Atividade da greve estudantil cobra finalização das obras de infraestrutura
Samantha Su. Estagiária e Redação
Na atividade chamada “Quem entrou quer ter lugar” da greve estudantil da UFRJ realizada dia 17 no Fundão, o segmento criticou a expansão desordenada dentro do programa governamental Reuni, quando muitos dos cursos novos foram criados.
“Os alunos precisam de estabilidade no ensino. A gente não quer essa modernidade abstrata do curso multiunidades, a gente quer sala de aula, professores próprios por concurso público e assistência estudantil de qualidade”, desabafou Jéssica Cerqueira, do curso de Relações Internacionais.
Dentre as obras reclamadas pelos alunos, está um novo prédio para o Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas, prometido para ser entregue em 2013, e ainda no esqueleto. Segundo os estudantes do curso de Gestão Pública para o Desenvolvimento Econômico Social (GPDES), a reitoria informou que as obras do CCJE já foram retomadas, mas, enquanto isso, o curso funciona em contêineres sem infraestrutura adequada. A conclusão, várias vezes adiada, das novas residências estudantis, além da reforma do alojamento atual, também foi lembrada.
Marcaram presença, ainda, representantes dos cursos de Biblioteconomia, Ciências Contábeis, Defesa e Gestão Estratégica Internacional: todos funcionam hoje no prédio da Letras.
Técnicos vão manter pagamento das bolsas estudantis
Durante a atividade, os técnicos-administrativos declararam apoio à mobilização estudantil. A representação do comando dos técnicos também informou ter sido criada uma comissão especial para atuar na Pró-reitoria de Pessoal e na Pró-reitoria de Governança com a finalidade de garantir o pagamento das bolsas estudantis e os repasses às empresas terceirizadas. O ato, iniciado na reitoria, terminou com um sarau nos jardins da Faculdade de Letras.
Dois anos do levante
Este domingo, 20 de junho de 2015, celebra a memória da maior manifestação popular tendo o Rio como cenário, desde o movimento Diretas Já, em 1984. Foi o auge aqui nesta cidade da explosão social que alcançou o Brasil no outono/inverno de 2013. Os números não são precisos, mas, na tarde daquela quinta-feira, não menos do que 500 mil pessoas foram às ruas, enfrentando violenta repressão policial. As previsões mais otimistas que apontavam “os levantes de junho” (assim o fenômeno foi registrado) como um novo marco do movimento de massas e certeiros desdobramentos na conjuntura não se confirmaram. Veja parte do balanço feito, então, pelo Jornal da Adufrj acerca dos protestos.
"(...) tudo começou com o protesto contra o aumento das passagens. Mas logo as manifestações se espalharam país afora, erguendo pautas múltiplas e ganhando fôlego de levante popular. Investimentos em saúde, educação, melhoria dos serviços públicos, mobilidade urbana emergiam como reivindicações nos cartazes. Os gastos superfaturados com a Copa, a violência da polícia e suas ações de extermínio nas periferias, tudo isso fez ferver o caldeirão político numa dimensão impensável poucas semanas antes. A esquerda tradicional foi pega de surpresa, mas logo se incorporou às lutas – até porque, na essência, as bandeiras nas ruas sempre foram erguidas pelas forças identificadas com as lutas populares. Já os setores reacionários procuraram surfar nas ondas dos protestos – com a poderosa ação política da mídia – para contrabandear sua agenda. O professor da UFRJ Mauro Iasi (que escreveu um dos artigos de livro editado pela Boitempo em busca de interpretação para o fenômeno dos protestos) observou que as múltiplas pautas trazidas às ruas são bloqueadas pela política econômica do governo, com os gastos astronômicos destinados ao financiamento dos juros da dívida pública."
Na audiência, Andes-SN vai cobrar, ainda, informações sobre o corte orçamentário sofrido pela pasta
Docentes já paralisaram em 35 IFES
Com a intensificação da greve entre os docentes federais, que já contava com a adesão de 35 instituições até o fechamento desta edição (em 22/6), a Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC) agendou para esta terça-feira (23), às 14h, em Brasília (DF), uma reunião com o Andes-SN. Na pauta, está a discussão das reivindicações dos docentes federais, em greve desde 28 de maio por conta da negativa do governo em negociar com a categoria.
Na última reunião entre Sindicato Nacional e o Ministro da Educação em exercício, Luiz Cláudio Costa, em 22 de maio, os docentes apresentaram, mais uma vez, a pauta da categoria, que inclui: a defesa do caráter público da universidade, melhores condições de trabalho, garantia de autonomia, reestruturação da carreira e valorização salarial de ativos e aposentados. Os representantes do MEC, novamente, não apresentaram respostas, e ainda voltaram atrás em relação ao acordo assinado entre a SeSU/MEC e o Andes-SN em abril de 2014, referente aos conceitos iniciais para reestruturação da carreira.
Paulo Rizzo, presidente do Andes-SN, ressalta que, como o governo segue sem negociar com os docentes federais, é fundamental a manutenção e o fortalecimento da greve. “Todas as reuniões anteriores não apresentaram propostas e esperamos que o governo responda às nossas reivindicações. Depois dessa reunião, teremos que avaliar se houve avanços ou não, e qual a forma de dar continuidade ao movimento”, afirmou Rizzo.
O presidente do Andes-SN explicou que a SeSU/MEC tinha ficado responsável por marcar nova reunião, duas semanas após aquela realizada em 22 de maio. No entanto, como o Sindicato Nacional não foi convocado, enviou ofício cobrando a audiência: recebeu como resposta o agendamento para o dia 23 de junho.
A expectativa de Rizzo para a reunião é saber se o MEC dará autorização para a Secretaria de Ensino Superior negociar com os docentes federais. “Na reunião que o Sinasefe teve com o ministro da Educação, lhes foi dito que a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) estava autorizada a negociar com o sindicato, mas apenas questões que não trouxessem impactos orçamentários. O que nós vamos saber na reunião com a SeSU é se há autorização ou não de disponibilização de recursos por parte do MEC para responder à nossa pauta”, disse o presidente do Andes-SN.
Em relação aos cortes orçamentários, que recentemente retiraram R$ 9,4 bilhões da educação, Paulo Rizzo espera que o MEC apresente publicamente as informações sobre os programas e investimentos afetados. “Nós já estamos vendo, na prática, os problemas decorrentes dos cortes na educação — em programas como o Parfor (de formação de professores) e no corte das bolsas estudantis, por exemplo —, mas vamos cobrar do MEC que torne público exatamente onde são os cortes que afetam a educação brasileira”, disse Rizzo. (Fonte: Andes-SN. Edição: Adufrj-SSind)
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BATEPRONTO/Greve docente
MARINALVA OLIVEIRA/1ª vice-presidente do Andes-SN
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