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Maria da Conceição Tavares, professora emérita do Instituto de Economia da UFRJ: Fugi da ditadura salazarista para as terras brasileiras, encantada com o sonho brasileiro de criar uma democracia nos trópicos. Logo este foi interrompido pela ditadura militar e anos de amargura foram enfrentados. Sobrevivemos para em 2018 ver que a diatribe conservadora de Carlos Lacerda de antanho era até um discurso civilizado diante da fala do candidato a Presidente da República Jair Messias Bolsonaro. Este não é uma figura política conservadora, ele é um fascista! Assiste-se no momento no ambiente político mundial o fenômeno de vitória das ideias conservadoras – antiliberais – mas nada parecido com o candidato favorito até o momento nas eleições brasileiras. Porque nem a Marine Le Pen é fascista, é conservadora de direita! E ela não foi vitoriosa nas últimas eleições francesas, foi para o segundo turno e já deu um susto no mundo. O Brasil passa por um momento muito difícil, seguramente a maior crise econômica depois de 1929, desemprego colossal e uma proposta econômica do candidato Bolsonaro que é um “espanto”. Seu provável Ministro da Fazenda, o ultra neoliberal Paulo Guedes, serviu ao General Pinochet e deseja aplicar seu receituário do livre mercado em todos os setores da economia e no social, como a educação e a saúde, atuando pela ótica do mercado. A História, no entanto, ensina que só uma política econômica progressista retira a Economia do buraco. Fernando Haddad é tolerante, acredito que ele não teria dificuldade para governar e construir uma ponte com o Congresso Nacional para sair da crise econômica. Enquanto o outro, de extrema-direita, não se sabe o que irá fazer. Viva a democracia!

Edwaldo Cafezeiro, professor emérito da Faculdade de Letras A vida que sonhamos viver continua acenando para nós. As demandas permanecem muitas; as forças contrárias, no momento, podem ser maiores. No entanto, aqui estamos, mais uma vez juntos e expectantes – estudantes, professores, trabalhadores –, cientes de que forjamos um amanhã mais feliz para todos. A todo momento enfrentamos moinhos de vento e erramos a direção da ilha que desejamos e voltamos a fazer as andanças. As rosas que plantamos nasceram em maus jardins. Mas aqui estamos, insistindo, resistindo, persistindo. Diz o poeta que “um galo sozinho não faz uma manhã”. Juntemos nossos cantos de galo, como os fios de ouro que virão. O importante é não abandonar nosso trabalho e o que fizemos até aqui. A UFRJ é nosso abrigo solidário e uma permanente esperança, reafirmada sejam quais forem os desvios e as pedras no caminho.

No momento em que a universidade é alvo de ataques às vésperas da eleição, professores são reservas de conhecimento e memória. O Boletim da Adufrj pediu a 13 docentes da UFRJ, 11 deles eméritos, um depoimento sobre a eleição de 2018. As cartas são metáforas do papel iluminista do conhecimento frente ao obscurantismo e à barbárie. No momento em que a universidade é alvo de ataques às vésperas da eleições presidenciais, o Boletim da Adufrj pediu depoimentos sobre o Brasil de hoje a 11 professores eméritos da UFRJ, o reitor Roberto Leher e a presidente da Adufrj, Maria Lúcia Vianna. Da carta escrita aos netos pelo avô Roberto Lent às lembranças doídas da tortura vivida por Maria Lúcia, da análise impiedosa de Maria da Conceição Tavares ao chamamento poético de Edwaldo Cafezeiro, os professores valorizam a experiência universitária, reagem ao autoritarismo e falam da necessidade de resistir. Mostram que sonhos não envelhecem. Este Boletim aposta que, em momentos históricos como os que vivemos, a experiência e a sabedoria podem ajudar a sinalizar um caminho. As cartas dos professores da UFRJ pela democracia são metáforas epistolares do papel iluminista do conhecimento frente ao obscurantismo e à barbárie. Boa leitura! **** Autores dos depoimentos: Roberto Lent, Maria da Conceição Tavares, Eduardo Viveiros de Castro, Otávio Velho, Heloisa Buarque de Hollanda, Edwaldo Cafezeiro, Luiz Pinguelli Rosa, Ronaldo Lima Lins,  Luiz Bevilacqua, Nelson Maculan, Nelson Souza e Silva, Roberto Leher e Maria Lúcia Teixeira Werneck Vianna.   Roberto Lent: Breve carta aos meus netos Maria da Conceição Tavares: O sonho da democracia não envelhece Ronaldo Lima Lins: A caixa de Pandora Luiz Bevilacqua: O Brasil não pode se tornar vítima de um processo de regressão civilizatória Luiz Pinguelli Rosa: Resistir ao autoritarismo Heloisa Buarque de Hollanda: Missão docente exige liberdade Otávio Velho: Universidade é estratégica Nelson Maculan Filho: Por que voto em Haddad Edwaldo Cafezeiro: Juntemos os cantos de galo Roberto Leher: Sem neutralidade possível Nelson A. de Souza e Silva: Sou médico. Rejeito quem apoia tortura Eduardo Viveiros de Castro: O Brasil será o país do passado? Maria Lúcia Werneck: ‘O risco à democracia é real. Não podemos deixar as trevas e o medo voltarem’    

Nelson Souza e Silva, professor emérito da Faculdade de Medicina da UFRJ: “ O artigo 25 do Código de Ética Médica diz que é vedado deixar de denunciar prática de tortura ou de procedimentos degradantes, desumanos ou cruéis, praticá-las, bem como ser conivente com quem as realize ou fornecer meios, instrumentos, substâncias ou conhecimentos que as facilitem. Como médico, não é possível apoiar um candidato que apoia a tortura, um candidato cujo ídolo foi um torturador reconhecido, o Brilhante Ustra. Como médicos, também não podemos apoiar um projeto ultraliberal que vai ampliar a desigualdade social. Nossos estudos demonstram que a pobreza é o maior fator de risco para causar mortes por doenças cardiovasculares, por exemplo. Morre-se dez vezes mais de derrame cerebral em Campo Grande e Santa Cruz, menores índices de desenvolvimento humano da cidade, do que na Gávea, maior IDH da capital. E morre-se mais cedo. O conjunto de fatores que propiciou a ascensão da candidatura Bolsonaro é semelhante aos fatores que possibilitaram o surgimento do nazismo na Alemanha ou do fascismo na Itália. Isto tem origens mais recentes nos golpes de 1954 (que levou Getúlio Vargas a se suicidar), 1964 (que derrubou João Goulart) e 2016 (que derrubou Dilma Rousseff)."  

Ações da Justiça Eleitoral em vários campi, às vésperas das eleições, indicam o reforço da vigilância sobre a universidade e um ataque claro à autonomia universitária. Na UFF, faixa "antifascista" foi arrancada. Poderia ser uma cena de 50 anos atrás: dentro de um campus de uma universidade federal, cinco policiais federais vigiam uma assembleia estudantil organizada em defesa da democracia e contra o fascismo. A pretexto de defender a lei eleitoral, um fiscal da Justiça Eleitoral exibe ordem judicial para prender quem fizer “alguma fala tendenciosa”. A cena ocorreu na quarta-feira, 24, no prédio que abriga os campi da UFRJ e da UFF em Macaé. É parte de uma série de acontecimentos que, às vésperas das eleições, indicam o reforço da vigilância sobre a universidade e um ataque claro à autonomia universitária. Em todo o país, têm ocorrido ações do tipo. Reportagem do jornal “O Globo” contabiliza ações em 17 universidades de nove Estados. A "Folha de S.Paulo" também destacou o tema em sua edição desta sexta, 26, salientando a reação da comunidade acadêmica às ações. Em Macaé, o clima de indignação marcou a assembleia. Os estudantes acusaram o TRE de intimidar e censurar o movimento estudantil. Professor de Biologia da UFRJ e representante sindical da Adufrj, Jackson Menezes afirmou que não foi a primeira ação da Justiça Eleitoral para coibir manifestações. “No primeiro turno, estiveram no Instituto Federal Fluminense retirando adesivos do peito das pessoas”, contou. A intimidação em Macaé começou na véspera da assembleia estudantil. Fiscais do TRE foram até o campus, entraram na Faculdade de Direito da UFF e constrangeram um professor e alunos. Queriam saber quem estava organizando a assembleia. “Disseram que seria proibido citar candidato, mesmo em pergunta”, afirmou Rafaela Corrêa, do DCE UFRJ. No mesma quarta-feira, fiscais do TRE estiveram no campus da UFRJ no Fundão e apreenderam material distribuído num debate com Manuela D’Ávila, candidada a vice na chapa de Fernando Haddad. O vice de Jair Bolsonaro foi convidado e recusou. Os fiscais contaram que receberam denúncia de campanha irregular e mostraram somente pedido de investigação do Ministério Público Eleitoral no WhatsApp. O decano do Centro de Tecnologia, professor Walter Suemitsu, acompanhou os fiscais, defendeu os alunos e informou que todos os passos do evento foram antecipadamente avisados à Decania e ao TRE. Ao Boletim da Adufrj, a Justiça Eleitoral informou ter recebido denúncia de que haveria campanha e distribuição de material em Macaé. O juiz Sandro de Araújo Lontra determinou o envio de equipe ao local. A ação no campus do Fundão, segundo o TRE, foi motivada por denúncia da Procuradoria Eleitoral. O TRE não informou se houve decisão judicial. A Lei Eleitoral proíbe o uso de prédios públicos para campanha.   VIGILÂNCIA POR TODA PARTE Na terça-feira, 23, uma equipe do TRE foi à Faculdade de Direito da UFF, e retirou a faixa “Direito Antifascista”. A UFF registrou a ocorrência. Em nota, o Andes repudiou as ações. “Representam um ataque às universidades e à liberdade de expressão”, afirma a nota. A seção da OAB no Rio divulgou nota de repúdio contra as ações nas universidades, por entender que elas tentam censurar a liberdade de expressão dos estudantes. Na Paraíba, a Associação de Docentes da Universidade Federal de Campina Grande foi alvo de mandado de busca e apreensão de panfletos em defesa da democracia e da universidade. No Rio Grande do Sul, a Justiça Eleitoral proibiu o evento “Contra o Fascismo. Pela democracia”, na UFRGS. A aula pública teria a presença de Guilherme Boulos e do ex-governador Tarso enro. “Censurado para falar na UFRGS, no estado que governei. Fascismo cresce”, protestou Genro.  

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