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“Acabar com o Pibid agora é um crime contra a educação”

Esta é a avaliação do coordenador institucional do programa na UFRJ, professor Joaquim Fernandes Mendes da Silva

Silvana Sá
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Com a ameaça da Capes de cortar o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), a comunidade acadêmica e científica de todo o país se uniu em defesa do projeto. O anúncio ocorreu em fevereiro. A mobilização gerou frutos e agora, além do anúncio de que não haverá cortes neste momento, uma comissão foi formada para discutir com as universidades o futuro da iniciativa.

A Comissão de Educação do Senado organizou uma audiência pública no dia 24 de fevereiro envolvendo o Fórum Nacional dos Coordenadores Institucionais do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Forpibid) e a Capes. A Andifes também ajudou a pressionar a agência de fomento e o MEC pela manutenção do programa: “Assim que tivemos conhecimento dos cortes, nós procuramos o reitor Roberto Leher e as pró-reitorias, principalmente a PR-1. O professor se dispôs a nos ajudar e se prontificou a levar a questão à Andifes. Foi um peso político muito importante. Então, o MEC, percebendo a força do projeto, retrocedeu”, contou o coordenador institucional do Pibid na UFRJ, professor Joaquim Fernandes Mendes da Silva.

Na semana passada, já houve uma primeira reunião do Grupo de Trabalho criado na audiência pública. “Dele participam o MEC, o Forpibid e alguns parlamentares. Nesta reunião, o MEC se comprometeu a não cortar nenhuma bolsa. Mas isso ainda não está no papel. Permanece a necessidade de mobilização”, alerta o docente.

Prejuízos grandes

Se o plano inicial fosse levado a cabo, segundo a Capes, cerca de 50% das bolsas seriam cortadas no Brasil, mas na UFRJ, esse número seria ainda maior: “O critério foi cortar as bolsas de iniciação à docência que completassem 24 meses. Ou seja, os alunos que entraram no programa assim que foi lançado o edital 2013, que passou a vigorar em 2014, seriam punidos. Em muitos subprojetos tivemos uma alta taxa de permanência. Seriam cortes enormes, muito acima de 50%”, disse Joaquim.

Além do efeito nocivo de redução no programa, o docente destaca que, na prática, os danos seriam muito maiores. “Cortar bolsas implica também pensarmos o quanto deixaríamos de crescer. No período 2011-2013, éramos em torno de sete a nove subprojetos. Hoje, somos 16. A gente precisa crescer mais. Abarcar as licenciaturas que não estão no projeto e fortalecer as que já estão incluídas. E era essa a indicação da Capes em 2014. A Capes assinou um termo de compromisso, com as universidades e as instituições de ensino superior, de quatro anos. Ela não pode simplesmente cortar um programa no meio do caminho”.

Estrutura

Hoje, a universidade possui no programa cerca de 250 bolsistas de iniciação à docência, que são alunos de licenciatura. Há, ainda, 35 bolsistas supervisores, que são professores das escolas públicas conveniadas com a UFRJ. Os coordenadores de área, professores da universidade que atuam na orientação dos bolsistas e dos supervisores em cada área, completam o quadro. “Aqui na UFRJ são 16 subprojetos (História, Geografia, Química Rio, Química Macaé e assim por diante). Dependendo do tamanho desse subprojeto, temos dois coordenadores”, detalhou o docente.

Trinta escolas são alcançadas pelo programa, com um alcance que vai de Angra dos Reis (já que os estudantes do ensino a distância – Licenciaturas em Biologia e Química – também fazem parte do Pibid) até Macaé, incluindo, claro, a Região Metropolitana do Rio. “É uma abrangência muito boa para um projeto relativamente pequeno como é o da UFRJ”, disse.

Foco na formação

De acordo com o coordenador institucional, o Pibid trabalha o licenciando. “O grande foco é a formação desse futuro professor de uma forma diferenciada. Esse bolsista não vai para a escola para substituir professor ou para dar reforço. Ele vai para desenvolver projetos pedagógicos inovadores. Então eles criam clubes de ciências, clubes de leitura, enfim, são diversas atividades. Trabalham a criação do conhecimento. Eles vão para buscar novas pedagogias e novas formas de trabalhar a escola. Além de entrarem em contato com a dinâmica escolar, entender aquela comunidade escolar, a relação professor-aluno; eles vivenciam a escola de forma muito ativa. Muito mais ativa que num estágio supervisionado, inclusive em termos de tempo. No estágio, são 300 horas na escola. No Pibid, dependendo do momento do curso em que o aluno ingresse, ele consegue uma vivência de três, quatro anos. É uma experiência gigantesca”, defende.

Além de terem a formação pedagógica e de conteúdo, o docente acredita na importância de tornar os futuros professores cidadãos críticos. “A gente preza muito a formação teórica desse futuro professor. Compreender as questões fundamentais da educação, entender sobre as políticas públicas no Brasil relacionadas à educação. É um amadurecimento dele como professor por completo. Eles se tornam críticos, participantes, criadores”.

Efeito multiplicador

Joaquim Fernandes acredita que a formação diferenciada desses jovens professores impacta diretamente na melhora da educação básica no país. “O Pibid gera um efeito multiplicador. Acabar com o Pibid agora é um crime contra a educação. Nós temos realmente que nos mobilizar e não deixar isso acontecer em hipótese alguma. Mesmo os professores que não atuam com licenciaturas, que não atuam com formação docente, precisam entrar nessa briga, porque isto não é uma questão das licenciaturas, é da UFRJ como um todo”.

 

Pibid vive “asfixia”

Antes do anúncio formal dos cortes, e mesmo após a suspensão dos cortes, a Capes mantém travado o sistema que rege as bolsas do programa. “A gente não consegue incluir novos bolsistas e nem excluir ou substituir bolsistas. Já tivemos dez alunos. Hoje, temos seis por conta desses problemas no sistema. Há pessoas inseridas nos projetos que estão desde fevereiro como voluntárias e não conseguimos cadastrá-las para que recebam bolsas”, critica o professor Teo Bueno, um dos coordenadores da área de Biologia do Pibid no campus Macaé da UFRJ.

Ele acredita que os cortes anunciados e, antes, os problemas no sistema foram formas de “asfixiar” o programa: “Se você congela bolsas, se você reduz o programa à metade, a tendência é esse programa deixar de existir com o tempo. É claro que o Pibid pode e deve ser revisto quanto aos seus resultados, mas isto precisa ser feito com a participação da Academia. Há muitas especificidades”.

Diante das ameaças, professores e alunos do campus mobilizaram-se fortemente em defesa do programa. Eles realizaram atividades no Barreto, um dos polos que compõem o campus de Macaé. “Fizemos oficinas com o mote ‘Fica, Pibid’. Esta atividade foi uma maneira de informar sobre as ameaças ao programa, conscientizar e mobilizar”, contou Bueno.

A diretoria da Adufrj convida todos os professores e todas as professoras para uma plenária sobre as forças em jogo neste momento da política brasileira. Decifrar o que está acontecendo é uma tarefa coletiva. Venha contribuir!

O debate terá a duração de duas horas, com intervenções breves, para que todos se sintam motivados a participar.

 

 

Informações foram prestadas no primeiro Consuni do ano, que também aprovou moção de apoio à Faperj

Samantha Su

No dia 25 de fevereiro, durante o primeiro Conselho Universitário (Consuni) do ano, o reitor Roberto Leher comunicou os contingenciamentos governamentais nas políticas educacionais: cortes de aproximadamente 10% são esperados na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para este ano, por exemplo. O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) será reestruturado. O “Ciência Sem Fronteiras”, programa do governo federal de fomento à ciência e tecnologia a partir de intercâmbio internacional, também não deve abrir novas vagas em 2016. Universidades federais estão sendo chamadas a discutir seus planos de obras para o ano.

As informações vieram de reunião do Conselho Pleno da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), na véspera do Consuni, com o presidente da Capes, Carlos Nobre, e o secretário-executivo do MEC, Luiz Cláudio Costa. De acordo com Leher, é importante ressaltar que o contingenciamento leva em conta uma difícil aprovação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) no Congresso Nacional — ou seja, a situação pode ficar ainda pior. Contudo, a UFRJ já deve se preparar para mapear seus projetos de iniciação à docência e negociar a situação com o governo federal.

Apoio à Faperj

O Consuni também aprovou uma moção que fundiu nota da Associação de Pós-Graduandos (APG) da UFRJ com texto do professor Bruno Souza de Paula (representante dos Adjuntos do CCMN) contra a redução de 50% do orçamento da Fundação de Amparo à Pesquisa (Faperj) proposta pela Emenda Constitucional nº 19, de autoria do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB). Diversos setores da comunidade científica do Rio de Janeiro mobilizam-se contra a PEC, que tramita na Assembleia Legislativa do estado (Alerj). Haverá uma audiência pública sobre o tema na comissão de Educação daquela casa em 9 de março, às 10h. A Adufrj vai marcar presença e conclama os professores da universidade a prestigiarem a atividade.

Instituto Politécnico de Cabo Frio

O reitor informou que se reuniu com a comunidade do Instituto Politécnico de Cabo Frio em 17 de fevereiro. As aulas estão paralisadas, pois os professores tutores estão com suas bolsas atrasadas. Leher prevê que, em dez dias, os docentes serão pagos e as atividades, normalizadas.

Segurança na FND

Estudantes e professores da Faculdade Nacional de Direito também pediram explicações à reitoria sobre a recomposição da segurança na unidade, que foi diminuída pela metade. O pró-reitor de Gestão e Governança, Ivan Carmo, afirmou que deslocaria seguranças de um posto do ex-Canecão para a faculdade. Ainda assim, a situação só deve ser resolvida após 6 de março, quando a universidade espera receber mais recursos do Ministério da Educação.

Novos representantes

No colegiado, os técnico-administrativos reivindicaram, mais uma vez, um desfecho para as eleições da categoria aos conselhos deliberativos da UFRJ. Após a votação, realizada em abril do ano passado, duas das três chapas concorrentes resolveram recorrer ao Consuni e à reitoria para organizar novo pleito. O reitor afirmou que se reuniria com o Sintufrj em busca de uma solução para o caso.

O Consuni também aprovou uma modificação na sua Comissão de Ensino e Títulos (CET), com a substituição da professora Ivete Pomarico do Centro de Ciências da Saúde (CCS) pelo professor José Leite Lopes, do Fórum de Ciência e Cultura, em uma eleição contra a professora Débora Foguel (representante dos Titulares do CCS), que foi decidida pelo voto de minerva do reitor, após empate em 16 a 16."

Além disso, foram escolhidos os representantes da UFRJ do Conselho Curador da Fundação Universitária José Bonifácio: o professor Carlos Terra, da Escola de Belas Artes (EBA) será o titular; o professor Fernando Luiz Bastos Ribeiro (decano do CT), suplente. 

Waldeck Carneiro, professor da UFF e integrante da Comissão de Educação da Alerj, fala da importância da audiência pública do próximo dia 9

Silvana Sá

No dia 9 de março, uma audiência pública organizada pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) discutirá o futuro da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa (Faperj). Atualização em 06/03: A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) divulgou, em seu perfil oficial no Facebook, que foi transferida do dia 9 para 16 de março a audiência pública da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). A atividade tem o objetivo de discutir a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do governo do estado que reduz o orçamento da Faperj em 50%. O local e o horário foram mantidos: às 10h, no Palácio Tiradentes – sala 316.


Integrante da comissão, o deputado estadual Waldeck Carneiro (PT) considera que a Proposta de Emenda Constitucional nº 19/2016 enviada pelo governo do estado à Alerj – que propõe redução de 50% dos repasses do estado à Faperj até 2018 – não representa simplesmente a crise da fundação. “Esta é uma crise que atinge o ensino superior do estado, a formação de quadros e, consequentemente, também o investimento em pesquisa e desenvolvimento tecnológico. E, muito além disso, é uma crise da governança do estado”.

De acordo com Waldeck Carneiro, o Rio de Janeiro se encontra em situação “pré-falimentar” principalmente pela opção de gestão realizada pela administração estadual. “Uma opção que vem se prolongando há muitos anos no Rio de Janeiro, em relação a isenções fiscais de grande monta e, a meu ver, praticadas com pouco critério e de forma temerária para o equilíbrio das finanças públicas estaduais”, declarou. Segundo o deputado, “os graves problemas relacionados ao arranjo produtivo do petróleo, que afetam o Rio de Janeiro drasticamente”, seriam apenas uma das pontas do nó nas contas públicas. Outra explicação para o colapso financeiro do estado estaria na escolha pela transferência de dinheiro público para a iniciativa privada por meio das terceirizações.

Apoio da sociedade

Waldeck Carneiro, que é professor da UFF, alerta para a correlação de forças na Assembleia Legislativa em torno do tema e pede apoio da sociedade. “Eu tenho clareza da posição de alguns deputados que são contrários à redução dos recursos da Faperj, mas não sei se isso forma maioria no plenário da Assembleia. Portanto, é preciso avançar na mobilização por parte da sociedade. Eu acho que os pesquisadores, as instituições, bolsistas de iniciação científica, bolsistas de mestrado, bolsistas de doutorado, bolsistas das diferentes modalidades de fomento apoiados pela fundação devem se mobilizar e se organizar”.

A mobilização da sociedade, para o deputado, ajudará a pressionar o parlamento estadual. “É preciso reconhecer a especificidade da Faperj, a sua importância estratégica no desenvolvimento do nosso estado, na formação de pesquisadores, no processo de produção do conhecimento, de sua socialização, na produção de inovação tecnológica. E aqui quem fala não é apenas um deputado. Aqui quem fala é um professor universitário, um pesquisador, alguém que já teve bolsa da Faperj e foi parecerista da Faperj”.

Audiência será na sala 316

O deputado afirma que pressionará a Comissão de Ciência e Tecnologia da Alerj também em defesa da Faperj e contra a PEC do governador. A audiência do dia 9, quarta-feira, será realizada na sala 316 da Alerj, às 10h.

Audiência no dia 9 é passo importante em defesa da Faperj

Reunião está marcada para a sala 316 da Alerj

Uma audiência pública no dia 9 de março, quarta-feira, às 10h, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) visa defender a pesquisa científica fluminense. A comissão de Educação daquela Casa organizou a atividade para discutir a situação da Faperj, ameaçada por um projeto do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB): a Proposta de Emenda Constitucional nº 19/2016 reduz o orçamento da Fundação à metade.

O presidente da comissão de Educação da Alerj, Comte Bittencourt, é do PPS, partido da base do governo. Porém, considera errada a estratégia de reduzir os recursos da pesquisa em um contexto de crise do estado, cuja economia é muito dependente da exploração do petróleo: “Não há como buscar construir um modelo alternativo à dependência do petróleo que não considere a inovação”, disse, em pronunciamento no plenário daquela casa legislativa, no dia 23 de fevereiro. “Esvaziar os recursos da Faperj é seguramente empobrecer a capacidade daquela agência de fomento, da nossa única agência de fomento, alimentar e induzir as universidades e os centros de pesquisa do estado do Rio de Janeiro, justamente para encontrar alternativas ao mundo do petróleo”, completou.
 

Atividade será na sala 316

O cenário da audiência será a sala 316 da Alerj, com capacidade para 30 a 50 pessoas, informou a assessoria da comissão de Educação. Representantes da Faperj e das instituições científicas estaduais serão convidados formalmente. É preciso apresentar uma identificação para passar pela segurança. Se muitas pessoas comparecerem, a assessoria observa que deverá haver entendimento entre os presentes para que o máximo de entidades possa participar da reunião — o plenário da Alerj já possui programação.

A diretoria da Adufrj chama os professores da UFRJ a comparecer a esta atividade. Mesmo que nem todos consigam entrar na sala, uma presença expressiva sinalizará às autoridades do estado a disposição da comunidade acadêmica em defesa da Faperj.
 

Bolsista prioriza luta contra desmonte da agência

Bolsista de treinamento e capacitação técnica da Faperj, Gabriel Souza Bastos busca mobilizar os colegas para a audiência. Pelas redes sociais, ele articulava uma reunião preparatória no IFCS-UFRJ, na noite deste 1º de março (data de fechamento deste boletim). Um trabalho que, reconhece, ainda está na fase inicial.

Ele teria apenas mais uma bolsa a receber, cujo pagamento está atrasado, pela participação na pesquisa “Conflitos e Repressão no Campo”, que subsidia os trabalhos da Comissão Estadual da Verdade. Mas deixa claro que, para além da questão pessoal, a defesa do orçamento da fundação de amparo à pesquisa no estado é a prioridade: “Temos de lutar para evitar o desmonte da Faperj. Se, hoje em dia, já temos uma série de problemas, imagine com 50% a menos”, afirmou. 

Gabriel critica o argumento do governo de jogar a responsabilidade dos cortes na crise econômica, uma vez que, há poucos dias, o governo queria isentar a concessionária Light do ICMS em R$ 170 milhões para fornecimento de energia aos Jogos Olímpicos deste ano. A isenção aprovada na Alerj caiu para R$ 85 milhões — para efeito de comparação, o orçamento anual da Faperj não chega a R$ 500 milhões.

Segundo ele, para além dos bolsistas, o tema interessa a graduandos, pós-graduandos, professores e pesquisadores do Rio: “É tremendamente importante lotar a Alerj no dia 9 para atrair a atenção da opinião pública para a defesa da Faperj”, disse.

Veja também: Governador tenta acelerar corte na Faperj

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