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Objetivo é participar de edital do governo

Samantha Su. Estagiária e Redação

Foi realizado, no último dia 5, um primeiro encontro para discutir a proposta da UFRJ que irá concorrer ao edital “Mais Cultura nas Universidades 2014”, do governo federal. A iniciativa conjunta do MEC e do MinC vai distribuir valores entre R$ 500 mil e R$ 1,5 milhão para cada plano, que teria um prazo de execução de até dois anos, nas instituições. 

As propostas (que precisam ser enviadas até 10 de fevereiro de 2015) necessitam da aprovação de um comitê técnico formado por representantes dos próprios ministérios, da associação de reitores federais (Andifes) e pelo Conselho Nacional das Instituições Federais de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif).

Na atividade do dia 5, organizada pelo Fórum de Ciência e Cultura (FCC) no salão Pedro Calmon, os professores discutiram, entre outros assuntos, como compatibilizar a Política Cultural, Artística e de Difusão Científico-Cultural da universidade, aprovada em setembro deste ano no Consuni, com os eixos temáticos do edital do governo. 

Coordenador do Fórum, o professor Carlos Vainer destacou três pontos para a discussão: infraestrutura, formação e a comunicação. O tripé, segundo ele, é o que embasa os projetos culturais da universidade. 

De acordo com o documento do governo, entre os critérios de avaliação estão: o envolvimento do plano com populações de vulnerabilidade social, a valorização da diversidade cultural e o envolvimento da comunidade no entorno da instituição. Neste caso, Carlos Vainer lembrou que as atividades mais adequadas ao edital serão aquelas que pretendam envolver o maior número de pessoas e unidades e que consigam articular diversos eixos temáticos. 

Será montada uma rede de comunicação para cada tema. O objetivo é unir projetos que possam contemplar um mesmo eixo para tornar mais coesa a apresentação do plano.

Próximo encontro será dia 19

O próximo encontro para debater o assunto será em 19 de novembro pela manhã, no prédio da reitoria (auditório ainda não confirmado). “Queremos ser os mais abrangentes possíveis, sem perder o foco e levar em conta quais as questões centrais a partir das nossas dificuldades para não apenas atender o edital, mas nos contemplar. É preciso inovar, mas não queremos empreendedorismo, precisamos trabalhar na esfera do contra-mercado.” 

Funcionários aguardam transferência para módulos

Samantha Su. Estagiária e Redação

Todas as divisões da Superintendência Geral de Políticas Estudantis (SuperEst), com exceção da Divisão de Apoio ao Estudante (DAE), serão transferidas, em até 60 dias, para módulos habitacionais ao lado da sede do Sintufrj. Em janeiro de 2015, com a chegada de mais oito contêineres, a DAE também inicia seu deslocamento para lá. Enquanto a primeira parte da realocação não for efetuada, os servidores do órgão vão manter a suspensão, iniciada em 15 de outubro, de parte dos serviços de apoio aos alunos, informou Marilurde Donato (diretora da Divisão de Saúde do Estudante) à reportagem do Jornal da Adufrj.

Conforme já noticiado em edições anteriores deste jornal, os trabalhadores da SuperEst reivindicam: espaço adequado para trabalho, maior diálogo com as Unidades Acadêmicas (COAA — Comissão de Orientação e Acompanhamento Acadêmico — e secretarias), participação nas deliberações dos órgãos colegiados relativas à assistência estudantil e contratação de mais profissionais para a Superintendência.

O detalhamento da transferência para os módulos foi anunciado pelo reitor Carlos Levi em reunião com os funcionários da SuperEst no último dia 5. Além da questão de espaço, a reitoria resolveu formar uma comissão para estudar a política de Assistência Estudantil da UFRJ com participação de representantes da superintendência e do Conselho de Ensino de Graduação (CEG). Levi também mencionou a possibilidade de fazer um cartão corporativo para agilizar o pagamento de despesas da SuperEst.

Movimento dos Trabalhadores Sem Teto faz sua primeira ocupação no estado, na periferia de São Gonçalo

Duzentas famílias acampam no bairro Santa Luzia

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Na noite de sexta-feira, 31 de outubro, um terreno abandonado com mais de 60 mil m2, na região do bairro Santa Luzia, em São Gonçalo, ganhou novo sentido. Era o início da primeira ocupação organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), no estado do Rio — durante a Copa do Mundo, o movimento teve grande visibilidade pelas suas manifestações massivas, mas em São Paulo.

A ação foi cuidadosamente planejada. As primeiras reuniões preparatórias ocorreram seis meses atrás e os últimos grupos formados articularam-se quase dois meses antes da entrada no terreno. E Vitor Guimarães, um dos coordenadores do MTST, justificou à reportagem do Jornal da Adufrj a escolha de São Gonçalo para a “estreia” fluminense.

“A infraestrutura (da cidade) é pífia”, argumentou Vitor. “Além da falta de saneamento, há problemas no fornecimento de água e luz. E uma grande carência por unidades de saúde e escolas públicas adequadas”. Para agravar o quadro, o município atravessa “um processo brutal de especulação imobiliária, especialmente na periferia por onde entramos”.

Sobre as razões para o atual encarecimento do solo na região, Vitor cita iniciativas de governo que “não chegaram para os trabalhadores”, mas cujas promessas foram suficientes para alimentar uma bolha especulativa. A chegada do metrô foi uma (projeto da Linha 3). Pesou, ainda, a construção do Arco Metropolitano até a vizinha Itaboraí para atender ao Complexo Petroquímico do Rio (Comperj). Esta última teria acrescentado outro componente explosivo ao quadro habitacional de São Gonçalo: “Foram feitas muitas remoções para essa obra”, conta Vitor.

À pressão pelo aumento dos preços dos imóveis para aluguel e venda, somou-se a demanda crescente por moradia na cidade. O resultado, para o dirigente do MTST, foi “todo um caldo político” propício à organização do movimento na região. Segundo Vitor, o fato de as “ocupações” não fazerem parte do “imaginário” da população local criou alguma dificuldade inicial. Mesmo assim, novas adesões à ocupação não param de acontecer, principalmente de comunidades próximas. 

Até o fechamento desta matéria, em 5 de novembro, aproximadamente 350 famílias (ou pouco mais de mil pessoas), com muitas mulheres e crianças, tomavam conta do lugar. E já com uma importante vitória: diante da força do movimento, uma comissão foi criada, junto à prefeitura, para discutir a construção de habitações populares naquele mesmo terreno ou em outro a ser indicado pelo governo municipal. Há expectativa de uma reunião com participação do governo federal para esta semana.

Conflito

Mesmo com toda mobilização, não tem sido fácil resistir no local. Na noite seguinte à ocupação, houve um princípio de incêndio não esclarecido. Vitor lembra que, meia hora depois do incidente, por volta das 2h30 da madrugada, meia dúzia de policiais entrou no acampamento. “Estavam todos armados com fuzis e revólver e apenas um tinha identificação”. Segundo a liderança do MTST, a diligência partiu apenas depois de ter sido afirmado o sentido do movimento por moradia, que só poderia ser despejado com ordem judicial.

O grupo voltou, contudo, no início da manhã seguinte com reforço. “Já eram em torno de dez ou doze”, conta. Desta vez, eles estavam acompanhados por um homem que reivindicava ser dono do terreno. O candidato a proprietário trazia papéis que supostamente comprovariam o vínculo. Mas, segundo o representante do MTST, ele não permitiu que o documento fosse lido.

Por outro lado, o pretenso dono afirmou não querer levar a questão à Justiça. Mas se declarou irredutível sobre a permanência dos acampados. “Como ele não negociou nada, nós também não. Avisamos que só haveria desocupação apenas com decisão da Justiça”, disse Vitor.

O movimento avalia que o terreno possa pertencer a uma massa falida da G Bastos Comércio e Indústria de Embalagens Plásticas LTDA. De acordo informações conseguidas pelo MTST, a empresa faliu em 1995.

 

Como pensa e atua o MTST

Diferentemente de outros movimentos por moradia nas cidades, o MTST não atua em prédios abandonados. “A ocupação na periferia é uma questão importante para nós”, diz o coordenador Vitor Guimarães. “Quando se ocupa prédios no Centro ou em áreas já com infraestrutura acaba-se retirando as pessoas do seu local de moradia. Nosso objetivo é que a periferia receba a infraestrutura necessária para que as pessoas vivam nela com dignidade. Nosso objetivo é a Reforma Urbana. Para isso, é preciso fazer frente aos latifúndios urbanos”.

Outra característica destacada por Vitor é que, no movimento, não há loteamento. “Na verdade, a própria barraca é onde menos se fica. Procuramos valorizar o uso de espaços coletivos. E fugir da cultura de isolamento, muito marcada no caso dos apartamentos. A casa é toda a ocupação”. 

As barracas bem simples, estruturadas com três pinos de bambu e uma lona plástica, a princípio, não são feitas para durar. “Não vamos fazer uma nova favela”, afirma Vitor. Segundo ele, a mobilização é para o poder público responder à pauta do movimento. E essa agenda inclui a participação popular “desde o projeto até a obra”. O objetivo é uma política social completa, com trabalho além da moradia. “Somos contra mutirão. Para nós, eles representam uma dupla jornada para os trabalhadores. O ideal é que a família receba a casa”. 

Como exemplo vitorioso, ele citou a construção do Condomínio (antes ocupação) João Candido, em Taboão da Serra, São Paulo. “Até o secretario de Habitação (daquele estado, Silvio Torres) elogiou a obra, afirmando que os moradores estavam adquirindo o melhor módulo construído com (o programa) Minha Casa, Minha Vida. A casa feita pelo próprio morador (assalariado pela empresa para a tarefa) não atrasa”, argumenta Vitor. 

 Ele destaca que a grande maioria das unidades habitacionais populares para famílias com baixa renda, “além de verticalizados”, “não vão além de 50m²”. Já os módulos construídos pelo movimento têm, em média, 63m².  “Até o acabamento é feito e mantido pelo movimento”, frisou.

Diego Novaes

10/11/2014

TiraMare

Encontro debateu a importância de fundação da Associação Internacional de Trabalhadores, em 1864

Influência daquele movimento continua viva nos dias de hoje

Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Em 1864, em Londres, foi fundada a Associação Internacional dos Trabalhadores, AIT (também conhecida apenas como Internacional), primeira entidade que buscou reunir diversas correntes do movimento operário no mundo industrializado, durante a segunda metade do século XIX.

Para discutir o feito pioneiro, a Adufrj-SSind, a Escola de Serviço Social (ESS) e o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), da UFRJ, além da Universidade Federal Fluminense (UFF), promoveram, em 3 de novembro, o encontro “A I Internacional, 150 anos depois”. 

A atividade, no IFCS, encerrou uma série de eventos similares ocorridos em oito cidades brasileiras desde 24 de outubro. Em todos, foi lançado o livro “Trabalhadores, uni-vos! Antologia política da I Internacional” (Boitempo Editorial), do professor Marcello Musto, da York University (Toronto, Canadá).

Na mesa da noite do encontro do Rio de Janeiro, o tema destacado foi “Aprendendo com a I Internacional: As Lutas pela Emancipação”. E o autor da antologia afirmou que a Internacional começou como uma força moderada, no tamanho e na política: “Ela não era uma estrutura gigante e imediatamente revolucionária. Era uma organização pequena e com componentes importantes, mas não se diferenciava muito de outras formas de organização dos trabalhadores. Eram componentes extremamente moderados”, disse Marcello Musto.

Com o tempo, segundo Musto, os proletários tomaram consciência de sua capacidade de auto-organização: passaram a experimentar novas formas de lutas. Ele destacou o “enorme potencial democrático” da I Internacional e a clareza de um projeto: “Mudar o mundo, romper com o capitalismo e começar uma sociedade com diferentes propostas sociais”. 

“Havia a construção de uma forma maravilhosa de política, que temos de retomar. A política era discutida de forma completa. Falava-se da organização de uma sociedade diferente, de sindicatos, das questões da cidade, de como se poderia mudar a vida das pessoas”. Esses entendimentos foram elaborados e possíveis, de acordo com o autor, graças à ativa participação dos proletários. “Os trabalhadores se organizam a partir das necessidades que tinham e com as condições que tinham. São eles que organizam a Internacional e não a Internacional que organiza os trabalhadores”, afirmou.

Bandeiras de ontem e de hoje

George Comninel, também da York University, do Canadá, trouxe um pouco mais da história da AIT. Ele afirmou que a criação da Associação se baseou na solidariedade das classes trabalhadoras, nos movimentos de trabalho cooperativo. Lembrou, ainda, que Karl Marx, embora não tenha sido um fundador da I Internacional, ficou revigorado com sua criação e a ela se dedicou por sete anos. Assim como seu colega Marcello, o professor reforçou que a Associação não se iniciou imediatamente como um movimento revolucionário: “As classes trabalhadoras não eram revolucionárias, mas estavam se auto-organizado. Esta era a importância daquele movimento”. 

Comninel destacou a luta por direitos políticos, organização no trabalho, redução de horas na jornada de trabalho, educação pública e gratuita como bandeiras da I Internacional até hoje reivindicadas nos movimentos de trabalhadores. Os sindicatos, conforme construção da AIT, além de serem mecanismos de luta das questões específicas das categorias, deveriam também assumir um papel mais amplo de organização e luta de classe. “O primeiro requisito era o desenvolvimento dessa classe para defesa de seus interesses”, afirmou.

Construção coletiva

O professor José Paulo Netto, emérito da ESS/UFRJ, falou sobre o significado da I Internacional e a intervenção de Marx do ponto de vista histórico. Ele reforçou que Marx não foi o organizador, mas um importante sujeito político em um momento de retomada do movimento operário europeu. “Marx foi um dos protagonistas, não o protagonista. O Manifesto Comunista, por exemplo, é resultado de um debate coletivo de mais de um ano. A mesma coisa ocorreu com a Internacional”.

José Paulo Netto destacou os princípios que levaram à criação da I Internacional e que regem o comunismo. Tais princípios se mantêm atuais e regem as lutas dos trabalhadores em todo o mundo: “A exigência para a luta de classe é o compromisso de classe; a mais plena democracia no interior das organizações de classe; apoio solidário e militante internacionalista contra o status quo; e a luta contra a propriedade privada”.

 

Lições da AIT inspiram movimento docente

A mesa da noite foi coordenada pela professora Cleusa Santos (ESS), 2ª vice-presidente da Adufrj-SSind. Para ela, as bandeiras da Internacional permanecem atuais e necessárias. Inclusive para o movimento docente, como sublinhou a professora. “O movimento sindical docente tem procurado se pautar, ao longo da sua história, pelos valores e pelas reivindicações da Associação Internacional dos Trabalhadores”.

Segundo ela, no atual período político mundial, “em que os trabalhadores encontram-se na defensiva, em que os movimentos sociais são criminalizados e as nossas bandeiras de lutas cooptadas e ressignificadas para atender à lógica do capital”, faz-se fundamental retomar o caráter internacional da luta proletária. Mais ainda: “para motivar o fortalecimento de nossas organizações, sindicatos e partidos como formas de associação e assim continuar na luta cotidiana”.

Participaram do debate, ainda, Antonino Infranca (filósofo/Itália) e Serge Volikow (Maison des Sciences de l’Homme  - MSH/Dijon).

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