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Menos de um mês após a entrada em vigor da Reforma Trabalhista, a Universidade Estácio de Sá comunicou a demissão de 1,2 mil professores no último dia 5. A intenção da instituição é contratar profissionais pelas novas regras, adotando o sistema de trabalho intermitente. "Até a Estácio demitir em massa, a ficha da sociedade sobre a crueldade da Reforma não tinha caído", avalia Mário Maturo, diretor do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região (Sinpro). "O número de desligamentos nunca foi tão alto: só no Estado do Rio, 450 docentes perderam seus empregos." Uma das preocupações de Mário é a rescisão dos contratos dos docentes. Com as novas regras da reforma trabalhista, a documentação não precisa mais passar pelo crivo do sindicato. "Ainda não sabemos se os professores vão identificar possíveis erros na homologação e correr atrás de seus direitos", diz. “O sindicato está de portas abertas a todos envolvidos na demissão feita pela Está- cio e em outras faculdades". Em nota, a universidade informa que “promoveu uma reorganização em sua base de docentes” ao final do segundo semestre de 2017 e que a mudança “tem como objetivo manter a sustentabilidade da instituição”.

Quem conhece apenas de vista o professor Jacob Herzog não imagina que ele se divide entre dois ofícios tão diferentes: as aulas de piano na Escola de Música da UFRJ e o plantio de amoras em Nova Friburgo. “A pressão da cidade às vezes sufoca”, afirma o docente, cujo sobrenome famoso é apenas uma coincidência com o do jornalista assassinado na ditadura. Para vencer o estresse urbano, o pianista comprou um sítio – onde também tem um piano – e passou a se aventurar pela vida na roça. Acorda às 5h, prepara sua comida, termina os afazeres domésticos e parte para o campo. O próprio Jacob transporta o cultivo para a capital, em sacos de um quilo. “Meu grande comprador é um restaurante no centro, mas vendo para lojas de sucos também”, diz. Hoje, a produção beira os 500 kg por ano. A escolha da fruta surgiu da conversa com um especialista, que recomendou o plantio em função do clima e do fato de nenhuma outra pessoa plantar amoras na região. Recomeçar é um verbo conhecido no currículo do professor. Ele só entrou na vida acadêmica depois dos 40. Antes, era jornalista. Aos 44, decidiu fazer a graduação, mestrado e emendou um concurso na Escola da Música. “Entrei aqui já tendo uma expertise. Conheci o piano aos seis anos, mas precisava de um diploma para conseguir trabalhar com isso”, conta. “Às vezes, eu me sinto ocupado demais”, lamenta. “Reclamo à beça, me pergunto por que fui inventar isso”, diverte-se. Ao mesmo tempo, não se arrepende de suas escolhas. “Acho que viver é isso, é você se comprometer com novas coisas e atuar da forma mais harmônica possível”.

Reitoria ajusta despesas às reduzidas receitas previstas pelo governo para o ano que vem. Proposta será votada no próximo Conselho Universitário A universidade deve encerrar 2017 com um déficit de R$ 160 milhões. E, para 2018, o cenário continua desanimador. Na proposta de lei orçamentária do próximo ano, estão previstos R$ 388,2 milhões para as despesas da universidade: para efeito de comparação, neste ano, a LOA havia indicado R$ 417 milhões. O Conselho Universitário decide sobre os gastos da instituição no próximo dia 14. Os números foram divulgados pela reitoria ao Consuni do dia 30, em sessão extraordinária. A administração responsabiliza o governo pelas contas no vermelho: orçamentos insuficientes nos últimos anos e, ainda assim, contingenciados. A novidade da discussão deste ano é que a reitoria propõe uma série de medidas para ajustar as despesas aos limites orçamentários impostos pelo governo. Dentre elas, destaque para a revisão dos contratos terceirizados, buscando baixar as despesas em R$ 39 milhões e a ampliação da campanha “Essa conta é de todos”, com o objetivo de economizar aproximadamente R$ 16 milhões na tarifa de luz. Também são propostos: diminuição do fluxo dos ônibus internos (mais R$ 3,2 milhões) e o aumento do controle de acesso ao serviço de alimentação estudantil (R$ 1,2 milhão de economia). O reitor Roberto Leher justificou o “aperto do cinto”: “Nós não podemos manter a tendência de aumento das dívidas. Isso torna a UFRJ vulnerável diante do governo e diante de fornecedores”. Ele completou: “A reitoria tem total clareza que esses cortes trarão problemas para dentro da universidade, mas nós precisamos diminuir os gastos”. * colaborou Marianne Menezes

A UFRJ pretende fazer muito barulho contra a agenda antipopular do governo. Isso ficou claro após reunião entre representantes da reitoria e das entidades dos professores, técnicos e pós-graduandos, no último dia 5 — o DCE não pôde comparecer. A ideia é aproveitar o início do próximo ano letivo para a realização de grandes debates acadêmicos, envolvendo toda a comunidade. “A paralisação da universidade é o pior cenário”, afirmou o reitor Roberto Leher. A presidente da Adufrj, Maria Lúcia Werneck, considerou muito importante a aproximação entre os segmentos e a administração central. Ela recomendou que, para além dos diagnósticos e avaliações, a universidade apresentasse propostas, já pensando nas eleições de 2018: “Temos de mostrar para a população a importância da defesa da universidade pública”, acrescentou. O próximo encontro entre as entidades e a reitoria ficou marcado para 18 de dezembro.

Defesa da universidade pública, democracia e soberania nacional. Estes são os eixos que vão guiar um movimento docente apartidário e não sindical, ainda em formação. A informação foi divulgada durante a Assembleia Geral da Adufrj do dia 4 pela presidente Maria Lúcia Werneck. “Nosso foco de atuação será o Congresso Nacional”, explicou a professora. A primeira reunião, que contou com representantes de seis associações docentes, ocorreu na sede da Adunb, em Brasília, no dia 1º. Com o objetivo de lançar um documento do grupo até março, início do período letivo para a maioria das universidades, outros encontros devem ser realizados nas próximas semanas. Maria Lúcia explica que o movimento surgiu em resposta à conjuntura de contrarreformas e outras medidas do governo que prejudicam o ensino superior público. As atividades do grupo serão mantidas pelo menos até as eleições de 2018, produzindo materiais para serem levados às candidaturas.

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