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Sociólogo da Unicamp descreve mudanças que dificultam organização da resistência internacional ao capitalismo

Debate ocorreu no IFCS

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

14111751Ricardo Antunes. Foto: Marco Fernandes - 03/11/2014Hoje uma prática banalizada, o envio de mensagens eletrônicas com tarefas para o funcionário, fora do expediente (até mesmo em finais de semana ou feriados), é um dos sinais da necessidade de reorganização da classe trabalhadora no mundo inteiro. “O trabalho chamado ‘virtual’ é flexível e coloca o empregado completamente disponível para o capital”, criticou o sociólogo e professor titular da Unicamp, Ricardo Antunes, em debate realizado no IFCS-UFRJ, na tarde de 3 de novembro — o evento (parcialmente noticiado na edição anterior do Jornal da Adufrj) fez parte das comemorações dos 150 anos de fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT ou I Internacional).

Para o palestrante, aparelhos de comunicação como celulares com acesso à internet servem cada vez mais para ampliar a exploração e precarização das relações de trabalho. “A tecnologia da informação mantém as pessoas conectadas ao capital o tempo todo, poluindo seu tempo de trabalho e seu tempo fora dele”, analisou. “Ao contrário do que propagavam as teorias do fim do trabalho, vemos um proletariado que cresce no mundo inteiro. O que existe é uma nova morfologia do trabalho”, observou. 

Tarefa é responder às mudanças

Na visão do sociólogo, o grande desafio para uma organização que venha a cumprir a missão colocada pela AIT, no passado, está em responder às mudanças que afetam a classe trabalhadora. “Hoje, os bancos têm milhares de funcionários no telemarketing que não podem se organizar no sindicato dos bancários. Há um número enorme de motoboys, uma categoria com altos índices de acidentes e mortes em atividade de trabalho sem alternativas para se organizar. Para uma nova AIT, a questão de como organizar esse novo tipo de trabalhador seria imperativo”, disse.

Na mesa, sobre a atualidade do legado da AIT para as trabalhadoras e trabalhadores, Antunes destacou o diagnóstico, já presente na reunião de 28 de setembro de 1864 em Londres: enquanto o capital se globalizava, a organização dos trabalhadores era pressionada a se manter contida à esfera nacional. “Talvez esse aspecto seja o mais grave hoje”, afirmou Antunes. “Enquanto a mercadoria pode ter sua produção subdividida, com projeto europeu, produção de peças na Índia e montagem na América Latina, a organização dos trabalhadores dessas mesmas multinacionais tem de se restringir ao espaço nacional”. 

Desta forma, a solidariedade de classe internacional “era (e é) elemento fundamental”. O sociólogo falou ainda da visão unitária entre anarquistas, comunistas e socialistas sobre a necessidade de ferramentas de luta que fossem “de trabalhadores para trabalhadores”. “A emancipação passava por uma negação da política”, observou o professor de Campinas. Em outras palavras, desde o século retrasado, setores organizados dos trabalhadores buscavam a construção de uma entidade que permitisse uma mediação distinta da realizada pela classe antagônica, a burguesia.

Hoje, a falta de solidariedade

O professor analisou, ainda, que o Brasil acompanha a tendência internacional de “intensificação do tempo” e “deterioração das condições do trabalho”. “Hoje um departamento de pessoal que fala em trabalhadores é quase um ‘crime’. São todos (chamados de) ‘colaboradores’. O ganho é individual por produtividade e o sucesso depende de aniquilar os outros trabalhadores, como em uma guerra aberta que inferniza o ambiente de produção do trabalhador”.  

Medidas para favorecer o uso de bicicletas na ilha do Fundão começam, lentamente, a sair do papel

Recursos para obras vêm do ICMS pago pela universidade

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Graças a uma negociação entre a reitoria e o governo estadual, alguns projetos ligados à “mobilidade verde” começam a sair do papel, como a construção de bicicletários no campus da Cidade Universitária. Também estão nos planos, de médio prazo, a ampliação da ciclovia do Fundão e a compra de um ônibus elétrico para transporte intercampi. Os recursos para as iniciativas vêm do chamado Fundo Verde — constituído com o redirecionamento, para ações ecológicas, das receitas do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) pago pela UFRJ.

De acordo com o prefeito da UFRJ, Ivan Carmo, falta inaugurar apenas 10 das 90 novas vagas para bicicletas no campus da Cidade Universitária. A lacuna corresponde a um ponto na Faculdade de Letras, “em função de pequenas obras que precisam ser concluídas”, explica o prefeito. Os demais bicicletários já estão prontos: no Alojamento, CCS, EEFD, CCMN, CT (nos blocos A e H), Prefeitura, Reitoria e Terminal Rodoviário. 

Outra aquisição planejada pelo Fundo é um ônibus elétrico com capacidade para transporte de 50 passageiros (e mais 50 bicicletas) entre a Praia Vermelha e o Fundão. Segundo Ivan, o novo itinerário passaria a atender o público da Grande Tijuca: “A integração passaria pelas ciclovias da cidade do Rio de Janeiro, pegando, além da Zona Sul e Centro, o ponto no Maracanã e São Cristóvão”, relatou. A condução teria horários fixos, nos moldes do que já é praticado hoje. O transporte de bicicletas para o campus visa, além de desafogar os ônibus internos, a “criar uma cultura ecológica e saudável”. “Não teria sentido fazer isso com uma condução a diesel”, sublinha o prefeito. 

Soma certa

O prefeito universitário confirmou também a ampliação de ciclovias no campus. Mas retificou que o acréscimo de 2,5 quilômetros (a serem construídos) levará a malha atual de 5km para 7,5km. E não de 7,5km para 10km, conforme noticiado pelo jornal O Globo, no início de outubro. Segundo Ivan Carmo, o investimento fará com que o percurso chegue ao Parque Tecnológico e à Vila Residencial.

 

Bicicletas coletivas estão no horizonte

De acordo com a Pró-Reitoria de Gestão e Governança (PR-6), a universidade já realizou duas reuniões com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, buscando uma mediação para instalação de um sistema de bicicletas coletivas no campus. Não se trata, portanto, de fato consumado a contratação das “laranjinhas” do Itaú, como apresentado em matéria de O Globo (edição de sábado, 4 de outubro).

A pró-reitora Aracéli Cristina Ferreira relatou que a universidade buscou, em 2013, um levantamento dos custos para instalação de um sistema próprio. “Entre a manutenção dos pontos de estacionamento e das bicicletas, até o software, entre outras necessidades, estimamos um custo anual de mais de R$ 2,5 milhões”. Segundo a dirigente, a administração central mira “uma alternativa de custo zero para a UFRJ”. Neste caso, uma parceria com a Bike Rio, do Itaú, é cogitada. A PR-6 estuda a possibilidade de um chamamento público para patrocínio do projeto.

Coletivos reúnem-se em frente ampla e recebem 75% de votos para nova gestão

Filipe Galvão. Estagiário e Redação

A eleição para a nova gestão do DCE Mário Prata foi taxativa: três quartos dos alunos querem se livrar da situação precária da UFRJ, proposta que deu nome à chapa vencedora. Foram 5.645 votos recebidos contra 1.967 dos concorrentes da “Passou da hora”. 

O processo eleitoral que aconteceu na primeira semana de novembro também decidiu pela proporcionalidade como modelo de gestão do diretório. Isso significa que 75% da organização será composta por membros da “Quero me livrar dessa situação precária” e o restante, pelos segundos colocados no pleito. 

A votação expressiva no primeiro grupo é resultado de articulação da esquerda. A chapa é formada pelos coletivos “Nós não vamos pagar nada”, “Movimento Correnteza”, “Não vou me adaptar”, “União da Juventude Comunista”, “Quem vem com tudo não cansa” e “Conclave”, além de centros acadêmicos independentes. 

Luiza Foltran faz parte do primeiro deles. O “Paga Nada”, como é carinhosamente abreviado, esteve na gestão do DCE de 2013-14 e, dessa vez, atuará dentro de uma rede de apoio ainda maior. Para Luiza, a conjunção entre movimentos militantes é parte de um projeto para fortalecer a disputa pela universidade.

Multiplicidade é força

A convergência dos movimentos é reflexo de um mundo em ebulição. A crescente violência do capitalismo em crise tem forçado a esquerda a abraçar sua multiplicidade e agir. No caso dos estudantes da UFRJ, dois momentos foram cruciais para a conexão: as Jornadas de Junho e o Encontro Nacional de Educação. Ainda há muito da gasolina que as manifestações de 2013 espalharam entre os movimentos sociais. No campo da educação, o ponto mais quente das formulações políticas foi o ENE desse ano. “Foi um momento muito importante para a esquerda. Estarmos no fórum em conjunto, revermos o Plano Nacional de Educação, sermos mais propositivos para nos proteger dos ataques”, diz Luiza.

Os desafios já estão bem desenhados. Quem afirma é Gabryel Henrici, aluno de História que também assumirá a próxima gestão do DCE e faz parte do “Movimento Correnteza”. Ele lista: a precarização da assistência estudantil, a possível volta da discussão da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), os rumos da eleição para reitoria e o corte do efetivo de terceirizados. “Tudo indica, pelo andar da carruagem durante esse ano, que o próximo vai ser ainda mais difícil”, diz.

A opção pelo campo mais à esquerda fica nítida com a proporção de três votos por um. O problema é que essa relação condiz com os 7.612 votantes, mas não necessariamente com os cerca de 50 mil alunos matriculados hoje na UFRJ. Segundo Gabryel, o quórum de pouco mais que 15% do número total de estudantes é uma questão a ser resolvida pela próxima gestão. Para isso, o diálogo deve se pautar nas políticas de permanência e nas mudanças do perfil dos graduandos impulsionadas pela política de cotas. “O DCE precisa se preocupar com os estudantes que vão entrar ano que vem. Para eles a assistência estudantil é prioritária porque são estudantes de baixa renda. É preciso estar sintonizado com a nova realidade da universidade”, defende.

A nova diretoria depende agora da reunião do Conselho dos Centros Acadêmicos, sem data ainda, para dar posse ao DCE. A intenção, de acordo com Gabryel e Luiza, é que a gestão comece neste ano. A divisão das 30 cadeiras do diretório e das quatro cadeiras no Conselho Universitário se dará de acordo com o percentual recebido por cada chapa. 

‘O socialismo tem o futuro’

14111771Foto: Leonardo Aversa / Agência O GloboNuma manhã do fim da primavera de 2004, o auditório Pedro Calmon está  lotado. A  plateia ansiosa aguarda o filósofo marxista Leandro Konder  para refletir sobre os desafios do socialismo num cenário adverso. Um tema angustiante naqueles dias de forças neoliberais consolidadas no mundo, de desapontamento com o governo Lula no Brasil e de confusão na esquerda em busca de caminhos. Konder abre a conversa (conversa, sim, pois ele fala como quem está na varanda de sua casa, entre amigos) com questão instigante. “Com alguma frequência me pergunto: nos 200 anos do pensamento socialista, seria esse o seu pior momento?”. 

Leandro Konder vai à história. Ele recorda que na Alemanha, no finalzinho da década de 30, véspera da Segunda Guerra, judeus e comunistas eram caçados por brigadas nazistas como animais pelas ruas de Berlim. Esse quadro de desalento para os que sonhavam com o socialismo inspirou Bertold Brecht a escrever “Aos Vacilantes”. A poesia se refere à atitude dos socialistas em momentos de agudas dificuldades. “(...) Precisamos ter sorte?/É o que você pergunta/Mas não espere resposta a não ser de você mesmo”, diz o trecho final do texto do dramaturgo alemão. A tradução para o português foi feita pelo próprio Konder. 

Ao invocar as trevas do nazismo, o cenário de horror que inspirou Brecht, o filósofo propõe uma reflexão sobre o histórico de adversidades que tem marcado a vida do socialismo como corrente de pensamento e modelo de sociedade no curso da história. Leandro Konder diz, então, que a realidade impõe enormes desafios para os socialistas. Mas não se trata de batalha perdida. “O capitalismo levou 500 anos para funcionar como funciona hoje “, ele diz. “O socialismo só tem 200 anos, desde a primeira vez que assim se conceituou, com os utópicos na França, no século XVIII”. 

Perto do capitalismo, o socialismo está no início de sua construção histórica. “O socialismo tem o futuro”, diz Leandro Konder, o filósofo marxista que nos deixou na quarta-feira 12 – aos 78 anos.

 
14111772BFoto: Internet‘Tenho uma confissão a fazer: noventa por cento do que escrevo é invenção. Só dez por cento é mentira’
Manoel de Barros, no documentário “Só Dez Por Cento é Mentira”. O poeta morreu aos 97 anos, na quinta-feira, 13 de novembro.

MTST arranca compromisso do governo federal

Ocupação em São Gonçalo é encerrada com vitória política

Dezenas de famílias que faziam parte da ocupação “Zumbi dos Palmares”, na periferia de São Gonçalo, deixaram o local no último dia 12. Uma discutível decisão do Judiciário garantiu a reintegração de posse de um terreno abandonado há décadas. Apesar disso, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) conseguiu arrancar, da prefeitura local e do governo federal, um termo de compromisso para construção de mil casas dentro do programa Minha Casa, Minha Vida, modalidade “entidades”.

Este pedaço do programa federal foi criado em 2009, com o objetivo de tornar a moradia acessível às famílias organizadas por meio de cooperativas habitacionais, associações e demais entidades vinculadas ao movimento social, como o MTST: “Trata-se de uma imensa vitória e um fato político muito importante para o Rio de Janeiro. O MTST seguirá organizado e nas ruas, incansável na luta pelo poder popular!”, afirmou o movimento, em sua página na internet.

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