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Elisa Monteiro e Silvana Sá

As áreas de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação contarão com o apoio de 24 parlamentares eleitos para o próximo período. Dezoito deputados federais, dois estaduais, um distrital e três senadores de vários partidos se comprometeram formalmente com as propostas da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. A bancada é formada majoritariamente por parlamentares de centro-esquerda (PCdoB, PSB, PDT, PT E PSOL), com dois senadores do PSDB e um deputado do PSL. “Tivemos alcance em muitos estados. Serão mandatos fundamentais para acompanhar as grandes questões no Congresso”, comentou o presidente da SBPC, Ildeu Moreira. Entre os pontos do documento, estão o empenho pela revogação da Emenda Constitucional 95, pela aplicação efetiva do Plano Nacional de Educação, pelo aumento dos recursos para investimento em CT&I, além do diálogo permanente com a comunidade científica. Pelo Rio de Janeiro, foram eleitos cinco deputados federais signatários das propostas levantadas junto à comunidade científica de todo o país pelo “Observatório das Eleições 2018”, criado pela SBPC. Um deles é Glauber Braga (PSOL). “Garantir investimentos em ciência e tecnologia se faz revertendo a emenda do teto (de gastos) e sepultando o desmonte do Estado”, afirmou. Para Jandira Feghali (PCdoB), reeleita, o Brasil precisa valorizar o campo tecnológico e a educação. “São a base para o fortalecimento da indústria capaz de competir nos mercados nacional e internacional e gerar renda e emprego”, afirmou. Dentre as prioridades do mandato, ela destacou a recriação do MCTI. Chico D’Angelo (PDT), Alessandro Molon (PSB) e Marcelo Freixo (PSOL) completam a bancada. Na Alerj, Carlos Minc (PSB), reeleito, defenderá mais verbas para pesquisa. Professor do Departamento de Geografia da UFRJ, Minc inseriu, na década de 1990, o repasse constitucional de recursos à Faperj. “O foco serão pesquisas descontinuadas por falta de verba”, disse

O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, criticou nesta sexta-feira (19) no Rio a lentidão da Justiça Eleitoral para reagir ao “tsunami cibernético” que tomou conta da campanha eleitoral. O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, criticou nesta sexta-feira (19) no Rio a lentidão da Justiça Eleitoral para reagir ao “tsunami cibernético” que tomou conta da campanha eleitoral. Haddad se referia às notícias falsas e à denúncia, publicada pelo jornal “Folha de S.Paulo”, de que a campanha de seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL), financiou o envio de mensagens em massa pelo WhatsApp, o que caracteriza crime eleitoral. “Temos uma Justiça analógica para crimes virtuais”, afirmou Haddad, que participou de plenária no Clube de Engenharia com reitores de universidades federais, professores e ativistas. O candidato também criticou a imprensa: “Como foi retratada a denúncia no principal telejornal de ontem? Como se o Haddad estivesse acusando o Bolsonaro”, reclamou. E seguiu: “Para minha surpresa, quem batia no peito dizendo que a Justiça eleitoral não ia aceitar fake news, sob pena até de anular o pleito, silêncio absoluto”. A plenária foi organizada pela Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior), pela Conif, que reúne reitores das instituições federais de ensino técnico e científico, pelo Clube de Engenharia e pela Aepet (Associação dos Engenheiros da Petrobras). O presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), Ildeu de Castro Moreira, leu para Haddad questões já enviadas pela SBPC a respeito do financiamento para a ciência, cobrando respostas do candidato. Assistiram ao ato reitores de várias federais, entre eles Roberto Leher, da UFRJ, e diretores da Adufrj (Associação dos Docentes da UFRJ). Haddad afirmou que, se eleito, manterá a autonomia orçamentária e de gestão das universidades. Disse também que se compromete a, na indicação de reitores das federais, respeitar a comunidade acadêmica e escolher o candidato mais votado por professores, técnicos e estudantes. Bolsonaro já afirmou que, na indicação do procurador-geral da República, não quer nomes de esquerda, o que despertou na comunidade acadêmica o temor de que, caso o candidato do PSL seja eleito, o mesmo princípio se aplique à escolha de reitores. O petista voltou a desafiar Bolsonaro para os debates eleitorais, mas também cobrou das emissoras de TV que, caso seu adversário mantenha a estratégia de não comparecer, sejam realizadas entrevistas, e que a cadeira de Bolsonaro fique vazia. Na avaliação de Haddad, o Brasil vive hoje um momento de ameaça a direitos fundamentais, sociais e políticos. O petista lamentou que seja necessário voltar a uma agenda dos anos 50, defendendo a Petrobras e os direitos trabalhistas, diante das propostas de privatização e aumento da terceirização. “A mesma elite que atacava a Petrobras e s direitos trabalhistas encontrou no meu adversário um representante de seus anseios”, afirmou. Segundo Haddad, Bolsonaro representa essa ameaça, no pior formato possível. “A elite brasileira procurou um (Emmanuel) Macron (presidente francês), que apesar das críticas é um estadista, e apareceu o Bolsonaro”, afirmou. O petista disse que seu adversário representa o que houve de pior no regime militar: a truculência e a intolerância. “Porque o regime militar era nacionalista, e ele é um entreguista”, destacou. “Vou continuar a brigar por esse país, pelos pobres desse país e pela democracia. Não vamos abdicar de defender esse país”, afirmou Haddad. Após o evento, ele saiu em caminhada pelo centro do Rio ao lado de militantes do PT e de partidos aliados.  

Política externa e eleições: da Ursal à guerra comercial com a China

Política externa nunca foi o ponto forte nos debates eleitorais brasileiros, mesmo nos presidenciais, embora a sombra da conjuntura internacional tenha se feito presente de forma incisava. Nas eleições de 1960, as últimas antes do golpe de 1964, o “fantasma” da Revolução Cubana, em plena explosão, permeava fortemente o cenário brasileiro sobre mudanças e transformações (e a “Questão Cubana” permanecerá como um “fantasma” a assombrar a política nacional até nossos dias). Nas eleições de 1989, disputadas no 2º turno por Fernando Collor de Mello e Lula, a derrubada do Muro de Berlim e a Crise do Socialismo de Estado no Leste Europeu produziram forte impacto no processo brasileiro, identificando socialismo com o PT, enquanto a modernidade era a aposta da oposição globalizante. Mesmo sem discussão aberta, a posição do Brasil face ao mundo exterior sempre teve impacto nas eleições no país. No atual processo eleitoral não é diferente. A Revolução Cubana arrefeceu enquanto tema – afinal Fidel não está mais no comando da Ilha e Miguel Díaz-Canel, atual dirigente cubano, realiza mudanças na economia (mas qual candidato sabe disso?) –, mas emerge novo e poderoso “fantasma”: os “bolivarianos”. A Venezuela ocupa o papel de Cuba no imaginário da Direita, com todos os motivos “disfórmicos” e distópicos possíveis, como espelho invertido do que poderia ser o Brasil caso tivéssemos novo ciclo “ditatorial” da Esquerda petista. Nesse “espelho distópico” são reunidos países diversos, considerados “ditadura”, como Bolívia, Cuba, Venezuela, Nicarágua e possivelmente Equador. O fato de a Bolívia ter eleições regulares, regime multipartidário, Poder Judiciário funcional, liberdade de imprensa, nada significa para candidatos do PSL, Patriota, Podemos ou Novo – todos chamados de “bolivarianos” e “ditaduras”. O ponto alto – ao menos o mais divertido e de maior repercussão nas redes – em política externa da campanha foi a descoberta, pelo candidato do Patriota, da Ursal: União da Repúblicas Socialistas da América Latina, uma conspiração do Fórum de São Paulo com os “bolivarianos”. A constante presença do Fórum de São Paulo e a relevância que lhe é dada como nova Internacional Comunista, mais poderosa do que qualquer “Internacional” jamais foi, é surpreendente. O tom de teoria conspirativa é notável, a confusão de conceitos é constante. Mais sérias e preocupantes são as propostas da coligação do PSL/PRTB. O candidato do PSL, hoje à frente das pesquisas, fez em março de 2018 uma viagem ao Japão, Coreia do Sul e Taiwan, onde criticou as relações entre a China Popular e o Brasil. É um dado novo e gravíssimo. Em face das relações privilegiadas e estratégicas entre Beijing e Brasília, em especial no âmbito dos BRICS, do G20 e demais organismos internacionais, a visita do capitão reformado a Taiwan – Estado com quem o Brasil não mantém relações diplomáticas e que considera parte da China Popular – representa forte mal-estar, e mesmo uma ofensa, contra nosso primeiro parceiro comercial e grande investidor. Em 16/10/2018, em entrevista, o mesmo candidato declarou que a China não compra “no Brasil, mas compra o Brasil”, aprofundando o mal-estar e provocando nota da Companhia Vale do Rio Doce, principal empresa no comércio China- -Brasil, assinalando que uma crise entre os dois países não interessa a ninguém. O candidato do PSL, em vez de perceber na conjuntura internacional – a Guerra Comercial entre os Estados Unidos e China Popular – chance de melhoria da posição brasileira, alia-se com ataques ao gigante asiático, fonte de divisas e de geração de empregos e renda. A situação mostra-se ainda mais grave em face do ataque desferido ao Brasil por Donald Trump, que considerou o Brasil um concorrente com regras de comércio desleal. Da mesma forma, o sonhado acordo comercial com a União Europeia não passa de quimera – lembrando que a UE está, ela mesma, sob o impacto das negociações do “Brexit” e longe das condições de negociar acordos internacionais de livre-comércio. A proposta do PSL pode levar o país a um isolamento trágico, caso não entenda a conjuntura internacional. Explicitando a ausência de visão estratégica, o vice da chapa do PSL, um general, alguém que deveria ser especialista em geopolítica, considera que a política externa para países “do Sul” foi um fracasso, que só nos relacionamos “com molambos”. Parece não ter entendido a noção geopolítica de “Sul”. O “Sul Geopolítico” não é o “sul” geográfico, e inclui China Popular, a Índia, África do Sul, Nigéria, Tailândia, Turquia, Egito, Argentina ou Indonésia. Neste “sul” estão alguns dos nossos maiores parceiros, como Argentina e China Popular, e potenciais parceiros, como Índia e Indonésia. No “Norte”, países “fechados” por protecionismo e subsídios, como Estados Unidos e União Europeia. O domínio das Relações Internacionais tingido por ideologia preconceituosa, caso não seja corrigido por profissionais e especialistas, poderá custar muito caro ao Brasil, caso tais partidos cheguem ao poder. FRANCISCO CARLOS TEIXEIRA Professor Titular de História Contemporânea da UFRJ

A Adufrj conclama todas as professoras e professores a participarem da Assembleia Comunitária da UFRJ. O momento é muito grave e de sérias ameaças à democracia, aos direitos sociais e à universidade pública A Adufrj conclama todas as professoras e professores a participarem da Assembleia Comunitária da UFRJ. O momento é muito grave e de sérias ameaças à democracia, aos direitos sociais e à universidade pública. Por isso, docentes, técnicos, estudantes de graduação e pós-graduação e profissionais terceirizados estarão juntos em assembleia nesta segunda-feira, 22, às 14h, no auditório do Centro de Tecnologia - Bloco A.
Chamem os colegas e vamos, juntos e juntas, defender a democracia.

O processo eleitoral se aproxima do fim. A dez dias do segundo turno, é preciso refletir sobre como as universidades públicas estarão posicionadas no cenário pós-eleição. Que Universidade podemos esperar? Que Universidade nos será permitido construir? O que todos avisos não vão evitar? Já tínhamos uma agenda difícil nas Universidades. Desde 2015 a crise de financiamento se tornou mais aguda. Redução de serviços, obras paradas, infraestrutura carcomida, somam-se à redução de recursos para a pesquisa. Ainda que não tenhamos sofrido atraso de salários, nada permite descartar esta possibilidade. O impeachment de Dilma e a ascensão de Temer tornaram a situação mais grave, num ambiente de hostilidade que talvez tenha seu símbolo mais nefasto nas tentativas de imputar à UFRJ a tragédia do Museu Nacional. O discurso ardiloso tratou de desconstruir a imagem das Universidades e assegurar campo fértil para sua destruição. A emenda do teto de gastos é a espinha dorsal deste processo. Chegamos ao processo eleitoral ansiosos por debater a Universidade, seu papel na estratégia de desenvolvimento, os caminhos para seu modelo de gestão. Todavia, as universidades não estiveram na agenda do primeiro turno, e a frustração nos envolve. Em Educação, Ciência e Tecnologia, dois projetos diametralmente opostos se enfrentam. De um lado, há sinais vagos, mas incisivos, de que a Universidade faz parte do problema, não da solução. A candidatura de Bolsonaro tem divulgado propostas como a privatização das Universidades, a criação de vouchers para estudantes carentes e sinalizado que os recursos repassados são mais do que suficientes, localizando o problema na gestão de cada instituição. O ensino à distância em todos os níveis e a criação de colégios militares em todas as capitais são propostas anunciadas. Do lado de Haddad, os compromissos com a universidade pública estão mantidos, há a proposta de educação em tempo integral nos níveis básico e fundamental e reforço do ensino médio federal. A destinação gradativa de 10% do PIB para educação consta na plataforma. Mas o debate está aquém de nossas expectativas e necessidades. Nem debate houve! Ainda não sabemos que resultado ocorrerá. A se confirmar o que apontam as pesquisas eleitorais, vemos a iminência de um ataque ainda mais direto aos princípios estruturantes da Universidade Pública. Questiona-se a liberdade de cátedra. A defesa da chamada “Escola sem Partido” propõe interferência clara nos conteúdos, indicando profunda ideologização à direita. No método, está explícito: “Expurgar Paulo Freire”! Há uma armadilha em curso: usurpar o conceito de autonomia universitária, para esgotar nossa capacidade orçamentária, misturando o que é repassado para salários com verbas de custeio e investimento. A afirmação de Jair Bolsonaro de que não indicará para a chefia do Ministério Público ninguém de esquerda foi a senha para o risco que correm os processos de escolha dos gestores das nossas Universidades. Nomeará os Reitores indicados pela comunidade universitária? O risco é real e imediato. As certezas, portanto, são angustiantes. Precisaremos de ainda mais mobilização para assegurar as condições de ensino, pesquisa e extensão. Uma pesquisa de ponta não se faz sem investimento. Nenhum país progride sem pesquisa. Ensino e extensão não são possíveis sem compromisso e liberdade. Até aqui só entramos na agenda como algozes. Precisamos virar o jogo. Eduardo Raupp Vice-presidente da Adufrj e professor do Coppead

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