “donos do pensamento fundante das Ciências Sociais” – que formularam teorias sobre as classes ainda no século XIX: Émile Durkheim (1858-1917) e Max Weber (1864-1920). “Todos eles apresentam uma análise da sociedade em que eles viviam. Reconheceram que a sociedade dispunha de um sistema de estratificação social”, diz. Netto observa que os primeiros a perceberem a estrutura de classes na sociedade burguesa nascente foram os românticos franceses. Ele mostra que Durkheim e Weber apresentam entendimentos diferentes de Marx sobre o tema. Durkheim usava a expressão “sociedade moderna” (e não “burguesa”) e sustentava que o sistema de estratificação social, “com origem em relações desiguais”, era insuprimível. Já Weber não tinha a visão “positivista, naturalista” de Durkheim, admitia o “conflito” entre classes, mas falava em uma “racionalidade para disciplinar esses conflitos”.

 Para formular suas teorias, José Paulo Netto diz que Karl Marx bebeu na fonte dos franceses do início do século XIX e de economistas ingleses, “especialmente (David) Ricardo (1772-1823)”. O conceito de luta de classes, segundo Netto, não está expresso na principal obra de Marx, o Capital, dividido em três volumes – o último foi editado depois da morte do autor. Mas em inúmeros textos elaborados por ele a partir de 1848. O professor cita, especificamente, “O 18 Brumário de Napoleão Bonaparte”, sobre a revolução de 1848 na França. “Vocês não vão encontrar muita coisa” nos livros didáticos “sobre esta revolução, porque ela trazia como protagonista um novo ator com projeto autônomo, que era o proletariado”.

José Paulo Netto é enfático: “Toda a experiência histórica até hoje é a comprovação cabal da existência da luta de classes”, diz.

Estão desaparecidas atas com o registro de sessões do Conselho Universitário durante alguns anos do período da ditadura civil-militar (1964-1985). O sumiço dos documentos foi constatado pela Comissão da Memória e Verdade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CVM-UFRJ). Estão faltando as atas dos anos 1967 (a partir de abril), 1968, 1969, 1972, 1975, 1976, 1978 e 1979. Em setembro de 1966 (portanto, seis meses antes do início do período sobre os quais os registros do Consuni não foram localizados) deu-se a invasão, pela polícia, da Faculdade de Medicina que funcionava num prédio na Praia Vermelha. Foi um dos episódios mais traumáticos da presença da ditadura no campus da UFRJ. E 1968, outro ano do qual não se encontrou os registros do conselho, terminou com a decretação do Ato Institucional nº 5, para muitos analistas “um golpe dentro do golpe”.

AAADIVISAO

A CVM-RJ diz que o sumiço desta documentação se constitui em desfalque importante para o registro da história da universidade no período. 
Em relação à questão, a comissão vai analisar “os contextos em que estes desfalques ocorreram”.
Anuncia, também, que vai iniciar uma campanha para tentar recuperar a documentação.
A CVM-UFRJ pretende ouvir pessoas que “possam esclarecer o destino de qualquer documentação referente à universidade no período”.

AAADIVISAO

O mapeamento da documentação da universidade disponível já está sendo feito. 
Acervos externos que possam conter documentação relacionada à universidade também estão sendo consultados.
Entre esses acervos, estão a base de dados do Arquivo Nacional e o Arquivo Público do Rio de Janeiro.
Um pedido de informações será encaminhado ao Ministério da Educação.
 
AAADIVISAO

Um dos arquivos de grande interesse da comissão é o que foi produzido pela Assessoria Especial de Segurança e Informação (AESI), excrescência que funcionou entre 1971 e 1985 na UFRJ, como em outras universidades.
A CVM-UFRJ já identificou um dos nomes responsáveis pelo setor. Trata-se de um agente que trabalhou durante 14 anos ocupando uma sala instalada no prédio da reitoria.

AAADIVISAO
 
A comissão – instalada em 10 de julho de 2013 – está organizando listagens com nomes de integrantes da comunidade da UFRJ atingidos por atos do regime militar.
Além de buscar ampliar informações relacionadas aos levantamentos já existentes sobre mortos e desaparecidos, a CVM-UFRJ trabalha em outra frente.
Ela elabora uma lista com os nomes atingidos por expulsões, cassações, aposentadorias forçadas nos diferentes períodos de duração dos governos militares.

AAADIVISAO
 
Segundo a comissão, esse procedimento já permitiu, segundo a comissão, obter informações sobre expulsões de alunos por medidas internas (expulsões de abril e julho de 1964, e suspensões de junho de 1966) baseadas no regimento da universidade, quanto às medidas que tiveram o arbítrio do Decreto nº 477 (de 1969) como fundamento.
A comissão informa que, no caso do decreto nº 477, estão sendo verificadas informações sobre professores cassados em abril de 1969.

AAADIVISAO
 
A CMV-UFRJ está preparando um calendário de testemunhos com professores, estudantes e servidores sobre o período do regime militar.
Esses testemunhos, que já estão agendados, serão intinerantes, percorrendo todos os Centros da UFRJ.
A Comissão da Memória e Verdade da UFRJ tem mantido contatos regulares com outras Comissões da Verdade em reuniões, atividades, trocas de experiência, grupos de trabalhos e eventos.
Além disso, está sendo construída uma articulação entre as Comissões da Verdade existentes em universidades brasileiras.
A CMV-UFRJ está propondo uma reunião dessas comissões para o primeiro semestre de 2014.

Topo