Cidade recebe, a partir desta sexta-feira 8, centenas de pessoas convocadas por sindicatosa defesa da educação pública estará no centro do debate
Cidade recebe, a partir desta sexta-feira 8, centenas de pessoas convocadas por sindicatos, movimentos sociais e coletivos estudantis e populares de todo o país para um encontro nacional no qual a defesa da educação pública estará no centro do debate
Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Pela primeira vez, desde 1996, quando foi criado o Plano Nacional da Educação – Proposta da Sociedade Brasileira, os movimentos autônomos que defendem a educação pública e gratuita de todo o Brasil voltarão a se reunir. O Encontro Nacional de Educação (ENE), que reunirá centenas de participantes de todo o país, acontece entre os dias 8 e 10 de agosto (de sexta a domingo), no Rio de Janeiro. Na pauta está a unificação das lutas em torno de uma alternativa para a educação pública, que seja contrária à agenda imposta pelos governos e o empresariado via Plano Nacional de Educação 2011-2020.
Diante de um governo que destina anualmente menos de 5% do PIB para a educação (pública e privada), enquanto reserva 47% para o pagamento de juros da dívida pública, a realização do ENE tem significado estratégico: promove o debate inadiável sobre a defesa da educação pública . As etapas preparatórias nos estados, segundo informa o Andes-SN, mostrou a força da mobilização e revelaram as manobras destrutivas que estão sendo implementadas no campo da educação pública.
O PNE recentemente aprovado dá força de lei e torna mais difícil para os movimentos autônomos conseguirem que as contra-reformas no campo educacional retrocedam. Além disso, o Plano não garante o investimento dos 10% do PIB exclusivamente para a educação pública, conforme reivindicação histórica do movimento docente e popular. Ao contrário, explicita que programas como o Fies, Pronatec e Prouni (destinados principalmente para a iniciativa privada) poderão receber as verbas advindas do Produto Interno Bruto.
Sem diálogo
Os governos petistas abriram certo espaço para a instalação das Conferências Nacionais de Educação (Conae). Apesar de ter assumido o governo federal em 2003, apenas em 2010 ocorreu a primeira conferência. O objetivo, segundo o governo, é o de debater políticas educacionais para o Brasil com o conjunto da sociedade brasileira.
O problema é que a base de discussão da Conae é o PNE recentemente aprovado, que se demonstra extremamente prejudicial para a educação pública, favorecendo as chamadas parcerias público-privadas. Por isso, é custoso o diálogo e a construção de uma verdadeira agenda política para a educação pública neste espaço estabelecido institucionalmente.
Neste ano de 2014 (em fevereiro) aconteceria a 2ª edição da Conae, mas o Ministério da Educação reagendou a conferência para novembro, alegando problemas operacionais. Os movimentos organizados, porém, dada a atual conjuntura, não acreditam em sua realização.
Os movimentos autônomos organizados lamentaram o adiamento da Conae. Para muitos, inclusive esta é a avaliação do Andes-SN, a decisão do governo foi, na realidade, uma estratégia para que a aprovação do PNE ocorresse antes da conferência (foi aprovado agora em julho pelo Congresso), de forma a que houvesse menos tensão dos movimentos por aprovações de emendas que beneficiassem a educação pública. O que, de fato, aconteceu.
Marcha abrirá encontro
Cidade recebe, a partir desta sexta-feira 8, centenas de pessoas convocadas por sindicatos, movimentos sociais e coletivos estudantis e populares de todo o país para um encontro nacional no qual a defesa da educação pública estará no centro do debate
Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Pela primeira vez, desde 1996, quando foi criado o Plano Nacional da Educação – Proposta da Sociedade Brasileira, os movimentos autônomos que defendem a educação pública e gratuita de todo o Brasil voltarão a se reunir. O Encontro Nacional de Educação (ENE), que reunirá centenas de participantes de todo o país, acontece entre os dias 8 e 10 de agosto (de sexta a domingo), no Rio de Janeiro. Na pauta está a unificação das lutas em torno de uma alternativa para a educação pública, que seja contrária à agenda imposta pelos governos e o empresariado via Plano Nacional de Educação 2011-2020.
Diante de um governo que destina anualmente menos de 5% do PIB para a educação (pública e privada), enquanto reserva 47% para o pagamento de juros da dívida pública, a realização do ENE tem significado estratégico: promove o debate inadiável sobre a defesa da educação pública . As etapas preparatórias nos estados, segundo informa o Andes-SN, mostrou a força da mobilização e revelaram as manobras destrutivas que estão sendo implementadas no campo da educação pública.
O PNE recentemente aprovado dá força de lei e torna mais difícil para os movimentos autônomos conseguirem que as contra-reformas no campo educacional retrocedam. Além disso, o Plano não garante o investimento dos 10% do PIB exclusivamente para a educação pública, conforme reivindicação histórica do movimento docente e popular. Ao contrário, explicita que programas como o Fies, Pronatec e Prouni (destinados principalmente para a iniciativa privada) poderão receber as verbas advindas do Produto Interno Bruto.
Sem diálogo
Os governos petistas abriram certo espaço para a instalação das Conferências Nacionais de Educação (Conae). Apesar de ter assumido o governo federal em 2003, apenas em 2010 ocorreu a primeira conferência. O objetivo, segundo o governo, é o de debater políticas educacionais para o Brasil com o conjunto da sociedade brasileira.
O problema é que a base de discussão da Conae é o PNE recentemente aprovado, que se demonstra extremamente prejudicial para a educação pública, favorecendo as chamadas parcerias público-privadas. Por isso, é custoso o diálogo e a construção de uma verdadeira agenda política para a educação pública neste espaço estabelecido institucionalmente.
Neste ano de 2014 (em fevereiro) aconteceria a 2ª edição da Conae, mas o Ministério da Educação reagendou a conferência para novembro, alegando problemas operacionais. Os movimentos organizados, porém, dada a atual conjuntura, não acreditam em sua realização.
Os movimentos autônomos organizados lamentaram o adiamento da Conae. Para muitos, inclusive esta é a avaliação do Andes-SN, a decisão do governo foi, na realidade, uma estratégia para que a aprovação do PNE ocorresse antes da conferência (foi aprovado agora em julho pelo Congresso), de forma a que houvesse menos tensão dos movimentos por aprovações de emendas que beneficiassem a educação pública. O que, de fato, aconteceu.
Marcha abrirá encontro
Leia mais: Rio recebe Encontro Nacional de Educação a partir de sexta, 8 de agosto
Manual de Redação
Nas redações de jornais, revistas, rádios e emissoras de TV nos anos mais brabos da ditadura havia uma espécie de índex com a lista de palavras e/ou expressões proibidas pelo regime. Greve, reforma agrária, marxismo não podiam ser impressas e/ou faladas. A palavra tortura, então, jamais poderia ser escrita ou pronunciada. Também se aparecesse em título de música, de peça de teatro ou de filme, era censura na certa. Há histórias curiosas surgidas de situações surreais criadas pelos censores do regime. Waldick Soriano, cantor e compositor brasileiro que fez sucesso à época, foi chamado pelo Dops para explicar o título do bolerão “Tortura de amor”. Quase acabou preso.
O índex pós-ditadura existe. Jornalões, revistas, rádios, mídias eletrônicas das grandes corporações obedecem, cada um, a um manual de redação político específico. Uns mais radicais do que outros, mas com pequenas variações. Por exemplo: membros do MST são sempre invasores. No léxico da mídia em questão, não existe a palavra ocupação. O mesmo vale para as invasões urbanas. Manifestantes, em alguns veículos como (com licença da palavra) a Veja, são sempre baderneiros ou um bando de baderneiros. Assim como, nas editoriais internacionais, Fidel Castro nunca passou de ditador. O genocídio praticado por Israel matando crianças palestinas leva o singelo nome de conflito.
Esta avaliação foi feita pelo professor Fabiano Faria. Ele representou o Sinasefe no Encontro Estadual de Educação que reuniu cerca de 350 pessoas no sábado 26. A reunião foi preparatória para o Encontro Nacional de Educação
Expansão do ensino obedece a critérios não republicanos
Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
O dirigente do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), Fabiano Faria, disse no Encontro Estadual de Educação na semana passada que o governo apresenta uma imagem falsa sobre o desenvolvimento do ensino técnico no país. “O que o governo fala sobre a expansão não é verdade e não é a que queremos: diz que o Brasil precisa de uma formação voltada para o mercado de trabalho e não como algo que construa o sujeito”, criticou Faria.
Ele é professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (antigo Instituto de Química) e insistiu em que a realidade da educação técnica e tecnológica nos institutos federais é diversa da apresenta pela propaganda oficial. Segundo o dirigente, a expansão do ensino técnico tem obedecido a critérios orientados pela troca de apoios políticos: “Muitas vezes essa expansão se dá sem que a cidade que está recebendo a nova unidade tenha condições de absorver a mão de obra a ser formada naquele local. Abre-se um curso técnico sem qualquer infraestrutura para satisfazer a interesses estranhos à educação”.
O professor afirmou – no encontro que mobilizou cerca de 350 pessoas no Rio de Janeiro – que mais da metade dos professores e técnicos que são designados para unidades em expansão pedem exoneração ou transferência. “Faltam condições de trabalho, faltam laboratórios. A precarização é maiúscula. Mas, o mais grave é a precarização dos sonhos e objetivos, a naturalização da estratificação social e das relações sociais”.
Pronatec
O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) é apresentado pelo Ministério da Educação como principal vitrine para o setor. Fabiano Faria é enfático na sua avaliação: o Pronatec não passa de mais uma forma de transferir recursos públicos para a iniciativa privada. De acordo com Fabiano, apenas 15% da verba é destinada ao ensino técnico público. O grosso desse bolo, 85%, são enviados às escolas privadas, disse. Ainda segundo os dados apresentados pelo dirigente do Sinasefe, cerca de 90% dos alunos do Pronatec acabam mergulhando num ciclo vicioso, pois ficam desempregados ao fim do curso: “Eles não conseguem emprego, então fazem outro curso para continuarem recebendo a bolsa. E, ao término, voltam para o terceiro curso. E mesmo assim, a maioria não é inserida no mercado de trabalho”.
No campo: 37 mil escolas fechadas
Outra expositora do Encontro Estadual de Educação foi a professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Roberta Lobo. Ela abordou os desafios da educação no campo. Roberta criticou a forma como se deu o processo de institucionalização da educação no interior do país pelo governo federal. Na sua opinião, o Programa Nacional de Educação do Campo (Pronacampo) “desconsiderou todas as experiências pedagógicas e as construções históricas acumuladas” até aqui. “É preciso pensar a educação para além da reforma estatal. O Estado dilacera a formação desse sujeito que vem das classes populares. O Pronacampo é a regressão à educação rural de subordinação do trabalhador rural”, disse.
A professora apresentou um dado alarmante: 37 mil escolas do campo foram fechadas nos últimos anos no país. “Ou a gente fortalece esses sujeitos nos seus lugares, ou ficaremos subordinados ao Estado e a suas políticas nefastas para a classe trabalhadora”, alertou Roberta Lobo.
Alternância
Segundo Roberta, os trabalhadores do campo necessitam de uma formação que trabalhe a alternância, inclusive quando chegam à universidade. A alternância é um sistema que mescla o ensino na universidade e no local de origem do estudante: “A universidade pública que não faz alternância para a educação do campo está promovendo a precarização do ensino para as classes populares. Lutamos para que a alternância seja mantida. É preciso garantir a ida aos territórios desses estudantes”.