A obra, que ocupa 2,7 mil metros quadrados e se tornaria alojamento para 160 estudantes, foi iniciada em 2017, mas jamais concluída. A edificação, formada por ferro, aço, madeira e concreto, se desfaz no tempo e no espaço a olhos vistos. A barreira de proteção da obra caiu e, pouco a pouco, o revestimento externo dos módulos vai desaparecendo.
É grande a quantidade de mato no entorno da edificação e de restos de materiais de obras, como vergalhões, pregos e madeiras apodrecidas. Por dentro, é possível observar os sinais de infiltração pela água da chuva.
Antes de ser paralisada, a empreitada consumiu recursos da ordem de R$ 15 milhões. O custo total era previsto em R$ 18 milhões. O Tribunal de Contas da União interpela a universidade para que a obra seja finalizada. A finalidade, no entanto, está indefinida. “A estrutura é muito semelhante ao ‘Ninho do Urubu’ (estrutura em contêineres no CT do Flamengo onde 10 jovens morreram carbonizados em um incêndio em 2019). Não tenho coragem de colocar estudantes para dormirem naquele espaço”, revelou o reitor, professor Roberto Medronho, durante reunião com a AdUFRJ, o Sintufrj e o DCE no dia 18 de junho.
O projeto está na lista de prioridades da administração central para obter recursos do governo federal para sua conclusão. “Nós pedimos R$ 80 milhões para a segunda etapa do ‘paliteiro’, para a conclusão da residência do complexo CT-CCMN, e para finalizar os módulos”, conta o reitor. “Nossa perspectiva é usar toda a área desses módulos para assistência estudantil, mas com atividades que funcionem durante o dia, sem pernoite”, indicou Medronho. A reitoria informou que o governo federal disponibilizou R$ 10 milhões para a conclusão das instalações.
Vizinho da estrutura inacabada, o novo prédio do Instituto de Física sofre com a degradação do entorno. “Vivemos uma situação de insegurança cotidiana com os dois alojamentos inacabados, mas principalmente com o esqueleto de tijolos, que fica no caminho entre o CCMN e o nosso prédio”, revela o diretor do IF, professor Nelson Braga. “Toda a região fica muito escura, qualquer um pode se esconder naquelas estruturas para assaltar quem passa”, conta. “Aqueles contêineres, inclusive, são uma aberração e, a cada dia, um pedaço some”, observa o docente. Ele conta que há um projeto para o cercamento completo da quadra do CCMN, que está sob análise da Procuradoria. “É uma forma de tentar proteger a comunidade acadêmica”, relata.
A insegurança não é sentida só pela comunidade acadêmica. Quem visita o campus para atividades de lazer também sente medo. “A gente fica preocupada que caia alguma coisa na gente, além do medo de assaltos”, conta Milena Barbosa. A jovem é moradora da Maré e se exercita com a prima na Cidade Universitária. “À noite, pessoas de rua vêm dormir nesses blocos e podem atacar quem passa. Por isso, prefiro vir caminhar de dia”, conta Milena.
A Prefeitura Universitária já conseguiu o orçamento necessário para voltar a cercar a área das obras. “Desde agosto do ano passado solicitamos o recurso para a recolocação dos tapumes. O dinheiro chegou agora. Vamos começar na semana que vem a trabalhar ali”, informa o prefeito Marcos Maldonado. “Mas é uma solução provisória. O definitivo seria o cercamento da região, cujo projeto já está em andamento junto ao Escritório Técnico da Universidade”.
Outra iniciativa da PU é o reforço na iluminação do entorno do prédio do Instituto de Física, especialmente o trajeto entre o CCMN e o edifício. É uma forma de aumentar a segurança de quem transita no perímetro das obras inacabadas. “Nós já fizemos os estudos preliminares. Só falta chegar uma parte do material para que a nova iluminação seja colocada”, conta Maldonado. A obra será realizada pela empresa que já cuida da manutenção da iluminação na Cidade Universitária. A expectativa é que o serviço comece a partir da próxima semana.