Em assembleia realizada no auditório do CT-2, na Cidade Universitária, a Diretoria e o Conselho de Representantes da Adufrj-SSind tomaram posse para o mandato 2015-2017. A nova presidente da entidade, professora Tatiana Roque, deixou claro que o mandato terá duas grandes prioridades: ampliar a comunicação da entidade (para o público interno à universidade e para a sociedade, de modo geral); e construir as pautas de reivindicação da forma mais democrática possível: "Sem os docentes, sindicalizados ou não, a Adufrj não existe, não adianta renovar somente a diretoria. Nosso corpo docente é constituído de gente que entende perfeitamente a missão da UFRJ e está disposto a se engajar na luta por uma universidade melhor. Juntos, vamos buscar os caminhos”, disse Tatiana.
Confira o vídeo com o discurso da presidente Tatiana Roque
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Lutas do início ao fim
O presente encarte faz o esforço de resumir, em algumas páginas, a atuação da diretoria da gestão 2013/2015 em dois anos particularmente difíceis para a universidade, seus trabalhadores e estudantes. Foi em meados de 2014 que o governo Dilma e o Congresso Nacional aprovaram um PNE de viés privatizante. Some-se a isso um recente ajuste fiscal que cortou os já insuficientes recursos para Educação e Saúde, além de servir como justificativa para mais ataques aos direitos dos servidores. A conjuntura adversa, porém, encontrou na Adufrj-SSind militantes dispostos a enfrentar todos os obstáculos.
PELA LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO
Ainda ecoavam as Jornadas de Junho, quando a chapa Adufrj de Luta e Pela Base assumiu o mandato do biênio 2013/2015 em 16 de outubro daquele primeiro ano. Já a mudança da data da posse (normalmente em 15/10, Dia do Professor) guardou um significado todo especial: uma vez que, no dia 15, haveria uma manifestação a favor dos educadores da rede municipal em greve, os antigos e novos diretores promoveram o breve adiamento da posse para participar do ato, no Centro do Rio.
Logo depois, a recém-empossada diretoria divulgava nota de repúdio às prisões arbitrárias de manifestantes daquele dia 15, uma luta que se tornaria comum ao longo do mandato, que ultrapassou o turbulento período da Copa do Mundo. Em 23 de outubro de 2013 (foto), ao lado do DCE, do Sintufrj e da direção do IFCS, a Adufrj-SSind realizou um ato pela liberdade de manifestação nas escadarias do prédio da universidade no Largo de São Francisco.
“A prisão política, a intimidação, o assédio e a negação ao direito de greve não podem ser naturalizados e as manifestações em favor da conquista e ampliações de direitos sociais devem ser reconhecidas como pilares de construção de uma sociedade radicalmente democrática. Todo apoio à luta dos trabalhadores brasileiros!”, diria uma nota da diretoria, em junho de 2014.
MEMÓRIA, VERDADE E JUSTIÇA
A primeira parte do mandato coincidiu com a “descomemoração” de 50 anos do golpe de 1964. A direção da Adufrj-SSind prestou todo o apoio possível à recentemente instalada Comissão da Memória e Verdade da UFRJ (em julho de 2013), noticiando suas atividades.
Na ocasião, também foram organizados atos de descomemoração do Golpe (em 31/03 na FND e em 8/04 no CCS) com homenagem aos docentes e alunos mortos e desaparecidos da UFRJ. Um dos outdoors da Adufrj-SSind também criticou a ditadura.
Uma Assembleia Geral da categoria aprovou, por unanimidade, a proposta de cassação do título concedido ao ex-ditador Emílio Garrastazu Médici, na UFRJ, em 1972. A iniciativa foi levada ao Conselho Universitário, mas ainda não foi pautada naquele colegiado.
Em 2014, com o apoio da Adufrj-SSind, a Regional RJ do Andes-SN realizou seminário Regional Sul/Sudeste da Comissão da Verdade do Andes-SN. A atividade, que contou com relatos de tortura de professoras universitárias, chocou os participantes. O encontro aconteceu na Praia Vermelha.
CONTRA O PNE PRIVATISTA
Também ganhou corpo, neste período, a luta contra o PNE do governo/Congresso, de viés privatizante, aprovado em meados de 2014.
Em reação, os estudantes e trabalhadores do setor realizaram um Encontro Nacional de Educação (foto), no Rio de Janeiro, com apoio da Adufrj-SSind, entre 8 e 10 de agosto daquele mesmo ano. Pela primeira vez, desde 1996, quando foi criado o Plano Nacional da Educação – Proposta da Sociedade Brasileira, os movimentos autônomos que defendem a educação pública e gratuita de todo o Brasil voltaram a se reunir. Antes, foi realizada a etapa estadual do encontro, como forma de preparação para o evento nacional. A Adufrj-SSind foi uma das entidades organizadoras.
A Carta do Rio de Janeiro, aprovada por aclamação no encerramento do ENE, destaca a premência de se garantir que o financiamento público se destine exclusivamente às instituições públicas. Representações internacionais participaram do evento. “Há muito tempo, não conseguíamos reunir tantas pessoas num evento com uma agenda organizada”, festejou o presidente da Adufrj-SSind, Cláudio Ribeiro. “A reorganização da classe trabalhadora é necessária e começa agora. Ela não se encerra na educação, mas começa a partir dela na direção de conquistas muito mais amplas”.
RECEPÇÃO A NOVOS PROFESSORES
A diretoria do biênio 2013/2015 deu continuidade a uma prática da gestão anterior: nas cerimônias de recepção organizadas pela Pró-reitoria de Pessoal, a Adufrj-SSind solicitava a palavra para felicitar os recém-concursados e informá-los sobre os problemas da universidade e da categoria.
Campanha de filiação
Esclarecimentos sobre previdência complementar, aposentadoria, direitos no estágio probatório eram alguns dos temas abordados pelos diretores da Seção Sindical, que também faziam campanha de filiação à entidade. Assim, a Adufrj-SSind marcou presença em todas as cerimônias de posse ocorridas no período.
PROGRESSÃO NA CARREIRA
No Consuni, a Seção Sindical participou ativamente do debate de regulamentação interna a cada universidade da lei das carreiras. A entidade promoveu debates, dialogou com a reitoria e manifestou-se durante as sessões com o objetivo de alcançar as regras mais justas para todos os professores de todas as áreas do conhecimento. A iniciativa da Seção Sindical garantiu a realização do amplo debate. A organização dos professores por meio da Adufrj-SSind impediu que a progressão para professor Associado fosse exclusiva aos docentes participantes de programas de pós-graduação stricto sensu.
Uma das atividades de mobilização para o tema foi a realização do Seminário “Carreira Docente e Políticas para Educação”, em 17 de maio de 2014 (foto). O encontro, realizado pela Adufrj-SSind na Casa da Ciência, reuniu professores e estudantes (representando o DCE e a APG) que, por cerca de quatro horas, debateram as propostas de regulamentação interna à UFRJ de progressão e promoção nas carreiras do magistério federal e o Plano Nacional de Educação (PNE), à época ainda em tramitação no Congresso.
Acidente no CCS levanta questões sobre segurança
Laboratórios não informam à decania quais produtos químicos são manipulados nas dependências do Centro
Vazamento de substância tóxica levou à suspensão das aulas
Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
A descoberta de um vazamento de substância tóxica provocou a suspensão das aulas no Centro de Ciências da Saúde por dois dias (5/10 e 6/10). De acordo com a decana do Centro, Maria Fernanda Quintela, três estudantes encontraram na quinta-feira (1º) uma ampola de bromo de 10 ml rompida na porta de um refrigerador no Laboratório de Avaliação e Síntese de Substâncias Bioativas (LASSBio), no subsolo do bloco B do edifício. “O vazamento foi de aproximadamente 3 ml”, conta.
Maria Fernanda relata que o grupo buscou ajuda imediata da Coordenação de Biossegurança do CCS. “Eles seguiram o protocolo, vedando a ampola em capela de exaustão e a geladeira”. A decania, contudo, foi notificada apenas no dia seguinte, “Como soubemos na sexta-feira fim do dia, só pudemos chamar a empresa para descontaminação na segunda-feira”.
Com apoio do Conselho de Centro e demais decanias que utilizam o prédio (como CT e CCMN), as aulas no Centro foram interrompidas na segunda-feira, 5, durante os trabalhos da empresa especializada na descontaminação da substância, e no dia seguinte (terça-feira, 6) — o bloco B, onde fica o LASSBio, foi interditado. “Por ser uma substância altamente mutagênica e volátil, tomamos a decisão de suspender as aulas”.
Maria Fernanda relatou que, ainda na sexta-feira, profissionais especializados do Grupamento de Operações com Produtos Perigosos (GOPP) do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) compareceram ao local, a pedido do responsável pelo laboratório, ratificando os procedimentos emergenciais.
Doze alunas atendidas no HU
Durante a sessão do Conselho Universitário do dia 8, Maria Fernanda reafirmou as medidas como “preventivas” e de “responsabilidade com o coletivo”. A docente informou ainda que 12 alunas manifestaram sintomas de possível contaminação como “diarreia, náusea e vômito”. Segundo a decana, todas foram atendidas pelo HUCFF para exames e farão amostragem de bromo para verificar presença da substância no organismo. O teste, realizado apenas por um laboratório privado, será custeado pela universidade.
Mas assembleias rejeitam proposta do governo
Os docentes federais em greve das Instituições Federais de Ensino (IFE) aprovaram a saída unificada da greve nacional entre 13 e 16 de outubro, segundo comunicado (n° 45) divulgado dia 9 pelo Comando Nacional de Greve (CNG) do Andes-SN.
Segundo o presidente do Sindicato Nacional, Paulo Rizzo, os docentes construíram uma greve forte ao longo desse período, mesmo com as dificuldades da atual conjuntura, com o governo federal adotando medidas de ajuste fiscal, retirando direitos dos trabalhadores e apresentando propostas antagônicas ao projeto de educação pública defendido pelo Andes-SN.
Além da aprovação da saída unificada da greve, por ampla maioria, as assembleias realizadas nas bases entre 6 a 8 de outubro, rejeitaram a proposta da Secretaria de Relações de Trabalho do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (SRT/MPOG) de reestruturação das tabelas salariais com o índice de reajuste de 10,8%, parcelado em dois anos (5,5% em agosto de 2016 e 5% em janeiro de 2017).
De acordo com Rizzo, o entendimento das assembleias é que a proposta não recompõe as perdas inflacionárias do período, não considera as perdas salariais passadas, caracteriza-se como uma política de confisco salarial e não responde à pauta específica da greve dos docentes federais. Ele destacou o papel fundamental da unidade entre os servidores públicos federais, construída no Fórum dos SPF, que fez com que o governo recuasse da sua posição inicial de reajuste zero e ainda do reajuste parcelado em quatro anos.
Paulo Rizzo ressalta que a greve deixou evidente, após a campanha “Abre as Contas Reitor (a)!”, a inviabilidade de algumas universidades em concluir o ano letivo.
Rizzo explica que o próximo passo é partir para um novo patamar de luta. “Mesmo com a saída unificada da greve nacional, no período de 13 a 16 de outubro, nós continuaremos buscando uma negociação com o governo federal e manteremos a mobilização da categoria. Levaremos ao governo o posicionamento das assembleias”. (Fonte: Andes-SN. Edição: Adufrj-SSind)
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