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Assembleia aprova indicativo de greve

Assembleia da Adufrj-SSind na Escola de Serviço Social discutiu, ainda, conjuntura e terceirização

O auditório da Escola de Serviço Social da UFRJ lotado de professores foi o cenário para a aprovação do indicativo de greve, ainda sem data, dos docentes da UFRJ. A deliberação foi levada ao Andes-SN, em Brasília, neste fim de semana, para o debate com a rede nacional de seções sindicais do setor das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes), que também decidiram sobre o assunto em suas assembleias. 

Na UFRJ, depois de ampla discussão sobre a conjuntura de sufoco nas universidades federais e no país, além do indicativo de greve, os docentes aprovaram a realização de reunião nas unidades para organizar a mobilização. Outra assembleia será convocada para avaliar o que for decidido na reunião do Andes-SN.

A informação dando conta do fracasso da reunião entre representantes do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais e do Ministério do Planejamento (veja na página 2) fortaleceu ainda mais, na assembleia, a perspectiva de construção da greve docente.

A reunião desta quinta-feira, 14 de maio, foi chamada pela Adufrj-SSind, que também convocou uma paralisação de 24 horas na UFRJ. Na assembleia, além do indicativo de greve, a pauta incluiu conjuntura e a crise da terceirização, que tem paralisado o funcionamento de várias unidades na universidade (veja na pág. 5).

No curso das intervenções, uma teia de dificuldades foi apresentada pelos professores envolvendo as questões mais diretas relacionadas a salários e carreira, até temas como ética em pesquisa, as relações entre graduação e pós, terceirizados e assistência estudantil. 

Mauro Iasi, que presidia a Adufrj-SSind durante a greve de 2012 , disse que a situação, hoje, é pior do que antes, “quando um acordo espúrio foi assinado pelo Proifes”, braço sindical do governo no movimento docente. “Esse caos não é momentâneo e trata-se de um resultado esperado pelo modelo de universidade que nos foi imposto, voltado para o mercado, para critérios de produtividade, para a flexibilização das relações de trabalho”. Ele disse que a crise, pelo menos, serviu para reduzir o abismo entre funcionários, professores e estudantes.

A situação de aguda insegurança que atinge os docentes foi destacada por Luciana Boiteux, dirigente da Adufrj-SSind. Ela lembrou que, hoje, com o fim dos reajustes do acordo anterior (lei 12.772/12), é aumento zero para os professores que, sequer, têm data-base. Mas tudo pode piorar ainda mais: “Alguns correm o risco de ter os salários reduzidos, com a retirada dos 26,05%, percentual que repõe perdas do Plano Verão e que alcança 18 mil servidores”.

“Estamos diante de um interlocutor que não nos ouve”, disse a professora Cinda Gonda, da Faculdade de Letras. O presidente da Adufrj-SSind, Cláudio Ribeiro, confirmou com fatos a afirmação da professora. Ele relatou as negociações com o governo nas quais fica cada vez mais claro que o objetivo é enrolar os servidores: “A pressão de abril fez com que a próxima reunião fosse antecipada para hoje (quinta-feira, 14 de maio) e o governo não apresentou nada”, disse Cláudio.

Na reunião com mais de 100 professores, a aprovação do indicativo de greve ocorreu por ampla maioria. Um pouco antes, a assembleia havia manifestado o entendimento, por meio de votação, que, regimentalmente, o voto só caberia aos sindicalizados (uma vez que a greve não foi deflagrada). Durante a assembleia, sete professores se filiaram à Adufrj-SSind.

Indignação

A atmosfera na assembleia era de indignação, provocada pela situação que os trabalhadores terceirizados – grupo que é constituído pelo setor da população mais desprotegida – estão vivendo. Relatos se sucederam sobre o assunto (a discussão da pauta da reunião foi precedida por informes de reuniões de unidade ocorridas no CAp, FND, EBA/FAU e da Faculdade de Letras.), como o das professoras Mariana Trotta, da FND, e Renata Flores, do CAp, duas das unidades alcançadas pela crise. A professora Sara Granemann, por exemplo, chegou a confessar sua vergonha em trabalhar numa UFRJ contratante de empresas que tratam trabalhadores em condições análogas a escravos. Depois de informar que, hoje, na UFRJ, existem cinco mil trabalhadores terceirizados, a diretora da Adufrj-SSind, Cleusa Santos, fez explanação situando a terceirização como resultado do desmonte das políticas públicas do Estado. Ela disse que o cenário resulta numa perda de direitos. 

Samuel Tostad750 536Assembleia aconteceu no auditório da Escola de Serviço Social. Foto: Samuel Tosta - 14/05/2015

Encaminhamentos

A deliberação sobre o indicativo de greve foi acompanhada de outras providências, entre as quais a reunião do Conselho de Representantes nesta terça-feira (veja chamada de capa), reuniões de unidades no trabalho de mobilização e a paralisação de atividades nas vezes em que estiver acontecendo reunião de negociação em Brasília.


 

Dia de Luta no Rio

O Dia Nacional de Luta dos Servidores Públicos Federais, em 14 de maio, contou com atos e paralisações em todo o país. No Rio de Janeiro, os SPF reuniram-se na Cinelândia para uma atividade que chamava a atenção para as investidas do governo federal (e também de governos estaduais) para a privatização da previdência do funcionalismo e para o fim da aposentadoria integral. A professora Sara Granemann, da Escola de Serviço Social da UFRJ, explicou, na praça, que, no plano nacional, é a Funpresp que faz esse papel. “Com muita luta, estamos conseguindo derrotar a Funpresp. Menos de 7% dos professores federais aderiram”, disse. Porém, a cartilha começa a ser seguida pelos estados, com a recente aprovação de uma fundação de previdência complementar na Bahia. No Paraná, os servidores da educação seguem em greve contra a proposta.

A primavera da UFRJ

Pela alta voltagem, quem apostou nas propostas da Chapa 20 considera que a UFRJ, no plano político, se prepara para viver uma espécie de primavera – para invocar a imagem que definiu mudanças em algumas áreas do planeta em tempos recentes. Com todos os desafios que a analogia traduz. Não há notícias na história desta universidade de protagonismo estudantil tão relevante na eleição de um reitor. E a proposta de realização de um congresso – com participação equânime dos três segmentos – cuja meta é sacudir o ar bolorento de bolsões carcomidos na UFRJ, traz esperança.

Para além de seus méritos acadêmicos, Roberto Leher, de 54 anos, é um humanista, de trajetória marcada organicamente pelo vínculo com o movimento social, com claras preocupações com o inferno da desigualdade que sempre prosperou na sociedade brasileira. O mais curioso é que a vitória desse projeto para governar a maior universidade federal do país ocorre precisamente quando a sociedade experimenta as sombras do obscurantismo da conjuntura conservadora.


 

Ameaça de despejo

Estudantes de Gestão Pública para o Desenvolvimento Econômico e Social (GPDES), curso criado no âmbito do Reuni, estão sendo ameaçados de despejo dos contêineres onde assistem às suas aulas. A UFRJ atrasou o pagamento do aluguel e a empresa tentou retirar os “caixotes” da universidade. O prédio que deveria abrigar o curso, assim como o de Biblioteconomia, ainda está no esqueleto. Ele deveria ter sido entregue à comunidade em 2013. Essa semana, representantes do curso tiveram reunião com a pró-reitora de Gestão e Governança, Araceli Cristina Ferreira, que disse ter conseguido renegociar a dívida.

A Adufrj-SSind vem apontando, há tempos, o problema da terceirização do espaço universitário pelo modelo dos contêineres.

 

Plebiscito derruba Ebserh no Sul

A comunidade universitária da Universidade Federal de Santa Catarina decidiu contra a adesão do Hospital Universitário à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) por meio de consulta pública. No total de 8.731 votos, 6.168 (70,59%) foram contrários à adesão e 2.548 (29,18%) foram favoráveis, com 15 votos em branco (0,23%). Com o resultado por categoria, 75,62% dos estudantes votaram pela não adesão e 25,3% pela adesão. Dos técnicos-administrativos, 68,34% foram contrários e 28,67% foram favoráveis. Já entre os docentes, foram 37,94% pelo “não” e 58,51% pelo “sim”.

Dia de ato nacional dos SPF
É NESTA QUINTA! NO RIO, CONCENTRAÇÃO NA CINELÂNDIA

O Dia Nacional de Paralisação dos servidores públicos federais (SPF) acontece nesta quinta-feira, 14 de maio. Em Brasília, a manifestação de servidores de todo o país será em frente ao Ministério do Planejamento (Mpog), às 10h da manhã. No Rio, os servidores federais vão ocupar a Cinelândia a partir das 16h.

O ato de Brasília acontecerá durante reunião marcada entre o Fórum das Entidades Nacionais dos SPF com os representantes da Secretaria de Relações do Trabalho (SRT) do Mpog. A expectativa é de que este 14 de maio marque avanço nas negociações da Campanha Salarial 2015. Mobilizações e atos foram organizados em vários estados pelos fóruns estaduais e seções sindicais. No Rio, depois do ato da Cinelândia, será realizada uma plenária no Sindipetro para discutir a organização da jornada de mobilização da classe trabalhadora em 29 de maio, contra o PL 4.330 - que expande as terceirizações no país -, e o ajuste fiscal do governo.

 

Após muitos anos, um 1º de maio unificado no Rio de Janeiro

Um grande palco montado aos pés dos famosos Arcos da Lapa reuniu representantes das forças da esquerda que até pouco tempo atrás não conseguiam dialogar. O 1º de maio unificado, que não ocorria há muitos anos no Rio de Janeiro, foi motivado pela luta contra o Projeto de Lei 4.330 (que amplia a terceirização no país) e contra as Medidas Provisórias 664 e 665 (que restringem direitos trabalhistas eprevidenciários).

Assim, foi possível ao público ouvir, por exemplo, um representante da CUT e, logo depois, um dirigente da CSP-Conlutas. Um orador da Assembleia Nacional dos Estudantes - Livre (ANEL) foi precedido por um diretor da UNE. Lideranças dos partidos que dão base ao governo (PT e PCdoB) revezaram o microfone com nomes de legendas que fazem oposição à gestão Dilma Rousseff, como PSOL, PCB e PSTU.

Claro que as divergências apareceram: “farpas” foram trocadas aqui e ali (“Como explicar os cortes na Educação ou a escolha da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, pelo governo?”, questionaram uns; “Esse discurso é da Globo, é da Veja; o verdadeiro inimigo são os bancos, é o capitalismo, é a mídia golpista”, responderam outros). Mas, ao longo da tarde/noite, prevaleceu o argumento de que somente a unidade dos trabalhadores poderá impedir a perda de direitos duramente conquistados.

Como ficou nítido na intervenção do diretor da Regional Rio de Janeiro do Andes-SN, Wellington Augusto da Silva: “Há uma intensa retirada de direitos, uma extrema militarização da polícia; uma mercantilização da própria vida. Somente a unidade dos trabalhadores pode evitar esta situação”, afirmou. Docentes de várias universidades do Rio reforçaram o ato.

Consenso mesmo apareceu na saudação à luta dos professores e servidores públicos do Paraná contra o governo tucano de Beto Richa. Também foram lembrados os garis demitidos pelo governo Eduardo Paes (PMDB) do Rio de Janeiro e a resistência à discriminação racial, em Baltimore (nos EUA).

Na plateia, circulavam panfletos e informativos com os nomes e fotos dos parlamentares fluminenses que votaram, contra os trabalhadores, a favor do PL 4.330, na Câmara.

A noite caía sobre a Lapa, mas ainda houve espaço para uma autocrítica da esquerda: a sub-representação feminina no palco. De todos os oradores das mais diversas centrais, correntes políticas, movimentos sociais e estudantis, havia apenas duas mulheres: uma do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e uma da União Estadual dos Estudantes.


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