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Professores articulam reuniões de unidade até 12 de novembro. Nova assembleia está prevista para o dia 13, na Praia Vermelha Professores articulam reuniões de unidade até 12 de novembro. Nova assembleia está prevista para o dia 13, na Praia Vermelha Unidade e organização: essas são as palavras que resumem a assembleia de professores realizada neste dia 31. Os docentes avaliaram que é preciso construir uma ampla frente em defesa da democracia para resistir aos ataques em curso contra as universidades e os trabalhadores. “Temos de dar conta de muitos desafios daqui por diante. Para isso, é necessário dialogar com nossos colegas e ampliar o alcance de nossas ações”, defendeu a presidente da Adufrj, Maria Lúcia Werneck Vianna. Um exemplo que afeta diretamente o dia a dia docente é o projeto Escola Sem Partido, que ganhou força na Câmara dos Deputados. Para resistir a este e a outros difíceis temas, uma das propostas da diretoria, defendida por diferentes participantes, é fortalecer o Conselho de Representantes da Adufrj e realizar reuniões de Unidade. “Essas reuniões nos ajudarão a levar informação aos nossos colegas que ainda não estão mobilizados. Precisamos nos fortalecer para enfrentarmos o que vem”, disse a professora Luciana Boiteux, do Direito. A rodada de reuniões deve ocorrer até o dia 12 de novembro. No dia 13, a Adufrj realizará uma nova assembleia, ainda sem horário definido, na Praia Vermelha. Outras ações aprovadas na assembleia preveem a criação de uma comissão jurídica, articulada com o Andes, para organizar a defesa de professores que sejam ameaçados por sua posição político-ideológica; a realização de atividades dentro e fora da UFRJ, que dialoguem com a população e com a comunidade acadêmica sobre os temas que afetam os trabalhadores; levar ao Consuni a reivindicação de que a universidade se posicione em defesa da liberdade de cátedra. A preocupação dos professores tem fundamento: após a vitória de Jair Bolsonaro (PSL), uma série de ações começou a ganhar corpo no parlamento nacional. Está na ordem do dia a aprovação da reforma da previdência, com aumento do tempo de contribuição e idade mínima para a aposentadoria. “Do ponto de vista da luta concreta, a reforma da Previdência – no momento – é a mais importante para nós, professores, e para toda a classe trabalhadora”, alertou o professor José Miguel Saldanha, da Escola Politécnica. Para ele, este ponto é um dos principais a ser esclarecido junto à sociedade. “As pessoas precisam entender o que vai significar a reforma para suas aposentadorias”, completou. Vera Salim, professora da Coppe, ponderou que os docentes devem agir em diferentes frentes e níveis. “Precisaremos atuar desde a defesa dos professores até a defesa da Amazônia. E por isso precisamos nos organizar”, afirmou. Ela sugeriu a formação de pequenas comissões que se articulem localmente para tratar as questões que afetam a universidade e o país. E também apontou a necessidade de construir a mobilização dos docentes para as disputas com o futuro governo. “Eu, particularmente, sou favorável à greve como forma de onerar o capital. Mas já aprendemos que greve da educação não causa esse impacto. Então é preciso construir esse movimento junto aos trabalhadores”. Para Felipe Rosa, diretor da Adufrj, as reuniões de unidade podem ajudar a aproximar professores do campo progressista, mesmo que não tenham votado na esquerda nessas eleições. “Há muitos colegas nesse meio de campo, que não votaram na esquerda, alguns anularam o voto, outros votaram na direita, mas são comprometidos com a democracia. Precisamos nos aproximar deles e construir o diálogo”.

Polícia atuando sem mandado no campus, justiça suspendendo debate, violência física contra integrantes da comunidade acadêmica, retirada de faixas, recolhimento de material por agentes federais e pichações agressivas. Em coletiva à imprensa nesta sexta-feira (26), representantes de entidades sindicais da educação e do movimento estudantil denunciaram aproximadamente 40 ações arbitrárias em diferentes universidades públicas do país nos últimos dias. “É fundamental dar visibilidade a esses ataques às universidades e às pessoas da comunidade acadêmica”, afirmou Eblin Farage, secretária-geral do Sindicato Nacional dos Docentes de Ensino Superior (Andes). “Estamos sendo acusados de fazer campanha por pregar bandeira antifascista. Ora, o antifascismo deveria ser o princípio de um Estado Democrático de Direito. Pelo menos é isso que está na Constituição. Não é a nós que devem perseguir”, completou. Para Magda Furtado, representante do Sinasefe, sindicato dos servidores da educação básica, profissional e tecnológica, “só é possível pensamento crítico sem que as liberdades democráticas estejam ameaçadas”. Valdenise Ribeiro, coordenadora da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil, reforçou as críticas: “Isso ocorreu no país todo. Nosso entendimento é que são ações arbitrárias, pois são materiais em defesa da democracia e contra o fascismo”. Os ataques às universidades representam afronta à Constituição, na avaliação de Giovanna Almeida, da Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico (Fenet).: “De forma recorrente, a Constituição Federal está sendo deixada de lado”. Rafael Souza, da Associação Nacional dos Pós-graduandos e doutorando do Museu Nacional (ANPG), destacou: “O fantasma do fascismo bate à nossa porta. Os eventos que aconteceram nas universidades são orquestrados para impor uma determinada ideologia”. Documento conjunto Andes-SN, Fasubra, Sinasefe, UNE, Fenet e ANPG também divulgaram uma carta aberta à sociedade brasileira e à comunidade acadêmica para denunciar os ataques contra a Universidade Pública Brasileira.  

Ronaldo Lima Lins, professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ O golpe de 2016, derrubando uma presidente eleita, não obstante o disfarce parlamentar e jurídico que o sustentou, abriu a Caixa de Pandora dos horrores que, à espreita, apenas aguardam uma oportunidade de agir. É comum que a exibição de força provoque a exibição de força em sentido contrário. Na ditadura militar de 1964, não nos esqueçamos, assistimos a fenômenos semelhantes. O fascismo, desde o seu nascedouro no século passado, possui capacidade de voo e contaminação, incluindo os mais dóceis e acomodados setores da sociedade. Logo se veem senhoras e senhores da classe média, com expressões indignadas, somarem-se a ele como seus combatentes... Nem as escandalosas evidências da opressão por vir os levam a hesitar. O que fazer em tais circunstâncias? Antes que os piores terrores nos cerquem e tornem o ar irrespirável (com suas bravatas, seus preconceitos, suas manobras, sua brutalidade), A caixa de Pandora cumpre erguer barreiras, porque, uma vez o leite derramado, impossível recolocá-lo na garrafa. É da vocação da universidade pública, bem como dos intelectuais, alinhar-se aos progressistas, refletir sobre os fatos, denunciar malfeitos e se somar, de peito aberto, aos jovens, aos homens maduros e de visão para que os nazifascistas se recolham e a História nos poupe do desastre. Nossa Autonomia, entre outras coisas, serve para isso. Ainda há tempo. Apostemos!

Eu era tenente do Exército quando ocorreu o golpe. Meu comandante reuniu os oficiais para informar que João Goulart tinha viajado para o Rio Grande do Sul e que o presidente do Senado havia declarado vaga a Presidência da República. Nesta reunião, eu me manifestei que, se Jango estava no Rio Grande do Sul, continuava no território nacional e presidente, pela Constituição. Ele imediatamente me colocou em regime de detenção no quartel, por algumas semanas. Já fora do Exército e professor da UFRJ, participei da fundação da Adufrj num período posterior, em 1979. Havia aqui um reitor progressista, o Luís Renato Caldas. Ele chamou a comunidade a fazer um grande debate sobre os rumos da universidade, em plena ditadura. Nós nos reunimos e daí saiu a ideia de fundar uma associação docente. Esse movimento estava ocorrendo no Brasil inteiro. A principal bandeira, a ideia dominante, era a defesa da universidade. Fui o primeiro presidente da Adufrj. Em seguida, veio a Associação Nacional dos Docentes. Fui o primeiro secretário-geral da Andes e, numa segunda diretoria, presidente. A Andes teve um papel muito importante na luta pelas Diretas Já. Participava do comitê nacional junto da UNE, OAB, ABI. Nas eleições atuais, pelas declarações do candidato que tende a ser o vitorioso, infelizmente, acho que vamos ter a volta de um autoritarismo muito grande. Para a universidade, as declarações da campanha também são muito hostis ao ensino gratuito. Não sei até que ponto Bolsonaro também vai seguir as regras para eleição de reitores. Vejo dias difíceis à frente. Até domingo, é tentar virar o jogo. Houve um crescimento do Haddad e a surpreendente notícia de que, pelo Ibope, na cidade de São Paulo, ele superou o Bolsonaro. Isso dá esperança. Depois de 28, se o resultado não for favorável, é tentar resistir ao autoritarismo, como fizemos no tempo da ditadura. A associação terá um papel muito importante. Contamos com um problema sério, pois Bolsonaro está sendo eleito. Não é como o golpe da ditadura. Mas a eleição dele está no encadeamento do golpe que derrubou a Dilma. Temos de lutar, pois Hitler também foi eleito. Depois, no poder, deu o golpe e criou a pior ditadura da história do Ocidente. LUIZ PINGUELLI ROSA Professor Emérito da Coppe/UFRJ

Por que voto em Haddad

Convidado, no início de 2004, pelo Ministro da Educação Tarso Genro para o cargo de Secretário de Educação Superior do seu ministério, aceitei o convite e pude conviver de fevereiro de 2004 a dezembro de 2006 com Fernando Haddad. Inicialmente, Haddad era o Secretário Geral do MEC e, a partir de 2005, como Ministro da Educação, quando, por dever de ética, entreguei-lhe minha carta de demissão, disse-me que eu continuaria no cargo de Secretário de Educação Superior. Nessa convivência diária com Haddad, nasceu um grande e mútuo respeito profissional entre nós dois. Haddad sempre animando e cobrando os planos que havíamos estabelecido para a Educação no Brasil. Grande gestor, fez com que as diferentes secretarias do MEC trabalhassem em conjunto. Respeitávamos muito a liderança desse jovem ministro. Tendo começado na gestão do Ministro Tarso Genro a expansão das instituições federais de educação superior (IFES), visando à sua interiorização e à criação de novas IFES em cidades não capitais estaduais, Fernando Haddad deu continuidade a essa tarefa hercúlea e criou novos desafios para todas as secretarias do MEC. Não devemos esquecer a sua luta para a criação dos institutos de tecnologia em todo o nosso imenso território. Haddad é uma pessoa democrática e ética, respeitando todos os partidos políticos, aberto para discussões. Sempre recebeu todas as pessoas eleitas que nos procuravam (governadores, senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos, vereadores), assim como dirigentes de organizações não governamentais. Tivemos algumas discussões acaloradas em relação à maneira de realizar os projetos educacionais; no entanto, sempre foram no plano profissional, nunca no plano pessoal. Além do Ensino, sempre teve muita preocupação com a Pesquisa e a Cultura nas universidades. Foi um Ministro que deixou, após 7 anos no MEC, um trabalho imenso em prol da Educação: criação de novas IFES, novos campi universitários federais, implementou a avaliação de todos os cursos de instituições de educação superior particulares e federais, trouxe para muitos estudantes de camadas mais desfavorecidas novas maneiras para a sua permanência nos estudos e para o seu ingresso nas instituições de educação superior. É um estadista. NELSON MACULAN FILHO Professor Emérito e ex-reitor da UFRJ

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