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Ato pelo bandejão da Praia Vermelha mobilizou estudantes da UFRJ e da UniRio no último dia 18

Antes, reitor teria feito nova promessa

Samantha Su. Estagiária e Redação

Prometido pela reitoria para estar em funcionamento no dia 2 de março (data original de início do primeiro período letivo para a maioria dos cursos de graduação), o Restaurante Universitário do campus Praia Vermelha (PV) ainda é apenas um tapume cercando montes de entulho. Nem mesmo o adiamento do começo das aulas para 16 de março, por conta da crise da terceirização, fez a obra sair do papel.

Insatisfeitos com esta situação, os estudantes da Praia Vermelha e colegas da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) uniram-se para realizar um protesto no último dia 18. Eles não se limitaram aos muros da UFRJ e fizeram uma breve passeata pelo entorno do campus. Em certo momento, chegaram a fechar as pistas da avenida Venceslau Brás, na zona sul da cidade, para mostrar que vai ter muita luta até o atendimento da reivindicação.

Nova promessa

Pouco antes do ato, informaram os alunos, a reitoria da UFRJ convocou a Comissão de Assistência Estudantil do Consuni para dizer que o projeto de licitação do bandejão-contêiner (conforme noticiado pelo Jornal da Adufrj, em outubro do ano passado) estaria na Procuradoria da universidade, sob análise. Depois, seria aberto um pregão eletrônico para contratação da empresa. A previsão é que esta etapa aconteça em 10 de abril.

Segundo Pedro Paiva, diretor do DCE e aluno daquele campus, a administração da universidade chegou a afirmar, durante a reunião com a comissão, que há uma dificuldade em conseguir uma empresa para realizar o projeto. Motivo? O “mercado superaquecido de contêineres”, em função das Olimpíadas Rio 2016.  Ainda assim, para a reitoria da UFRJ, não haveria nenhuma alternativa aos módulos. 

Custo de R$ 3 milhões

A reportagem do Jornal da Adufrj entrou em contato com a assessoria de imprensa do reitor, que confirmou o trâmite do processo na Procuradoria Federal da UFRJ. A previsão é que um parecer saia nesta semana (de 23 a 27 de março). Por e-mail, a assessoria acrescentou: “A Prefeitura Universitária encerrou em fevereiro a etapa de demolição de uma construção antiga, no campus, onde será instalado o restaurante. Atualmente, estamos na fase de retirada de entulho, que prevemos terminar dentro de três semanas. O orçamento da UFRJ para 2015 prevê investimento de R$ 3 milhões para a aquisição dos módulos pré-fabricados, para a instalação do serviço no campus”.

Falta de opções

Enquanto esperam pelo RU, as opções mais populares de almoço/janta para os alunos da PV custam por volta de R$ 10. A recente abertura de um bandejão na vizinha UniRio, com preço ao público externo de R$ 8, pode servir de válvula de escape. E virar um problema: “É possível que muita gente passe a frequentar o restaurante universitário da UniRio, mas acredito que eles não tenham condições de arcar com essa demanda”, acrescenta Paiva.

Na UniRio, preço alto

Os alunos da UniRio no ato pelo bandejão da Praia Vermelha, da UFRJ, além da solidariedade, também apresentaram uma pauta específica: no dia 2 de março, após pressão do movimento estudantil, foi inaugurado o restaurante universitário daquela instituição. O problema é que as refeições, para o corpo discente, custam o preço mais caro do estado, a R$ 3,80 (na UFRJ, o valor é de R$ 2; na UFF, apenas R$ 0,70). Eles se mobilizam pela gratuidade.

 

MEMÓRIA

Em setembro do ano passado, o reitor Carlos Levi assinou um documento entregue pelo DCE (foto), em outro ato pela construção do restaurante, comprometendo-se com a inauguração da obra até o início do período 2015/1.

2015032331Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil - 02/01/2015

1º de janeiro de 2015
Toma posse no cargo, no lugar de Henrique Paim

2015032332Foto: Silvana Sá - 30/01/2015

30 de janeiro
Em visita à UFRJ, diz que não há contingenciamento do orçamento do MEC. Defende cursos lato sensu pagos nas universidades públicas

11 de fevereiro
Em reunião com a Xuxa, diz que ela “tem produzido excelentes materiais para o ensino infantil”.

2015032334Foto: Renata Maffezoli/Andes-SN - 10/03/2015

10 de março
Não comparece à reunião com os dirigentes do Andes-SN

2015032365Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil - 18/03/2015

18 de março
Vai à Câmara e discute com parlamentares. Depois, vai ao Palácio do Planalto e pede demissão. No dia seguinte, sua exoneração é publicada no Diário Oficial.

Em aula pública, o professor Mauro Iasi, da Escola de Serviço Social, observa que existe uma crise política, mas sem sinal de mudança na estrutura. O que está havendo é uma movimentação à direita

Atividade ocorreu dia 19, na Praia Vermelha

Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

“Nossa conjuntura mostra que existe uma crise política, mas com o fortalecimento do Estado burguês. Não é uma crise do Estado”, declarou o professor Mauro Iasi (Escola de Serviço Social) na aula pública “Crise, Conjuntura e Universidade”. A palestra, seguida de debate, ocorreu dia 19, em uma tenda montada no campus da Praia Vermelha da UFRJ. 

Mauro fez uma análise dos passos do governo federal. Em 2002, o PT escolheu se associar a setores representantes do capital para criar um “governo de coalizão”. Ao mesmo tempo, a eleição permitiu o controle de setores importantes da classe trabalhadora, como centrais sindicais, sindicatos e movimentos sociais. “Enquanto mantinha em alta a taxa de retorno e lucro das empresas, o governo fazia programas de transferência de renda com estímulo ao crédito, garantia de emprego etc. Em nenhum momento, se entendia que haveria mudanças estruturais no país, mas eram distribuídas migalhas para manutenção dos privilégios das grandes elites. Para que isso desse certo, era preciso cooptar e ‘apassivar’ setores da classe trabalhadora”.

A virada de mesa

Para Mauro Iasi, o que fez o país passar desse momento de acomodação dos interesses para o de uma crise política foi o fato de a “governabilidade” sustentada pelo PT com trocas de favores e benefícios ter se esgotado após as eleições de 2014. “O PT sai enfraquecido das últimas eleições. Então, o PMDB quer rever os termos do acordo firmado. Trata-se de uma nova correlação de forças. O presidencialismo de coalizão já não tem mais fôlego”. A “chantagem” feita pelo partido, quando da recente queda do ministro Cid Gomes, seria, na verdade, uma grande encenação: “O PMDB quer enfraquecer o governo para melhor negociar, mas depende desse mesmo governo para realizar sua política. Ele jamais sairia do governo”.

Embora tenha sido muito difundida nos últimos dias a ideia de impeachment, Mauro Iasi garante que não é isso que os setores da alta burguesia querem. “Não existe uma carência para o capital privado. O que se quer é negociar a postura do governo diante de momentos de baixa da economia. É paradoxal: ‘corte seus gastos e aumente meus subsídios’. Eles não querem bagunçar o tabuleiro a ponto de correrem risco de atrapalhar seus negócios”. 

Dilma e seu ato falho

O governo, alerta Mauro Iasi, após os atos do dia 13 de março (pró-PT) e do dia 15 (anti-PT) não dialogou com os que foram à rua para defendê-lo. “A resposta foi a disposição em dialogar com o dia 15. Dilma diz não às pautas reivindicadas dos setores que fizeram sua defesa. O seu grande ato falho foi dizer que discorda das críticas feitas ao ajuste econômico. Esta foi uma demanda da sexta-feira, não do domingo”.

 

Nas universidades...

As medidas de contingenciamento chegam à universidade num período anterior. “Quando era necessário que ela fosse capaz de se expandir com recursos menores e que pudesse criar mecanismos de se autofinanciar, especialmente por meios de parcerias público-privadas. Começamos a ouvir termos do mercado, como eficiência, produtividade, competitividade, eficácia, administração por projetos”, destacou Mauro Iasi, na aula pública.

O Reuni (programa de reestruturação das universidades federais) é implementado nas instituições com essa lógica: a da expansão com recursos reduzidos. “A crise desse modelo explodiu em 2012. Em 2014, a crise do contingenciamento chega ao seu ápice. O orçamento foi aprovado nesta semana e, sim, indica cortes para as universidades. Nosso papel é, mais do que nunca, lutar em defesa da universidade pública”.

A aula pública foi organizada pela Escola de Serviço Social. O professor Cézar Maranhão, diretor adjunto de Graduação da Unidade, fez a mediação. Participaram do debate: Cláudio Ribeiro (presidente da Adufrj-SSind e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), Clara Buoro e Rafael Dias (pelo DCE Mário Prata) e Romildo Bomfim (diretor da Adufrj-SSind e professor da Faculdade de Medicina).

Ângela Rocha (Instituto de Matemática), Roberto Leher (Faculdade de Educação) e Denise Pires de Carvalho (Instituto de Biofísica) são os candidatos ao cargo máximo da UFRJ pelos próximos quatro anos

Primeiros debates ocorrem nestes dias 25 e 26

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

agendaA comunidade universitária terá opções na escolha da próxima reitoria da UFRJ. Três candidaturas foram homologadas junto à Comissão Coordenadora do Processo Sucessório (CCPS), no último dia 18. Concorrem ao quadriênio 2015-2019 as chapas: 10 — “Juntos pela UFRJ: Unidade na Diversidade”; 20 – “UFRJ Autônoma, Crítica e Democrática” e 30 —“Somos Todos UFRJ”. 

A Chapa 10, “Juntos pela UFRJ: Unidade na Diversidade”, é composta pela professora Ângela Rocha dos Santos, do Instituto de Matemática (candidata a reitora) e Carlos Rangel Rodrigues, da Faculdade de Farmácia (candidato a vice-reitor). Ângela foi pró-reitora de Graduação, tendo se desincompatibilizado do cargo recentemente para participar do pleito. Assim como o professor Rangel, agora ex-pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento da atual gestão.

A Chapa 20, “UFRJ Autônoma, Crítica e Democrática”, traz os candidatos Roberto Leher, da Faculdade de Educação (para reitor) e Denise Fernandes Lopes Nascimento, da Faculdade de Odontologia (vice). O professor Roberto Leher é integrante do Conselho Universitário, representando os Titulares do Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Denise foi presidente da Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD) até novembro passado.

A Chapa 30, “Somos Todos UFRJ”, é encabeçada por Denise Pires de Carvalho, do Instituto de Biofísica (para reitora), e Walter Issamu Suemitsu, da Escola Politécnica (vice-reitor). A professora Denise foi diretora de sua Unidade (de 2010 a 2013) e integra o Conselho Universitário, como representante dos Titulares do CCS. O professor Walter deixou recentemente o cargo de decano do Centro de Tecnologia, após dois mandatos consecutivos.

Consulta em abril

O primeiro turno da consulta acontece em 14, 15 e 16 de abril, com divulgação dos resultados no dia 17. Haverá um segundo turno (em 4, 5 e 6 de maio), se nenhuma chapa conseguir mais votos que o somatório das demais concorrentes, mais brancos e nulos. A votação será feita em urnas eletrônicas, assim como ocorreu em 2011.

De acordo com o regimento eleitoral aprovado pelo Conselho Universitário, dia 12 de março, podem votar os docentes e técnico-administrativos em educação ativos do quadro de pessoal da UFRJ, aposentados contratados na forma da Resolução nº 08/2008 do Consuni (colaborador voluntário) e professores eméritos; os estudantes dos cursos de graduação (presencial e à distância), de pós-graduação (stricto sensu) e de pós-graduação (lato sensu) — estes, com carga horária mínima de 360 horas e matrícula ativa à época da pesquisa; além de alunos do Colégio de Aplicação da UFRJ, com matrícula ativa à época da pesquisa e 16 anos completos, até a data do primeiro turno.

 

Desrespeito à autonomia universitária

Na consulta, a votação é paritária (ou seja, os pesos são iguais para cada segmento). Porém, quem escolhe mesmo o reitor ainda é o Ministério da Educação, por conta de uma legislação retrógrada. O ministro recebe as listas tríplices de candidatos a reitor e vice-reitor formadas em um Colégio Eleitoral, que será realizado em 8 de maio. Este fórum é composto por representantes do Consuni, Conselho de Ensino de Graduação, Conselho de Ensino para Graduados e Conselho de Curadores (ou seja, com maioria docente). Segundo a resolução do Consuni, a elaboração das listas “respeitará primordialmente o resultado da votação a ser realizada na universidade”.

 

O que pode e o que não pode

A grande novidade das regras da pesquisa deste ano é a introdução de restrições para arrecadação e aplicação de recursos na campanha (capítulo VI do regimento). Ficam proibidas, por exemplo, as doações diretas ou indiretas procedentes de: I. Empresas públicas ou privadas; II. Entidades públicas ou entidades de direito privado; III. Entidades beneficentes e religiosas; IV. Entidades esportivas; V. Partidos políticos ou sindicatos; VI. Centros, Unidades Acadêmicas e Administrativas da UFRJ.

O artigo 10º do regimento trata das principais proibições às campanhas. São vedadas: I. Propaganda desrespeitosa ou que agrida a moral da comunidade ou órgãos da Universidade; II. Atos que danifiquem o patrimônio da UFRJ (uso de colas e pichações, por exemplo); III. Equipamentos de som que prejudiquem as atividades regulares da UFRJ; IV. Matéria paga nos meios de comunicação; V. Campanha nas proximidades das Seções de Pesquisa, nos dias de votação, a um raio de 50 metros da urna. 

A violação das regras, por candidatos das chapas inscritas ou qualquer membro da comunidade universitária, estará sujeita a sanções. A avaliação em primeira instância cabe à CPPS e, depois, ao Conselho Universitário.

Vale lembrar ainda que também está proibida a utilização dos sistemas eletrônicos de gestão acadêmica e de pessoal para a divulgação de propaganda dos candidatos.

Errata: Ao contrário do divulgado na edição nº 879 do Jornal da Adufrj, a obrigatoriedade da divulgação da tiragem nos materiais de campanha (cartazes, panfletos, faixas e etc) não foi aprovada pelo Conselho Universitário do dia 12. A proposta apresentada pela bancada estudantil não obteve maioria de votos.

 

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