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Geraldo Cidade diz que Reuni não deu certo na UFRJ, mas atribui seu afastamento a outros fatores

Ele admite, porém, o “problema acentuado de falta de pessoal”

Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

14102051Para Geraldo Cidade, a administração central nunca deixou de apoiá-lo em suas reivindicações. Foto: Silvana Sá - 06/10/2014O professor Geraldo Cidade, ex-diretor do polo Xerém, anunciou seu afastamento do cargo em uma assembleia comunitária local, realizada em 26 de setembro. Alguns dias depois, em entrevista ao Jornal da Adufrj, Geraldo alegou que os motivos, internos, não guardam relação com o Reuni (programa de reestruturação e expansão das universidades federais): “Eu tive que renunciar não por causa do Reuni, mas por todo um clima que foi criado. Os professores que são coordenadores e de direções adjuntas se sentiram também pressionados por não virem os problemas do polo serem solucionados. Eles então acharam melhor que eu fosse substituído”. 

O docente chegou a dizer que sofreu um “golpe”: “Inclusive, um dos funcionários, durante a assembleia (do dia 26), tomou a palavra e afirmou que houve um golpe. Uma reunião sem ata pede a minha saída... Eu me vi numa situação extremamente delicada. Xerém é um projeto bonito, é um projeto grandioso. Eu fico muito orgulhoso de ter feito parte, durante seis anos, dessa construção. Infelizmente, fui impedido de continuar”, disse.

Geraldo relatou que esse grupo de professores organizou uma reunião fechada, “muito pouco democrática”. “Os funcionários quiseram participar e foram retirados desse ambiente. Uma aluna também foi retirada. Não se criou um clima democrático, conforme a gente costuma operar aqui na universidade”. 

A falta de consulta ao corpo social criou, para o ex-diretor, uma situação irreversível: “Eu não tenho mais como, enquanto dirigente de uma instituição, comandar um grupo que não me ouve, ou mesmo, que não me traga propostas. Depositaram em mim o tempo todo essa missão de conseguir tudo”. 

“Não foi falta de apoio”

Geraldo Cidade observou que a administração central nunca deixou de apoiá-lo em suas reivindicações para melhorias no polo Xerém, mas reconheceu que o excesso de projetos e a falta de pessoal no quadro efetivo da universidade fez com que a UFRJ não desse conta das demandas. “Eu já não conseguia mais o retorno de antes, no atendimento de nossas reivindicações em Xerém. Há um problema acentuado de falta de pessoal. Eu não estou desamparado pela administração central. O que existe é uma quantidade enorme de coisas a serem feitas. Falta corpo técnico, falta gente para tocar os projetos”, destacou o ex-diretor.

Ele destacou que as críticas feitas ao Reuni dizem respeito à postura da UFRJ na época da implantação do programa: “A universidade não tinha como dar conta da quantidade de projetos envolvidos no Reuni. A gente amarga uma série de obras paradas, ainda não concluídas. E em Xerém estamos na ponta desse processo”. 

UFRJ não estava preparada

Geraldo ponderou que, no caso de Xerém, o problema foi acentuado por uma conjuntura desfavorável: “Quando o MEC lançou o Reuni, deveria ter havido uma reunião com todos os reitores para as universidades dizerem se tinham condições ou não de abraçar esse projeto. Na nossa universidade, o Reuni não deu muito certo. Está havendo um atraso muito grande na entrega dessas obras. No caso de Xerém, havia um acordo de que a infraestrutura (do polo) seria da Prefeitura de Duque de Caxias. Era uma época de transição de prefeitos da cidade e amargamos a morosidade dos processos”.

Apesar de ter pedido afastamento, o docente se coloca ainda à disposição para ajudar no projeto de adequação de alguns prédios da Petrobras às margens da rodovia Rio-Petrópolis (conforme noticiado no Jornal da Adufrj em abril deste ano, a UFRJ receberia estas instalações por meio de uma negociação com a prefeitura de Caxias). A mudança possibilitará que o polo se transforme em campus, com a instalação de dois novos cursos (Engenharia Física e Biofármacos). Embora, para o MEC, Xerém já seja considerado campus, mesmo com apenas três cursos (Biotecnologia, Nanotecnologia e Biofísica). “Eu não posso criar novos cursos sem autorização do CEG (Conselho de Ensino de Graduação). E o CEG condicionou os novos cursos à infraestrutura. Nós achamos que eles têm razão. Não é possível que recebamos turmas novas da forma que estamos organizados hoje”.

 

Coordenadora da Biofísica conta sua versão

A denúncia de uma suposta articulação golpista feita pelo ex-diretor Geraldo Cidade não condiz com o relato da professora Leandra Baptista, coordenadora do curso de Biofísica. Segundo ela, o que aconteceu foi uma série de encontros entre professores, sem caráter deliberativo: “Essas reuniões existiam porque nós queríamos conversar sobre os problemas do polo. Desde o ano passado, nós tentamos fazer com que a direção fosse mais presente e se posicionasse quanto aos problemas internos e de estrutura, mas nada era resolvido”, conta. 

Segundo a coordenadora, um mal-estar entre alunos e funcionários surgiu a partir de um convite feito por Geraldo ao Diretor da Divisão Acadêmica da Superintendência de Atividades Fora da Sede (SuperAFS), Paulo Vaccari Cavaco, para participar de uma dessas reuniões. “A partir daí, a reunião ganhou um caráter oficial, mas, na nossa cabeça, era só uma conversa. Nós pedimos que os alunos saíssem porque não estava se decidindo nada ali. Nossas decisões são todas tomadas em conselho deliberativo, o que não era o caso”, diz. A Assembleia que definiu a saída de Geraldo foi organizada pelos representantes da docência e pelos representantes dos alunos, “uma demanda da própria comunidade”, explica Leandra.

Apesar de estar com uma diretora em exercício (a vice, Raquel Moraes Soares, assumiu a função), a gestão atual, segundo Leandra, seria de caráter coletivo. “Os coordenadores dos cursos têm trabalhado junto à direção para atender às demandas do polo”, afirma. 

Os professores de Xerém esperam conversar com a reitoria nos próximos dias para resolver os procedimentos que conduzirão a nova eleição. (Filipe Galvão)

Enquanto isso, licitação vai buscar novo local para a Unidade

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Esgotou-se em 17 de outubro o prazo para que parte da Escola de Música saia de um prédio de propriedade da empresa Superpesa, na Lapa (conforme noticiado na edição anterior do Jornal da Adufrj). O imóvel, alugado pela universidade há 14 anos, fica próximo do prédio-sede da Unidade, na Rua do Passeio.

“Não houve decisão judicial”, explica Harley de Moura, assessor da Pró-Reitoria de Gestão e Governança (PR-6). Segundo ele, a UFRJ conta com proteção jurídica contra “denúncias vazias”. “Em se tratando de instituição pública como a nossa, de ensino, a legislação protege o patrimônio. Tudo depende, claro, da cabeça do juiz. Mas é muito difícil uma decisão em favor de despejo”, avaliou.

Harley informou, ainda, que a licitação para aluguel de um novo imóvel está sob avaliação da Procuradoria da UFRJ desde a semana do dia 6 de outubro. A previsão é que retorne à PR-6 até sexta-feira, 24. Segundo o assessor, a “chamada pública” para aluguel de um novo imóvel respeita a preocupação do diretor da unidade, André Cardoso, de manter um local nas imediações da Escola de Música. “Foi levado em conta o pedido do professor André para evitar custo extra com transporte para os estudantes”. O destino final (e o deslocamento) da comunidade da Música, contudo, continua indefinido.

A especificação prevê uma área entre 3,5 mil e 4 mil metros quadrados. “Além da estrutura que está alojada no prédio alugado, o novo contrato terá que contemplar a aparelhagem que está no prédio principal (da Rua do Passeio) e que terá de ser retirada para realização das obras na Escola de Música. Terá que abrigar os dois”. O edital fica aberto até que apareçam interessados que atendam às especificações, acrescentou.

Relembre o caso

A Superpesa realizou por mais de uma década (14 anos) uma permuta com a UFRJ. Em troca de uma área no Parque Tecnológico, a empresa alugou um imóvel na Lapa que passou a ser ocupado pela Escola de Música. A partir da decisão do Parque Tecnológico de não manter o aluguel na Cidade Universitária, a empresa resolveu pedir de volta a área no Centro da Cidade. 

De acordo com a Divisão de Patrimônio da PR-6, apesar da notificação do pedido de reintegração de posse movido pela Procuradoria da Universidade, a Superpesa também não se retirou do Parque Tecnológico.

14102041De saída da Lapa. Reitoria vai promover uma chamada pública para aluguel de outro imóvel. Foto: Elisa Monteiro - 07/10/2014

Votação ocorre a partir desta segunda-feira (20)

DeniseDenise Nascimento, presidenta da CPPD. Foto: Marco Fernandes - 26/03/2014Tão pouco conhecida e tão importante para os professores. Essa é a Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD), cujas eleições ocorrem a partir deste dia 20 até 22 de outubro, de 9h às 16h. Onde houver turno noturno, a votação poderá se estender até 20h (menos no último dia).

A CPPD aprecia, para decisão final do reitor, assuntos como: alteração do regime de trabalho e a avaliação do desempenho para progressão funcional do docente. Também desenvolve estudos e análises que permitam fornecer subsídios para fixação, aperfeiçoamento e modificação da política de pessoal docente e de seus instrumentos, entre outras atribuições.

“Depois de muitos anos, foi possível dar maior visibilidade ao trabalho que ela realiza, e torná-la mais participativa. Muitos professores possuíam o conceito errôneo de que era um conselho burocrático na concessão dos pedidos de progressão e promoção”, explica a atual presidenta da comissão, Denise Nascimento. “Apesar de o antigo PUCRCE (Plano Único de Classificação e Retribuição de Cargos e Empregos) mencionar a CPPD como uma comissão de acompanhamento da carreira docente, poucos eram os que nos procuravam. Geralmente para intermediar algum conflito. Ou para cobrar andamento de concursos. Nos últimos meses, tivemos o inverso. A descentralização da CPPD, participando ativamente das discussões (da carreira) pelos Centros e Unidades, colaborou muito. Além de formular a nova resolução, elucidamos várias dúvidas que ocasionavam atrasos no trâmite processual”, completa.

Composição da CPPD

A CPPD é composta por representantes das classes e também dos Centros (mais um do Fórum de Ciência e Cultura), e dos alunos de graduação e de pós-graduação. A eleição dos próximos dias será para as vagas das classes: um Titular; um Associado; um Adjunto; um Assistente/Auxiliar; um Professor de EBTT. Não apareceram nomes para as vagas estudantis.

A presidenta da comissão eleitoral, professora Rosa Peres, esclarece que a renovação parcial da CPPD tem o objetivo de preservar uma “memória” dos trabalhos, até para auxiliar os novos integrantes. No mesmo sentido, dentro de um ano e meio a dois anos, haverá a troca das demais representações (Centros e Fórum).

Quem são os candidatos

São candidatos à vaga de professor Titular: Márcia Souto Couri (MN) e Carlos Alberto Manssour Fraga (ICB). O professor Dani Gamerman (do Instituto de Matemática) retirou sua candidatura de última hora, mas seu nome constará das cédulas (que já estavam impressas). “O voto nele será anulado”, antecipa Rosa Peres.

Para Associado, os nomes são: Ethel Menezes Rocha (IFCS), Antônio Maurício Ferreira Leite Miranda de Sá (Coppe) e João Ramos Torres de Mello Neto (IF).

A categoria Adjunto é a que apresenta o maior número de candidatos: Antônio Eduardo Ramires Santoro (FND); Cássia Mônica Sakuragui (IB); Heloísa Lajas Sanches (EQ); Sergio Augusto Lopes de Souza (FM); Marcelo Trovó Lopes de Oliveira (IB).

Entre os professores Auxiliares e Assistentes, a candidatura é única: Waleska da Silveira (FM). O mesmo ocorre na representação do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Rosângela Conceição de Souza. 

Para as categorias nas quais houver mais de um candidato, será titular o mais votado e seu suplente, o segundo colocado. Todos eles escreveram um minicurrículo que pode ser acessado aqui (http://migre.me/mjnQd) e que deverá estar em exposição em cada seção eleitoral.

Os locais de votação são organizados pelas direções de unidades e decanias. E, para votar, o professor deverá apresentar carteira de identidade ou carteira funcional ou carteira nacional de habilitação com foto. 

A professora Rosa informa que a apuração dos votos nos Centros deve ocorrer até o dia 24 de outubro. A homologação e divulgação dos resultados pela CPPD acontecem dia 28 e a aprovação no Consuni está marcada para 13 de novembro. “Depois disso, uma portaria do reitor, provavelmente antes do fim de novembro, empossa os novos representantes”, diz a presidenta da comissão eleitoral. 

Professores daquela universidade estão com indicativo de greve a partir de 21 de outubro. Reitoria lançou pacote de medidas prejudiciais à categoria, que sofre com baixos salários e concursos em número insuficiente

Movimento busca visibilidade, na véspera do segundo turno das eleições

Samantha Su. Estagiária e Redação

14102072Paulo Alentejano, 2º vice-presidente da Asduerj. Foto: Comunicação Asduerj - 08/10/2014A Associação de Docentes da Uerj (Asduerj) está com indicativo de greve marcado para 21 de outubro, quando será realizada uma nova assembleia para condensar as demandas e determinar a paralisação. Desde 2001, a categoria não recebe reajuste salarial do governo e hoje passa pelo sucateamento do trabalho docente com a abertura de poucos concursos públicos e redução da carga horária de pesquisa e extensão. 

De acordo com o 2º vice-presidente da Asduerj, Paulo Roberto Alentejano, nem mesmo os recentes 150 concursos divulgados pela reitoria da Universidade solucionam o problema: “Temos um grande número de professores contratados aqui na Uerj em situação irregular, pois não estão cobrindo a vaga de afastados ou licenciados; estão cobrindo buracos e déficits da universidade. A Justiça diz que isso é ilegal, mas a reitoria não está abrindo concursos da forma como gostaríamos. Estimamos que o déficit seja de cerca de 400 vagas”.

Para tentar contornar a situação, a reitoria da Uerj lançou medidas internas que redistribuem a carga horária dos professores, diminuindo o tempo de dedicação à pesquisa. Para Assistentes e Auxiliares em regime de 40h, apenas dez horas poderão ser utilizadas para pesquisa. Já para os professores Adjuntos, Associados e Titulares com até 30h, somente oito horas serão permitidas. Na opinião da associação, isso fragiliza o tripé (ensino, pesquisa e extensão) necessário à qualidade das graduações. 

Outra reivindicação da categoria é a suspensão dos Atos Executivos 50 e 52 que regulam ainda mais a carga horária de professores que estão passando pelo período de estágio probatório: “Pedimos a revogação dos AEDAs 50 e 52 que regulamentam de forma ilegal o estágio probatório, obrigando o professor a dar 12 tempos na graduação. Isso é ilegal”, conta o 2º vice-presidente.

Alentejano ainda criticou a inércia da reitoria para cobrar os direitos da instituição: “Hoje, você tem 689 professores contratados (temporários), dando aula no lugar dos que deveriam ser efetivos, recebendo pouco por essas aulas e sem possibilidade de fazer pesquisa ou extensão. A universidade quer substituir esses professores contratados, em grande parte, por professores de 20h que vão ter que dar 12 horas em sala, ou seja, que também não vão poder se dedicar à pesquisa e à extensão. É uma maneira barata e sórdida de fazer o serviço que é de responsabilidade do governo do estado. É isso que a reitoria, aliada ao governo, faz”.

14102071Abertura de concursos teve destaque na assembleia (8) que indicou paralisação com nova reunião para dia 21. Greve está na pauta. Foto: Comunicação Asduerj - 08/10/2014

A dificuldade em suprir a demanda tem também como pano de fundo um orçamento estrangulado das universidades públicas estaduais. Por lei, 6% do orçamento do governo do Estado deveria ser destinado para as IES estaduais públicas. Porém, o dispositivo vem sendo desrespeitado sucessivamente pelos últimos governadores. Quando a Asduerj conseguiu que a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa colocasse na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) a porcentagem para o próximo ano, o atual governador e candidato à reeleição, Luiz Fernando Pezão, vetou. 

As demandas da universidade foram levadas para a campanha eleitoral deste ano, mas as respostas não foram satisfatórias. Por essa razão, o indicativo de greve também saiu antes da decisão nas urnas, como estratégia de pressão política para atendimento das pautas: “Na terça-feira (21), iremos decidir. Se nossas reivindicações não forem ouvidas, haverá paralisação”, finaliza o 2º vice-presidente da Associação.

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