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Democracia aprofundou a ordem burguesa e uma “revolução apassivadora”, comandada pelo PT, tomou conta do cenário, afirma professor, ao discutir a obra de Carlos Nelson Coutinho

A estratégia da revolução brasileira foi pauta de seminário internacional

Rodrigo Ricardo. Especial para o Jornal da Adufrj

O comportamento dissidente de Carlos Nelson, capaz de afirmar a divergência em meio à busca pela unidade, acompanhou a mesa temática “As ideias de Coutinho e a estratégia da revolução brasileira: ontem e hoje” durante o Seminário Internacional em homenagem ao pensador no auditório Pedro Calmon, no campus da Praia Vermelha. “Foi uma característica relevante deste militante, com a meta comunista, que nunca se separou do seu compromisso político pela democracia”, analisou o professor da Escola de Serviço Social (ESS-UFRJ), Mauro Iasi. 

Na sua palestra, Mauro Iasi apontou o caminho que, segundo ele,  Coutinho defendia para a transformação social do Brasil. Trilhos que optam radicalmente pela democracia. “(O caminho) Passa por romper as tradições de mudanças vindas pelo alto, contrapondo às formulações de gabinetes através de uma sociedade amadurecida”, disse Iasi. Nesta rota, indicou o professor, ocorreria a inserção dos trabalhadores no jogo político, não como coadjuvantes, e sim protagonistas para superar a distância entre Estado e sociedade. 

“Por essa lógica, caberia aos partidos políticos organizar estas massas para acumular força e disputar a hegemonia com outras classes, combinando reforma e revolução para se chegar ao socialismo”, explicou Mauro Iasi.

Americanalhamento

No entanto, o paradoxo, segundo Iasi, é que houve o inverso, o aprofundamento da ordem burguesa. Apesar do fortalecimento das instituições, o cenário foi tomado por uma revolução apassivadora, capitaneada pelo Partido dos Trabalhadores, que, em seus primórdios, teve a adesão de Coutinho, após sair do Partido Comunista Brasileiro (PCB).  “Há o americanalhamento da política para usar uma expressão do próprio Nelson. Essa alternância de siglas partidárias sem sentido, que acabou por desaguar numa democracia de cooptação, e não de massas”, definiu Mauro.

Um dos fundadores do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), ao lado de Coutinho, Milton Temer acredita que, em vez da insurreição, deve-se buscar a revolução por meio da via eleitoral. “A campanha presidencial une os diferentes brasileiros do país. Do gaúcho do Pampa ao extrativista da Amazônia, cruzando pelo autônomo do eixo Rio-São Paulo”, observou o ex-deputado, apelando para que a esquerda assuma esta realidade e apresente um candidato. “Os presidenciáveis que se anunciam pertencem ao mesmo balaio de caranguejos. Não podemos esquecer do papel do indivíduo na história e do tamanho poder de um presidente em nosso sistema”. 

Para Temer, a propalada herança maldita de FHC (Fernando Henrique Cardoso) multiplicou-se por dez nos anos Lula (2002-2010). “Outros governos em nosso continente (Equador, Venezuela, Bolívia) tiveram posições diferentes, do que simplesmente manter os juros altos aos predadores financeiros”, criticou, apostando no republicanismo revolucionário e no sufrágio para vencer o capitalismo. 

 

Reforma agrária em pauta

A mesa também teve a participação de Neuri Recepto, trazendo a contribuição histórica do Movimento dos Trabalhadores  Sem-Terra (MST). “As nossas divergências podem ser na tática, mas temos o mesmo desafio, perseguir a revolução socialista”, comenta, reiterando que a reforma agrária ainda não é uma pauta superada em nosso país. “Ainda se mantém inalterado o poder político-econômico das oligarquias rurais”. 

O candidato à direção do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, (HUCFF), Luiz Feijó, deixou mais claro sua simpatia em relação à entrega da gestão do hospital à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).  
O candidato à direção do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, (HUCFF), Luiz Feijó, deixou mais claro sua simpatia em relação à entrega da gestão do hospital à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

O candidato traçou uma linha evolutiva de “investimentos do governo federal” nos hospitais universitários a partir de Lula, em 2006, até a criação da“Ebserh”, o que ele considera como ponto positivo. 

As afirmações de Luiz Feijó foram feitas na quarta e última rodada de debates que antecederam as eleições que irão indicar quem comandará, pelos próximos quatro anos, o mais importante hospital da rede de unidades da UFRJ. 

O outro candidato, Eduardo Côrtes, por sua vez, reafirmou sua posição na defesa de um  projeto autônomo para o HUCFF, rechaçando a entrega do hospital à Ebserh. O candidato sublinhou ser necessário “resgatar o trabalho de ensino e assistência de alta complexidade”, além de promover reformas na atual administração de recursos e de pessoal da unidade de saúde. 

Este último debate foi o de menor frequência em relação aos três realizados anteriormente. Um dos motivos, foi a dificuldade de acesso ao auditório do 12º andar do prédio do hospital: apenas um elevador estava em funcionamento, além do reservado para a cirurgia.

As eleições acontecem nos dias 25, 26 e 27.

Consuni repudia ações do diretor da Educação Física

Colegiado considerou inaceitável a postura autoritária do professor Leandro Nogueira. Histórico já tem um ano

Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

 

O colegiado máximo da UFRJ aprovou uma moção de repúdio contra as ações do diretor da Escola de Educação Física e Desportos, Leandro Nogueira (leia quadro). O episódio do dia 8 de novembro foi relatado pela bancada estudantil do Consuni, pelo representante do Centro Acadêmico de Educação Física (CAEFD), Rian Rodrigues, pela representante da Associação dos Pós-Graduandos da UFRJ, Leila Leal e pelo presidente da Adufrj-SSind, Cláudio Ribeiro. Naquela ocasião, o diretor mandou fechar as portas da Unidade para evitar que os estudantes realizassem um ato político contra sua gestão no interior da Escola.

Veja fotos do Consuni

Ribeiro demonstrou a desaprovação da Seção Sindical com ações que agridem não só os estudantes da Educação Física, mas a universidade como um todo: “Vimos estudantes terem que abrir mochila para acessarem a Unidade. Foi um ato extremamente arbitrário e que só teve maior destaque porque nossa equipe de comunicação estava presente. Nem assim, com as lentes da nossa câmera, os funcionários se intimidaram, mesmo sabendo que o caso estamparia o jornal. Não se pode admitir a naturalização da perseguição política como prática universitária”.

Maria Fernanda Quintela, decana do Centro de Ciências da Saúde, que acompanha de perto (e há um ano) a crise e esteve na EEFD no dia 8 de novembro, afirmou que há um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) já concluído, faltando apenas findar o prazo de dez dias para defesa do acusado (Leandro Nogueira) e quatro sindicâncias abertas. “A situação é extremamente grave! Os procedimentos adotados pelo professor Leandro não são adequados dentro da estrutura da universidade. Precisamos demonstrar isso aqui”, disse.

Ameaças de morte

Leila Leal, da APG, chamou a situação de estarrecedora e insustentável. “Há um CA oficialmente cassado pela direção da Unidade. Hoje temos estudantes sendo ameaçados de morte. A Congregação daquela Unidade tem um sistema policialesco, que coloca seguranças na porta e impede o acesso democrático de estudantes”.

O reitor, sem entrar em detalhes, afirmou que ações no âmbito administrativo já estão sendo tomadas para garantir a institucionalidade e evitar ações que atentem contra a democracia na UFRJ.

 

Reitoria apoia estudantes

A reitoria da UFRJ se reuniu com representantes do movimento estudantil da UFRJ (Centro Acadêmico da Escola de Educação Física e Desportos, DCE Mário Prata, APG), da Adufrj-SSind e do Sintufrj. A pauta foi o episódio do dia 8 de novembro, noticiado na edição nº 825. Inclusive, Leandro Nogueira, diretor daquela Unidade, lançou nota na última semana insultando o Jornal da Adufrj e a diretoria da Seção Sindical, por considerar a abordagem da matéria “parcial” e “mentirosa”.

Na reunião com a reitoria, da qual participaram o reitor Carlos Levi, o vice-reitor Antônio Ledo, e o pró-reitor de Pessoal, Roberto Gambine, ficou claro o posicionamento da administração central em favor da democracia e do respeito à institucionalidade. Levi informou que se reuniu, no dia 12, com o diretor da EEFD e deixou claro para Leandro a “incompatibilidade das atitudes do diretor com o espaço acadêmico que precisa garantir o diálogo, a negociação e a livre manifestação”.

Luciano Coutinho, diretor da Adufrj-SSind, salientou, no episódio da sexta-feira (8), o tratamento antidemocrático e a explícita perseguição ao movimento estudantil: “Havia uma revista ocorrendo na porta da Unidade, no mesmo dia em que era realizada uma filmagem. Nada contra a filmagem, mas eram pessoas estranhas à universidade que tinham total liberdade de ir e vir, enquanto os estudantes estavam sendo impedidos de circular sem que suas mochilas e bolsas fossem revistadas”.

 

Alojamento: novas decisões

Na sessão do Consuni do dia 14 de novembro, o pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento, Carlos Rangel, levou ao colegiado as ações discutidas a respeito do acesso e das obras da Residência Estudantil. O Consuni aprovou que o acesso dos estudantes a casa se dará por meio de cartão magnético (com identificação e controle por catraca). Esta deliberação foi contrária à decisão da assembleia dos estudantes alojados, que havia indicado o controle por cartão de identificação, sem tarja magnética.

Com relação à reforma, a universidade tentará entrar em contato com os últimos ocupantes dos quartos vagos que permanecem trancados até o dia 21 de novembro. Não havendo resposta até essa data, a UFRJ fica autorizada a abrir os quartos, com a presença da Superintendência Geral de Políticas Estudantis (SuperEst) e da Comissão de Acompanhamento do Alojamento. Da mesma forma, os ocupantes irregulares terão até a data de 21 de novembro para saírem dos quartos. A UFRJ entrará com pedido de liminar para reintegração de posse para os casos de os ocupantes se recusarem a sair.

 

Moção de Repúdio

O Conselho Universitário manifesta seu repúdio à manutenção dos procedimentos antidemocráticos do diretor da Escola de Educação Física e Desportos, professor Leandro Nogueira, incluindo a convocação da Polícia Militar para intervir em questões político-acadêmicas.

O candidato à direção do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, (HUCFF), Luiz Feijó, deixou mais claro sua simpatia em relação à entrega da gestão do hospital à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).  O candidato traçou uma linha evolutiva de “investimentos do governo federal” nos hospitais universitários a partir de Lula, em 2006, até a criação da“Ebserh”, o que ele considera como ponto positivo. 

As afirmações de Luiz Feijó foram feitas na quarta e última rodada de debates que antecederam as eleições que irão indicar quem comandará, pelos próximos quatro anos, o mais importante hospital da rede de unidades da UFRJ. 

O outro candidato, Eduardo Côrtes, por sua vez, reafirmou sua posição na defesa de um  projeto autônomo para o HUCFF, rechaçando a entrega do hospital à Ebserh. O candidato sublinhou ser necessário “resgatar o trabalho de ensino e assistência de alta complexidade”, além de promover reformas na atual administração de recursos e de pessoal da unidade de saúde. 

Este último debate foi o de menor frequência em relação aos três realizados anteriormente. Um dos motivos, foi a dificuldade de acesso ao auditório do 12º andar do prédio do hospital: apenas um elevador estava em funcionamento, além do reservado para a cirurgia.

As eleições acontecem nos dias 25, 26 e 27.

Da Redação

Carlos Nelson Coutinho, que morreu em 2012, traduziu mais de 60 livros, é a principal referência no país quando o assunto é Antônio Gramsci, quando jovem trocou correspondência com Georg Lukács, fez estudos sobre Lima Barreto e Graciliano Ramos e é autor de um ensaio que sacudiu o pensamento da esquerda brasileira, “A democracia como valor universal”, de 1979. Durante três dias, um seminário internacional tentou interpretar os pontos centrais da obra desse intelectual marxista identificado como um reformador revolucionário, e que punha a centralidade da democracia como caminho decisivo para o socialismo.

A jornada de conferências e debates, com a participação de convidados internacionais, discutiu os esquemas teóricos do autor. O resultado foi  um vasto painel que refletiu sobre as estratégias para o socialismo, a renovação do marxismo e a realidade brasileira. É claro que a “matriz gramsciana” e os conceitos nela contidos, estiveram presentes, mas como ponto de partida para se expor a complicada equação que move a luta de classes, a hegemonia capitalista e como enfrentá-las na prática. A “práxis” foi outro ponto destacado nos debates, e não por acaso: um traço marcante na vida de Carlos Nelson é que ele era um intelectual orgânico, que se servia do conhecimento para pensar a luta revolucionária e que buscou em formas partidárias o caminho para se colocar no dia a dia do enfrentamento político.

Veja fotos do seminário

Eurocomunismo

Guido Liguori, diretor da Sociedade Internacional Antônio Gramsci, dividiu a mesa de abertura do seminário na segunda-feira (11) com Michael Löwi, do Centre National de la Recherche Scientifique. Liguori recuperou a trajetório de Carlos Nelson na Itália e reproduziu os primeiros contatos do professor com a obra de Gramsci, a influência que o eucomunismo e o pensamento Enrico Berlinguer passou a ter na obra do autor brasileiro. Carlos Nelson traduziu e editou a obra de Gramsci no Brasil, além de produzir vários ensaios sobre o revolucionário  pensador italiano.

 Löwy, um professor marxista brasileiro que vive na França desde a década de 1960, relembrou dos encontros com Carlos Nelson e também referiu-se ao texto do brasileiro sobre o valor universal da democracia. A diferença na abordagem de Michael Löwy é que ele identificou influências de Rosa Luxemburgo no polêmico texto. “Acho que se Carlos Nelson estivesse aqui, ele negaria essa influência. Mas ela existe”, defendeu Löwy, que também destacou o interesse de Carlos Nelson por Georg Lukács, apesar das diferenças entre Lukács e Gramsci. 

Na próxima edição, a cobertura de momentos importantes do seminário

 

Adufrj-SSind na abertura

13111844Professora Cleusa dos Santos. Foto: Marco Fernandes - 13/11/2013A professora Cleusa dos Santos, 2ª vice-presidente da Adufrj-SSind, representou a Seção Sindical na abertura do seminário. Ao lado das instituições que apoiaram a realização do evento organizado pela Escola de Serviço Social da UFRJ, Cleusa destacou “o legado da obra de Carlos Nelson para a reflexão sobre a transformação da sociedade brasileira e capitalista”. A dirigente da Adufrj-SSind também salientou a contribuição de Carlos Nelson para se pensar o papel de partidos e sindicatos na mediação de conflitos e interesses e invocou a experiência da Adufrj-SSind na luta em defesa dos trabalhadores e de bandeiras específicas da categoria a qual representa. Citou a briga do Andes-SN contra a precarização do trabalho docente, a resistência às tentativas de mercantilizar a saúde, por meio da Ebserh, a denúncia contra o projeto que privatiza a previdência e a defesa da educação pública.

 


Homenagens. O seminário foi encerrado com uma homenagem a Carlos Nelson Coutinho e ao professor Aloísio Teixeira, amigo de Carlos Nelson e ex-reitor da UFRJ, que também morreu em 2012. Andréa Teixeira, viúva de Carlos Nelson, e dona Iracema Teixeira, mãe de Aloísio, receberam flores. As homenagens foram precedidas de uma manifestação de membros do MST que acompanharam os debates.

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