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Elisa Monteiro

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A preocupação da comunidade universitária em relação à preservação da ordem democrática e dos direitos sociais voltou à cena no Consuni do dia 24. Novas manifestações, atividades e propostas foram respondidas pela reitoria com o anúncio de um grande ato com participação da Academia, artistas e movimentos sociais no dia 6 de abril, às 18h, no Largo São Francisco de Paulo, em frente ao IFCS.

“Avaliamos que de fato temos, usando a expressão de Walter Benjamin, um aviso de incêndio no país”, analisou Leher. O reitor repudiou o “desrespeito sistemático a princípios basilares da Constituição Federal”, “a atuação de setores do Judiciário como se fossem organização partidária” e “os vazamentos seletivos inadmissíveis”. Particularmente em relação ao impeachment, Leher destacou a “necessidade de caracterização objetiva e consistente do crime de responsabilidade”.

O dirigente concluiu sua crítica, disparando contra a mídia: “Os meios de comunicação argumentam que impeachment não precisa de base jurídica, pois a população já se manifestou dizendo que não suporta mais esse governo e que, portanto, o processo é legítimo. Esse pressuposto, a nosso ver, abre uma vulnerabilidade ao Estado Democrático de Direito com consequências gravíssimas ao futuro”.

Depois da nota assinada por cerca de 60 professores da Escola de Comunicação (ECO) (divulgada no site da Adufrj http://goo.gl/UB3Gkw), foi a vez de docentes do IFCS se manifestarem sobre a crise política. “As ameaças ao mandato da presidenta da República e aos direitos políticos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a violação aos seus direitos individuais, as tentativas de imposição por emenda constitucional do regime parlamentarista, bem como a violência física, moral e psicológica contra o exercício coletivo ou individual da vida democrática devem ser objeto de preocupação constante por parte de nossas instituições de ensino superior e dos diversos segmentos de sua comunidade acadêmica. O impedimento da presidenta sem fundamento jurídico é golpe de Estado”, avalia o documento aprovado em Congregação e lido por Carlos Eduardo Martins. O representante dos Adjuntos do CFCH apresentou a proposta da formação institucional de um Comitê pela Legalidade Democrática e Soberania Popular da UFRJ.

Pela Faculdade Nacional de Direito (FND), Flávio Alves Martins (representante dos Associados do CCJE) convidou a comunidade para o debate a ser realizado nesta terça-feira, 29, 18h, no Salão Nobre. “O que começa em Brasília certamente terminará nas universidades e em vários outros flancos desse país”, alertou o docente, que é diretor daquela Unidade. Em sua visão, o momento é de “mostrar não apenas a resistência e a força daqueles que defendem a democracia e a preservação dos mandatos nesse país, mas daquela união que galvaniza as ações do campo progressista, do campo democrático desse país”.

Flávio Martins observou que “é um momento de crise e é em momentos de crises que muitas vezes o país avança em soluções democráticas”, ressaltando contudo que “a liberdade de manifestação não pode usar subterfúgios legais ou jurisprudências para pôr de lado as garantias democráticas de um Estado que precisa avançar”.

Consuni aprova moção em favor dos bolsistas Faperj

Elisa Monteiro
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O Conselho Universitário do dia 24 aprovou moção solicitando ao governo fluminense a regularização imediata das bolsas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), em atraso desde o final de 2015. A manifestação pública foi solicitada pelo professor Paulo Américo Neto (suplente dos Titulares do CCMN).  

De acordo com o reitor Roberto Leher — que participou da audiência pública sobre a agência de fomento, na Alerj, dia 16 —, a universidade mantém contato junto às autoridades do Estado tanto em função da proposta de emenda constitucional (PEC) 19/2016 que, na prática, reduz à metade os recursos destinados à Faperj, quanto em função do atraso no pagamento das bolsas.

O reitor teria chegado a falar ao governador pelo telefone, antes da recente internação hospitalar de Luiz Fernando Pezão. Segundo Leher, a administração central buscou nova ponte de diálogo com o vice-governador, Francisco Dornelles. O governador interino, contudo, não teria demonstrado “familiaridade com a questão da Faperj”.

Pesar

Os conselheiros prestaram homenagem a dois professores que faleceram recentemente. O premiado professor Antonio Fernando Infantosi, Titular do Programa de Engenharia Biomédica da Coppe/UFRJ morreu em 16 de março.

Um dos estudantes expulsos da Faculdade Nacional de Filosofia após Inquérito Policial Militar, por “agitação subversiva”, em 1964, Adir Moysés Luiz (aposentado do Instituto de Física) faleceu no último dia 24.

Juristas criticam postura da OAB nacional em debate na FND

Atividade foi mais um ato organizado na universidade em defesa da democracia e reuniu representantes de diversas instituições

Silvana Sá
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Na noite de 29 de março, o Salão Nobre da Faculdade Nacional de Direito sediou outro evento para discutir os riscos que as garantias democráticas sofrem na atual conjuntura política nacional.

Ronaldo Cramer, vice-presidente da OAB-RJ, criticou duramente a postura da OAB nacional. “A posição da OAB-RJ é contrária ao impeachment. A OAB federal, lembrando a OAB federal de 1964, fez um papelão ao pedir um novo impeachment. A OAB federal não me representa, assim como não representa os advogados do Rio de Janeiro. O impeachment é um processo que precisa de provas jurídicas e não há provas irrefutáveis de cometimento de ilícitos pela presidente da República”. Cramer informou que, nos próximos dias, os advogados do Rio irão lançar um movimento pela legalidade democrática como forma de resistência à posição da Ordem federal.

“A opção é clara em defesa da legalidade”, afirmou Rubens Casara, da Associação dos Juízes para a Democracia. Ele também criticou a posição da OAB federal em apoiar um impeachment sem base legal e afirmou que está ao lado “dos que defendem os direitos fundamentais”.



Veja outras fotos do evento

Para Marcelo Oliveira, presidente da Caixa de Assistência dos Advogados do Rio de Janeiro (CAARJ), os advogados do Brasil não vão deixar a população esquecer o que foram os 21 anos de regime totalitário no Brasil. “Parece que nossa OAB federal se esqueceu, mas a advocacia não vai nos deixar esquecer o que significa quebrar a ordem democrática deste país. Nas jornadas de junho de 2013, vi esta universidade sitiada mais uma vez. E advogados engravatados – e só por isso respeitados, porque vivemos em um país onde uma gravata tem mais valor que a cidadania – tiveram de escoltar estudantes até a estação do metrô. Assim como várias pessoas escoltaram estudantes do IFCS até um local seguro. E vemos esses desmandos do Estado se repetindo com uma naturalidade que nos espanta. Nós não concordamos que tenha outro golpe de Estado neste país”.

Em defesa da democracia

Para o reitor Roberto Leher, há setores econômicos que hoje trabalham para desestabilizar o governo e a economia. A razão do tensionamento em torno do impeachment inclui a possibilidade de uma contrarreforma que incidiria sobre os direitos sociais e sobre as liberdades políticas. “A agenda que está sendo chamada pós-Dilma é uma ofensiva contra o mundo do trabalho, contra os direitos dos trabalhadores. Nossa luta pela democracia deve ser casada com a defesa da igualdade social. Não pode ser a luta por um conceito abstrato”.

Na mesma direção, falou a presidente da Adufrj, professora Tatiana Roque: “É preciso que a defesa da democracia não seja somente uma defesa abstrata, mas que estejamos mobilizados. O despertar dos movimentos sociais e sua união é a força de que a gente precisa para enfrentar o que vem por aí. Quaisquer dos cenários possíveis são preocupantes”, disse. Ela afirmou que os ataques que estão em curso não se concentram no PT, mas são direcionados a toda esquerda e a todos os movimentos sociais.

O diretor da FND, professor Flávio Martins, afirmou que o momento é de união: “Há algo maior que está sendo construído neste momento: a utilização de mecanismos legais com justificativas que não estão nos fundamentos jurídicos. Estão tentando repetir o que aconteceu em Honduras e no Paraguai”, avaliou. Para ele, é necessário que todo o campo progressista esteja articulado para manter a regularidade do processo democrático no país. “Atos como esse são importantes para mostrar que o caminho não é apenas o apresentado na mídia. Esta casa que foi brutalmente perseguida pelos governos autoritários não deixará de apontar o caminho da legalidade”. O docente criticou o posicionamento da Ordem dos Advogados do Brasil nacional por apoiar o impeachment e apresentar um novo pedido de impedimento.

Para o coordenador geral do Sintufrj, Francisco de Assis, dizer não ao impeachment “não significa dizer sim à política econômica do governo”. Mas, “neste momento, a prioridade é a luta pela democracia, para que possamos continuar lutando pelos direitos e garantias para os trabalhadores”, afirmou. Ele fez uma saudação especial aos assassinados pela ditadura, sem os quais “não seria possível o momento de reflexão” política.

Estudantes divididos

As representações estudantis se dividiram entre apoiar irrestritamente o governo e apoiar a resistência democrática com críticas à política adotada, especialmente nos governos de Dilma Rousseff. Pela União Nacional dos Estudantes, falou a vice-presidente Mohana Correa. De acordo com sua avaliação, há um golpe em curso porque o impeachment não tem base jurídica. “É um golpe machista, é um golpe de ódio de classes”. E exemplificou: “Ódio porque negros e pobres estão nos aeroportos, estão nas universidades. Não querem mais permitir nenhum avanço da classe trabalhadora”. Ela afirmou que a UNE está indicando aos estudantes a implantação de comitês contra o golpe em todas as universidades do país. “Minha geração não viveu o golpe de 64. A ela foi permitido sonhar. E a classe trabalhadora estará nas ruas, na rede, no Congresso Nacional para que continuemos tendo o direito de sonhar”.

Raísa Motta, em nome do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira da FND, afirmou que os estudantes não compactuam com um “Judiciário que remonta a atuações antidemocráticas”, mas reconhecem que a conjuntura começou a ser construída pelo próprio PT ainda em 2003. “Quando o governo começou uma política de aliança de classes. A gente tem um governo que se alia ao agronegócio contra os povos indígenas. Um governo que promulga a Lei Antiterror, que coloca a Força Nacional para bater em estudantes”, disse. “O CACO se posiciona pela legalidade. Mas não é só pela democracia, mas em defesa da classe trabalhadora”.

Pelo Movimento Vozes pelo Direito – coletivo que reúne estudantes da FND e organizou o evento – falou a discente Maria Eduarda Sá. Em sua avaliação, é preciso que todos se posicionem contra o impeachment e pelas instituições democráticas. “É importante que a gente não tenha medo. Se omitir neste momento é muito grave. Quem se considera progressista tem que ecoar as vozes em defesa da democracia para além dos muros da universidade”.

Instituições dão peso a evento

Participaram, ainda, da atividade o vice-decano do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas, professor Antônio José Barbosa de Oliveira; professor Antônio Santoro, da FND, que leu carta do corpo docente da Unidade; professora Margarida Lacombe, da FND; professora Carol Promer, representando a Comissão Nacional da Anistia; Paulo Horn, representando a Associação dos Antigos Alunos da FND; professor Titular Emérito da UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa; professora Gisele Cittadino, coordenadora de pós-graduação em Direito da PUC-Rio; professor Ivan Garcia, vice-diretor da Faculdade de Direito da UERJ; Wilson Bandeira, diretor da Faculdade de Direito da UFF; professora Eleonora Ziller, diretora da Faculdade de Letras da UFRJ; professor Henrique Paiva, do curso de Defesa e Gestão Estratégica Internacional; Neuza Luzia, representando a CUT e a Frente Brasil Popular; João Herthal, estudante da FND representando o Comitê da UFRJ Contra o Golpe.

Novo ato

O reitor Roberto Leher convocou toda a comunidade acadêmica para outro evento, dessa vez em praça pública. A atividade é organizada pela administração central, centros e unidades e ocorrerá dia 6 de abril, às 18h, no Largo de São Francisco de Paula, em frente ao IFCS.

Circula nas redes sociais uma carta subscrita, até o momento desta publicação, por mais de 60 docentes da Escola de Comunicação da UFRJ. O documento critica a atuação da mídia comercial na cobertura do quadro político nacional. Confira a íntegra do texto, a seguir:


“Nós, professores e professoras da Escola de Comunicação da UFRJ, vemos com extrema preocupação para a manutenção da democracia brasileira:

- A publicação de comunicações particulares de figuras públicas e privadas, grampeadas sem amparo na lei, configurando uma dupla invasão de privacidade e ampla evidência de uma vigilância para além dos interesses públicos.

- A publicação de informações parciais como se fossem dentro das regras da objetividade jornalística.

- O uso dos meios de comunicação, que são operados sob concessões públicas, para estimular revolta, divisão e ódio, em lugar de prover informações em toda sua complexidade, estimulando a reflexão e a formação de opinião.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro e essa Escola de Comunicação têm uma longa tradição crítica. É nessa base que ensinamos nossos alunos e alunas a pensar, escrever e produzir textos, sons e imagens. Trágica é a situação em que a imprensa descarta todos esses legados.”

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