A diretoria da AdUFRJ reuniu o Conselho de Representantes para receber informes sobre as consultas feitas nas unidades a respeito da greve e do processo de mobilização dos docentes da UFRJ. Os conselheiros que participaram do encontro na manhã desta quarta-feira (3) informaram que seus colegas de unidade foram majoritariamente contrários à deflagração de greve em 15 de abril.
Das 20 unidades que participaram da reunião, 15 foram contrárias à proposta do Andes. Outras cinco não se posicionaram ainda ou não apresentaram dados de quantos docentes foram favoráveis. A indicação do Conselho de Representantes é que maior parte dos professores da UFRJ entende que uma greve por tempo indeterminado neste momento prejudicaria os estudantes e colocaria a sociedade contra a universidade. Outro grande grupo considera a possibilidade de reavaliação sobre uma greve após o resultado da arrecadação federal, em maio.
Veja como se posicionaram os docentes das unidades que participaram do Conselho de Representantes
UNIDADE | GREVE EM 15 DE ABRIL? | PROPOSTA DE MOBILIZAÇÃO |
CAP | ---- | Não informou posição da unidade nem propostas de mobilização |
IBQM e ICB | NÃO | Novas formas de mobilização, com envolvimento dos estudantes |
HISTÓRIA | NÃO | Votar estado de mobilização na assembleia; pressionar para antecipação da mesa de negociação; mobilização nas unidades já |
EDUCAÇÃO | --- | Sem consulta formal porque muitos docentes só começaram a dar aulas nesta semana. Não houve tempo hábil |
COMUNICAÇÃO | NÃO | Construir a mobilização. Greve agora vai jogar a sociedade contra a universidade. |
MATEMÁTICA | NÃO | Estado de mobilização. Possível reavaliação em maio/junho. Atividades de mobilização nas redes; matérias do jornal informativas sobre as negociações; debate com CA e paralisação pontual das atividades |
DIREITO | ----- | Não apresentou propostas de mobilização, nem dados sobre favoráveis e contrários. Informou que havia divergências sobre quando a greve deve ser deflagrada |
POLITÉCNICA | NÃO | Intensificar a mobilização em torno de salários e condições de trabalho. Reavaliar possibilidade de greve em maio/junho |
IMA | NÃO | Aulas com algum tipo de identificação, como uma tarja preta no braço dos professores; divulgar mais as propostas apresentadas pelos sindicatos na mesa de negociação; campanha nas redes convocando egressos; reivindicar melhoria do orçamento das universidades; intensificar visitas de escolas a espaços da universidade, como os museus |
ESCOLA DE QUÍMICA | NÃO | Promover petições e marchas; realizar ações em escolas; paralisações pontuais; ações nas redes sociais; fazer uma nova edição da Universidade na Praça; elaborar comparativo de perdas salariais com outras categorias do funcionalismo; comparar salários dos jovens professores com outras carreiras; reuniões periódicas com os docentes |
SERVIÇO SOCIAL | ---- | Não apresentou dados sobre a posição dos colegas. Mobilizações com todas as unidades juntas. |
MACAÉ | SIM | Construção de frente de Lutas com o Sintufrj, DCE e UFF Macaé/Rio das Ostras; inserir nas mobilizações o tema das progressões; participar da jornada de lutas do Fonasefe. Não mostrou dados sobre a posição dos docentes a respeito da greve |
IESC | NÃO | Inserir a infraestrutura no debate e no processo de mobilização; reavaliação da greve num segundo momento, quando houver resposta do governo a partir de maio |
FÍSICA | NÃO | Condições de trabalho devem fazer parte do processo de mobilização |
EBA | NÃO | Debate sobre infraestrutura física deve fazer parte da mobilização, pois há grande insatisfação |
COPPE | NÃO | Processo de mobilização constante até maio, somadas às atividades apresentadas pela EQ |
INSTITUTO DE ECONOMIA | NÃO | Greve em 15/4 é precipitada. Necessária mobilização forte também em torno do orçamento das universidades |
FARMÁCIA | NÃO | A favor da mobilização, mas sem propostas específicas |
IFCS | NÃO | Necessidade de mobilizar mais os professores antes de decidir sobre greve; condições de trabalho devem ser tema da mobilização |
Instituto de Biologia | NÃO | A favor da mobilização dos professores |
PROPOSTA DA DIRETORIA
A presidenta da AdUFRJ, professora Mayra Goulart, apresentou a proposta da diretoria para construção da mobilização na UFRJ. A diretoria indicou um Estado de Mobilização permanente. “Entendemos que é necessário instaurar um processo de ativação geral envolvendo discentes e docentes a partir de um estado permanente de mobilização para conjugar a luta por melhores salários, articulada com os demais servidores, com a luta por melhores condições de trabalho, que envolvem a legítima indignação com a degeneração da infraestrutura da UFRJ”, disse Mayra.
Cada unidade deve organizar um Comitê de Mobilização Local para realizar, entre outras atividades, um ato de paralisação por mês, para mostrar a importância do que se produz e se pesquisa em cada espaço da universidade. “Ao final dessa primeira rodada, convocaremos o CR para avaliar o processo, bem como a atuação dos comitês e analisar como construir atos e paralisações unificadas em todas as unidades”, explicou a dirigente.
Também faz parte do conjunto de atividades proposto pela diretoria, a luta pelo orçamento da universidade. “A AdUFRJ irá organizar um seminário sobre o financiamento das universidades públicas. A ideia é convidar especialistas para discutir os modelos e projetos de lei sobre o tema”, contou a professora.
Afinada com as novas formas de luta, a diretoria acredita que a disputa nas redes é tão importante quanto a tradicional ocupação das ruas. “Nelas é possível, efetivamente, estabelecer uma mobilização permanente, partindo do corpo social da universidade e se espraiando para a sociedade através dos contatos de cada docente, estudante ou técnico”, apresentou Mayra. Haverá produção diária de conteúdos nas redes sociais e materiais disponibilizados para os conselheiros compartilharem as informações com os colegas nas unidades.
Um dossiê sobre infraestrutura também está sendo atualizado – uma primeira versão já foi entregue a parlamentares – para apresentar ao secretário de Educação Superior do MEC, professor Alexandre Brasil, que estará na UFRJ em 26 de abril.
DEBATE
O professor Pedro Lagerblad, do Instituto de Bioquímica Médica, informou que sua unidade realizou uma reunião conjunta com o Instituto de Ciências Biomédicas. “Foi uma decisão consensuada de que não é adequado fazer greve agora, no meio de abril, sem expectativa de conseguir resposta durante um mês”, contou o professor. “Seria um erro político e um prejuízo para os alunos”, avaliou.
Lise Sedrez, professora do Instituto de História, afirmou que houve decisão quase unânime entre seus colegas, contrária à greve em 15 de abril (somente uma pessoa votou a favor, em sua unidade). “No entanto, há um entendimento que a greve deve ser uma proposta no horizonte, talvez num segundo momento, e deve ser construída por conta das condições de trabalho”, explicou.
Da Escola de Comunicação, a professora Luanda Schramm informou que 80% dos docentes que responderam à sua consulta foram contrários à greve. Apenas um foi favorável. “Essa greve iria jogar a sociedade contra a universidade. Há uma posição de construir o movimento de mobilização e reavaliar a greve para um outro momento”.
No Instituto de Matemática, 47,1% dos docentes rejeitaram a greve em 15 de abril e indicaram estado de mobilização; 37,2% rejeitaram a proposta com possibilidade de reavaliação em maio ou junho; e apenas 15,7% de seus colegas são favoráveis à deflagração no dia 15. “Entre as atividades de mobilização, sugerimos atividades nas redes e nas ruas, matérias no jornal sobre o processo de negociação; debates com os estudantes e paralisações pontuais das atividades”, listou a professora Mariane Branco.
Da Faculdade Nacional de Direito, a professora Eleonora Ceia comentou que poucos colegas participaram da reunião de unidade sobre o tema. “Há divergências dentro do nosso corpo docente não em relação à greve, mas em relação ao momento da greve”, disse.
A professora Camila Azevedo, do Centro Multidisciplinar de Macaé, explicou que estão sendo organizados encontros presenciais semanais com os docentes de sua unidade. “Já aconteceram duas reuniões e uma roda de conversa”, relatou. “Há consenso em nos mobilizarmos para a construção da greve com ações articuladas com o Sintufrj, DCE e UFF Macaé e Rio das Ostras”, contou a professora. Os docentes de sua unidade também indicam acrescentar às mobilizações a luta pela garantia das progressões e promoções.
Respondendo a críticas da professora Sara Granemann, da Escola de Serviço Social, de que a AdUFRJ teria tido queda no número de sindicalizados, o professor Ricardo Medronho, da Escola de Química, lembrou que o processo de desmobilização dos docentes universitários é um desafio vivenciado por todos os sindicatos do país. Mas que a AdUFRJ vem colhendo bons frutos nesse campo. “Em todos os sindicatos filiados ao Andes houve queda no número de associados. A AdUFRJ é uma das poucas, senão a única, que conseguiu aumentar o número de sindicalizados e a participação dos professores nesse período”, observou. “Nós efetivamente representamos a maioria dos professores da UFRJ e isso é comprovado a cada nova eleição, desde 2015”.
Funcionários terceirizados sem salários, infiltrações em laboratórios, aulas em espaços inadequados, atraso na contratação e falta de professores substitutos. O Jornal da AdUFRJ mostra, nesta e na próxima página, como os problemas se multiplicam na maior federal do país, que resiste como pode.
E a situação quase piorou: às pressas, a universidade precisou pagar R$ 3 milhões à concessionária Águas do Rio para não ficar sem o serviço já a partir desta semana. O débito alcança R$ 13 milhões. Durante a sessão do Consuni deste dia 28, a reitoria afirmou não estar alheia à situação dos terceirizados, relatada por vários conselheiros. “Temos cobrado e acompanhado as empresas contratadas nos limites que a lei nos permite. Todas as situações apontadas são lamentáveis e não temos recursos suficientes para sanar todas elas”, disse a vice-reitora, professora Cássia Turci. “A UFRJ não cabe no seu orçamento”, completou a dirigente.
PROBLEMAS
A semana começou com o alagamento de laboratórios do Instituto de Ciências Biomédicas no bloco F do CCS. Um cano de banheiro estourou no segundo andar. Materiais importantes ficaram inutilizados. “É um prejuízo não só material, mas também moral para qualquer pesquisador”, disse a professora Josiane Sabbadini Neves.
Infiltrações em larga escala após as chuvas dos últimos dias também foram decisivas para a suspensão das aulas no campus da universidade em Duque de Caxias. Os telhados estão muito deteriorados.
Em Caxias e na Letras, os funcionários terceirizados estão sem receber salários. A congregação da unidade aguardava a formalização de um contrato emergencial para retomar as atividades acadêmicas no prédio da Cidade Universitária.
O curso de Gestão Pública para o Desenvolvimento Econômico e Social (GPDES), que funciona no local, também não começou. E, ao lado de outras unidades, critica o atraso na divulgação do edital de novos substitutos da universidade. O resultado saiu esta semana, com o período letivo já em andamento.
Já a Escola de Educação Física ainda não retornou à normalidade, após o desabamento de parte do telhado, em setembro do ano passado. Aulas regulares da graduação somente voltarão ao prédio depois de um segundo escoramento da estrutura.
Sem seu ateliê, interditado por risco de queda do teto, o curso de Pintura da Escola de Belas Artes também reivindica uma reforma urgente. Docentes e alunos iniciaram o ano em espaço inadequado emprestado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. (colaborou Silvana Sá)
VAZAMENTO ATINGE LABORATÓRIOS DO INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS
Professores do Instituto de Ciências Biomédicas são as mais recentes vítimas da falta de infraestrutura do Centro de Ciências da Saúde. Entre domingo e segunda-feira, o rompimento de um cano de banheiro no segundo andar do bloco F causou um vazamento que atingiu os laboratórios localizados no primeiro piso. “Não tem como esconder que a precariedade da nossa infraestrutura é a razão para essas coisas acontecerem”, afirma o diretor do ICB, professor Carlos Manssour.
O Laboratório de Imunofarmacologia e Inflamação foi um dos mais prejudicados. “Encontrei um cenário devastador. O armário com materiais de uso rotineiro na bancada e outros itens foram completamente inutilizados, assim como estantes com atas de resultados de alunos, livros, arquivos etc”, diz a professora Josiane Sabbadini Neves.
Não foi um episódio isolado. Esta é a terceira vez que o laboratório sofre danos nos últimos dez anos. “É um prejuízo não só material, mas também moral para qualquer pesquisador. E o suporte institucional é nenhum, em especial neste último incidente”, afirma a docente. “A falta de estrutura no CCS ou em qualquer centro da UFRJ não deve ser normalizada, tanto no que tange a laboratórios como salas de aula”, completa.
“Lamentável que esses episódios venham se repetindo ao longo de anos, anos, anos e anos. Há falta de dinheiro? Sim, mas certamente também há negligência nos atos, nos discursos inflados e na ânsia de visibilidade pessoal dos que ocupam cargos de gestão”, desabafa. “Não acredito que a solução passe por greve. Não há soluções rápidas para problemas complexos. A solução possivelmente passa por um debate nacional e reestruturação das regras do uso de recursos públicos nas universidades”.
Questionada sobre a causa do rompimento do cano do banheiro e se há algum projeto para uma reforma da infraestrutura hidráulica do prédio, a decania do CCS não respondeu até o fechamento desta edição.
COM PROFESSORES SOBRECARREGADOS, COLÉGIO DE APLICAÇÃO RETOMA ATIVIDADES
Mesmo com todos os profissionais sobrecarregados, o Colégio de Aplicação decidiu retomar esta semana as aulas para os anos iniciais do ensino fundamental e para o segmento de educação infantil — as atividades estavam suspensas desde o último dia 20 por falta de professores.
A situação continua crítica, mas foi parcialmente contornada com a chegada de alguns docentes substitutos. O colégio ainda demanda 21 professores em função de vagas não preenchidas no último edital e da rescisão de uma substituta que estava com contrato já renovado. Só para a educação especial, são dez vagas em aberto. “Já solicitei a publicação de novo edital para estas vagas não preenchidas”, informa a diretora da unidade, professora Cassandra Pontes.
Um recurso também foi encaminhado ao Conselho de Ensino de Graduação para solicitar seis vagas emergenciais, em função de aposentadorias e da troca de gestão — professores que saíram de sala de aula para assumir posições administrativas — neste ano. Além disso, o colégio apresenta déficit de pelo menos dez profissionais terceirizados de apoio à inclusão.
E o cenário pode piorar em breve. Com o início da orientação das licenciaturas, previsto para meados de abril, será ainda mais sobrecarregada a carga horária dos docentes.
“Todos estamos muito cansados. Essa situação tem demandado reuniões constantes da nossa equipe. Em carta que compartilhamos com o corpo social do CAp descrevemos um pouco, mas não tudo, do quanto a escola vem se dedicando a pensar e repensar formas de amenizar este momento de crise”, observa a professora Cassandra Pontes.
GRADUAÇÃO FICA SEM ESPAÇO NA EDUCAÇÃO FÍSICA
A Escola de Educação Física e Desportos não começou as aulas da graduação. A unidade segue parcialmente interditada após o desabamento de um pedaço do beiral do telhado, em setembro. A primeira semana letiva de 2024 foi dedicada a atividades de acolhimento aos alunos da graduação. Já os projetos de extensão e cursos de pós-graduação stricto sensu voltaram ao prédio, em áreas autorizadas pelo Escritório Técnico da Universidade.
O primeiro escoramento da estrutura — na parte diretamente atingida — demorou três meses para acontecer e o período passado só pôde ser encerrado com a redistribuição dos mais de 3 mil estudantes por outras unidades e centros. A maioria, no CCS. “Isso prejudicou demais nosso cotidiano”, afirma a diretora, professora Katya Gualter.
A primeira obra, porém, não é suficiente para permitir a plena utilização do prédio. Será realizado um segundo escoramento de toda a extensão do beiral do telhado. A expectativa é que o serviço seja iniciado nos próximos dias. “Após esse segundo escoramento, teremos a segurança e a autonomia de poder usar nosso prédio, subtraídas as áreas comprometidas com a desabamento”, explica Katya.
A congregação da EEFD decidiu aguardar a conclusão desta segunda obra para retomar as aulas.
A escola ainda precisará de uma reforma definitiva do telhado no bloco onde aconteceu o desabamento. Além da recuperação das salas e laboratórios hoje interditados.
A diretora agradeceu à administração central, ao CT (que está ajudando em uma obra emergencial do telhado) e a outras unidades e centros que emprestaram espaços para a realização das aulas. “Principalmente à coordenação de integração acadêmica do CCS, que tornou possível nós terminarmos o período letivo passado. Sabemos que o CCS está enfrentando problemas de infraestrutura com espaços sem quaisquer condições de uso”, diz a diretora.
ATELIÊ INTERDITADO NA EBA
Os alunos da Escola de Belas Artes realizaram uma manifestação no hall do edifício Jorge Machado Moreira para protestar contra as precárias condições de estudo, no dia 26. O ateliê de pintura Candido Portinari, mais conhecido como Pamplonão, está interditado desde o final de janeiro. Há risco de queda do teto, que sofre há anos com constantes e crescentes infiltrações.
A unidade verifica com o Escritório Técnico da universidade a possibilidade de reabrir alguns trechos do ateliê. “O que não resolveria de maneira alguma os problemas do curso. Vai gerar um alívio muito pequeno”, enfatiza o professor Pedro Meyer Barreto, chefe do Departamento de Artes Base.
Enquanto isso, as atividades foram deslocadas para uma sala e um salão — com graves problemas de ventilação — emprestados pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, em outro bloco do prédio. “Além disso, o espaço não tem equipamentos necessários para o trabalho de Pintura, como tanques”, explica Pedro.
A professora Martha Werneck reforçou as dificuldades de dar aula no salão. “Ontem, tivemos três aulas simultâneas aqui, com todos os ventiladores ligados. Saí sem voz”, disse. “As questões acústica e térmica aqui são muito complicadas. Não é só o espaço; é a qualidade deste espaço”, criticou.
A vice-reitora Cássia Turci disse que a administração central recebeu um processo de reforma do Pamplonão na véspera do fechamento desta edição. Segundo ela, ainda não houve tempo para analisar o documento.
LETRAS MANTÉM AULAS SUSPENSAS
A Congregação da Faculdade de Letras decidiu manter a suspensão das atividades — adotada desde o dia 18. A unidade está sem serviço de limpeza. Os funcionários terceirizados não receberam o pagamento relativo a fevereiro, no início de março. A ideia era esperar a definição da reitoria sobre a vigência do contrato emergencial com nova empresa.
Mas isso não deve ocorrer. A vice-reitora Cássia Turci informou que não houve empresas interessadas para o contrato. A administração central disse no Consuni que o pagamento da empresa atual seria feito nesta quinta.
Os professores tentam manter alguns compromissos acadêmicos em outros espaços. Exemplo foi o Colóquio de Língua e Literatura Italiana, com seis convidados estrangeiros, transferido para um auditório no antigo prédio da reitoria, entre 18 e 20 de março. “Não seria possível reprogramar para esses visitantes”, disse a professora Flora de Paoli.
CURSO TEM ATRASO NA CONTRATAÇÃO DE SUBSTITUTOS
A suspensão das atividades na Letras também impede o funcionamento do curso de Gestão Pública para o Desenvolvimento Econômico e Social (GPDES) que, sem sede própria desde sua criação em 2009, fica localizado na unidade — mesmo sendo vinculado ao IPPUR. Mas o GPDES já teria dificuldades para começar o período letivo por falta de docentes. O motivo é o atraso na divulgação do edital de contratação dos substitutos.
Os resultados saíram somente esta semana e ainda precisa ser realizado o processo de contratação, com o primeiro período letivo já iniciado. O curso solicitou 11 docentes e ganhou oito vagas. “Desde novembro, estou esperando abrir este edital”, afirma a professora Giselle Tanaka, coordenadora do GPDES. “Não temos professores do quadro para cobrir algumas disciplinas obrigatórias”.
A pró-reitoria de Graduação (PR-1) esclareceu que o atual cronograma atrasou 30 dias para esperar o resultado da Comissão Temporária de Alocação de Vagas (Cotav), em 2023. Além disso, os recursos das unidades ao Consuni para pedir mais substitutos, no fim do ano passado, contribuíram para a extensão dos prazos.
CAXIAS SEM LIMPEZA E COM INFILTRAÇÕES
A combinação de servidoras terceirizadas de limpeza sem salários e muitas infiltrações nos telhados foi explosiva para o campus de Duque de Caxias da UFRJ. As aulas foram suspensas entre o início da tarde de segunda e a quinta-feira (data do fechamento desta edição).
A empresa, que não havia recebido os repasses da universidade referentes aos três últimos meses, deixou de pagar as funcionárias no início de março. Um atraso que não é inédito. “Ano passado, nossas terceirizadas ficaram sem receber novembro e dezembro. Só foram receber na véspera do Natal”, afirma a diretora do campus, professora Juliany Rodrigues.
No Consuni desta semana, o pró-reitor de Finanças, professor Helios Malebranche, informou que o pagamento à empresa seria realizado nesta quinta-feira.
Em paralelo ao problema da falta de limpeza, a diretoria do campus tenta a liberação de recursos disponíveis na Fundação Coppetec para modernizar a cobertura dos três prédios e acabar com as infiltrações.Elaborado pelo Escritório Técnico da universidade, há um projeto pronto desde o ano passado, mas ainda não implementado.