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Manual de Redação

Nas redações de jornais, revistas, rádios e emissoras de TV nos anos mais brabos da ditadura havia uma espécie de índex com a lista de palavras e/ou expressões  proibidas pelo regime. Greve, reforma agrária, marxismo não podiam ser impressas e/ou faladas. A palavra tortura, então, jamais poderia ser escrita ou pronunciada. Também se aparecesse em título de música, de peça de teatro ou de filme, era censura na certa. Há histórias curiosas surgidas de situações surreais criadas pelos censores do regime. Waldick Soriano, cantor e compositor brasileiro que fez sucesso à época, foi chamado pelo Dops para explicar o título do bolerão  “Tortura de amor”. Quase acabou preso. 

O índex pós-ditadura existe. Jornalões, revistas, rádios, mídias eletrônicas das grandes corporações obedecem, cada um, a um manual de redação político específico. Uns mais radicais do que outros, mas com pequenas variações. Por exemplo: membros do MST são sempre invasores. No léxico da mídia em questão, não existe a palavra ocupação. O mesmo vale para as invasões urbanas. Manifestantes, em alguns veículos como (com licença da palavra) a Veja, são sempre  baderneiros ou um bando de baderneiros. Assim como, nas editoriais internacionais, Fidel Castro nunca passou de ditador. O genocídio praticado por Israel matando crianças palestinas leva o singelo nome de conflito.

 
Manual de Redação II
Nesses dias de satanização dos movimentos sociais, alguns veículos têm sido exuberantes na manipulação de palavras e expressões.
O Globo saiu-se com este título, há dias: “A conexão sindical”.
O redator esmerou-se em dar conotação de conspiração criminosa que, supostamente, envolveria sindicatos financiando a violência em protestos.

Manual de Redação III
Em plena ditadura, nos anos 1970, jornais como O Globo e o Dia aqui no Rio costumavam trazer títulos (às vezes, em manchete) para noticiar prisões de combatentes do regime como este aí abaixo (com pequenas variações):
Polícia desbarata quadrilha de subversivos.

Manual de Redação IV
O Globo teve acesso ao conteúdo do inquérito dos ativistas antes mesmo do que os advogados dos acusados.
Mais estarrecedor, ainda: até o próprio desembargador Siro Darlan queixou-se de não ter acesso ao inquérito. 
Àquela altura, o documento já tinha chegado às redações do grupo da família Marinho.

Manual de Redação V
A principal fonte da mídia para acusar os ativistas presos tem sido o inquérito policial ou o delegado, enfim, a polícia.
Para sugerir imparcialidade, ouve um pouco a versão de advogados de defesa.
Ou seja: não bastasse o reacionarismo, ainda considera o leitor/expectador como um ausente de qualquer possibilidade crítica.
Um jornal um pouco mais condescendente para atender aos leitores mais exigentes faz o perfil de um ou outro acusado – para que tenha o direito de dar sua versão dos fatos.

Manual de Redação VI
Para registro: o jornal O Dia foi um dos poucos que noticiou o grampo da polícia, com autorização da Justiça, nos telefones  celulares dos advogados que defendem os ativistas.
Neste caso, até o telefone fixo do Instituto dos Direitos Humanos (IDDH) foi grampeado.
“O grampo do telefone do IDDH se constitui numa violação da prerrogativa dos advogados que trabalham no instituto pelo sigilo necessário nas conversas entre advogado e cliente”, acusou o coordenador do instituto, Thiago Melo.

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Professora avalia o avanço do capital sobre as instituições públicas de ensino superior no país

Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

A professora Andrea Vale, da Universidade Federal Fluminense (UFF), focou sua apresentação nos desafios e problemas da educação superior no Brasil. “A transformação do mundo do trabalho com o avanço da precarização das relações e mudanças no aparato do Estado desembocam na super exploração dos trabalhadores da educação. Este movimento não está separado do avanço do capital privado sobre a educação pública e do avanço da educação privada capitaneada por recursos públicos”.

Para Andrea, há uma diluição das fronteiras entre o público e o privado, utilizada como estratégia pelo empresariado: “Os empresários da educação superior conseguem um conjunto de decretos que criam a figura de centros universitários. Criam-se faculdades isoladas, sem a necessidade de atuação em pesquisa ou extensão, consideradas atividades onerosas para seus negócios e pouco eficientes do ponto de vista da formação para o trabalho”. 

As isenções tributárias, de acordo com a docente, têm importante papel na expansão da rede privada e possibilitam a ampliação do “acesso a instituições muitas vezes de qualidade duvidosa, com alunos sem condições de permanência”. Para Andrea, um dos “efeitos nefastos” da política de expansão é o “ataque à universidade – seja pela expansão do setor privado predominantemente por IES não-universitárias, seja pelo modo como a expansão precária rebate nas universidades públicas”. 

Entre 1994 e 2002, de acordo com dados apresentados por Andrea Vale, quase dobrou o número de instituições de ensino superior no Brasil: de 851 para 1.637. Isto representou um aumento de 92,4%. No entanto, “as IES públicas reduzem seu número em -10,5% contra um aumento de 127,8% das IES privadas. A proporção, que em 1994 era de 25,6% públicas e 74,4% privadas, em 2002, é de 11,9% públicas e 88,1% privadas”.

Quanto às matrículas, continua a docente, no mesmo período há um “crescimento total de 109,5%, entretanto, registrando-se apenas 52,3% de aumento para as matrículas públicas, contra 150,2% para as matrículas privadas”. “Isto fez com que a proporção bastante estável, durante cerca de 20 anos, em torno dos 40% de matrículas públicas e 60% de matrículas privadas passasse, em oito anos, para 30,2% de matrículas públicas e 69,8% privadas”. Entre 2003 e 2010, as matrículas cresceram 28,63% nas IES públicas e 44,96% nas privadas. “Em resumo, entre 1995 e 2012, as matrículas cresceram 144,92% no setor público e 297,30% no setor privado”.

 

Na próxima edição, Educação Técnica e Tecnológica e a Educação no campo.

 

Encontro representativo

Diversos movimentos sociais, entidades classistas, movimentos estudantis e partidos políticos de esquerda participaram do Encontro Estadual de Educação. A carta de encerramento do encontro contabilizou a presença de 40 entidades. Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Sinasefe, Fasubra, Andes-SN, Sepe, Anel, Oposição de Esquerda da UNE, Associação dos Estudantes Secundaristas do RJ, Conselho Regional de Serviço Social, PCB, PSOL, PSTU e PCR foram algumas das entidades e partidos presentes.

O número total de participantes chegou a 350. Participaram dos grupos de discussão durante a tarde 250 pessoas. Isto demonstra a disposição para articular alternativas que sejam encaminhadas ao Encontro Nacional de Educação.  

 

Redução drástica das matrículas no estado

Eveline Algebaile, professora da Uerj, apresentou um quadro geral da educação básica e mostrou números alarmantes: há uma forte redução da participação dos estados na composição das matrículas na educação básica. No Rio de Janeiro, as matrículas estaduais caíram de 1.490.607 em 2006, para 973.666 matrículas em 2012. Para 2013, os números estão sendo atualizados e devem corresponder a pouco mais de 800 mil. “São menos 100 mil matrículas por ano no estado do Rio. É a rede que apresenta a maior queda no Brasil. Enquanto isso, a rede privada cresce 13,3% no país e 22,6% no Rio de Janeiro”.

30 de julho
quarta-feira

Às 17h, concentração na Candelária

 

31 de julho
quinta-feira

  • Ato na Unirio contra a Ebserh
  • Mobilização para barrar privatização do HU da Unirio
  • Debate às 9h, com a participação de representantes da UFRJ, UFF e do Andes-SN
  • Em seguida, ato público.

 

4 agosto
segunda-feira

  • Ato na Uerj
  • Em defesa da democracia: lutar não é crime. 
  • às 18h na UERJ

Completaram-se dois anos da morte do ex-reitor da UFRJ Aloísio Teixeira. A professora Maria Malta leu texto no qual destacou as qualidades do ex-dirigente máximo da universidade, seu senso de justiça, sua luta pela abertura democrática e, como reitor, pela condução igualmente democrática da UFRJ. 

“Na clandestinidade (na qual viveu por quatro anos) atuou na formação de quadros no partido (PCB) e no retorno à vida pública, optou por formar-se economista. Em 1981 ingressou como professor na UFRJ, onde se titulou mestre, publicou sua tese de doutoramento elaborada na Unicamp e atuou como professor, pesquisador e extensionista durante a vida inteira. Escolheu ser reitor desta universidade. Lutou por isso. Morreu por isso”, disse Maria Malta.

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