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Fisioterapia no limite

Comunidade solicita intervenção do MEC para recuperação do curso

Elisa Monteiro
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Professores da Fisioterapia vão entregar ao Ministério da Educação um documento que solicita a suspensão do ingresso de novos alunos no curso para 2017. A avaliação é que se esgotaram as possibilidades de melhoria das condições de trabalho e estudo junto às instâncias internas da UFRJ.

De acordo com Sara Menezes, chefe do Departamento, o objetivo do fechamento temporário seria reequipar o curso e equilibrar a relação docente/discente: “A maioria das federais abre 30 vagas por semestre (60 por ano). A UFRJ é a única onde entram 44 (88 por ano). A (Universidade) Federal de São Carlos, a mais bem avaliada em Fisioterapia, recebe 30 por ano. A relação professor/aluno deles é quase um para um”.  

Ela relata que, atualmente, a Fisioterapia conta com 21 professores fisioterapeutas. A demanda é alcançar 48. Sara conta que o aumento de 10% da oferta de vagas para atender à Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) aumentou a tensão. O quadro se agrava a partir de 2012 quando o MEC estendeu a formação de quatro para cinco anos. “Simplesmente passamos a ter que oferecer mais seis disciplinas obrigatórias. E mais estágio. Precisamos fazer parceria com outros hospitais da rede pública”, conta.

Outra prioridade é a abertura imediata de laboratórios devidamente equipados para aulas práticas. “Com a demolição da perna seca do hospital (onde funciona o curso), nosso ambulatório foi interditado e as aulas, deslocadas para espaços cedidos por projetos, improvisados e temporários. Isso faz seis anos”, argumenta Sara.

A comunidade do curso reclama que faltam banheiros e bebedouros no andar ocupado pela Fisioterapia, no hospital. Os equipamentos, sem manutenção, estão deteriorados. Não há compra de aparelhos há cerca de uma década. Sem macas, estudantes trazem cangas e toalhas velhas de casa para fazer no chão os exercícios de atendimento.IMG 1948 site

Um dos mais fortes argumentos para interrupção na oferta de vagas é a queda de aproveitamento no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). “O curso, que já foi um dos melhores do país — o segundo mais disputado na UFRJ, atrás apenas da Medicina, em 2004 —, está despencado na sua pontuação em função do déficit de estrutura”. Segundo ela, no último ranking, a universidade ficou depois da sexagésima posição, sexta entre as federais. “A última nota que recebemos foi 3,07. Com 2,9, o curso é fechado. Estamos no limite”, disse.

Mais de cem estudantes participaram de um protesto do curso na quinta-feira, 13 (Dia do Fisioterapeuta).  “Não é mole não/Não ter maca e estudar no chão” era uma das músicas dos estudantes. “UFRJ/Olha para mim/Meu curso não pode ficar assim” era outra cantada com bastante animação.

Os estudantes sentem na pele os problemas. Stefanye Cardoso (18 anos) acaba de entrar no ciclo prático e está preocupada. Ela fala sobre a queda de expectativa de quem “entra para a melhor do Brasil e se choca com falta de estrutura mais básica”. Tailane Almeida concorda. Para ela, que entrou em 2013, à época, “a situação com falta de material já era complicada, mas foi declinando”.

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#PECdoFimdoMundo mobiliza UFRJ

Adufrj convida comunidade acadêmica para ato na Cinelândia, segunda-feira, 17, contra Proposta de Emenda Constitucional 241

Da Redação
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Segunda-feira, 17 de outubro, é um dia muito importante para a comunidade acadêmica da UFRJ. Organizados pela Adufrj, professores, servidores e estudantes ocuparão a Cinelândia contra a Proposta de Emenda à Constituição 241, que congela os gastos sociais por 20 anos. A proposta, que ganhou o apelido de “PEC do fim do mundo”, está prevista para ser votada em segundo turno, na Câmara, no dia 24. A atividade promete fazer barulho e mostrar à sociedade os prejuízos da medida para os serviços públicos. “Temos que ampliar o debate sobre a PEC para além dos muros da universidade”, explica a presidente da Adufrj, Tatiana Roque, sobre a importância da mobilização.

O ato está programado para as 17h. Antes, às 16h, haverá uma oficina de cartazes no local. A ideia da manifestação surgiu com a repercussão do tuitaço/facebookaço que mobilizou as redes sociais a partir de uma ação da Adufrj, com alcance nacional. A hashtag#PECdoFimdoMundo ficou em primeiro lugar nos trending topics no Twitter, no Brasil, por três horas. Do êxito da ação nas redes surgiu a proposta de protestos que estão programados para vários pontos do país.

A Adufrj também organiza a Campanha Brasil 2036, que tem a participação de outras entidades nacionais. Pelo site www.brasil2036.org.br, os internautas podem pressionar os parlamentares com mensagens diretas para que se posicionem contrários à PEC. O site também reúne análises, documentos e informações sobre os impactos da medida.

UFRJ é contra a PEC 241

O Conselho Universitário aprovou uma moção de repúdio à PEC 241, destacando o possível esvaziamento do quadro de servidores efetivos da UFRJ. Bruno Souza, representante dos Adjuntos do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, convidou todos a comparecerem ao ato organizado pela Adufrj: “É muito importante estarmos engajados no combate a essa PEC. Na segunda, às 17h, precisamos de toda a comunidade acadêmica somando forças”


Ainda dá tempo de derrotar o teto de gastos públicos


Texto e fotos: Elisa Monteiro

A comunidade da UFRJ mostrou que não vai se dar por vencida na batalha contra a proposta do governo que impõe um teto aos gastos públicos pelos próximos 20 anos. No dia seguinte à votação em primeiro turno da Proposta de Emenda à Constituição 241, na Câmara, os segmentos da universidade realizaram uma manifestação conjunta no campus da Praia Vermelha.

“A Emenda Constitucional não foi aprovada ainda. Ontem (10) foi apenas o primeiro turno na Câmara. Haverá mais um turno nela antes de ir para o Senado, onde começa um novo processo. Temos tempo ainda, portanto”, destacou o professor Jorge Ricardo Santos Gonçalves (da Faculdade de Educação): “O que a gente tem de fazer é reagir e deixar Temer com medo, porque ele já demonstrou que, com medo, recua”.

Pela Adufrj, a presidente Tatiana Roque avaliou que, para ampliar as alianças contra a PEC, a sociedade precisa ser informada dos impactos que Emenda causará à Educação: “A população tem uma visão muito positiva da pesquisa e da Educação. Essa é nossa principal riqueza”, argumentou. IMG 1859

O estudante Vitor Davidovich falou sobre a PEC com público que circulava nas imediações do campus: “Não é aceitável termos 20 anos de perdas nos serviços que mais atendem as pessoas. A mídia coloca essa PEC como uma coisa necessária (para a economia), mas a gente sabe que há dinheiro. O que falta é prioridade”.

Trabalhadores em alerta

Esteban Crescente (Sintufrj) sublinhou o impacto direto do teto de gastos nos servidores. Como exemplo, citou o “fim, na prática, da carreira com o bloqueio das progressões” em função do limite orçamentário.

As representantes dos funcionários terceirizados (Attufrj) deram destaque à preocupação com o desemprego. “Está na cara que esse ajuste vai agravar muito o desemprego. Se já tínhamos que enfrentar os atrasos (nos pagamentos de salários), o que essa PEC traz agora é ameaça de demissão”, disse Waldinéa Nascimento.

Angela Santi (Faculdade de Educação) reforçou a importância do envolvimento estudantil para ampliar o alcance da campanha contra o congelamento do investimento nas áreas sociais proposto por Temer: “É muito importante que os jovens, com a sua criatividade e protagonismo, potencializem esse resgate do espaço público”.

O ato atraiu, sobretudo, os estudantes do campus. Cerca de 50 jovens se reuniram em torno das explicações das entidades sobre a natureza, tramitação e riscos da proposta de ajuste fiscal de Temer. Com faixas e cartazes, o grupo fechou parcialmente o trânsito em frente ao campus no encerramento do ato.

Manifestação contra a PEC na Cinelândia

No próximo dia 17, está marcada uma manifestação contra a PEC, na Cinelândia, às 17h.

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Tuitaço contra PEC 241 ganha destaque no Brasil e no mundo

Campanha contra a proposta que limita os gastos públicos alcançou o topo dos trending topics

“Salvar a economia é muito importante. Mas temos que salvar os passageiros e não só o barco”. Ao publicar esta citação do professor Leandro Karnal (Unicamp), com a hashtag #PecDoFimDoMundo, o ator Gregório Duvivier juntou-se a milhares de pessoas no tuitaço/facebookaço contra a Proposta de Emenda à Constituição nº 241. A mobilização ocorreu no último dia 10, quando a PEC foi votada em primeiro turno na Câmara.

A campanha ficou em primeiro lugar nos trending topics do twitter, no Brasil, entre 22h e meia-noite, além de também alcançar o topo do ranking mundial por uma hora, dentro do mesmo período: “O resultado ficou além do esperado”, comemorou a professora Tatiana Rappoport, do Instituto de Física da UFRJ, que incentivou e acompanhou a iniciativa desde o início.  “Foram 200 mil tuítes e retuítes só ao longo do dia de ontem”, completou.

Rappoport destacou que o sucesso da iniciativa virtual chamou a atenção de mais pessoas para a mobilização contra a PEC. O exemplo claro está na convocação de um ato, via evento do Facebook, para o próximo dia 17, na Cinelândia, às 17h. O evento já tinha mais de 15 mil interessados e 13 mil dizendo que comparecerão, até o fechamento desta matéria.

Sucesso também no portal                                                                                                                                      

A professora observou que o portal lançado pela Adufrj contra a PEC (www.brasil2036.org.br), do qual é uma das administradoras, também está “bombando”. Nos últimos dois dias, o site tem recebido entre 100 e 150 acessos por minuto. A intensa visitação chegou a fazer a página eletrônica cair por algum tempo.

Próximos passos da PEC

Votada em primeiro turno no dia 10, a PEC que ameaça os recursos da educação e da saúde deverá voltar ao plenário da Câmara para o segundo turno no dia 24. Se aprovada novamente com mais de 308 votos (3/5 da Câmara), a Emenda vai ao Senado. Também para mais dois turnos de votação, nos quais deverá contar com o apoio de, pelo menos, 49 senadores.

Estratégias para resistir à crise

Professores discutem financiamento da universidade, sob ameaça da PEC 241

Silvana Sá
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A ameaça à Educação representada pela Proposta de Emenda à Constituição nº 241 tomou conta de um debate sobre o financiamento das universidades organizado pela Adufrj, no último dia 5. A proposta do governo, que congela os gastos públicos pelos próximos 20 anos, foi criticada por todos os palestrantes.

Ex-secretário-executivo do MEC no governo Dilma Rousseff, Luiz Cláudio Costa apontou a contradição entre a PEC e o Plano Nacional de Educação, aprovado em 2014. O PNE apresenta metas que demandam recursos, como elevar a taxa de matrícula na educação superior para 33% da população de 18 a 24 anos, sendo pelo menos 40% das novas matrículas nas universidades públicas. Atualmente, a União investe 23% da receita líquida dos impostos em educação, enquanto o mínimo constitucional é 18%. “A PEC preocupa justamente porque vai limitar o investimento em educação a 18% da receita líquida. É um retrocesso”.

Costa destacou o crescimento do financiamento da educação nos governos do PT. “Em termos de orçamento do MEC, tínhamos, em 1995, R$ 36 bilhões para as universidades. Em 2014, esse valor foi de R$ 114 bilhões. Para as federais, o orçamento passou de R$ 499 milhões, em 2002, para R$ 8,2 bilhões, em 2015”.

Para ele, no entanto, além dos recursos, debater a gestão pública eficiente é fundamental para buscar estratégias de superação da crise que afeta as universidades públicas. “Falar de gestão não é usar uma palavra da direita. É importante que se faça boa gestão dos recursos públicos. Estar atento para fazer um orçamento cada vez mais real”.

Ele criticou o fato de as universidades federais não terem conseguido concluir todas as obras durante o programa de reestruturação e expansão das universidades federais, o Reuni. “São quatro mil obras concluídas, 639 inacabadas, equivalentes a 3,6 milhões de metros quadrados. Não há nada mais negativo do ponto de vista simbólico da gestão que uma obra inacabada”.

PEC 241 é atraso

 “Não adianta debater gestão, com um orçamento limitado”, discordou o professor Luiz Martins de Melo, do Instituto de Economia. “A PEC é a garantia do pagamento de juros da dívida e o fim do bem-estar social. Retira o poder do Congresso e da sociedade de decidir sobre o orçamento público. Passa a ser algo gerido apenas pelo setor financeiro”, completou.

A inconstitucionalidade da medida foi apontada pelo professor Carlos Vainer, coordenador do Fórum de Ciência e Cultura. Mais que inconstitucional, a vocação do texto que tramita no Congresso é, para ele, a destruição dos direitos sociais.

Dificuldade de planejamento

Os debatedores também comentaram a pouca habilidade da UFRJ em pensar seu futuro. “O único momento em que a universidade se planejou foi na elaboração do Plano Diretor”, disparou Angela Uller, professora da Coppe. Carlos Frederico Leão Rocha, 1º vice-presidente da Adufrj, lembrou que, apesar do esforço do Plano Diretor, nada do que foi decidido foi implementado pela universidade.

Os docentes apontaram, ainda, que falta à UFRJ uma estratégia diferenciada para captação de recursos, inclusive junto a instituições internacionais, como mecanismo para minimizar os efeitos da crise orçamentária. A prática é considerada comum em outras universidades do Brasil e do mundo. A limitação da autonomia universitária na gestão do patrimônio foi outro problema citado. As fundações de apoio foram citadas como alternativa para a captação de recursos.

O debate foi filmado. A íntegra estará disponível, em breve, no site da Adufrj e na página da seção sindical no Facebook.

Debate marcou lançamento da Revista da Adufrj

O debate sobre financiamento marcou o lançamento do número 2 da Revista da Adufrj: “É importantíssimo saber o tamanho do problema e o tamanho do nosso patrimônio para conseguirmos defender a universidade pública”, disse a presidente Tatiana Roque ao apresentar a publicação, que traz um dossiê sobre as contas da UFRJ.

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