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tablet 1075790 640Imagem de Niek Verlaan por Pixabay

A UFRJ deve implantar um sistema eletrônico de controle da frequência até o fim deste ano. A determinação partiu do Ministério da Economia, que estabeleceu o cronograma para todos os órgãos federais. A medida não atinge os professores, que são regidos por legislação própria.
“A única coisa de que temos certeza é que vamos optar por um sistema não biométrico e queremos fazer essa escolha ouvindo a comunidade”, esclareceu a reitora da UFRJ, professora Denise Pires de Carvalho. O modelo biométrico demandaria a compra dos dispositivos de reconhecimento das digitais para todas as unidades da universidade. O controle de frequência será feito por login no computador.
Para responder à Instrução Normativa nº 125 do ministério, publicada em dezembro, a reitoria apresentou três opções à comunidade, em duas reuniões realizadas esta semana. A primeira seria desenvolver um sistema próprio. “Isso nos daria maior autonomia de acompanhamento e facilidade de adaptação à realidade da UFRJ”, informou o vice-reitor, professor Carlos Frederico Leão Rocha.
Os problemas seriam o tempo insuficiente e a necessidade de deslocamento de equipe para a tarefa, segundo avaliação dos técnicos da área de tecnologia da universidade (TIC). Outra dificuldade seria integrar o modelo próprio ao sistema de gestão de pessoas do governo, outra exigência da IN nº 125.
A segunda opção seria a contratação de um sistema eletrônico criado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e adotado por outras 11 instituições em um consórcio. A solução já estaria adaptada à realidade de uma instituição universitária e contaria com suporte técnico. “A UFRN tem cem pessoas terceirizadas trabalhando neste sistema”, disse o vice-reitor.
Mas também há obstáculos: é preciso pagar pela utilização do modelo, a cada ano — o custo ainda não é conhecido. E a alternativa ainda não está integrada ao sistema do governo, como exige a instrução normativa. Haverá uma apresentação do sistema da UFRN nesta sexta-feira, 5.
Por último, existe a possibilidade de aceitação do Sistema de Registro Eletrônico de Frequência – Sisref, disponibilizado pelo próprio Ministério da Economia e já implantado em alguns órgãos federais desde 2018. O modelo já “dialoga” com o outro sistema do governo e apresenta uma característica importante em tempos de aperto orçamentário: “A grande vantagem dele é a gratuidade, mas teremos pouca autonomia na implantação”, explicou Carlos Frederico. Na terça-feira, 2, houve uma apresentação do Sisref por representantes da Universidade Federal de Uberlândia, onde o sistema está operacional desde agosto de 2019.
A UFRJ precisa, ao menos, indicar qual sistema quer implantar até o dia 12. Não necessariamente será o modelo adotado, pois há períodos de análise e testes previstos no cronograma da instrução normativa.
A A imposição do ministério não foi bem recebida pela representação do Sintufrj. A coordenadora-geral Neuza Luzia cobrou respeito à autonomia universitária: “Não podemos descolar esta discussão do todo. O governo apresentou uma proposta de reforma administrativa que acaba com o serviço público”, disse. “Instrução normativa não é lei. Fomos obrigados a ir à Justiça para recuperar direito que, por instrução normativa, a universidade retirou de seus trabalhadores”, exemplificou.

CRONOGRAMA

Indicar qual sistema será adotado
Até 12 de fevereiro

Estudar o modelo e confirmar a opção
Mais 60 dias

Implantar o sistema
Mais 180 dias

Período de testes
60 dias

Pleno funcionamento
Ao fim do período de testes

WhatsApp Image 2021 02 05 at 05.50.08Foto: Silvana Sá/Arquivo AdUFRJ

O Grupo de Trabalho Pós-Pandemia da UFRJ já tem um retrato parcial da situação de risco à saúde das pessoas nos espaços de aulas práticas da universidade. Os dados foram obtidos a partir de um detalhado questionário respondido pelas unidades.
Das que enviaram as informações solicitadas pelo GT, 35% não possuem disciplinas experimentais. Até a quinta-feira (28), 5% continham locais classificados com grau de risco que varia de baixo a moderado (a classificação pode atingir também risco alto e muito alto).
Três por cento enviaram informações completas e as respostas de 9% foram devolvidas para adequação. Enquanto isso, as de 28% estão em revisão e 20% das unidades não encaminharam ainda os dados necessários ao estudo.
Caxias é o único campus com análise concluída. São 13 espaços de aulas práticas, oito classificados como de risco médio (61,54%) e cinco como de baixo risco (38,46%). A caracterização acompanha a lotação máxima de cada espaço. Por exemplo, uma das salas que comportava 48 pessoas antes da pandemia, só poderá comportar 13. Em outra, em vez de 20, seis pessoas. O cálculo depende do tamanho do local, da ventilação natural, da atividade exercida e do distanciamento necessário de dois metros em todas as direções entre as pessoas.
Uma das participantes do grupo é a professora Christine Ruta, vice-presidente da AdUFRJ. A docente destaca o esforço da universidade em planejar o retorno das atividades práticas da forma mais segura possível. “É vital. O planejamento iniciando pelas aulas práticas indica responsabilidade com os estudantes, suas famílias, com a sociedade”, afirma. “A formação prática é muito importante para a maior parte das profissões. Eu acredito que a UFRJ está dando exemplo para que a gente se prepare inclusive para futuras pandemias e mudanças climáticas”, analisa.
No momento, as condições sanitárias no estado do Rio de Janeiro impedem atividades presenciais em grupo. O covidímetro, elaborado pelo GT Coronavírus da universidade, marca nesta semana um fator de transmissão de 1,19. A taxa está no limite entre o risco moderado e elevado de contágio pelo vírus. “O critério definido para o início das atividades híbridas é o covidímetro marcando taxa menor que 1.0, o que indicaria risco baixo de transmissão do vírus”, lembra a professora Fátima Bruno, coordenadora do GT Pós-Pandemia.

OUTROS EXEMPLOS

As universidades buscam diferentes estratégias para tornar o retorno presencial da graduação o mais seguro possível. “Há instituições que estão programando trocar o horário de suas aulas para períodos onde, sabidamente, o transporte público é mais vazio, porque não há como controlar o deslocamento”, sugere a professora Fátima.
Outras apostam na tecnologia. A Universidade de Campinas elaborou um aplicativo para monitoramento da condição de saúde de sua comunidade acadêmica. O app está disponível nas lojas de aplicativos e deve ser baixado por alunos, docentes e técnicos. Todos os dias, eles devem preencher um questionário com perguntas sobre sintomas. Se todas as respostas forem negativas, a pessoa é orientada a comparecer presencialmente às suas atividades. O aplicativo foi criado em outubro do ano passado e serve também como um observatório de dados epidemiológicos da comunidade acadêmica.
Já a Universidade Federal do Maranhão desenvolveu, em parceria com a Capes, um curso para ensino virtual com 50 mil vagas, voltado para professores da educação básica e alunos das licenciaturas de todo o Brasil. A ideia é que os docentes consigam melhor adaptar seus conteúdos (práticos ou não) para o ensino remoto, com dicas sobre como produzir videoaulas, mediação em educação a distância, desenho didático para ensino remoto entre outros temas.
Christine Ruta avalia que todas as iniciativas são importantes, mas há questões que não dependem das universidades para o retorno presencial se tornar possível. “No nosso caso, precisamos da observação do covidímetro com os dados de transmissão do vírus e também da vacinação no estado”.

cepasA UFRJ segue seu papel de centro de excelência no combate à pandemia. Na segunda-feira, dia 1, três pesquisadores da linha de frente dos estudos sobre o coronavírus debateram os enormes desafios da ciência hoje.
Amilcar Tanuri e Carolina Voloch, do Laboratório de Virologia Molecular, e Luciana Jesus da Costa, Instituto de Microbiologia, analisaram as novas linhagens do Sars-CoV-2. O debate foi promovido pelo Fórum de Ciência e Cultura e realizado pela Cátedra Oswaldo Cruz, ligada ao Colégio Brasileiro de Altos Estudos.
“Em Manaus vários fenômenos se associaram. A população deixou de usar máscaras e aglomerou porque achava que já tinha atingido a imunidade de rebanho. E teve a falta de oxigênio”, apontou Tanuri. O pesquisador afirmou também que a ciência ainda não sabe dizer se as variantes do vírus podem afetar os efeitos das vacinas. “Teremos que avaliar, com muito critério, a população que está sendo vacinada”.
“Antes de falar da diversidade das variantes do Sars-CoV-2, é importante entender um pouco a diversidade que existe nesses vírus”, afirmou a professora Carolina Voloch. Ela apresentou o resultado do seu trabalho sobre a identificação das linhagens que estão circulando pelo Rio de Janeiro, e mostrou quantas cepas diferentes já foram identificadas pelo mundo, num incomparável esforço de sequenciamento do vírus. A pesquisadora explicou que a mutação em vírus é um processo esperado. “Esse é um vírus, e como qualquer outro vírus, ele está evoluindo ao longo do tempo. É normal o surgimento dessas linhagens”, explicou a professora.
Carolina Voloch apresentou as três linhagens sobre as quais mais tem se falado e que ficaram popularmente conhecidas como as linhagens “do Reino Unido”, da “África do Sul” e de “Manaus” (embora a pesquisadora tenha ressaltado que os cientistas evitam associar uma linhagem ao seu lugar de origem, para evitar estigmatizações), mostrando a maneira como essas linhagens estão se espalhando em maior velocidade pelo mundo.

COMPLEXOA pandemia de COVID-19 trouxe inúmeros novos e complexos desafios e, como parte integrante e viva da sociedade, a escola não ficou afastada deles. Muito pelo contrário, essa instituição tão presente na vida de todos nós precisou, e ainda precisa, encontrar caminhos para as questões que se põem diante da necessidade de continuar exercendo seu papel social em meio à necessidade do distanciamento social, que levou ao fechamento das escolas há quase um ano.
Vemos constantemente, na mídia, discussões sobre temas que dizem respeito à escola: migração das atividades antes presenciais para o ensino remoto, a exclusão digital de alunos de baixa renda, a baixa interatividade nas aulas remotas e a dificuldade de avaliar a aprendizagem são alguns exemplos. Soma-se a eles, agora, a discussão da reabertura das escolas e uma readaptação das atividades para um formato híbrido entre o presencial e o remoto. Ao longo de todo esse processo, algo fica nítido para todos nós: a invisibilidade da classe docente para gestores públicos e privados, assim como para grande parte da mídia. Muito se fala em pesquisas realizadas em países que contam com infraestrutura e políticas públicas muito diversas, assim como se apresentam soluções que puderam ser implementadas em sociedades que possuem uma relação com a escola que difere significativamente da que vemos no Brasil.
Entretanto, pouco se veicula sobre as análises e ponderações dos trabalhadores da educação, aqueles que melhor conhecem a realidade das escolas e de seus alunos. Ou seja, há uma espécie de surdez coletiva para a fala dos profissionais responsáveis pelo processo educativo, que dedicam anos de suas vidas à sua formação, mesmo em condições salariais e materiais tão adversas.
Parece que todos podem falar e serem ouvidos sobre o que ocorre no mundo da escola, menos os que realmente fazem esse mundo funcionar: as professoras e professores que estão, diariamente, nas milhares de sala de aula deste país.
O Complexo de Formação de Professores vem, através dessa nota, se solidarizar com a classe docente brasileira e reiterar seu lugar de parceiro na luta pelo reconhecimento do valor desses profissionais. Urge que as professoras e professores brasileiros tenham a centralidade do seutrabalho na escola reconhecida pelos gestores, pela mídia e pela sociedade, e que sejam sempre os primeiros a serem ouvidos em toda e qualquer situação que envolva a educação brasileira, seja na elaboração de currículos, seja na discussão das formas pelas quais se dão as atividades escolares durante a pandemia.
Sem professores, não há escola, não há educação, não há país. Há, somente, a barbárie.

WhatsApp Image 2021 02 05 at 05.39.27Professor titular da Faculdade de Medicina e coordenador do GT Coronavírus UFRJ, Roberto Medronho reafirma que escolas fechadas aumentam os riscos de saúde, segurança e formação para crianças em situação de vulnerabilidade. O docente critica a morosidade das autoridades para adaptar as instalações escolares e mitigar o risco de contágio pelo novo coronavírus.” Falar em abrir Maracanã, falar em abrir bar e restaurante e tudo mais e não se falar nada sobre as escolas? Isso está muito errado”, observou, durante webinário promovido pelo Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão de Saúde em Emergências e Desastres na quinta-feira (30).
O coordenador do GT Coronavírus UFRJ também opinou sobre o papel da universidade contra a desinformação científica. Confira, a seguir, trechos da apresentação.

Escolas fechadas
“Nós estamos comprometendo uma geração inteira. O Brasil é o país que mais tempo ficou com as escolas fechadas. Já são dez meses e doze dias aqui no Rio. A ciência mostrou que as escolas de educação básica — seguindo os protocolos de mitigação e com a infraestrutura adequada — oferecem menos risco do que a comunidade”.

Inércia para adaptação
“Nós temos escolas no nosso país que não têm água potável, não têm banheiro. Em que as salas têm vários alunos por metro quadrado. Então o que os governantes fizeram nesses dez meses de isolamento social para reformar essas escolas? Nada, praticamente. Muito pouco. Então nós precisamos investir na infraestrutura das escolas. E nós precisamos retornar o mais rápido possível essas crianças às suas escolas”.

Escola não é universidade
“Sobre a universidade, o adulto transmite muito a doença. Já sabemos que as crianças transmitem menos, adoecem menos e morrem menos. Um estudo do governo britânico disse que o risco de uma criança abaixo de dez anos morrer de covid é menor do que uma criança morrer atingida por um raio. Risco sempre teremos. Abrir uma escola é risco? É, é sim. Não vamos nos enganar que o risco é zero. Esses riscos podem ser mitigados e ficarem próximos de zero, se adotarmos as medidas necessárias. Eu pergunto, hoje uma criança que está na comunidade, com os pais trabalhando, está mais ou menos exposta ao risco de adoecer e de ser abusada, sofrer violência de alguma forma, do que estando na escola? Não há dúvida nenhuma de que ela estará mais segura na escola.”

Economia perversa
“Nós precisamos urgentemente cobrar das autoridades que invistam rapidamente, porque escola fechada, pasmem, evita gastos para governantes. Sabemos de prefeito que realocou gastos que ia ter com as escolas para tapar o rombo de seu orçamento. Então, para o gestor, é menos um problema. Mas e as crianças?

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