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Com ou sem cubanos, o programa Mais Médicos permanece uma solução provisória para a atenção primária à saúde no país. Pior: a promessa de redução de gastos públicos pelo governo eleito e a resposta ao novo edital do governo sinalizam tempos ainda mais difíceis à frente. A avaliação foi feita por professores, pesquisadores e estudantes reunidos em um debate, dia 27, no Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ. “O que aconteceu com o Mais Médicos? Não se tornou política. Por cinco anos, continuou programa. E eu tenho enorme crítica a uma política social que não paga imposto. Porque o Sistema Único de Saúde vive de impostos. São vinte mil pessoas pagas com bolsas”, afirmou a professora da Faculdade de Medicina e diretora da Adufrj, Ligia Bahia. Ela também atacou a abertura sem planejamento de escolas médicas particulares, acoplada ao programa. E destacou que a Academia precisa formular alternativas. Professor Titular de Medicina Social da Uerj, Mario Dal Poz acrescentou a preocupação com o novo superministro da Economia, Paulo Guedes: “Ele só fala em reduzir custos”. Mario também tratou das experiências de outros países para levar médicos para áreas periféricas ou remotas. Mas deixou claro que a tarefa não é fácil em qualquer parte do mundo. Deu como exemplo o “articulado” programa da Tailândia. “Mesmo assim, a expectativa das pessoas de permanecerem nesse programa de sucesso é de cinco anos”, disse. Para além de questões orçamentárias, o professor Felipe Monte Cardoso, da Medicina, alertou sobre a substituição dos cubanos por recém-formados no novo edital do governo. Para ele, deverá ocorrer alta rotatividade nestas vagas. “Já na carreira do médico cubano, é comum haver missão”, em referência aos longos períodos fora da ilha.

Mathias Felipe

Possibilitar o estudo de técnicas para extrair mais óleo do pré-sal. Este é um dos objetivos do Laboratório de Recuperação Avançada de Petróleo (LRAP), inaugurado pela Coppe no dia 29. As modernas instalações possuem equipamentos capazes de reproduzir as mesmas condições de pressão e temperatura dos reservatórios localizados em grandes profundidades. Maquinário similar só existe na Universidade Heriot-Watt, da Escócia, parceira na implantação. “O problema é extremamente complicado. Precisamos entender como o óleo se move nas rochas”, explicou o diretor da Coppe, Edson Watanabe. As rochas que compõem o reservatório da costa brasileira são únicas no mundo, e o fator de recuperação de óleo no país é de 21%. Na Noruega, por exemplo, há casos em que o fator de recuperação chega a 70%. A iniciativa comprova a máxima da comunidade acadêmica de que os recursos aplicados em ciência não são gastos, mas investimentos. Segundo o professor Paulo Couto, coordenador do laboratório, um aumento de apenas um ponto percentual na taxa de recuperação das rochas brasileiras poderá representar US$ 11 bilhões em royalties, gerando um incremento das reservas brasileiras de 22 bilhões de barris. O projeto é resultado do compromisso de investimentos com pesquisa e desenvolvimento (P&D), que é gerenciado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Com 230 m², a estrutura passa a fazer parte do Núcleo Interdisciplinar de Dinâmica de Fluidos (Nidf) da Coppe. A parceria entre universidade, operador e fornecedor resultou em um investimento no laboratório de R$ 117 milhões, sendo R$ 107 milhões oriundos da Shell Brasil, e R$ 10 milhões da Petrobras. Apesar de grande parte do investimento vir do setor privado, “o laboratório pertence à UFRJ”, afirmou André Araújo, presidente da Shell Brasil e ex-aluno da instituição. O projeto começou em 2013 com a BG Brasil, que acabou sendo adquirida pela Shell três anos depois. Mesmo assim, a empresa anglo-holandesa decidiu continuar apoiando a construção do laboratório. Diretor de Tecnologia e Inovação, o professor Fernando Rochinha comemorou o novo laboratório: “Ele integra ciência básica com aplicação. É um laboratório que consegue nos colocar na fronteira do conhecimento e na fronteira da tecnologia”, disse. A cerimônia de inauguração também contou com a presença do diretor da ANP, Felipe Kury; do Gerente Executivo do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), Orlando Ribeiro; e do Pró-reitor de Planejamento, Roberto Gambine

Espalhada pelo Rio, campanha da Adufrj valoriza instituição Alunos primeiros de suas famílias a ingressarem em uma universidade são chamados para foto Uma imagem de uma piscina azul e um slogan — #UFRJSempre — despertaram na balconista Jéssica de Oliveira um sonho antigo: estudar pedagogia. Em Benfica, onde a jovem mora, está um dos outdoors da campanha da Adufrj para valorizar a UFRJ e defender a universidade pública, gratuita e de qualidade. Com outdoors, busdoors, cartazes e adesivos, o material está espalhado pelo Rio de Janeiro, revelando projetos e personagens da maior universidade federal do país. Sem nunca ter ido à UFRJ, a jovem ficou surpresa ao saber das outras áreas de atuação da instituição. “Não sabia que a UFRJ traz tantas coisas assim e agora descobri”, contou Jéssica, 18 anos. “Estou com vontade de conhecer e aprimorar conhecimentos lá. Acho muito importante divulgar e valorizar, porque pessoas como eu agora podem conhecer esse outro lado”, destacou. Carlos Pinkusfeld, professor do Instituto de Economia, reforçou a importância da universidade. “Somos uma instituição de grande contribuição social, tanto formando alunos para o mercado como desenvolvendo ideias, propostas e questões inovadoras”, destacou. Um dos três eixos da campanha — “#Sou o(a) Primeiro(a)” — convoca estudantes da UFRJ pioneiros em suas famílias a cursar o ensino superior para uma foto coletiva. Será às 11h40, no dia 27, próxima terça-feira, no Restaurante Universitário Central, ao lado da Escola de Educação Física, no Fundão. A campanha destaca o compromisso social da universidade (#UFRJSim), além de projetos e peças que só existem na instituição (#SóTemAqui), como o tanque oceânico da Coppe que encantou Jéssica.

A fotografia retrata brasileiros que transformam sonhos em futuro. Todas as 57 pessoas são as primeiras de suas famílias a cursar uma universidade pública e aceitaram participar da campanha UFRJSEMPRE, idealizada pela Adufrj para valorizar a instituição A fotografia retrata brasileiros que transformam sonhos em futuro e que oxigenam a produção de conhecimento na UFRJ. Todas as 57 pessoas são as primeiras de suas famílias a cursar uma universidade pública e aceitaram participar da campanha UFRJSEMPRE, idealizada pela Adufrj para valorizar a instituição. O retrato foi feito no campus do Fundão, em frente ao Restaurante Universitário Central, na manhã da terça-feira (27). Alunos das mais diversas áreas participaram da produção e deram depoimentos sobre suas emocionantes histórias de superação. Muitos convivem com tiroteios em suas comunidades. Quase todos contam com a solidariedade de colegas para avançar no curso. Vários enfrentam dificuldades até para pagar os R$ 2 cobrados por uma refeição do bandejão. “Estar na UFRJ é realizar um sonho. É uma conquista, não só para mim, mas para toda a minha família”, afirma Thamara Perrone, aluna de Educação Física. Moradora de Bangu, ela é exemplo típico de que aquela tradicional foto de formatura, cheia de homens brancos bem nascidos ficou no passado. Os protagonistas de agora são filhos e filhas das classes empobrecidas da população. “Por muito tempo, essa instituição foi elitizada, tentaram dizer que nós não podíamos fazer parte dela, mas eu quero dizer que sim, nós podemos! Essa universidade foi feita para todos nós”, disse Felipe Carvalho da Conceição, da Química. Mikel Maller, orgulhosamente paramentado com um dólmã (uniforme de chef) contou que está perto de se formar em Gastronomia e quer a presença da família na formatura. “Estar aqui dentro é uma forma de mostrar aos meu parentes que eles também podem estar na universidade”, ensina. Contagiados pelo momento, até mesmo professores que foram os primeiros de suas famílias a entrar na faculdade quiseram participar da foto. Era o desejo de fazer parte de um registro impensável, décadas atrás. A campanha UFRJSEMPRE já está espalhadas pelos campi e pela cidade em outdoors, busdoors e cartazes. A segunda fase do projeto será protagonizada por docentes e está em fase de produção. Aguardem! Confira alguns depoimentos: RAQUEL SILVEIRA CURSO: FONOAUDIOLOGIA IDADE: 20 ANOS MORA EM: BONSUCESSO Vim do Maranhão, onde morei com minha avó dos dois aos 17 anos. Meus pais foram assassinados porque se envolveram com o tráfico de drogas em Brasília. Se ficasse no Maranhão, só iria trabalhar. Como queria estudar, vim para cá. O dia que tiver minha casa própria vai ser o segundo dia mais feliz da minha vida. O primeiro será sempre o dia em que entrei na UFRJ, ARIEL SANTOS CURSO: EDUCAÇÃO FÍSICA IDADE: 19 ANOS MORA EM: SENADOR CAMARÁ Muitas vezes, minha mãe tem dificuldade até para pagar meu bandejão, que custa apenas R$ 2. Eu tenho bolsa permanência, só que ela vai terminar no final deste semestre. Mas faço das dificuldades a minha motivação, JONATAS RODRIGUES CURSO: ENGENHARIA CIVIL IDADE: 22 ANOS MORA EM: PARQUE BOA ESPERANÇA, COMPLEXO DO CAJU Por eu morar em comunidade, a violência tem influência. Em muitos momentos, perdi prova. Felizmente, meus professores sempre entenderam e me aplicaram segunda chamada. Você não sabe quando vai ter um tiroteio, mas você não pode deixar isso te paralisar. ISLENE BALDUÍNO DO NASCIMENTO CURSO: ODONTOLOGIA IDADE: 24 ANOS MORA EM: VICENTE DE CARVALHO Abri mão de muita coisa para entrar na UFRJ. Tinha um emprego fixo, ganhava meu dinheiro e ajudava em casa. Mas ingressar no ensino superior era um sonho. Odontologia é um curso muito caro. Um amigo me ajuda. Solidariedade, no meu curso, é fundamental. NELSON MORALE JUNIOR CURSO: DIREITO IDADE: 57 ANOS MORA EM: RESIDÊNCIA ESTUDANTIL Nasci numa comunidade quilombola no interior de São Paulo. Eu me alfabetizei aos 35 anos e resolvi seguir adiante. Em 2013, fiquei sabendo também que sou o primeiro quilombola a cursar uma graduação na UFRJ. .

Negritude &...

Que história de racismo cabe no seu turbante? No mês da Consciência Negra, a UFRJ intensificou debates sobre história e representatividade negras. O Conselho Universitário anunciou a instalação da Câmara de Políticas Raciais no Fórum de Políticas de Pessoal para garantir projetos que assegurem a permanência de negros na universidade. Mas um caso de racismo contra uma professora lembrou que o problema persiste. Participante de um evento acadêmico realizado no hotel Windsor Leme, a doutoranda do Instituto de Bioquímica Médica Tháyna Sisnande, negra, foi obrigada pela equipe do hotel a entrar pela porta de serviço e subiu no elevador junto com o lixo. “Vocês esperam que pessoas como nós estejam numa posição de servir, como os negros que se encontram servindo o café, tirando o lixo! Mesmo que eu fosse a entregadora de pizza! É desumano subir junto com o lixo!”, postou Tháyna, professora substituta da Faculdade de Farmácia, em suas redes sociais. O hotel se desculpou com a professora e prometeu investigar o caso. No IFCS, um debate contou a história do racismo no Brasil, e a presença do negro na TV foi discutida na Comunicação. No Sintufrj, deputadas negras eleitas ouviram sugestões da comunidade acadêmica, e uma oficina de turbantes ensinou mulheres e homens, negros e brancos, a amarrar resistência e cabelos com panos coloridos. “Não seremos mais interrompidas. Falaremos tudo, assim como Marielle Franco queria falar”, afirmou a deputada estadual eleita Mônica Francisco (PSOL-RJ) na roda de conversa do Sintufrj. Diretora de Raça e Gênero do sindicato, Denise Góes cobrou ação unificada dos coletivos negros da UFRJ para garantir direitos. O sindicato oferecerá um curso de história negra.

....Phodonas

Um dia, um renomado professor da UFRJ entrou no laboratório do Instituto de Bioquímica Médica onde a professora Débora Foguel dava expediente. “Professor, o Jerson não está”, Débora respondeu, referindo-se ao marido e colega de laboratório Jerson Lima Silva. O docente disse que queria falar era com ela, pois havia assistido à sua palestra e pretendia lhe propor colaboração. “Fiquei sem ação”, relembrou Débora Foguel, uma das convidadas do debate “PhoDonas”, realizado na Faculdade de Letras. Adriana Vianna, do Museu Nacional, e Esther Dweck, do Instituto de Economia, também compartilharam lembranças e análises sobre a experiência feminina na produção científica. Em comum, destacaram a necessidade de valorizar a produção de mulheres num ambiente dominado por homens. Esther brincou com o nome do evento: “A gente nunca acha que é uma dessas pessoas, mas é bom saber que estamos todas aqui”. [caption id="attachment_21868" align="alignnone" width="300"] Foto: Fernanda da Escóssia[/caption]

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