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Professor, da Faculdade de Medicina, recebe a honraria máxima da universidade em cerimônia emocionante

Evento reinaugurou Quinhentão, recém- reformado

Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

A cerimônia de emerência do professor Nelson Souza e Silva teve como cenário o auditório do Quinhentão, no Centro de Ciências da Saúde. O evento, aliás, reinaugurou o espaço, agora completamente reformado. O professor Edwaldo Cafezeiro, emérito da Faculdade de Letras, declarou à reportagem do Jornal da Adufrj que o título concedido ao professor Nelson significa uma merecida homenagem: “Foi feita uma grande justiça a um dos professores da UFRJ cuja grandeza realmente corresponde à base da educação desse país”, declarou.

Cafezeiro, representando o segmento docente, compôs a Comissão de Honra que conduziu o professor Nelson à mesa da solenidade. Ao lado dele, estavam: a técnica-administrativa Neuza Luzia Pinto; o estudante João Roquete da Rocha; a paciente Olga Borges, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho; e o médico Luiz Roberto Londres, ex-aluno da UFRJ da turma da Medicina de 1965, colega de turma do mais novo emérito da universidade.

Pedido de emerência partiu dos alunos

Sérgio Augusto Novis, emérito da Faculdade de Medicina da UFRJ, fez o discurso de apresentação do professor Nelson. Novis destacou que o pedido de emerência do homenageado partiu do segmento discente: “Com mais de 500 assinaturas, os estudantes enviaram requerimento à Faculdade de Medicina. Os longos e árduos tempos do exercício do magistério não foram em vão. Não há sentimento maior para um mestre que ver o reconhecimento de seus alunos”, disse. Novis também fez referência ao Complexo Hospitalar da universidade, que teve em Nelson um de seus idealizadores. E enfatizou a luta contra a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, com o protagonismo de Souza e Silva.

Dona Olga Borges, paciente do HUCFF, disse encontrar no professor Nelson mais que um médico: “Ele é um grande amigo. Diversas vezes que passei mal, liguei pra ele, que veio me atender. Certo dia, ele estava na Barra (da Tijuca) e voltou para o hospital para me atender. Todos os pacientes atendidos no ambulatório por ele o veem como exemplo de pessoa e de profissional”.

Os elogios não pararam por aí. Luiz Roberto Londres, que foi colega de turma de Nelson, disse que aquela turma de 1965 tinha um “profundo sentimento social” e que esta característica sempre fez parte do professor Nelson: “Ele sempre teve um pensamento social e coletivo. Sempre foi intenso em tudo o que se propôs a fazer. O que permeou toda a sua carreira foi não ter aberto mão de sua missão de ensino”, disse, emocionado.

O estudante João Roquete da Rocha, do sexto ano de Medicina, contou que faz parte da equipe do ambulatório de Nelson desde o terceiro ano: “É impossível não admirar quem faz tanto com tanta dedicação”. João disse que o docente é seu maior exemplo de profissional e de pessoa e que o título de “discípulo de Nelson Souza e Silva é vitalício”, da mesma forma que o de professor emérito.

Para a técnica-administrativa Neuza Luzia Pinto, “educação, democracia, verdade, sabedoria, compromisso com o público” por si só já seriam características para definir o professor Nelson. Contudo, para além de tudo isso, ele é uma “daquelas pessoas que pensam todos os dias muito além do hoje”. Ela, em nome dos servidores do Instituto do Coração Edson Saad da UFRJ, do qual Nelson foi diretor, entregou-lhe uma placa de homenagem, assim como os mestrandos e doutorandos do instituto.

 

As palavras do homenageado

Nelson Souza e Silva destacou a necessidade de se lutar pela autonomia universitária e para que a Constituição seja cumprida integralmente, especialmente no que diz respeito aos direitos básicos dos cidadãos: “Acredito que o povo brasileiro não tem conhecimento pleno da Constituição; por isso, ainda não conseguimos colocá-la em prática”. Ele falou também de leis que atentam contra a Constituição, como a que cria a Ebserh, a que cria o Funpresp e a Lei das Carreiras do Magistério Superior, que “desestimula a vinda de novos professores para a UFRJ”.

O reitor Carlos Levi, como ele mesmo disse, “esfacelou” o protocolo ao dar um presente pessoal ao professor Nelson: uma bandeira do Brasil em representação do brasileiro forte e corajoso, que defende “com afinco e paixão suas ideias”. E garantiu que, enquanto reitor, tem o dever de garantir a defesa do contraditório, porque “só assim o conhecimento avança e a universidade cresce”.

Também participaram da cerimônia de emerência: a decana do CCS, Maria Fernanda Quintela; o diretor da Faculdade de Medicina, Roberto Medronho; o ex-reitor da UFRJ e ex-diretor do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Alexandre Cardoso; o atual diretor do Instituto do Coração, Antônio Paes de Carvalho; e a diretora da Divisão Médica do HU, representando o diretor Eduardo Côrtes, Rosali Corrêa.

 

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Ação policial, motivada por um pedido do comitê eleitoral de Aécio Neves, tenta apreender computadores no local. Justificativa: ali estaria a origem de um ponto para ataques virtuais ao candidato do PSDB

Adufrj-SSind repudia episódio

Por pouco, a coordenadora do Programa de Pós-graduação em História Social da UFRJ, Mônica Grin, não teve equipamentos de trabalho confiscados de sua sala no prédio do Largo de São Francisco, no Centro do Rio, no último dia 11. A professora entrou em uma lista de suspeitos de difamarem, na internet, o candidato à presidência da República Aécio Neves (PSDB-MG). 

A operação foi motivada, em primeiro lugar, por um pedido do comitê eleitoral do tucano à Justiça de São Paulo. O objetivo era investigar o endereço de computadores que alimentariam sites com ataques ao candidato. Vencida esta etapa, foi feita uma representação aos Ministérios Públicos do Rio de Janeiro e de São Paulo, em 26 de maio e na semana seguinte, respectivamente, para continuar a investigação. Daí resultou o mandato de busca e apreensão utilizado por um promotor e uma equipe de policiais no prédio da UFRJ.

Mônica (e a universidade) teriam sido poupados pela constatação de que a docente apenas havia contratado um serviço privado de wifi, oferecido a alunos e professores do local (ou seja, qualquer um poderia ter utilizado a rede para atacar Aécio). Contudo,  pelo menos outras quatro pessoas do Rio tiveram pendrives, máquinas fotográficas, chips, HD externos retirados de suas casas e locais de trabalho e enviados para perícia.

UFRJ acionou a Procuradoria Federal

Segundo a assessoria de comunicação da reitoria da UFRJ, a professora, até quinta-feira 12, disse que preferia não dar declarações e buscaria assessoria jurídica sobre o caso: “A UFRJ acionou sua Procuradoria Federal e entrou com uma ação cautelar, para evitar a apreensão de bens da universidade. A ação questiona a competência da Justiça Estadual para apreender bens e equipamentos federais; defende o território federal e a autonomia universitária”.

 

Nota de solidariedade

A Diretoria da Adufrj-SSind, tendo tomado conhecimento de operação policial realizada no prédio do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS)/Instituto de História (IH) para apreender computadores da universidade, a pretexto de investigar suposto crime de difamação contra o candidato do PSDB à Presidência da República, vem manifestar sua solidariedade à professora Mônica Grin, Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em História Social da UFRJ, que teve seu nome envolvido na investigação apenas por ser a contratante pessoa física de um serviço de internet sem fio oferecido a alunos e professores daquela instituição. 

Manifestamos nosso repúdio não só à ação ilegal das autoridades policiais na universidade, o que viola a nossa autonomia, mas também à ação do candidato que atenta contra a livre circulação de ideias e posições políticas, o que é típico de regimes autoritários de triste memória, especialmente nesse ano de descomemoração dos 50 anos do Golpe Civil-Militar no Brasil.

Por fim, reiteramos a posição da Adufrj-SSind e do Andes-SN em defesa de condições dignas de trabalho na UFRJ e nossa cobrança à Reitoria para que garanta a tod@s os professor@s, técnic@s e alun@s o acesso público e gratuito à internet de alta velocidade, que constitui ferramenta essencial para o ensino, pesquisa e extensão.

Coletivo de mulheres da UFRJ lista casos que envolvem estudantes e professores da instituição

“Violência não é brincadeira”, alerta aluna

Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

A partir da ampla divulgação e repúdio a uma imagem com apologia ao estupro (uma provocação de muito mau gosto entre estudantes de Direito), noticiada na edição nº 846 do Jornal da Adufrj, vários casos de sexismo tornaram-se públicos na UFRJ. “Essa imagem foi compartilhada na internet e muitas piadas foram feitas. Alguns meninos diziam que era brincadeira, mas violência não é brincadeira”, afirma Josi Oliveira, integrante do Coletivo de Mulheres da universidade.

Estudante da Faculdade de Educação, ela diz que, apesar dos esforços dos movimentos, os casos de machismo não têm sido solucionados. Para ela, o problema está na ausência de posicionamento da UFRJ: “Sentimos muita falta da instituição. Fazemos a denúncia, mas a reitoria não assume para si a necessidade de combater essas práticas na universidade”, criticou.

No fim de maio, o Coletivo divulgou nota em que acusa nominalmente o professor Pedro Ivo Salvador, do Departamento de Matemática Aplicada da UFRJ. Ele é autor do artigo “Restringir a demanda é importante”, veiculado em seu blog pessoal. Em um dos trechos, após dizer que restringir a demanda aumenta o valor de um produto, o docente afirma: “Sendo assim, uma mulher que restringe a demanda, se relaciona com muitos poucos sortudos, em termos econômicos possui um preço elevado. Contudo, há uma tendência feminista de dizer que mulheres devem aproximar seus comportamentos e padrões morais ao dos homens. Ou seja, não restringir sua demanda. (...) Logo, ao reduzir a restrição da demanda, ela estará reduzindo seu preço...”.

Outro professor também citado na nota do Coletivo é Bernardo Santoro, substituto dos cursos de Direito da Uerj e da UFRJ. Ele divulgou em seu perfil do Facebook um texto em que agradecia ao feminismo por ter proporcionado sexo sem compromisso para os homens. “Depois do feminismo, da revolução sexual e da pílula, nunca foi tão fácil ter uma mulher sem nenhum compromisso. Basta uma cantada ‘mais ou menos’ para pegar a garota e insistir um pouquinho para conseguir arrastar pro motel logo na primeira noite”, dizia um trecho. Santoro pediu exoneração do cargo de professor substituto da Uerj, mas voltou atrás na decisão.

Professores se defendem

Procurado pela reportagem, o professor Pedro Salvador disse, por e-mail, que não tomou conhecimento da nota divulgada pelo Coletivo de Mulheres da UFRJ, mas que recebeu “comentários e mensagens agressivas” pela publicação do artigo. Afirmou, ainda, que em seu texto não compara mulheres a bens e responsabilizou também as mulheres pela propagação da violência: alega que são elas que criam os “pequenos machistas”.

Já o professor Bernardo Santoro, que comentou em alguns veículos de comunicação que seu texto se tratava de uma brincadeira, disse à reportagem do Jornal da Adufrj que retirou o post do ar por razões pessoais. Perguntado se ele também considera piadas homofóbicas e racistas como brincadeiras, o docente defendeu a liberdade de opinião: “Certamente ficaria ofendido se fizessem piada com minha origem indígena, mas não faria uma ‘caça às bruxas’ contra tal pessoa. Tolerância com o diferente é a base da democracia”.

Falso humor

Pesquisadora do Laboratório de Direitos Humanos (LADIH/UFRJ) e aluna de pós-graduação da Faculdade Nacional de Direito, Heloisa Melino considera que a violência simbólica se constrói com a naturalização da violência: “É muito comum, principalmente, o discurso de ‘isso é só uma piada’. Precisamos combater a violência simbólica do discurso de humor, pois é a forma mais sutil pela qual se propaga a ideia de que as mulheres são menos capazes, menos inteligentes, menos hábeis, menos úteis. É esse discurso que faz com que haja diferenças de salário, que faz com que os homens achem normal passar a mão em uma mulher, assediá-la verbalmente ou ‘encoxá-la’ no metrô. ‘É só piada. É só elogio’. Não, a morte de mulheres não tem graça, estupro não é engraçado”.

Heloisa milita no grupo Universidades Feministas, que engloba Uerj, UFRJ e PUC, além de compor o Coletivo de Mulheres da UFRJ. Sua experiência tem mostrado que os casos mais recorrentes nas universidades são de agressões verbais e perseguição a mulheres. “Procuramos manter um espaço seguro para denúncias sobre estupro, sobre agressões físicas, para que mulheres dividam suas histórias e possamos nos fortalecer umas às outras”.

Buscar apoio é o primeiro passo, na opinião da pesquisadora, para enfrentar os casos de opressão na universidade: “Eu incentivo a procurar primeiro o apoio de pessoas e de coletivos feministas e só depois acionar a instituição de ensino, porque não existe imparcialidade, e o machismo também está nas estruturas das universidades, de forma que alunas ou alunos sozinhos podem ser silenciados”.

A entrevista, completa, com a pesquisadora, você pode ler aqui.

 

Violência simbólica é reflexo da sociedade

De acordo com a decana eleita do CFCH, professora Lilia Pougy, os episódios recorrentes de machismo e outras formas de opressão estão cada vez mais vivos na sociedade como um todo. “O machismo faz parte de uma estrutura patriarcal, que ainda domina nossa sociedade. Esse conceito pode parecer ultrapassado, mas tem grande vitalidade. Por isso, é ‘natural’ que essas práticas se reproduzam na universidade. A sociedade tem renovado as formas de dominação, dentre elas a violência simbólica que reduz o outro, seja pelo machismo, pelo racismo, pela homofobia.”.

A recorrente contraposição entre machismo e feminismo, como conceitos antagônicos, para a professora, além de gerar grande confusão, ignora a relação de busca por direitos e organização social: “É uma grande excrescência! Não há antagonismo. Enquanto o machismo está associado ao patriarcado, o feminismo engloba diferentes pensamentos, filosofias, práticas que se unem na busca pela ampliação de direitos”, disse Lilia (da Escola de Serviço Social), que tem a “violência de gênero em tempos de Lei Maria da Penha” como uma de suas linhas de pesquisa. 

Ela criticou a postura de ridicularização do movimento feminista: “Chamar feministas por estereótipos, como aquelas que queimam sutiã ou dizer que são histéricas, fecha o diálogo. As polarizações são inférteis, não levam a nada. Somos todos seres humanos tentando caminhar na direção dos avanços sociais e da conquista de direitos”.

Reagir é fundamental

Lilia Pougy afirma que reagir à violência de gênero se faz cada vez mais importante, mas que ela não ocorre somente com a denúncia: “É fundamental fazer barulho, expor o agressor, mas infelizmente pode haver também uma reação de introspecção e adoecimento da vítima, o que é muito comum”. Ela foi veemente na crítica a posturas que desconstroem avanços sociais: “É lamentável que na universidade, que é espaço de criação e liberdade de pensamento, aconteça esse tipo de situação. É preciso levar em conta princípios, dentre eles o respeito ao coletivo, e isso não se constrói com situações de opressão”.

A universidade, para a decana, precisa se posicionar: “Isso deve ser levado aos colegiados superiores. É preciso coletivizar essas questões e não particularizá-las. Há uma questão social que precisa ser tratada no escopo da política acadêmica. Outro caminho é a denúncia para a Ouvidoria da UFRJ, que aciona os dirigentes e pode dar encaminhamento a esses tipos de ações. A gente precisa intervir institucionalmente, mas esse não é o papel apenas dos dirigentes. É papel de todos os servidores públicos”.

Burocracia para acessar estacionamento da Praia Vermelha irrita docentes

Sem o adesivo da prefeitura, mesmo quem é professor da UFRJ não entra

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

14061751Foto: Kelvin Melo - 12 e 13/06/2014Depois de duas horas no trânsito, a professora Eliana Sérvulo, 59, da Escola de Química, perdeu mais 30 minutos para chegar ao seu compromisso no campus da Praia Vermelha: o motivo do atraso extra são as regras de acesso ao estacionamento. A reunião na Fundação Universitária Jose Bonifácio (FUJB) que aguardava a docente precisou esperar, além da liberação no portão, sua caminhada desde a rua do campinho de futebol (onde lhe autorizaram parar o carro), apesar de todas as vagas em frente à Fundação estarem disponíveis. Nem o argumento da professora de sofrer de fibromialgia (dores por todo o corpo) comoveu o operador de tráfego da empresa contratada pela universidade para administrar o local. 

“Agora você vê...”, desabafou a professora, atravessando o campus, com dificuldade. Eliana recorda ter participado, por “diversas vezes”, de atividades na Praia Vermelha, sem ter sido interceptada. O adesivo de autorização para estacionar no Centro de Tecnologia da própria UFRJ não foi suficiente para identificar a docente. Perguntada se não sabia que o acesso havia sido restrito aos servidores, afirmou que nunca ouvira falar da mudança de procedimento. 

Eliana reconhece o mérito da organização do espaço, mas questiona o método: “Realmente, temos esse problema no Brasil; o autoritarismo faz com que poucas cabeças pensantes tomem decisões completamente arbitrárias. E depois, ficamos sem margem para adequações. A não ser que imaginem que a gente vem estacionar aqui para ir ao shopping (Rio Sul, nas proximidades)”, brincou.

Sem adesivo, não entra

Joana Vargas, professora do NEPP-DH concorda. Apesar de estar entre os docentes cadastrados, até hoje não recebeu o adesivo (e foi barrada na entrada). Para ela, a iniciativa de organização foi positiva; entretanto, tornou-se excessivamente burocrática. “Não vou poder entrar. Eles querem que eu ligue para minha Unidade para que telefonem para a prefeitura e liberem a minha entrada”. Joana conta que deixou de ir ao trabalho de carro há muito porque, antes, não encontrava lugar para estacionar. “Venho sempre de ônibus e, eventualmente, de táxi”, afirmou. Extraordinariamente, resolveu “aproveitar” uma reunião para levar materiais. “No fim das contas, perdi o dia. A reunião já era”, lamentou, apontando para as caixas na parte de trás do carro. 

 

Administração endurece rotina

O estacionamento da Praia Vermelha vive mudanças de regras desde a redução de vagas, segundo a subprefeitura do campus, de mais de 350 para 230. De acordo com o subprefeito Enio Kaippert, a restrição foi imposta pelo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pela universidade e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), com mediação do Ministério Público, em 2010, para ajudar na preservação do Palácio Universitário, que é tombado — ficou proibido estacionar em boa parte do seu entorno.

A decisão de restringir o acesso do estacionamento aos servidores lotados na Praia Vermelha, segundo o subprefeito, tem origem no Conselho Superior de Coordenação Executiva, formado basicamente pela administração central e pelos decanos. Enio informa que, na Praia Vermelha, a proibição que os alunos utilizem o local até 18h foi aplicado a partir do recadastramento feito entre setembro de 2013 e abril de 2014. Desde então, apenas os cerca de 1,2 mil servidores (docentes e técnicos-administrativos) com adesivo distribuído pela subprefeitura podem entrar no estacionamento. O uso é por ordem de chegada até a lotação. 

Pessoas convidadas para eventos só entram mediante prévio aviso à subprefeitura. O nome entra em uma lista diária da portaria. “Cabe à Unidade informar a visita para o acesso”, explicou Enio. Comunidade externa que queira acompanhar qualquer atividade, um debate, por exemplo, não tem vez. Professores de outras Unidades da UFRJ, idem. A única “flexibilização” é para estudantes com dificuldades de mobilidade (temporária ou permanente) ou gestantes com gravidez de risco. Esses podem estacionar próximo ao anexo do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas, junto às vagas reservadas para autoridades, diretores de Unidades e decanias.

De acordo com o subprefeito, os piores momentos do estacionamento são “quaisquer horas nas terças e quintas-feiras”, quando o Instituto de Psiquiatria (IPUB) e o Instituto de Neurologia Deolindo Couto (INDC) recebem pacientes de outras instituições de saúde. Nesses casos, os veículos estão autorizados a deixar ou levar os enfermos, mas não para estacionar: “Tendo apenas o motorista, estão autorizados a parar. E apenas em caso de não haver como deixar o paciente sozinho em nenhuma circunstância, usam-se as vagas das unidades”. As ambulâncias também recebem a orientação de permanecer com o motorista ao volante. 

Segundo Enio, dificilmente o campus fica com vaga ociosa. “Estamos em férias e em greve (dos técnicos) e o estacionamento está cheio. Ultimamente, com as aulas de pós-graduação, até aos sábados estamos sem vagas”, relata. 

Política do governo incentiva uso de carro

Para Enio, o problema do estacionamento corresponde à convergência da redução de vagas com uma política geral (do governo federal) de incentivo ao automóvel. Em sua visão, o campus não sofre problema de mobilidade ou de falta de oferta de transporte público: “Todos os estudos comprovam que a Zona Sul é a mais bem servida de ônibus e ainda tem integração de metrô pela Urca”, afirmou. “O que se reclama é da dificuldade de vagas privadas. O único estacionamento disponível é o do shopping, com alto custo”, disse, destacando que as públicas, no entorno da universidade, foram em grande parte apropriadas pelos condomínios vizinhos, como na Rua Lauro Muller.

Quanto às reclamações de falta de informação, a subprefeitura argumenta que a divulgação do recadastramento foi reforçada quatro vezes. 

 

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