O Grupo de Trabalho Pós-Pandemia da UFRJ já tem um retrato parcial da situação de risco à saúde das pessoas nos espaços de aulas práticas da universidade. Os dados foram obtidos a partir de um detalhado questionário respondido pelas unidades.
Das que enviaram as informações solicitadas pelo GT, 35% não possuem disciplinas experimentais. Até a quinta-feira (28), 5% continham locais classificados com grau de risco que varia de baixo a moderado (a classificação pode atingir também risco alto e muito alto).
Três por cento enviaram informações completas e as respostas de 9% foram devolvidas para adequação. Enquanto isso, as de 28% estão em revisão e 20% das unidades não encaminharam ainda os dados necessários ao estudo.
Caxias é o único campus com análise concluída. São 13 espaços de aulas práticas, oito classificados como de risco médio (61,54%) e cinco como de baixo risco (38,46%). A caracterização acompanha a lotação máxima de cada espaço. Por exemplo, uma das salas que comportava 48 pessoas antes da pandemia, só poderá comportar 13. Em outra, em vez de 20, seis pessoas. O cálculo depende do tamanho do local, da ventilação natural, da atividade exercida e do distanciamento necessário de dois metros em todas as direções entre as pessoas.
Uma das participantes do grupo é a professora Christine Ruta, vice-presidente da AdUFRJ. A docente destaca o esforço da universidade em planejar o retorno das atividades práticas da forma mais segura possível. “É vital. O planejamento iniciando pelas aulas práticas indica responsabilidade com os estudantes, suas famílias, com a sociedade”, afirma. “A formação prática é muito importante para a maior parte das profissões. Eu acredito que a UFRJ está dando exemplo para que a gente se prepare inclusive para futuras pandemias e mudanças climáticas”, analisa.
No momento, as condições sanitárias no estado do Rio de Janeiro impedem atividades presenciais em grupo. O covidímetro, elaborado pelo GT Coronavírus da universidade, marca nesta semana um fator de transmissão de 1,19. A taxa está no limite entre o risco moderado e elevado de contágio pelo vírus. “O critério definido para o início das atividades híbridas é o covidímetro marcando taxa menor que 1.0, o que indicaria risco baixo de transmissão do vírus”, lembra a professora Fátima Bruno, coordenadora do GT Pós-Pandemia.
OUTROS EXEMPLOS
As universidades buscam diferentes estratégias para tornar o retorno presencial da graduação o mais seguro possível. “Há instituições que estão programando trocar o horário de suas aulas para períodos onde, sabidamente, o transporte público é mais vazio, porque não há como controlar o deslocamento”, sugere a professora Fátima.
Outras apostam na tecnologia. A Universidade de Campinas elaborou um aplicativo para monitoramento da condição de saúde de sua comunidade acadêmica. O app está disponível nas lojas de aplicativos e deve ser baixado por alunos, docentes e técnicos. Todos os dias, eles devem preencher um questionário com perguntas sobre sintomas. Se todas as respostas forem negativas, a pessoa é orientada a comparecer presencialmente às suas atividades. O aplicativo foi criado em outubro do ano passado e serve também como um observatório de dados epidemiológicos da comunidade acadêmica.
Já a Universidade Federal do Maranhão desenvolveu, em parceria com a Capes, um curso para ensino virtual com 50 mil vagas, voltado para professores da educação básica e alunos das licenciaturas de todo o Brasil. A ideia é que os docentes consigam melhor adaptar seus conteúdos (práticos ou não) para o ensino remoto, com dicas sobre como produzir videoaulas, mediação em educação a distância, desenho didático para ensino remoto entre outros temas.
Christine Ruta avalia que todas as iniciativas são importantes, mas há questões que não dependem das universidades para o retorno presencial se tornar possível. “No nosso caso, precisamos da observação do covidímetro com os dados de transmissão do vírus e também da vacinação no estado”.