facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

WEB menor 1125 p6bAdUFRJ doou 100 cestas básicas para terceirizados e alunos do CAp - Foto: Alessandro CostaAjuda aos mais vulneráveis, aparelhamento dos hospitais da universidade e apoio à pesquisa. Desde o início da pandemia, a AdUFRJ busca atuar em todas as frentes de combate ao novo coronavírus. E sempre com o compromisso de operar em conjunto com iniciativas que já estejam em andamento.  “Nós não temos uma campanha só nossa. Temos uma proposta de ação articulada com todas as campanhas”, resume a presidente da associação docente, professora Eleonora Ziller.
Uma das mais recentes doações da AdUFRJ foi para o Laboratório de Virologia Molecular, vinculado ao Instituto de Biologia. O espaço tem se destacado no Rio de Janeiro com a realização dos testes mais precisos para detecção do vírus. São R$ 25 mil em luvas, agulhas para coleta, tubos para sangue e soro e máscaras cirúrgicas. A entrega ocorreu nesta sexta (24). “Estamos contribuindo para que eles possam manter o trabalho no nível mais alto que puderem”, destaca o professor Felipe Rosa, vice-presidente da associação.
Também nesta sexta (24), foram distribuídas 100 cestas básicas para funcionários terceirizados e famílias de alunos carentes do Colégio de Aplicação. Marcelo Campello, docente do Setor de Geografia do CAp, que participou da distribuição, destacou que a iniciativa para arrecadação de cestas partiu de vários colegas . “Essa corrente pensou não só nos trabalhadores, mas em seus familiares. A gente agradece muito ao sindicato”, disse. Também docente da Geografia, Rafael Arosa reforçou a importância da ajuda para os estudantes: “Temos cada vez mais alunos de famílias de origem popular, que passam por dificuldades maiores durante a pandemia. O perfil do alunado do CAp mudou bastante”, observou.
A solidariedade não para por aí. A diretoria já definiu que vai apoiar o IPPMG com uma grande compra de máscaras e capotes. A doação, estimada em R$ 100 mil, poderá garantir a proteção dos profissionais de saúde da unidade por dois meses.
As ações de maior porte também convivem com pequenos movimentos de ajuda. A AdUFRJ colaborou com o transporte de materiais de limpeza para um grupo de estudantes moradores da Vila Residencial, área do Fundão que sofreu enchentes recentes. A Associação dos Pós-graduandos (APG) já havia comprado os itens. “E o DCE fez um movimento lindo de arrecadação de cestas básicas e agora vamos entrar com a logística para distribuição”, reforça Eleonora. “Às vezes, são iniciativas ótimas, que envolvem muita gente e muitas doações, e falta pouco pra dar certo”.
O próximo passo é organizar toda essa rede de solidariedade pelo recém-criado Fórum das entidades da UFRJ, o Formas: “A AdUFRJ e o Sintufrj têm recursos. As entidades estudantis e a ATTUFRJ têm muita capacidade de mobilização entre os mais vulneráveis. Essa junção é importantíssima”, completa Eleonora

WEB menor 1125 p5Foto: ReproduçãoNão é de hoje que os professores, médicos e alunos da UFRJ enfrentam uma pandemia. Há mais de 100 anos, a Faculdade de Medicina desempenhou importante papel no combate à gripe espanhola.  
“As grandes lideranças médicas desse momento, lembrando que o Rio era a capital federal, eram da Faculdade”, afirma Gisele Sanglard, historiadora e coordenadora da Pós-Graduação em Historia das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz.
“Sem a faculdade, haveria uma maior mortandade. Em termos de assistência, os professores e alunos foram fundamentais no enfrentamento da gripe espanhola”, acrescenta o professor Antônio Braga, da Maternidade-Escola da UFRJ e ex-presidente da Sociedade Brasileira de História da Medicina.
Braga alerta que, antes de 1808, quando foi autorizado o curso médico no Brasil, os tratamentos de saúde eram feitos por boticários, que eram farmacêuticos de formação própria, e cirurgiões-barbeiros. Profissionais que, além de cortar o cabelo e de fazer a barba, praticavam a pequena cirurgia da época, isto é, sangrar e aplicar sanguessugas nas feridas.
Claro que a faculdade daquele tempo — que nem fazia parte da universidade ainda — era uma instituição bem diferente dos dias atuais. O curso, com seis anos de duração, funcionava nas dependências da Santa Casa de Misericórdia, no Centro da cidade.
“A Santa Casa de Misericórdia era o maior hospital voltado para os pobres. Era o único que atendia qualquer pessoa. E gratuitamente aos que não podiam pagar”, relata Gisele. A historiadora da Fiocruz chama atenção para um fato anterior à pandemia e que seria determinante para a criação dos hospitais de campanha da época por Carlos Chagas, formado pela Faculdade de Medicina. “A Misericórdia já estava lotada. É como hoje, onde já está se vendo o esgotamento do sistema de saúde”, diz.
Mesmo contando todos os hospitais da Santa Casa — existiam outras unidades fora da Rua Santa Luzia —, estima-se que existiam em torno de 900 leitos para uma cidade com quase 1 milhão de habitantes. “Aonde você fosse no Rio de Janeiro, os maiores cargos eram exercidos por professores da Faculdade de Medicina”, informa Gisele. A única exceção seria a Policlínica Geral do Rio. “E os alunos também se engajaram no tratamento dos doentes. E se voluntariavam nas outras unidades de saúde”, acrescenta.

CONTEXTO
Até a deflagração da epidemia, só existiam outras seis faculdades de Medicina em todo o país: a de Salvador (Bahia), duas no Paraná, a do Instituto Hahnemanniano (fundada em 1912, que se tornará a Escola de Medicina e Cirurgia da UniRio), a de São Paulo, e a de Minas Gerais.
Mas nenhum lugar do mundo estava preparado para algo como a gripe espanhola. Mesmo o qualificado corpo docente da faculdade do Rio, “composto, em sua maioria, por médicos nacionais, advindos das principais Faculdades de Medicina do país, localizadas no Rio de Janeiro e em Salvador”, informa a historiadora Caroline Pritsivelis, mestre em Saúde Perinatal pela Maternidade Escola da UFRJ. “A despeito do currículo do curso de Medicina no início do século passado contar com disciplinas de Microbiologia e Higiene, esses conhecimentos ainda eram muito incipientes”, completa Caroline.
A faculdade sequer contava com um periódico próprio. O principal jornal da área no Brasil era o “Brazil-Médico”, criado pelo grupo da Policlínica Geral do Rio de Janeiro. “A pesquisa na época era muito rudimentar”, explica o professor Braga.

DEPOIS DA PANDEMIA
Para Gisele, uma das consequências pós-pandemia de 1918 é a vitória do discurso de que a saúde pública não poderia ser apenas uma preocupação de governantes locais. “Não adiantava o federalismo trazido pela Constituição de 1891. De modo geral, a saúde pública sempre foi uma questão estratégica dos governos centrais”, avalia a pesquisadora da Fiocruz.
Outro desdobramento, para a historiadora da Fiocruz, é um movimento muito grande pela criação de faculdades de Medicina. “Você precisa desse espaço, que não é só da prática médica, mas de espaço de reflexão do conhecimento médico, que se reflete na prática”.
O professor Antônio Braga segue a mesma linha da pesquisadora da Fiocruz: “Nós não tínhamos no Brasil um Ministério da Saúde. Nossos políticos percebem que é importante ter um Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), que foi chefiado por Carlos Chagas, e seria o embrião do ministério”.
Para Braga, o grande legado da Covid-19 para o Brasil é o mesmo da gripe espanhola: necessidade de valorização da saúde pública. “E isso, hoje, é valorizar o Sistema Único de Saúde (SUS)”.

DE ESCOLA DE CIRURGIA À UNIVERSIDADE DO BRASIL

Durante o período colonial, as universidades eram proibidas no Brasil. Uma das razões era a tentativa de impedir a circulação de ideias que pudessem conduzir à independência. Uma situação que muda radicalmente com a chegada da corte portuguesa, fugindo de Napoleão.
O curso médico no Rio de Janeiro foi inaugurado como Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica, em 1808. Sua sede inaugural foi o Hospital Real Militar e Ultramar que funcionava no Morro do Castelo. Em 1º de abril de 1813, uma série de reformas modifica não apenas o nome da Instituição, agora Academia Médico-Cirúrgica do Rio de Janeiro, mas amplia as instalações do curso, que passam a contar com três salas na Santa Casa da Misericórdia. D. Pedro II, em 1854, inaugura o Pavilhão Novo, com 11 novas enfermarias. A melhoria estimulou a mudança da Direção da Faculdade de Medicina, em 1856, para o prédio do Recolhimento de Órfãs da Irmandade da Misericórdia, vizinho ao Hospital Geral.
Sob um regime didático mais organizado, em melhoradas instalações, não tardaram a surgir conflitos entre a direção da Misericórdia e a Faculdade de Medicina. O que se agravou com a vinda das irmãs vicentinas, em 1852, com funções não apenas administrativas, como também técnicas, para as quais não tinham a mínima formação. Isso não agradava aos professores, muito menos aos alunos, que eram permanentemente tolhidos em seu processo de aprendizagem.
A falta de acordo entre a Provedoria da Irmandade da Misericórdia e a Congregação da Faculdade de Medicina, desde os meados do século XIX, provocava a necessidade de construção de uma sede independente para o curso.
O local escolhido para a empreitada seria um terreno pertencente à própria Santa Casa, na vizinhança do Hospício de Pedro II (atual Palácio Universitário, no campus da Praia Vermelha). Em 12 de outubro de 1918, foi inaugurado o prédio para abrigar a já centenária escola médica do Rio de Janeiro, na Praia Vermelha. Estavam presentes o Presidente da República Wenceslau Braz e altas autoridades da Administração Pública.
A Faculdade de Medicina funcionou como escola isolada até 7 de setembro de 1920, quando foi criada, por Decreto, a Universidade. Em 1965, a Universidade do Brasil passou a ser denominada Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e, em 1973, foi determinada a transferência da Faculdade de Medicina para o Campus da Cidade Universitária, na Ilha do Fundão, onde se encontra atualmente. (com informações do professor Antônio Braga, da historiadora Caroline Pritsivelis e do site da Faculdade)

WEB menor 1123 p45Bruna Werneck trabalha há seis anos como designer instrucional na Fundação Cecierj, órgão vinculado à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação. A Fundação gerencia o Cederj, consórcio de universidades públicas do Rio de Janeiro que, há  20 anos  oferece cursos de graduação a distância. Em entrevista ao Jornal da AdUFRJ, Bruna relata as dificuldades para fazer EaD, incentiva o contato entre professores e alunos durante a pandemia, mas critica as soluções “inadequadas” apresentadas para o ensino básico.

 

Como é o seu trabalho?
Faço a interface entre o professor e o restante da equipe da Cecierj — temos ilustradores, por exemplo — para transformar o conteúdo bruto em uma aula online, que é um tipo específico de peça de mídia. Trabalho a adaptação da linguagem e identifico lacunas de informação. Na aula presencial, quando um conteúdo não fica muito claro, o aluno pode levantar a mão, apresentar a dúvida e o professor complementa; no ensino a distância, não tem como ficar interrompendo e pedindo ajuda. Também sugiro recursos da plataforma virtual que o professor pode utilizar para o aluno verificar a compreensão, e realizar atividades.  

Quanto tempo é gasto para produzir uma aula de EaD?
Não produzimos uma aula, produzimos uma disciplina. Existe um trabalho prévio de planejamento, de qual vai ser o encadeamento das atividades, que não é dar conta de cada aula individualmente. Normalmente, não se consegue produzir uma disciplina em menos de quatro meses, entre a chegada do conteúdo, trabalho sobre o texto e as imagens adequadas, revisão, adequação da plataforma e o treinamento do mediador que vai tirar as dúvidas dos alunos. Dura esse tempo porque nenhum dos atores estará dedicado exclusivamente a essa disciplina. Eu trabalho com mais de uma ao mesmo tempo. Os professores também têm suas aulas presenciais. E isso não é uma particularidade do Cederj.

Os cursos são 100% virtuais?
Os cursos do Cederj funcionam nos mais de 30 polos espalhados pelo estado do Rio. Neles são oferecidas sessões de tutorias; a maioria,opcionais. Para algumas disciplinas, há muitas práticas de laboratório, que são obrigatórias. E existem as avaliações a distância e avaliações presenciais. As avaliações presenciais compõem 80% da nota.

Esta parte presencial foi suspensa?
As aulas e avaliações presenciais foram suspensas por volta de 15 de março. A determinação do Cederj foi que a primeira avaliação presencial seja também feita online. O que foi bastante controverso. Hoje, as avaliações a distância ficam abertas por bastante tempo, numa lógica de apresentação de trabalho. Agora, os professores estão combinando com os alunos disponibilizar o material como uma prova normal, todo mundo ao mesmo tempo e por um determinado período. Isso é experimental. Temos que ver se a plataforma vai dar conta de tantos acessos ao mesmo tempo e também a questão de “cola”. Nós já enfrentamos problemas nos prazos finais de entrega das avaliações. A plataforma fica sobrecarregada. O nosso sistema é bastante virtual, mas tem uma perna na presencialidade. Para nós, está sendo difícil essa adaptação para ser 100% virtual.

Seria possível oferecer todos os cursos de graduação neste formato?
Não de uma hora para outra. De jeito nenhum. Além da questão do acesso dos alunos, existe essa forma diferente de interagir. É muito diferente a forma de comunicar em relação à que se dá na sala de aula.

Os cursos oferecidos online poderiam absorver as turmas dos cursos presenciais?
Vamos esbarrar numa questão técnica, pois os servidores da plataforma estão dimensionados para atender a uma quantidade de alunos, em torno de 40 mil. Em tese, poderiam. Mas isso também requer um esforço enorme de capacitar os mediadores. Tem que ver se vale a pena fazer isso, o que leva tempo. E, se quando ficar pronto, nós pudermos retornar à presencialidade?

Como vê esse debate no ensino básico?
As soluções que estão propondo são inadequadas. As escolas particulares têm a pressão de cobrar mensalidade. Com isso, apresentam qualquer coisa. E só 20% das matrículas são na rede privada. Essas famílias têm mais recursos, os pais têm maior nível educacional. Enquanto isso, a escola pública fica estigmatizada de ser lenta, de não querer fazer. Estamos ouvindo muitos relatos de pais enlouquecidos que, além de precisarem dar conta de seus trabalhos em casa, têm que atuar como tutores dos próprios filhos. Há interesses de muitas empresas em convencer todo mundo de que o caminho é esse. Eu acho cruel.

medic 563423 640Imagem: PixabayOs adicionais ocupacionais e o auxílio transporte dos professores foram mantidos nos contracheques. “Não houve comunicado de corte. Se houve, foi bem pontual e não dá para identificar agora”, informou a superintendente administrativa da Pró-reitoria de Pessoal (PR-4), Maria Tereza Ramos. A superintendente explica que os quantitativos estão compatíveis com o mês anterior: “Os que não recebem não dá para estimar se foram cortados ou não recebem mesmo. Teria que consultar um a um”, completa. A PR-4 não tinha recebido nenhuma reclamação até o dia do fechamento desta edição (16), mesma data em que seria finalizada a folha de pagamento. As prévias dos contracheques estavam disponíveis na internet desde a véspera.
A preocupação era com a Instrução Normativa nº 28, do Ministério da Economia. Editada no final de março, a normativa orienta a supressão dos valores para todos os servidores federais que estão trabalhando remotamente durante a pandemia.
A Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal (SGP), do Ministério da Economia — lento nas medidas de proteção à população —, tem apertado os órgãos federais. De acordo com o site da pasta, excetuando-se as IFES, mais da metade (57,10%) das unidades administrativas de gestão de pessoas encaminharam os dados o dia 3 de abril. Essa parcela representa 175.949 mil servidores ativos, ou 31,04% do total. Do montante, o levantamento revelou que 43,74% da força de trabalho está em trabalho remoto.
As diretorias da AdUFRJ e do Sintufrj se reuniram com suas assessorias jurídicas e a administração central da universidade para discutir o tema, dia 2, por videoconferência. Para os sindicatos, a medida é injusta, pois penaliza os trabalhadores num momento de crise global. Na ocasião, a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller, destacou que a universidade está num momento de maior apoio social e que os cortes podem gerar mais desgaste para o governo.
No dia 7, o Fórum Nacional de Pró-Reitores de Gestão de Pessoas das instituições federais de ensino superior (Forgepe) solicitou ao Ministério da Economia a revogação do artigo que suspende o pagamento dos adicionais ocupacionais. O Forgepe argumenta que a legislação prevê a manutenção dos valores mesmo quando os servidores estão ausentes de suas atividades presenciais. E cita situações como férias ou licença para tratamento da própria saúde.

RT DOS APOSENTADOS
A Pró-reitoria de Pessoal ainda mapeava a situação dos 67 professores aposentados que foram surpreendidos com o corte da Retribuição por Titulação nos contracheques anteriores. O problema foi causado pela falta de informações relativas aos diplomas do grupo no cadastramento do Sistema de Gestão de Pessoas do governo (Sigepe). A administração central afirmou que buscaria os dados pendentes junto aos docentes prejudicados por todos os meios possíveis. Mas “alguns poucos” continuaram com pendências cadastrais, o que só deve ser solucionado na próxima folha de pagamento, de acordo com a PR-4. A AdUFRJ também está atenta ao caso.

ilustra quarentena 1124Pesquisa, ações de extensão remota, reuniões online, produção e revisão de artigos, preenchimento de editais, entre outras atividades. A rotina dos professores universitários segue bastante atarefada, mesmo após a suspensão das aulas.
 “Nossa! É o dia inteiro. O mundo acadêmico não para”, enfatiza a professora Letícia Tavares, do curso de Gastronomia. A docente, editora de uma revista de Nutrição da Uerj, tem percebido que os colegas estão deslocando os esforços antes dedicados às aulas para outras ações do magistério. “Está todo mundo em casa produzindo. Não paro de receber artigo, como editora e avaliadora”.
Reuniões presenciais foram todas transformadas em virtuais. Na pesquisa, com colaborações espalhadas pelo Brasil, o apoio tecnológico era normal. “Mas uma oficina com especialistas, que seria na Uerj, foi transferida para o Zoom”, diz Letícia.
 A professora cita um efeito colateral da quarentena. Com a população confinada em suas casas, cresce a utilização da internet e diminui a qualidade do serviço. “Nunca tive problema aqui em casa. Mas, semana passada, a conexão estava caindo toda hora durante uma videoconferência do grupo de pesquisa pelo zoom”, lamenta. “E eu moro sozinha”.
Letícia mantém um projeto de extensão de forma remota (leia mais AQUI), mas diz que não conseguiria dar as duas disciplinas de graduação deste semestre pelos meios virtuais. “Vários estudantes não têm acesso a computador ou internet em casa. Pelo celular, tem coisa que não dá para fazer. Essa é a realidade dos nossos alunos da UFRJ”, completa.
Para a professora Kátia Tavares, da Faculdade de Letras, o período também é de muito trabalho. Seu grupo de pesquisa trata justamente sobre o uso de tecnologias digitais na educação. Ela aproveitou o momento para intensificar os trabalhos, coletando informações a respeito do tema, sobretudo de práticas que estão sendo adotadas no ensino básico e superior.
“O mundo virou um grande ambiente de pesquisa para nós”, contou. “Estamos usando esse momento para investigar as práticas, entender as dificuldades, conhecer os desafios dos professores que estão tendo que migrar para o ensino a distância”. No seu grupo de pesquisa, diversos profissionais da educação básica ajudam na observação e coleta das informações.
Além disso, as atividades ordinárias da professora seguem a todo vapor. “Eu continuo me reunindo, virtualmente, com meus orientandos, já que o trabalho deles também não parou”, disse. “Nesse período, participei da banca de doutorado de uma orientanda minha”, afirmou a professora, que calcula fazer jornadas de trabalho de 8 a 10 horas diárias, sem contar o período que usa para atender aos alunos de graduação, que estão fazendo atividades remotamente (leia AQUI).
No dia 16 de março, o CEPG publicou uma resolução autorizando as defesas de teses e dissertações de maneira remota por videoconferência. Desde então a rotina segue intensa para a formação de bancas de mestrado e doutorado. O professor Claudio Franco, que esteve em uma banca de doutorado na semana passada, sente que durante a quarentena o ritmo de trabalho está ainda mais intenso. “Todo dia é uma segunda-feira”, contou.
Franco também oferece parte das suas disciplinas na graduação de maneira remota e acha que, durante esse período de afastamento, os alunos têm exigido mais da sua atenção que o normal. “Tem demanda todo dia, e como eu sou hiperconectado, preciso me concentrar e dedicar horas específicas da semana para responder”, explicou. “Isso é importante para que o professor possa controlar o seu próprio tempo”. Mesmo assim, reconhece que o volume de trabalho aumentou. “O número de mensagens é maior. Talvez em um período normal, os alunos esperassem um pouco mais para me acionar diante de um problema, mas agora acho que estão mais ansiosos”.
A professora Emília Cristina Benevides de Freitas está dividindo seu tempo entre a sua pesquisa de doutorado e o atendimento dos alunos. “Disse que podem me escrever na hora que quiserem, e acabo respondendo quase em tempo real, porque fico mais alerta para as mensagens que recebo”, relatou. (colaborou Kelvin Melo)

Topo